NCeHu
1452/04
Aprofunda-se a dominação imperialista no
Brasil
Marco Antonio V. dos
Santos
CeCAC
Há crescimento econômico? É sustentável? Em que setores?
Que classes ou frações de classe ganham com o “crescimento”?
Neste artigo
procuraremos tratar das questões enunciadas no subtítulo, colocadas pelas
classes dominantes no centro do debate político e econômico no país, num esforço
de, ao partir do ponto de vista das classes dominadas, fazer emergir o aspecto
principal que tem norteado e determinado a tendência da conjuntura nacional: a
dominação imperialista sobre o Brasil e a submissão total do governo federal a
esta dominação. Ou, mais precisamente, a posição do PT, com hegemonia da
“nomenklatura” petista, como instrumento político desta dominação. Esta análise,
mesmo que breve, necessita de um horizonte mais amplo: explicitar o “grau” da
crise econômica, social e política no Brasil e de detectar o estágio da luta de
classes, a atual correlação de forças.
Um primeiro ponto a destacar:
para tratar da conjuntura nacional é indispensável nos situar na conjuntura
mundial da luta de classes, na compreensão da crise do sistema imperialista,
mesmo que minimamente.
Crise do imperialismo
Já afirmávamos
em boletins anteriores do CeCAC o agravamento e generalização da crise econômica
estrutural do imperialismo – crise de sobreacumulação de capital e superprodução
de mercadorias – dominada pela lógica do capital financeiro, de sua esfera
rentista, “especulativa”. E que ao atingir o pólo principal do sistema
imperialista, a economia norte-americana, com a recessão de 2001, se irradia
para o conjunto dos países imperialistas e pela economia mundial como um todo.
E para contrarrestar sua crise econômica e manter a hegemonia mundial, o
Estado norte-americano responde com uma violenta luta militar, econômica,
política e ideológica, intensificando a exploração dos trabalhadores em todo o
mundo e, em especial, dos povos dos países dominados, o que vem colocando em
primeiro plano, como contradição principal no campo internacional, a luta
interimperialista. Com a estratégia de superar sua crise econômica às custas do
resto do mundo, promovendo guerras para conquistar “zonas de influência” de
valorização do capital, controlar fontes de matéria-prima (como o petróleo) e
mercados, as classes dominantes dos EUA entram em disputa aberta,
principalmente, com o bloco imperialista europeu. A guerra de agressão ao Iraque
iniciada em 1992 se coloca como uma expressão deste novo quadro internacional,
onde a precária aliança entre os países e blocos imperialistas na exploração dos
países dominados se rompe.
A guerra, a fascistização e a barbárie são
impostas pelos EUA como alternativas globais. Porém, a resistência dos povos
contra as agressões imperialistas, com destaque para a heróica resistência do
povo iraquiano contra a ocupação, impõe limites à exploração e intensifica a
luta de classes no mundo.
A política econômica interna dos EUA para
enfrentar sua crise não cumpriu seu objetivo de retomar um crescimento com taxas
altas e estáveis e tende a se exaurir. Política que implementou corte dos
impostos, taxas baixas de juros – as menores dos últimos 43 anos – para
estimular os gastos em consumo e os investimentos. E assim enfrentar a recessão
e sustentar as taxas de lucro do grande capital, “empurrando a crise para
frente”. A enorme bolha especulativa norte-americana se deslocou do mercado de
ações para o imobiliário, resultado desta política de estímulo ao endividamento
das famílias.
“Recuperação virtual” dos EUA
No artigo Será
que o colapso econômico dos EUA acontecerá em 2005?, o economista F.William
Engdahl esclarece que: “Estes empréstimos, ligados aos preços ascendentes do
imobiliário, permitiram às famílias americanas financiarem novo mobiliário,
carros e inúmeras outras coisas. Em 2003 os bancos atingiram um récord de US$
324 mil milhões em empréstimos para casa própria, no topo de US$ 1 milhão de
milhões (trillion) de novos empréstimos hipotecários. Todo este consumo criou a
ilusão de uma recuperação da economia. Abaixo da superfície, no entanto, um
enorme fardo de dívidas foi acumulado. Desde 1997, o total da dívida com lares
hipotecados de americanos cresceu 94% chegando a colossais US$ 7,4 milhões de
milhões...” Mais à frente irá ressaltar que: “A família americana está altamente
endividada, e não é apenas por causa da sua casa. Os dados do Federal Reserve
mostram agora um nível de dívida total acima dos US$ 35 milhões de milhões, ou
uns US$ 450 mil para uma família típica de quatro membros.” (de 26/07/04,
disponível em http://resistir.info).
