Asunto: | NoticiasdelCeHu 685/05 - DESENVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO E PRESERVA ÇÃO DE MANGUEZAL – UM PARALELO ENTRE O PROJETO S ÃO PEDRO (VITÓRIA - ES) E O PROJETO JOANES VIVO (LAURO DE FREITAS-BA) | Fecha: | Jueves, 26 de Mayo, 2005 14:54:19 (-0300) | Autor: | Centro Humboldt <humboldt @...........ar>
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NCeHu 685/05
DESENVOLVIMENTO URBANO INTEGRADO E PRESERVAÇÃO DE
MANGUEZAL –
UM
PARALELO
ENTRE O PROJETO SÃO PEDRO (VITÓRIA - ES)
E O PROJETO JOANES
VIVO (LAURO DE FREITAS-BA)
Dante Severo
Giudice 1
ABSTRACT
The urban development has on the last couple of
years, leading to a chaotic urban expansion on the great cities, and this issue
implies in a large engagement of areas, which it should be under permanently
protection as the mangrove areas.
On that case we look for to make a parallel
between a project developed by Vitória Municipality (São Pedro Project), and the
Joanes Vivo Project, where this one was developed on the Lauro de Freitas
district , on the metropolitan area of Salvador city.
The Rio São Pedro Project, has worked on a low
profit area, and it would comprise on the much better life conditions, on the
mangrove are preservation, on the local involvement of native people, on the
development actions and on the development of connect public political actions,
and to promote a kind of activities concerned on poverty and criminality
eradication. The main purpose was to promote the upgrading of the leaving
conditions of the local people by removing the shanty nowadays built on piles
over the sea level and replacing them by well built houses; urbanization, with
the new conception of a basic infra-structure; health and prevention campaigns
and sanitary education as well; basic education and leisure; improvement on the
public transportation; more
jobs and profits, by implementation of professional improvement units.
The Joanes Vivo Project, besides of not to be so
wide spread as the Rio São Pedro one, it develops on one end edge of the Joanes
river, and it is a place where the people who lives there are from the medium to
high economic level, where we can see the most luxurious condominium built on
it. It seams basically by an environmental education point of view, a more
conservative one.
By the way, the two projects has in common the
urban expansion question in a mangrove area, as the first one has a
characteristic for preservation itself and the other one is headed for the
conservation point of view.
RESUMEN
En los últimos años, el desarrollo urbano ha
llevado a una expansión desornada de las mayores ciudades, y esto implica en un
comprometimiento de áreas que deberían estar sobre protección permanente, como
los manglares.
En éste caso, buscamos hacer una comparación entre
un Proyecto impulsado por el ayuntamiento Municipal de Vitoria - Estado de
Espirito Santo - (proyecto São Pedro), y el proyecto Joanes Vivo en el Municipio
de Lauro de Freitas, área Metropolitana de Salvador –Estado de Bahia.
El Proyecto Rio São Pedro operó en una zona de
bajos ingresos, y consistía en la mejora de las condiciones de vida,
preservación de áreas de manglares, participación de la populación local en el
avanzo de las acciones, desarrollo de políticas públicas sectoriales
articuladas, y promover actividades con la finalidad de erradicar la pobreza y
la marginalidad. Tubo como principal objetivo impulsionar mejoras habitacionales
mediante la remoción de palafitos del espacio de preservación y construcción de
nuevas moradas; Urbanización con implementación de infraestructura básica; salud
e campañas de prevención y educación sanitaria; educación básica y
entretenimientos, incentivando
el deporte y fomentando actividades culturales; mejora de transporte público;
trabajo y renta a través de la instalación de unidades de capacitación
profesional.
El Proyecto Joanes Vivo, a pesar de no ser tan
amplio como el Rio São Pedro, se desarrolla en el trecho final del río Joanes, y
en un área donde la población es de clase media alta, predominando los
condominios de lujo. Objetiva básicamente la educación ambiental en una
perspectiva más conservacionista.
En síntesis, los dos proyectos tienen en común la
cuestión de la expansión urbana en área de manglar, siendo que el primero tiene
como característica la preservación y el segundo, la conservación.
- 1. INTRODUÇÃO
O desenvolvimento urbano tem nos últimos anos,
levando a expansão urbana desordenada das maiores cidades, e isso implica
comprometimento de áreas que deveriam estar sob proteção permanente, como os
manguezais.
