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PECUÁRIA É A PRINCIPAL CAUSA DE DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA,
DIZ ESTUDO
Grande parte do desmatamento recente na Amazônia
brasileira tem como principal causa a pecuária de médio e grande porte. Essa é a
principal conclusão do estudo intitulado Causas do Desmatamento da Amazônia
Brasileira, do economista ambiental Sérgio Margulis, apresentado
nesta quinta-feira (12) aos ministros da Integração Nacional, Ciro Gomes, e do
Meio Ambiente, Marina Silva, na sede do Banco
Mundial, em Brasília (DF).
O estudo mostra que hoje 12%
da Amazônia Legal, cerca de 600 mil km², são áreas de atividade agropecuária. A
atividade também seria responsável por 75% das áreas desmatadas na região
amazônica. A grande lucratividade da pecuária foi apontada como o maior
empecilho para a conscientização dos pecuaristas para evitar o aumento das
derrubadas. Segundo o estudo, um pecuarista ganha, em média, US$ 75 por ano por
hectare desmatado, mas os custos sociais seriam ainda maiores, de US$ 100
dólares por ano por cada hectare.
Esse seria, segundo Margulis, um forte
argumento para que o governo negociasse com os pecuaristas uma forma de
compensação que evitasse o desmatamento desordenado da floresta.
Para o
ministro Ciro Gomes, é necessário criar alternativas econômicas viáveis para as
áreas que já foram desmatadas e criminalizar os desmatamentos futuros. "Existem
vastas extensões desflorestadas que estão subtilizadas ou abandonadas que devem
ser ocupadas para desestressar a fronteira adiante do desflorestamento e para
mostrar a possibilidade de um manejo florestal inclusive mais rentável e
mais lucrativo do que destruir a floresta para criar boi", afirmou.
A
ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, lembrou que o manejo florestal, ou uso
das riquezas da floresta de maneira sustentável, pode ser uma alternativa em
substituição à derrubada da floresta. "Além do mais não se precisa ter toda uma
estrutura para coibir o desmatamento ilegal ou o uso ilegal da floresta", disse
a ministra.
Marina Silva lembrou que já estão em andamento duas ações
governamentais importantes para evitar o desmatamento, o programa Amazônia
Sustentável, que trabalha políticas de desenvolvimento para a região pensando os
programas de infra-estrutura voltados para o desenvolvimento sustentável,
tecnologias avançadas, inclusão social e ordenamento territorial, e o Programa
de Combate ao Desmatamento, coordenado pela Casa Civil com a participação de 11
ministérios, cujo trabalho está prestes a ser concluído e que propõe políticas
focalizadas nas áreas de desmatamento.
"Não é uma tarefa fácil, não se
consegue inverter um processo como esse da noite para o dia, mas há um esforço
integrado de governo pela primeira vez, já que a tarefa de combater o
desmatamento na Amazônia não é uma tarefa apenas do Ministério do Meio Ambiente,
se constitui num esforço de governo e uma parceria muito forte com os governos
estaduais", disse a ministra.
Marina Silva informou ainda que estudos
recentes mostram que o atual governo conseguiu evitar em 2003 cerca de 30% do
que foi devastado na Amazônia em 2002. (Agência
Brasil)
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