Os mega déficits fiscal e da balança
comercial, o início do aumento da taxa de juros nos EUA de 1% para 1,25% e 1,5%,
apontam para uma tendência de crise econômica aberta nos EUA após as eleições, o
que agravará a crise estrutural da economia dos EUA e a mundial. Várias matérias
na imprensa, que não têm o destaque de outras notícias, informam que nos últimos
dez meses o Déficit fiscal americano chega a US$ 396 bilhões: “A deterioração
fiscal do país ocorreu devido à alta dos gastos com segurança e dos custos com a
Guerra do Iraque, além da redução de impostos aprovada pelo presidente George W.
Bush.” (Folha de S. Paulo, 12/08/04). Segundo outra matéria, no mês de julho o
Déficit comercial americano bate recorde: “O crescimento do rombo foi explicado
principalmente pelo declínio de 4,3% nas exportações, a maior queda desde
setembro de 2001..., para US$ 92,82 bilhões. As importações foram novamente
impulsionadas pelo maior preço do petróleo e cresceram 3,3%, para US$ 148,64 bil
hões, também novo recorde. ‘É extraordinário, nunca vi uma mudança tão grande em
um único mês no déficit comercial’, afirmou Kevin Logan, economista do Dresdner
Kleinwort Wasserstein em Nova York.” (Folha de S.Paulo, 14/08/04).
Até as
denúncias de torturas praticadas pelo exército norte-americano e algumas
ridicularizações de aspectos emblemáticos do “modo de vida americano” que ganham
maior dimensão nos meios de comunicação e cinema refletem, em certa medida, a
crise instalada na sociedade americana. O que se observou, neste último período,
a partir de 2001, foram pequenos crescimentos setoriais da produção industrial e
do PIB, uma "recuperação virtual”, ao lado de taxas de desemprego que insistem
em não diminuir, permanecendo em torno de 6 % nos EUA.
Na tentativa de
garantir a reeleição de Bush, o Banco Central norte-americano (FED) executa, no
limite, esta política. A crise do imperialismo expressa também o agravamento da
luta de classes e, ao mesmo tempo, a intensifica. Assim, a política belicista e
fascista é uma resposta ao crescimento da resistência das classes dominadas
contra a intensificação da exploração e, nesse sentido, exacerba todas as
contradições do sistema imperialista e sinaliza para a perspectiva de guerra
entre os países imperialistas, mundial. E é a luta de classes, a resistência e
vitória dos povos que pode barrar essa possibilidade ameaçadora.
Conjuntura internacional e o Brasil
É importante registrar
que este quadro conjuntural de pequeno crescimento econômico mundial sustentado
pelos EUA e pelas altas taxas de crescimento do PIB de países da Ásia (China),
mesmo dentro de uma crise geral do imperialismo que se agrava e prenuncia uma
recessão mundial, significou neste primeiro semestre de 2004 (e em 2003) um
espaço para um crescimento econômico também nos países da América Latina. Este
momento conjuntural internacional “favoreceu” países como o Brasil, pois houve
um crescimento do comércio internacional com valorizações históricas, raras, dos
preços dos produtos primários, o agronegócio, as commodities, como soja, minério
de ferro, o que permitiu o crescimento econômico nestas áreas, em detrimento da
produção industrial, da produção voltada para o mercado interno.
As
baixas taxas de juros nos EUA também estimularam entradas de dólares no Brasil,
principalmente nos mercados especulativos, atraídos por altas taxas de juros,
que ajudou a fechar o balanço de pagamentos, mantendo a “estabilidade” e a
“credibilidade”, que também correspondem a uma maior submissão do Brasil ao
imperialismo, com a garantia da remuneração do capital especulativo
internacional.