No caso em questão, procuramos fazer um paralelo
entre um projeto desenvolvido pela Prefeitura Municipal de Vitória (Projeto São
Pedro), e o Projeto Joanes Vivo, desenvolvido no município de Lauro de Freitas,
região metropolitana de Salvador.
O Projeto Rio São Pedro, atuou numa área de baixa
renda, e consistia na melhoria das condições vida, preservação das áreas de
manguezais, participação da população local no desenvolvimento das ações,
desenvolvimento de políticas públicas setoriais articuladas, e promoção de
atividades a fim de erradicar a pobreza e a marginalidade. Teve como objetivo
principal promover melhorias habitacionais mediante remoção de palafitas das
áreas de preservação e construção de novas moradias; urbanização, com a
implantação de infra-estrutura básica; saúde e campanhas de prevenção e educação
sanitária; educação básica e lazer, incentivando o esporte e desenvolvendo
atividades culturais; melhoria
do transporte público; emprego e renda, pela implantação de unidades de
capacitação profissional.
O Projeto Joanes Vivo, apesar de não ser tão
abrangente quanto o Rio São Pedro, se desenvolve no trecho final do rio Joanes,
e em área onde convivem população carente e classe média alta, que habitam os
condomínios de luxo. Visa basicamente a educação ambiental numa perspectiva mais
conservacionista.
Em síntese, os dois projetos, tem em comum a
questão da expansão urbana em área de manguezal, sendo que o primeiro tem como
característica a preservação, e o segundo a conservação.
2. O PROJETO SÃO PEDRO
2.1 – Apresentação/Localização
O projeto São Pedro fez parte da política da
Prefeitura Municipal de Vitória, de recuperar a área ocupada por treze bairros,
na região denominada Grande São Pedro, noroeste da ilha de Vitória, visando a
preservação das áreas de manguezais.
Na região relatada, situa-se um dos mais
importantes ecossistemas estuarinos do Brasil, formado por extenso manguezal,
situado na foz dos rios Santa Maria e Bubu, que abrange quatro municípios da
Grande Vitória.
O município de Vitória, situa-se na ilha homônima,
no litoral sudeste brasileiro. A população é resultante da miscigenação de
brancos, negros e índios, com forte influência da imigração italiana no século
XIX. Atualmente com mais de 350.000, é o pólo centralizador da Região
Metropolitana da Grande Vitória, um conjunto de cinco municípios (Vitória, Vila
Velha, Cariacica, Serra e Viana), que abriga quase metade da toda população do
estado.
O Espírito Santo até a década de 1960, tinha sua
economia centrada na agricultura, e a cidade de Vitória tinha como principal
atividade o comércio e o porto, por onde era exportado a produção de café, e o minério de
ferro, vindo de Minas Gerais.
Com o processo de industrialização desencadeado à
partir daí, associado a desestruturação da atividade agrícola, começa a se
intensificar o movimento campo-cidade, fenômeno comum em todas as regiões do
país, que teve como conseqüência a "inchação urbana", à procura de novas
oportunidades de trabalho.
Segundo dados do Projeto (PMV, 1997), a
industrialização no Espírito Santo se dá a partir de projetos voltados para o
mercado externo e hoje dois terços da economia capixaba têm relação com o
comércio exterior. O desenvolvimento econômico foi centrado em grandes projetos
industriais, sem a preocupação com a emergência das contradições sociais
decorrentes da falta de um planejamento urbano que logo se tornou aparente. As
ocupações espontâneas que refletem o padrão de acumulação capitalista vigente,
surgem com força total em toda Grande Vitória, e a capital, recebe um grande
fluxo migratório campo-cidade, provocando urbanização acelerada e gerando massa
emergente de população empobrecida. Essa população vai ocupar áreas nos cumes
dos morros, e em torno da ilha, nos manguezais sobre palafitas. Aflora a questão
social e surgem com força os chamados movimentos sociais urbanos, de cunho
reivindicativo, em busca das condições mínimas para sobrevivência na cidade.
Novos atores apontam no cenário sócio-político com a presença marcante da Igreja
Católica, que se fez "voz do povo" em pleno período da repressão política.
2.2 Histórico da Ocupação
A região de São Pedro, era até a década de 1970,
uma pequena Colônia de Pescadores, na localidade conhecida como Ilha das
Caieiras. Ainda nesta década, mais precisamente à partir de 1977, devido ao
forte fluxo migratório, proveniente principalmente do interior do estado, sul da
Bahia e noroeste de Minas Gerais, atraídos pela crescente industrialização da região metropolitana
da Grande Vitória, e conseqüente perspectiva de obtenção de melhores condições
de empregos, a região passou a servir como alternativa habitacional para essa
imensa leva de migrantes.
