Inicio > Mis eListas > humboldt > Mensajes

 Índice de Mensajes 
 Mensajes 18452 al 18471 
AsuntoAutor
=?UTF-8?Q?art=C3=A Stella A
=?UTF-8?Q?art=C3=A Stella A
=?UTF-8?Q?59=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?60=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?61=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?62=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?63=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?64=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?65=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?67=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?68=2F19_ Centro H
=?UTF-8?B?NjkvMTkg Centro H
70/19 - Crecimient Centro H
=?UTF-8?Q?71=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?72=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?73=2F19_ Centro H
74/19 - Un mundo i Centro H
=?UTF-8?Q?75=2F19_ Centro H
=?UTF-8?Q?76/19_-_ Alexande
=?UTF-8?Q?art=C3=A Stella A
 << 20 ant. | 20 sig. >>
 
Noticias del Cehu
Pgina principal    Mensajes | Enviar Mensaje | Ficheros | Datos | Encuestas | Eventos | Mis Preferencias

Mostrando mensaje 18789     < Anterior | Siguiente >
Responder a este mensaje
Asunto:NoticiasdelCeHu =?UTF-8?Q?60=2F19_=2D_AEPISTEMOLOGIA_DA_GEOMORFOLOGIA_GEOGR=C3=81FICA_?=
Fecha:Lunes, 9 de Septiembre, 2019  23:31:05 (-0300)
Autor:Centro Humboldt <centrohumboldt1995 @.....com>

NCeHu 60/19


image.png


 A EPISTEMOLOGIA DA GEOMORFOLOGIA GEOGRÁFICA

 

 

Danilo Cardoso Ferreira

Antônio Carlos Vitte

 

 

Resumo

O objetivo deste trabalho é construir uma an¡lise crítica do desenvolvimento e processos da geomorfologia geogr¡fica a fim de apontarmos para uma epistemologia da Geomorfologia. O percurso do trabalho é bibliogr¡fico. A perda dos grandes referenciais para as pesquisas em geomorfologia tem proporcionado diversos empasses neste campo do conhecimento geogr¡fico o que leva a estudos de sobrevôo e sem integração da pesquisa com as unidades propostas pelas primeiras an¡lises feitas por naturalistas e geógrafos.

Palavras-chave: Geografia, Geomorfologia, Epistemologia.

 

Introdução

A geomorfologia enquanto campo do conhecimento geogr¡fico deve ser entendida dentro de todo o contexto político, cultural da época, porque isto permitir¡ responder o que era conhecido naquele contexto sobre a compreensão e interpretação de natureza. Também, permitir ainda dizer como era produzido o conhecimento e principalmente o elemento central para refletirmos que é a utilidade do conhecimento produzido, que seria e para que servisse o conhecimento sobre o relevo?

Não faz sentido ser crítico da ciência às cegas neste momento, o interesse das provocações acima se faz por que o objetivo desta pesquisa é entender os fundamentos epistemológicos da geomorfologia geogr¡fica, haja vista isso ser tão negado dentro deste campo do conhecimento geogr¡fico. Também se faz necess¡rio a princípio dizer que não estamos aqui buscando reconstruir racionalmente a geomorfologia como uma forma de justificar um determinado projeto epistemológico que tenha uma base filosófica simplesmente para justificar um determinado projeto. O objetivo vai, além disto, até porque é importante ressaltar que o car¡ter normativo de constituição do conhecimento científico extrapola as fronteiras dos métodos científicos e acadêmicos do passado, presente e do nosso futuro, portanto o conhecimento é dinâmico.

 

 

Geomorfologia geogr¡fica

A princípio pensar os fundamentos epistemológicos da geomorfologia pode parecer algo desafiador, mas ao mesmo tempo para a geomorfologia aplicada de hoje pode ser desnecess¡rio até porque as abordagens deste campo do conhecimento estão bem distantes de uma interface com o debate epistêmico, quanto mais filosófico. Não somente a geomorfologia, mas a geografia física tem deixado de lado o debate quanto às reflexões teóricas, posicionamentos que possibilitem compreender a natureza e os métodos da ciência geogr¡fica. Portanto isso é um desafio a ser enfrentado por esta ciência. Entender o método, sua razão de ser e acima de tudo o que pretendesse com est¡ tese o lugar da geomorfologia dentro do rol das ciências pressupõe conhece-la a fundo, portanto a sua natureza, suas interconexões e intercruzamentos, neste sentido entenderam a geomorfologia como produto de intensos debates filosóficos e científicos sobre a superfície da terra e natureza.