Diante desta conjuntura internacional e das diretrizes da
política econômica e social do governo federal, tais como a “reforma” da
previdência, o aumento do superávit primário para 4,25% do PIB, as taxas de
juros reais de 10%, as metas de inflação, o acordo com o FMI, os aumentos
ridículos do salário mínimo, o apoio ao agronegócio e à exportação de produtos
primários, os acordos comerciais internacionais – como os firmados com a China –
e os projetos de lei das falências, das Parcerias Público-Privadas, (PPP), em
votação no Congresso, e das propostas de “reformas” trabalhista e sindical, em
suma, um verdadeiro “saco de maldades”, podemos reafirmar que o governo Lula/PT
aprofunda e continuará aprofundando a dominação imperialista sobre o Brasil.
O atual governo, com tais medidas, radicaliza a política neoliberal e
assim aumenta a exploração do Brasil e do nosso povo com objetivo de atender aos
interesses do imperialismo, garante colossais taxas de lucro na valorização do
capital, reforça a inserção subordinada do Brasil na economia mundial, sua
condição de país dominado. Política que faz parte da estratégia imperialista de
reestruturação do Estado brasileiro para ampliar esta impiedosa máquina de
valorização do grande capital financeiro, de acordo com a nova divisão
internacional do trabalho.
Crescimento?!
Vemos hoje uma
campanha monocórdica dos aparelhos ideológicos de Estado de difusão e informação
martelando que a economia brasileira está em franco crescimento, que a tendência
do desemprego é diminuir e que o desenvolvimento é sustentável. Por outro lado,
não se fala mais em espetáculo do crescimento, insiste-se agora na paciência que
é necessário ter. Também é lembrado (com o que concordaria o conselheiro Acácio)
que não se pode esperar tudo do governo, cada um tem o seu papel.
E
então... seriam alvissareiras tais notícias marteladas sobre um momento especial
de “crescimento” e “desenvolvimento” que o país estaria atravessando? A política
do governo federal estaria finalmente começando a engrenar, e poderíamos esperar
agora uma nova fase em que as promessas de campanha de melhorias significativas
nas condições de vida do povo estariam por se consumar?
Não.
Categoricamente não. Apesar das tentativas de paramentá-la, há uma realidade nua
e crua. Vamos a alguns dados.
A expectativa de crescimento do PIB para
2004 foi estabelecida num patamar baixo, em cerca de 3,5%, uma das menores
previsões de taxa de crescimento econômico para os países dominados, os chamados
“países em desenvolvimento”. Se no ano passado houve um crescimento negativo do
PIB de -0,2%, a base de comparação é fraca, fácil de ser atingida e
ultrapassada, devido à recessão do ano passado. E a partir de tal comparação
vende-se a ilusão para o povo de que as coisas estão melhorando de forma
expressiva.
Os empregos criados no primeiro semestre deste ano não
absorvem nem os novos trabalhadores que ingressam no mercado de trabalho. A
altíssima taxa de desemprego aberto (IBGE) de junho/2004 é a mesma de
janeiro/2004, 11,7%, o que pode indicar que o saldo entre admissão e demissão se
anulou no período. Mesmo com o crescimento de 1,6% do emprego na indústria em
junho deste ano, na comparação com junho do ano passado, quando comparamos o 1º
semestre de 2004 com o mesmo período do ano passado o quadro fica estável, com
crescimento de 0,1%. Como afirma o economista J. Carlos de Assis: “É também
verdade que o desemprego oficial, em maio e junho, acusou uma ligeira queda. Mas
ele havia aumentando quatro meses seguidos, de janeiro a abril. Por qual razão
se vai considerar que a queda mais recente é uma tendência de longo prazo? Não
gosto de brigar com números, mas o fato é que, quando se procura visualizar
tendência, é necessário levar em conta todo o ambiente macroeconômico em volta.
E ele é péssimo para o crescimento. Temos um superávit primário que tira
recursos da economia para esterilizá-los na política monetária; e continuamos
com taxas de juros estratosféricas (10% reais)”. (Os limites efetivos do suspiro
de crescimento”, Editorial de 07/08/04,
http://www.desempregozero.org.br).