Apesar dessa ocupação, no início da década de
1980, a municipalidade passou a usar a área como depósito de lixo, desencadeando
o aparecimento da atividade de badameiro (elemento que cata e seleciona o lixo),
como alternativa de renda e sobrevivência para a população ali residente. Desta
forma, o mangue começou a dar lugar às palafitas, e o lixo, a exemplo do que
aconteceu em Alagados (Salvador/Bahia), passou a ser utilizado para aterro de
extensas áreas de manguezal.
Como tantas outras comunidades carentes espalhadas
pelas grandes cidades, as condições precárias de sobrevivência impulsionaram a
organização do povo, com o apoio da sociedade civil.
Esse movimento pró-urbanização, fez com que,
durante quase toda a década de 1980, a prefeitura direcionasse ações neste
sentido por todos os bairros do contexto. Este fato, apesar das ações serem
pontuais, aumentou de forma significativa, a procura por áreas de mangues
adjacentes, que passaram a ser pouco a pouco ocupadas, na esperança de uma
possível futura urbanização.
2.2 ORIGENS DO PROJETO
As ações institucionais que nortearam o projeto,
podem ser divididas em três fases:
1ª Fase (1977/1988): Os antecedentes:
caracterizado pela luta pela moradia, devastação do manguezal, emergência da
questão sanitária e organização popular .
Características: 1)Processo assistemático e
imediatista, visando atender as pressões dos moradores. Predominou a urbanização
com critérios definidos pela comunidade; 2) Decisão pela implantação da Usina de
Lixo como resposta às
denúncias sobre a qualidade de vida no bairro, além da necessidade de ser
definida a destinação do lixo urbano; 3) Nenhuma preocupação com a preservação
do manguezal por parte da sociedade, ou mesmo dos poderes públicos.
2ª Fase (1989/1992): Origens do projeto:
Delimitação do manguezal e urbanização.
Características: 1) Delimitação/preservação do
manguezal, com conscientização dos moradores; 2) Envolvimento das comunidades,
principalmente na implantação dos critérios para uso e ocupação do solo; 3)
Urbanização das áreas passíveis de serem urbanizadas, e melhorias habitacionais
para as famílias a serem assentadas.
Nesta fase, a prefeitura passou a definir uma
política para a região, estabelecendo diretrizes para a atuação na área. Algumas
medidas propiciaram o desenvolvimento do novo programa, sendo a mais
significativa, a conclusão da Usina de Lixo de Vitória. Além disso, foram
estabelecidas como ações para esta fase, a delimitação da área de manguezal
adjacente aos bairros a serem urbanizados, e a implantação de uma fiscalização
efetiva e integrada por órgão ambientais das esferas municipal, estadual e
federal; cadastramento de 4 mil famílias habitantes dos bairros adjacentes ao
manguezal preservado; definição de critérios de parcelamento do solo,
adotando-se limite máximo de tamanho do lote; indenização de benfeitorias;
início de implantação da infra-estrutura urbana em toda a área definida como
possível de ser urbanizada; começo da remoção de famílias ocupantes das áreas de
manguezal delimitado; iniciado processo de reassentamento das famílias nas áreas
urbanizadas; construção de casas-modelo de 48 m², em madeira.
3ª Fase (1993 a 1997): Continuidade e ampliação do
programa – políticas públicas articuladas, preservação do manguezal e conquista
da dignidade.
Características: 1) Continuidade e ampliação do
programa; 2) Incorporação da prática de políticas públicas articuladas
como direito do cidadão; 3)
Expansão da urbanização aos bairros vizinhos.
As ações desenvolvidas nesta fase, foram marcadas
pela maior injeção de recursos próprios e pela captação de recursos federais, o
que contribuiu para a agilização da implementação das mesmas. Houve ampliação do
universo do projeto, com programas complementares como Regularização Fundiária,
Geração de Emprego e Renda, Capacitação Profissional, e outros, bem como a
participação sistemática dos moradores nas ações globais sobre a região e a
cidade, com a discussão do orçamento popular.
