Rio,
13/jan/04 – A audiência concedida hoje pelo governador de Mato Grosso,
Blairo Maggi, a representantes das três maiores empresas chinesas de grãos deve
ter tirado o sono de poderosos integrantes do Establishment
anglo-americano. Os chineses, como se verá abaixo, querem negociar a compra de
soja brasileira diretamente do produtor, sem intermediários e à margem da Bolsa
de Chicago.
Como
a história nos ensina, a produção e o fluxo de alimentos, juntamente com outras
matérias-primas básicas, sempre foi um elemento de controle utilizado por
grandes potências para seus planos hegemônicos. Assim, o surgimento do que pode
transformar-se no maior pólo produtor e fornecedor de alimentos do mundo – o
Cerrado -, tem enormes implicações geopolíticas. Desse modo, qualquer análise
sobre a maioria das campanhas de ONGs ambientalistas – principalmente, as que
possuem “estado-maior” na Europa -, contra as obras de infra-estrutura no
corredor Cerrado-Amazônia que não considere esse fato é incompetente e falha.
Quanto à missão chinesa em visita a produtores e cooperativas
brasileiras, é composta por representantes de três das maiores empresas chinesas
de grãos: a Huaken Cereal & Oil Co.,
cooperativa ligada a todas as fazendas estatais da China; a Heibei Oil
and Fat Co., estatal da província de Hebei, com 90 milhões de
habitantes, onde se localiza o porto de Tianjing e a capital Pequim; e a empresa
privada Siwei, trading da província mais populosa da China,
Henan, com 110 milhões de habitantes.
As
três empresas chinesas se associaram com a finalidade de abrir um escritório no
Brasil, para investir exclusivamente no agronegócio. Além de comprar soja, os
chineses pretendem adquirir óleo de soja, óleo de caroço de algodão e caroço de
algodão, além de exportar fertilizantes e herbicidas. A Huaken já abastece com
adubos e defensivos químicos todas as fazendas estatais chinesas, segundo
informou à Gazeta Mercantil Chao En Hung de Oliveira, interlocutora da
missão.
Ao
governador Maggi, Chao afirmou que o grupo não está interessado apenas em
conversas. "Estamos a fim de estabelecer negócios definitivos, viemos para
ficar. Já estamos montando escritório no Brasil", disse ela. "A intenção é
acabar com os intermediários, queremos comprar os grãos, a soja principalmente,
direto do produtor", complementou Chao. O grupo todo compra, anualmente, 2
milhões de toneladas de grãos. Ela também frisou que o trabalho do governador
frente ao Estado também foi decisivo na escolha: “O gerenciamento do governador
nas questões agrícolas e a infra-estrutura que ele está implementado em Mato
Grosso são reconhecidos internacionalmente”, enfatizou.
O
governador destacou que Mato Grosso tem muito interesse em firmar parceria
comercial com a China, não só no ramo de grãos, mas também de carnes, defensivos
agrícolas, implementos e máquinas, dizendo que deseja visitar a China e conhecer
a atuação dos empresários e as ações que desenvolvem no País.
Com
um quinto da população do planeta e crescimento médio do Produto Interno Bruto
(PIB) de 7% ao ano nos últimos anos, a China vem ampliando suas
compras de insumos e matérias-primas no Brasil e já é, individualmente, o
maior comprador de soja e de minério de ferro
brasileiros.
Fuente : Alerta em rede.