A tímida recomposição da renda do
trabalhador, nos dois últimos meses, nem de longe compensa os 15% de perda do
último ano (conforme http://www.consciencia.net/arquivo/ce-renda.html).
A
conjuntura econômica internacional do primeiro semestre de 2004, favorável a
este pequeno crescimento econômico no mundo e no Brasil, tende a se tornar
desfavorável, pois o que se vislumbra é a “desaceleração” da economia
norte-americana e mundial.
O aumento da taxa de juros básica nos EUA,
mesmo que gradativo, empurra a economia norte-americana para a estagnação ou
recessão, acaba com o crédito fácil (que levou ao endividamento das famílias) e
o pesado estímulo aos investimentos. Diante desse quadro, existe a tendência
para diminuição do volume do comércio mundial e do recuo ou estagnação dos
preços das commodities, como também uma tendência à fuga de capitais para o
mercado financeiro norte-americano com taxas de juros melhores e com um risco
menor, que irão abalar a dependente e subordinada economia brasileira. E se
realmente ocorrer o estouro da bolha especulativa imobiliária nos EUA a economia
norte-americana e mundial poderão ser levadas a uma crise aberta de maiores
proporções com reflexos mais violentos no Brasil.
O verdadeiro
espetáculo do crescimento
O superávit primário no valor de 4,25% do
PIB (estimado em R$ 71 bilhões) para pagamento de juros da dívida pública,
acordado com o FMI e as estratosféricas taxas de juros real (a segunda maior do
mundo), são dois dos principais instrumentos da cada vez mais monumental e
inesgotável sangria de verbas públicas para remuneração do capital financeiro
especulativo. Como exemplo, temos o crescimento do lucro dos bancos. A coluna
“Fatos do Dia” da Oficina de Informações, de 13/08/04, assinala que apenas “Os
quatro maiores bancos do país tiveram no primeiro semestre lucro líquido de R$
4,5 bilhões, 11,4% superior ao do mesmo período de 2003, conforme levantamento
da ABM Consulting feito a pedido da Folha”. E mais: “As receitas dos quatro
maiores bancos cresceram 38,2% no primeiro semestre, totalizando R$ 41,1
bilhões” (http://www.oficinainforma.com.br/fatos.php?dt=2004-08-13).
Esteriliza-se dinheiro público na especulação financeira para pagamento
de juros, enquanto a falta de recursos para a saúde, educação, demais áreas
sociais e para investimentos leva ao desmonte do setor público social e de
setores estratégicos do Estado brasileiro. A matéria da Folha de S.Paulo Arrocho
derruba investimento público aponta que: “De janeiro a junho deste ano, o
investimento realizado pela União foi de apenas R$ 700 milhões, uma parcela de
5,74% em relação ao total de R$ 12,2 bilhões programados no Orçamento. Nos
últimos três anos, os investimentos públicos despencaram de R$ 14,6 bilhões (em
2001) para R$ 6,5 bilhões em 2003. Os valores sempre foram muito inferiores aos
programados” (FSP, 19/08/04). Neste mesmo período, o superávit primário foi de
R$ 46,189 bilhões, correspondendo 5,6% do PIB acumulado até junho, superando em
R$ 13,85 bilhões (41,7%) o valor correspondente a 4,25% do PIB, acordado com o
FMI. É o recorde de recursos públicos para pagamento de ju ros; em outras
palavras, para a remuneração da agiotagem financeira.
E o “suspiro de
crescimento”...
Em que setores da economia ocorreu este “suspiro de
crescimento”? Basicamente no setor de produtos primários (agronegócio, minério)
voltados para a exportação. O Brasil vai regredindo à condição colonial de
exportador de produtos primários. Fica mais dependente das oscilações de preços
no mercado internacional, historicamente desfavorável para os países dominados.