A partir daí o projeto ampliado ganha nova
dinâmica e muda um pouco seu foco, com a ação integrada do governo por um
conjunto articulado de políticas públicas voltadas para a melhoria da qualidade
de vida da população, com intensificação e planejamento integrado envolvendo as
seguintes ações: urbanização (envolvendo obras de saneamento básico, drenagem,
pavimentação, iluminação pública, redes de água e esgoto e melhorias
habitacionais), complementação da remoção das famílias, execução de obras de
delimitação do manguezal preservado, em toda a região.
Dentre as diversas ações, vale destacar aquelas
que envolveram o atendimento de direitos da cidadania, tais como, educação,
saúde, ações educativas/preventivas de orientação, esportes e lazer, assessoria
para fortalecimento da organização popular, segurança pública, transporte
público, e emprego e renda.
2.3 Linhas do Projeto
As linhas ou eixos norteadores, envolve
preservação ambiental, participação popular e implantação de infra-estrutura.
Preservação Ambiental
A ocupação do mangue provocou desmatamento,
aterros, poluição com conseqüências desastrosas ao ecossistema,
reduzindo a sua área,
modificando drasticamente a qualidade da água e obviamente comprometendo a perda
do vigor da sua biodiversidade.
Com o objetivo de preservar esse importante
ecossistema da Região Metropolitana, a prefeitura municipal de Vitória definiu e
implantou uma política de delimitação, fiscalização e educação ambiental para a
área.
Segundo dados do projeto, essas ações foram
desenvolvidas com a participação do IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente
e dos Recursos Naturais Renováveis), SEAMA (Secretaria de Estado para Assuntos
de Meio Ambiente), DPU (Delegação do Patrimônio da União), Capitania dos Portos,
Polícia Florestal e o Ministério Público. Além desses órgãos, o projeto teve a
apreciação e a aprovação do COMDEMA (Conselho Municipal do Meio Ambiente), órgão
paritário, consultivo e deliberativo do município de Vitória.
Participação Popular
Houve ampla participação das comunidades locais
nas discussões e acompanhamento do processo o que se refletiu na suspensão do
avanço da degradação do manguezal, e no surgimento de uma consciência
conservacionista.
Essas discussões aconteceram durante todas as
etapas do trabalho, a partir das dificuldades surgidas. Com esse processo de
integração garantiu-se a implementação das diretrizes estabelecidas, a
manutenção dos limites da área de manguezal e o estímulo à permanência dos
moradores nos bairros de origem.
Implantação de Infra-estrutura
Através da execução das obras de infra-estrutura
básica, por parte da Prefeitura de Vitória, foi garantida, uma melhoria
expressiva nas condições de vida da população local, cujo resultado mais
significativo foi a redução do coeficiente de mortalidade infantil à
praticamente metade.
3. O PROJETO JOANES VIVO
3.1 Apresentação/Localização
O projeto Joanes Vivo foi elaborado e desenvolvido
pela Fundação Waldy Freitas, com o intuito de conservar a flora e a fauna do
manguezal existente às margens do Rio Joanes, situado no limite dos municípios
de Lauro de Freitas e Camaçari, no litoral norte do Estado da Bahia, região
metropolitana de Salvador.
O projeto visou o desenvolvimento de três
programas; um de educação ambiental, um de coleta de lixo e um de recuperação
florística.
3.2 Histórico da Ocupação
A região do Rio Joanes era até a década de 1960,
habitada pela população ribeirinha, característica das margens dos rios
brasileiros, vivendo da pesca e da mariscagem no manguezal. Com o crescimento da
cidade do Salvador, devido ao processo de industrialização, e a instalação do
Complexo Petroquímico de Camaçari, foi iniciado na década de 1970, um processo
de expansão urbana ao longo da costa atlântica, na direção do litoral norte do
Estado, com a construção de condomínios fechados, para as classes mais
abastadas. Alguns desses condomínios se apropriaram de parte do mangue, através
de aterros, para dar continuidade ao processo de infra-estrutura básica. Além
disso, alguns deles começaram a lançar dejetos líquidos e sólidos, direta ou
indiretamente no rio e no manguezal.
3.3 Origens do Projeto
Os manguezais brasileiros estão sendo devastados,
tanto em sua flora, como em sua fauna. No caso em questão, isso não é diferente,
principalmente devido à falta de informação da população, inúmeras espécies,
tanto da fauna como da flora estão desaparecendo, devido a ação antrópica.
Devido a grande importância do ecossistema, se fez
necessário, a implantação imediata, do projeto de recuperação florística, que teve como prioridades,
além da recuperação da flora, a educação ambiental, a retirada de lixo da
referida área, e a conservação do manguezal, já que o mesmo tem grande valor
ecológico, econômico, e conseqüentemente, social.
