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Asunto: | NoticiasdelCeHu 238/07 - As infelicidades do Leste Europeu (The Economist) | Fecha: | Miercoles, 14 de Marzo, 2007 20:53:52 (-0300) | Autor: | Noticias del CeHu <noticiasdelcehu @..................ar>
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NceHu
238/07
As infelicidades do Leste Europeu
The Economist
14 de marzo de 2007
Nunca antes o Leste Europeu atravessou uma fase tão boa. A maior
parte da região está ancorada na NATO e na União Europeia; está próspera,
estável, democrática e segura. O crescimento do PIB surpreende todos. Mesmo um
lugar supostamente atrasado como a Macedónia cresce a 4%, muito mais rápido do
que a "velha Europa". Na maior parte dos países, o crescimento está acima dos
5%; as estrelas do Báltico, Estónia e Letónia, crescem acima dos 10%.
Ainda assim o ambiente é surpreendentemente sombrio. Por toda a região,
milhões emigram para trabalhar no exterior, provocando aumentos salariais,
ameaçando a competitividade e preocupando os investidores. Países que ainda não
estão na UE temem que mesmo reformas rápidas possam não ajudá-los na adesão. Nos
dez países ex-comunistas que já estão no clube, as reformas estagnaram. Na
Roménia, a disciplina política que antecedeu a entrada acabou de forma
espectacular. Tal como em relação ao euro, nenhum lugar na região parece prestes
a seguir o exemplo da Eslovénia e adoptar a moeda.
O medo imediato,
alimentado pelos mercados inconstantes e pelas lembranças das crises financeiras
no Leste Asiático em 1997 e na América Latina mais constantemente, é de um crash
económico. Ele poderia começar no Báltico. Na semana passada, a agência de
classificação de risco Fitch advertiu a Letónia de que o país enfrentaria um
rebaixamento se não colocasse a economia sob controle. Em 2006, o défice em
conta corrente do país foi de 20% do PIB, o maior da UE. Isso reflecte um
inchaço dos empréstimos hipotecários dos bancos estrangeiros aos bancos locais,
denominados sobretudo em euro, o que impulsionou o boom imobiliário. A história
na Estónia e na Lituânia é semelhante – e parece igualmente insustentável.
Apesar de todo a sua brilhante arquitectura, é difícil entender por que as
capitais do Báltico deveriam ter imóveis mais caros do que Berlim, Viena ou
Frankfurt.
É fácil imaginar como a bolha imobiliária pode estourar. As
empresas construtoras estão a descobrir que é cada vez mais difícil contratar a
mão-de-obra de que precisam para terminar os apartamentos já pagos pelas
companhias imobiliárias, que utilizaram dinheiro dos seus clientes, os quais por
sua vez tomaram emprestado do estrangeiro. Num sinal bizarro de
superaquecimento, algumas construtoras estonianas estão a importar trabalhadores
da Finlândia. Uma questão mais difícil é o que pode acontecer a seguir. Os
bancos bálticos são em grande parte controlados por sólidos bancos escandinavos.
Eles podem suportar prejuízos das suas subsidiárias locais, se necessário.
Apenas a Letónia tem um grande banco nacional, o Parex, mas este tem sido um
tomador relativamente cauteloso.
Os três países têm taxas de câmbio
fixas ( currency board na Estónia e Lituânia e currency peg na
Letónia), apoiados por reservas em divisas estrangeiras. É tranquilizador que
nenhum deles tenha grande dívida externa e que as suas moedas e títulos sejam
pouco comerciadas, o que deixa pouco espaço para um ataque especulativo.
Entretanto seus regimes de taxas de câmbio deixam pouca margem para um aperto
monetário. E coligações políticas fracas minam as esperanças de uma política
fiscal dura ou de reformas económicas estruturais que mantivessem a
competitividade quando os custos aumentam.
Edward Parker, da Fitch, diz
que um crash no Báltico pode significar que alguns países tenham de seguir o
exemplo de Portugal, o qual tem estado atado a altos custos e baixo crescimento
após um boom insustentável. [1]
Seria triste para os bálticos. Mas teria isso de ser estendido a outros
países do Leste Europeu?
Aparentemente, não. Só a Eslováquia tem um
crescimento estilo báltico (uma taxa anual de 9,6% no quarto trimestre de 2006,
com uma produção industrial que em Janeiro cresceu 17,4% num período de 12
meses). Este é mais flexível (com taxa de câmbio flutuante) e o seu BC é
administrado de modo saudável. Mas alguns na área do euro resmungam que a baixa
inflação da Eslováquia será considerada “insustentável” com o decorrer do tempo.
A Hungria é uma grande preocupação. O governo tenta recuperar o controle
das finanças públicas após uma ostentação destinada a ganhar a eleição do ano
passado. Os húngaros tomaram enormes empréstimos em moeda estrangeira, supondo
que o euro é uma certeza. Isso cria todas as condições para um terrível
esmagamento, com desvalorização e possivelmente incumprimento e recessão. Após
alguns perigosos estremecimentos no ano passado, o programa de austeridade do
governo ganhou aplausos dos banqueiros. Mas as reformas planeadas dos gastos
públicos ainda têm de concretizar-se, e o governo tem sido tímido ao conceder
pagamentos mais elevados ao sector público.
A falha subjacente são
governos fracos e não decididos em toda a região, a qual precisa de anos de bom
governo se quiser alcançar [a Europa ocidental]. A Roménia, o segundo maior
membro da UE no leste europeu, está paralisada por uma quezília política entre o
primeiro-ministro e o presidente. Em consequência, a câmara alta do parlamento
votou pela demissão da ministra da Justiça, Mónica Macovei. Num clima
ensolarado, tais peripécias políticas seriam meros pormenores. Num clima mais
gelado, elas tornam o futuro do leste europeu mais preocupante.
13/Março/2007 [1] Sublinhado de resistir.info.
O original encontra-se em http://www.economist.com/world/europe/displaystory.cfm?story_id=8820521
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