O contexto que a princípio ressaltamos como elemento central para a discussão é o idealismo alemão, na qual apontaremos os nomes de Immanuel Kant (1724 – 1804) e Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) como membros e representantes desta tradição filosófica e idealista alemã, que representava uma forma de experimentar, pensar e conceber o homem e o mundo (ARANTES, 2015).

 

[...] Destarte, ao reconhecer a sua verdadeira riqueza na diversidade dentro da sua unidade, em primeiro lugar, e, por fim, nos embates e contradições que esta diversidade de formas idealistas de pensamento proporcionam ao se chocarem, passo a aceitar uma concepção de Idealismo Alemão a mais ampla possível, não apenas restrita ao campo da reflexão filosófica pura, oriunda do questionamento em torno da coisa em si, mas também toda aquela reflexão que se desdobrou a partir da terceira crítica kantiana no âmbito da estética e suas reverberações na esfera da ética (ARANTES, 2015, p. 27).

 

O idealismo alemão, portanto, não pode ser levado em consideração somente pela sua tradição filosófica, mas principalmente pela diversidade de pensamentos dentro da unidade (idealista), que tem uma forma própria de experimentar, pensar e conceber o homem e o mundo, ir¡ consequentemente produzir visões distintas e é isso que é o caldo intelectual produzido neste contexto. Dividida a partir de duas visões, uma delas de uma visão de mundo iluminista e extremamente racional e outra de uma visão mundo romântica de seus críticos (ARANTES, 2015). Por isso importante ao se propor e pensar o debate epistemológico da geomorfologia, elencar o idealismo alemão que é essa forma de pensar e estar no/com mundo é determinante para a fundamentação epistemológica fundida por intensos debates e visões que através da experimentação produziu este campo do conhecimento.

É necess¡rio, então, rever a história da geomorfologia moderna (ABREU, 1982) para se pensar as influências de Johann Wolfgang von Goethe (1749-1832) para os primeiros passos e leituras feitas da natureza, que segundo ele a posteriori serão sinônimas de geomorfologia. Silveira (2012, p. 251) afirma que Goethe “é, um dos personagens mais ativos nos diferentes segmentos teóricos e artísticos que marcaram a passagem do século XVIII e início do século XIX”. A morfologia em Goethe pode ser resumida em pensar a forma, a formação e a transformação dos seres vivos, entendida não somente pela ciência, mas pela arte, pelo saber, pela ideia de totalidade de mundo.

Goethe foi um poeta influenciado pelo modelo grego de fazer poesia, também era autodidata em ciências naturais e, sempre em sua vida esteve rodeado de especialistas para apoi¡-lo a investigar os seus estudos. Esse intelectual percebia que o mundo passava por diversas mudanças e que se não as acompanhasse de perto, poderia levar suas pesquisas e atividades em filosofia natural ao fracasso (BAUMANN et., al 2010). Quanto às suas habilidades e momentos de dedicação à arte, Goethe (1971) dizia que o olho para ele era “um órgão principal com o qual abarcava o mundo”, por isso o desenvolvimento de uma filosofia do olhar, que o levou à ressignificação da paisagem geogr¡fica (SILVEIRA, 2012).

Assim, a literatura geomorfológica geogr¡fica contemporânea apresenta preocupações de bases epistemológicas e metodológicas dos estudos e an¡lises sobre a gênese do relevo. Problemas esses que para Vitte (2011) são de ordens epistêmicas. Diante das influências da big Science, do capital Cultural (BOURDIEU, 1992) e da política que tanto têm influenciado a Geomorfologia, levando-à perda de suas bases filosóficas por estudos especializados que carecem de “contextualização do fenômeno geogr¡fico” (AB’ Saber, 1969), demonstrando o enfraquecimento e as fragilidades de um campo do conhecimento tão importante para a Geografia.