Embora a área envolva população com diferentes
níveis educacionais e sociais, a questão da educação ambiental é primordial,
pois todos contribuem, em maior ou menor escala para a poluição do manguezal.
3.4 Linhas do Projeto
O projeto foi desenvolvido através de três linhas
principais, implantadas como programas. São eles: a) Programa Mangue Limpo; b)
Programa Conhecendo o Mangue; c) Programa Mangue Vivo.
Programa Mangue Limpo
Visava a retirada diária do lixo do manguezal
servindo também como ferramenta para a sensibilização e mudanças de atitude
quanto à questão do lixo no meio ambiente.
O lixo era retirado por pessoas selecionadas nas
comunidades carentes e por elas escolhidas. Os resíduos retirados eram colocados
num contêiner, dentro de um dos condomínios da região e recolhido pelo serviço
de limpeza pública de Camaçari.
Programa Conhecendo o Mangue
Programa alternativo de Educação Ambiental que
atuou através de trabalhos educacionais, voltados para a conservação dos
recursos naturais, com ênfase para o manguezal. Objetivava sensibilizar e
incentivar crianças e adolescentes a trabalharem como protetores da natureza, e
também como multiplicadores desta mentalidade junto às comunidades ribeirinhas,
no que se referia à manutenção e conservação do meio ambiente, no qual as
comunidades estão inseridas.
Como ponto de partida para a execução desse
programa, foram feitas parcerias com as escolas e associações, possibilitando
que os profissionais envolvidos no programa possam realizar palestras sobre a
temática ambiental, nessas entidades, com a participação ativa do público, com a
problematização dos temas, e preparação de matérias didáticos.
Programa Mangue Vivo
Teve como objetivo principal à recuperação
florística do manguezal, através do replantio de mudas de flora nativa, tendo em
vista que nem sempre a recomposição do manguezal consegue ser natural,
necessitando haver a intervenção humana para uma recuperação mais eficaz. Esse
processo constou da construção de um viveiro de mudas, replantio das espécies, e
monitoramento das plantas durante um período de tempo, para se ter a garantia da
recuperação da flora e conseqüentemente de todo o ecossistema.
4.0 PARALELO ENTRE OS DOIS PROJETOS
O Projeto Rio São Pedro, em Vitória-ES se
caracteriza por estar localizado em zona periférica, resultante da ocupação
espontânea, e conseqüentemente desordenada, que caracteriza as cidades do
terceiro mundo, e de forma peculiar, as brasileiras, que tiveram seu crescimento
acelerado pelo processo de industrialização, o que fez com que se acentuasse não
só êxodo rural, mas também as migrações de pequenas cidades para os grandes
aglomerados urbanos, como as regiões metropolitanas. No caso em questão, a
ocupação de um dos mais importantes ecossistemas estuarinos brasileiros, formado
por extenso manguezal, se fez a opção pela preservação da parte ainda não
comprometida, através da conscientização dos moradores, e a recuperação da parte
degradada restante, bem como pela manutenção da população carente já instalada
(uma nova tendência que considera a remoção traumática para os habitantes),
envolvendo-as principalmente
na implantação dos critérios para uso e ocupação do solo, bem como no processo
de urbanização das áreas passíveis de serem urbanizadas. A intervenção foi feita
pelo poder público, tendo à frente a PMV que procurou integrar a área a malha
urbana "legal", melhorando as condições de vida local, através do Programa de
Regularização Fundiária e da titulação de 15 mil lotes; obras de urbanização em
toda a área como parte dos recursos obtidos junto ao Governo Federal; construção
de Estações para Tratamento de Esgoto; desenvolvimento de campanha de educação
ambiental e sanitária de utilização adequada das redes de água e esgoto;
desenvolvimento da campanha "não venda seu lote" objetivando a fixação da
população no local; implantação do Proger – Programa de Geração de Emprego e
Renda – para redução da "expulsão branca" e fixação da população da região;
orçamento popular com discussão com a população de todas as prioridades para a
região/bairro; implantação do Circo-Escola para complementação de atividades
extra-curriculares e extensão à região, do Programa Cidadão-Criança;
desenvolvimento de atividades produtivas, cursos e organização de associações
produtivas, com estímulo ao trabalho autogestionário para incorporação em
empresas associativas de trabalhadores do setor informal, pelo método de
capacitação massiva; implantação do Programa Família Cidadã que consiste no
apoio ao desenvolvimento sócio-familiar para as famílias em situação de risco,
inclusive com garantia de renda mínima, combate à violência contra a criança e
ao trabalho infantil; convênio com a P.M. para implantação da Polícia
Interativa; convênio com o Poder Judiciário para ampliação do acesso à justiça
para os moradores.