E, secundariamente, em alguns setores industriais voltados para a
exportação e áreas correlatas à exportação. E, no mercado interno, na produção
voltada aos ricos, o setor de bens duráveis. O economista J. Carlos de Assis,
avalia também: “A produção de bens duráveis, consumidos principalmente pelos
ricos e pelas exportações, aumenta velozmente para 28,28% acima do nível de
2002, enquanto a de semiduráveis e não duráveis, consumidos principalmente pela
massa dos segmentos pobres, está 0,83% inferior a 2002”. (O que está por trás do
crescimento industrial”, Editorial de 10/08/04,
http://www.desempregozero.org.br).
Ao aprofundar a política econômica de
Collor e FHC, o PT e a maioria de seus principais dirigentes assumem a
representação política das classes dominantes brasileiras, que mantêm a tradição
de se amoldarem sem grandes resistências à lógica do imperialismo, do capital
financeiro internacional.
Assim, palavras mágicas, com uma grande carga
ideológica como desenvolvimento, crescimento, estabilidade, credibilidade são
utilizadas pelo governo e pela “mídia” para fugir da identificação de quais
classes são beneficiadas pela política econômica e pelo “suspiro de
crescimento”. Na verdade, estabilidade e desenvolvimento da economia para
garantir os fantásticos lucros do capital financeiro internacional – com o
pagamento da dívida externa, remessa de lucros e demais “compromissos” externos
do Brasil – e da grande burguesia brasileira com sua histórica aliança com o
latifúndio.
Em suma, uma política para círculos cada vez mais restritos
da sociedade e que necessita para sua implementação, por um lado, de uma carga
ideológica muito pesada para mascará-la e, por outro, tende à fascistização a
fim de tentar intimidar a resistência da imensa maioria da população atingida
por tal política.
Nesse contexto, uma das últimas novidades no ar é a
campanha publicitária da auto-estima, que tem como protagonista o presidente da
República – já totalmente enquadrado e à vontade na defesa das posições
ideológicas das classes dominantes brasileiras e do imperialismo – para inculcar
no povo um dos aspectos mais atrasados e reacionários da ideologia burguesa,
neoliberal: o individualismo. Seriam o esforço, a vontade, a fé e o ânimo
individuais as soluções para enfrentar a miséria e o desemprego, na verdade, um
estímulo à divisão dos trabalhadores, contra a unidade da classe, contra a
solidariedade e luta coletiva, um dos fundamentos da ideologia do proletariado.
Um brasileiro desempregado, ou melhor, os milhões de brasileiros desempregados,
devem mirar-se no exemplo de Ronaldinho, um brasileiro que não desiste nunca,
que num esforço pessoal superou crises e descrenças e retomou a carreira. Essa é
a verdadeira luz no final do túnel que a propaganda oficial oferece de concreto
, bem concreto, não a um ou outro desempregado, mas aos milhões de desempregados
no País. A essência mesmo do imperialismo, a superexploração, o desemprego
estrutural – resultado da política neoliberal, a violenta desigualdade social de
classe, tudo que é verdadeiro e real tenta-se nublar com um palavrório vazio e
ilusório.
Procuraremos, nos próximos boletins, continuar tratando de
questões aqui pinceladas, inclusive para debater mais amplamente estas condições
que levam, mesmo num quadro geral de intensificação de crise econômica, política
e social, a comportar episódios de recuperação econômica setorial, que
interessam especialmente às classes dominantes para fazer apanágio político,
particularmente em momentos eleitorais. E principalmente discutir, dando
continuidade aos boletins anteriores, questões colocadas para a contrapartida
dessa ofensiva ideológica e política das classes dominantes que tentam,
desesperada e obsessivamente, minar nos corações e mentes a iniciativa
revolucionária, a unidade dos trabalhadores, a ação coletiva, a organização do
povo e de sua vanguarda. Pressentem que sua ofensiva tem pés de barro diante da
resistência que essa política engendra, pois mesmo desfavorável em curto prazo,
o horizonte político das conquistas que interessam ao conjunto da classe
operária e do povo está em suas próprias mãos, na colossal força revolucionária
de sua ação coletiva e organizada, política e sindical, que é urgente
reconstruir.
Artigo do Boletim do Centro
Cultural Antonio Carlos CArvalho (CeCAC) - Rio de Janeiro -
Brasil