Diante desses desafios, urge a necessidade de novos posicionamentos dos geógrafos quanto às aplicações, an¡lises e estudos sobre as pesquisas geomorfológicas e, principalmente, às que descontroem a necessidade de se pensar a gênese ou os estudos voltados para a genética do relevo para se observar as forças plasmadoras da natureza e também as interferências da sociedade sobre a superfície terrestre.

 

Considerações Finais

Uma perspectiva interessante para se pensar nos processos e na contribuição de uma epistemologia e também de uma filosofia da geomorfologia é a unificação da deste campo do conhecimento geogr¡fico, possibilitando a identificação das bases para um terreno comum entre um grupo diversificado de cientistas (Geógrafos, Geólogos, Naturalistas, etc.) no qual todos se consideram geomorfológos (RHOADS e THORN, 1996). Neste sentido, este terreno comum a partir da centralidade do conceito de “landform”, e de um cimento epistêmico potencializar¡ os estudos das diferentes formas de relevo buscando a explicação não somente a partir de estudos aplicados a compreensão do relevo, mas também a explicação através das leis causais, da classificação dos tipos de relevos, que a partir de suas magnitudes são usados como chaves de interpretação diante das teorias e modelos na Geomorfologia.

Para alguns a provocação quanto a necessidade de refletir sobre a epistemologia da Geomorfologia ou até indo mais longe, uma filosofia da Geomorfologia pode até ser algo subjetivo, pois, na verdade o interessante mesmo é a construção de um mapa geomorfológico ou a ida a campo, mais do que o debate epistêmico e filosófico da ciência. No entanto, não estamos propondo aqui que os geomorfológos se tornem filósofos, nada disto. Estamos inferindo que a an¡lise filosófica pode sim contribuir para que o geomorfológos tenha possibilidade de explorar plenamente a “natureza científica da geomorfologia” geogr¡fica (RHOADS e THORN, 1996).

 

Referências

ABREU, Adilson Avansin de. A teoria Geomorfológica e sua Edificação: An¡lise e Crítica. Revista Brasileira de Geomorfologia, Ano 4, Nº 2 (2003) 51-67.

AB’SÁBER, Aziz Nacib. Um conceito de Geomorfologia a serviço das pesquisas sobre o Quarten¡rio. Geomorfologia, São Paulo, n. 18, p. 1 – 23, 1969.

ARANTES, Leonardo. A Geografia do Holismo e o Idealismo Alemão: um estudo das afinidades eletivas de Alexander Von Humboldt e Carl Ritter. Tese de Doutorado em Geografia – Universidade Federal Fluminense, Niterói, 2015.

BAUMANN, K. K. Baumann, C. Guerlin, F. Brennecke, and T. Esslinger, Nature (London) 464, 1301 (2010). Nature (London), v. 464, p. 1301, 2010.

 BOURDIEU, Pierre. O Poder Simbólico. Rio de Janeiro, Bertrand Brasil, 1992.

GOETHE, J. W. von. Memórias: poesia e verdade. Porto Alegre: Editora Globo S.A., 1971.

RHOADS, Bruce L.; THORN, Colin E. Toward a Philosophy of Geomorphology. In: RHOADS, Brucel L.; THORN, Colin E. The scientific nature of geomorphology. Proceedings of the 27th Binghamton Symposium in Geomorphology held. 1996. p. 115-145.

SILVEIRA, R. W. D da. Filosofia, arte e ciência: paisagem na geografia de Alexander Von Humboldt. Tese de doutorado apresentada ao Instituto de Geociências da Universidade de Campinas, 2012.

VITTE, Antônio Carlos; SILVEIRA, Roberison Wittgenstein Dias da. Kant, Goethe e Alexander Humboldt: Estética e Paisagem na Gênese da Geografia Física Moderna. ACTA Geogr¡fica, Boa Vista, v. 4, n. 8, p. 07-14, jul.-dez. de 2010.

VITTE, Antônio Carlos. Da Metafísica da Natureza à Gênese da Geografia Física Moderna. GEOgrafia – ano VIII – Nº15 – 2006. P. 23 – 50.

____. Da Ciência da Morfologia à Geomorfologia Geogr¡fica: uma contribuição à história do pensamento geogr¡fico. Mercator - Revista de Geografia da UFC, ano 07, número 13, 2008. P. 113-120.

 

 


 



[Adjunto no mostrado: image.png (image/png) ]