Por outro lado, o Projeto Joanes Vivo, em Lauro de
Freitas-Ba, apesar de se desenvolver também em área de manguezal, tem
características distintas, e não se propõe a ser tão abrangente quanto ao
Projeto Rio São Pedro. Apesar de ter sido desenvolvido também em conseqüência da
expansão urbana, atua numa área onde a pressão "por espaço" não é tônica, e tem características mais
conservacionista. Envolve não só a população carente ribeirinha, mas também a
população de classe média alta que habita os condomínios fechados nas áreas
adjacentes ao manguezal, mas que contribuiu também, e talvez mais fortemente,
para a degradação, com interferências diversas, como aterros e lançamentos de
dejetos sólidos e líquidos, direta ou indiretamente no ecossistema.
É administrado por uma Fundação, o que torna as
ações mais restritas, pela própria limitação orçamentária. Teve como objetivo
retirar o lixo do rio e do mangue, sensibilizar a comunidade ribeirinha, aqui se
referindo à todo população que vive às margens, sem distinção econômico-social,
quanto a necessidade da conservação e preservação dos manguezais, e construir
viveiro de mudas de espécies vegetais, visando a recuperação florística do
mesmo.
Enfim, ambos os projetos são conseqüência do
desenvolvimento urbano, em escalas diferentes, que afetam ecossistemas frágeis
como os manguezais, e se não houver ação efetiva para tentar sanar os problemas,
ou pelo menos minimizá-los, trará inúmeros problemas sócio-ambientais.
5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os projetos em questão têm em comum, o fato de
enfocarem o desenvolvimento urbano integrado, envolvendo a questão dos
manguezais, sendo que o primeiro trabalha com a perspectiva de integrar espaços
clandestinos, à cidade "legal", proporcionando às famílias beneficiadas pelo
programa, habitarem com segurança nos lotes que hoje ocupam, e estarem aptas a
buscar meios de regularizar e melhorar suas habitações. Após as medidas
implementadas, a tendência da região, é tornar-se um espaço economicamente
viável onde ocorram as funções normais da cidade, de trabalho, moradia e lazer.
Esta proposta do desenvolvimento de ações integradas, consorciando o trabalho de
vários órgãos, faz parte de um moderno modelo de gestão das cidades que integra
todas as ações do município
com a parceria de organizações não-governamentais e a participação da população,
todas voltadas para a melhoria da qualidade de vida numa perspectiva de garantia
da cidadania. Por outro lado, o segundo trabalha com a perspectiva da
conservação do ecossistema, procurando fazer um trabalho de conscientização,
através da educação ambiental, com recuperação da parte do mangue que sofreu
alguma agressão, evitando problemas futuros para a área, em virtude do
crescimento urbano estar se intensificando na região, não com ocupação
desordenada, mas com a construção de condomínios fechados, que abrigam uma
população de nível intelectual mais elevado, mas que muitas vezes, não tem
nenhum comprometimento com as questões ambientais.
É portanto de extrema importância que todos
comecem a dar importância as questões ambientais quando do planejamento urbano,
evitando problemas futuros, como é visto em muitas obras nas grandes cidades
brasileiras.
REFERÊNCIAS
DIAS, F.J.K. Projeto Mangue Vivo. Lauro de Freitas:
Fundação Wally Freitas, 2000.
GOMES, C. de M. T. Degradação ambiental e qualidade
de vida em São Luis: A Ocupação dos manguezais por palafitas – Bairro da Camboa
– MA. IN: VI Congresso Brasileiro de Geógrafos, Goiânia – GO, 2004;
PREFEITURA MUNICIPAL DE VITÓRIA. Projeto São Pedro.
Vitória: PMV, 1997.
SILVA, J.J.A. da. Diretrizes para uso dos manguezais
do Pina, Recife uma análise crítica. IN: VI Congresso Brasileiro de Geógrafos,
Goiânia – GO, 2004;
1 Universidade Católica do Salvador - UCSAL
dasegu@ibest.com.br
dasegu@pop.com.br
Anais do X Encontro de Geógrafos da América
Latina – 20 a 26 de março de 2005 – Universidade de São Paulo
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