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Humboldt (1769-1859) contribuiu
bastante para a geografia social (foto:Instituto de Mineralogia
de Berlim) |
Humboldt
tridimensional
 19/05/2005
Agência
FAPESP - Nem tanto a natureza, nem tanto a sociedade. Uma
das maiores façanhas do naturalista alemão Alexander von Humboldt
(1769-1859) em sua única passagem pelas Américas teria sido observar, e
entender com precisão, a relação entre o ser humano e o ambiente que o
cercava.
Em artigo publicado na edição de junho dos Anais da Academia
Brasileira de Ciências, Gerd Kohlhepp, pesquisador do Centro de
Estudos Latino-Americanos do Instituto de Geografia da Universidade de
Tübingen, na Alemanha, lança um novo foco sobre uma viagem histórica. A
expedição ocorreu entre 1799 e 1804.
Humboldt, ao lado do francês Aimé Bonpland, viajou por Venezuela, Cuba,
Colômbia, Equador, Peru e México. Não esteve no Brasil, apenas em alguns
trechos da fronteira amazônica, porque os portugueses não deixaram. Nos
países visitados ainda havia o domínio espanhol e a produção era baseada
no trabalho escravo.
"Entramos na era de abençoar a liberdade e a independência do Novo
Continente" disse Humboldt em uma carta ao amigo Simon Bolívar, datada de
29 de julho de 1822 – meses antes da Independência do Brasil. Segundo o
artigo agora publicado, o naturalista se impressionou principalmente com a
estrutura econômica dos países que ele visitou. E isso teria causado duras
e importantes críticas na volta para a Europa.
Astronomia, matemática, física, meteorologia, climatologia,
oceanografia, química, farmácia, botânica, zoologia, geologia,
mineralogia, vulcanologia, arqueologia, história, sociologia, agronomia,
etologia e medicina. "Apesar disso tudo, é no campo da geografia que os
estudos de Humboldt tiveram o maior impacto", defende Kohlhepp. O autor
lembra que no início do século 19 nem havia as subdivisões da disciplina
geografia como hoje.
Para realçar a visão tridimensional de Humboldt, o que deu ao
naturalista grande fama e reconhecimento ainda em vida, o pesquisador da
Universidade de Tübingen pinçou alguns números interessantes de sua
bibliografia. "Ele conseguiu montar, muito antes do computador, uma
incrível rede internacional e interdisciplinar. Ele escreveu 35 mil cartas
e recebeu quase 100 mil.” Isso, segundo Kohlhepp, mostra a circulação do
conhecimento e a abrangência das discussões acadêmicas travadas por
Humboldt. |