XIX Encuentro Internacional Humboldt
“América Latina: balance de una “década”
Rio Grande/ Pelotas – RS - Brasil
11 al 15 de setiembre de 2017
A
INDUSTRIALIZAÇÃO DE BENEFICIAMENTO DE ARROZ NA CIDADE DE
PELOTAS, RIO GRANDE DO SUL, BRASIL
Josuan
Avila da Conceição
Instituto
Federal Sul-rio-grandense (IFSul) – Pelotas-RS, Brasil
Introdução
O presente texto
é fruto de pesquisas desenvolvidas durante o curso de Mestrado em Geografia,
realizado por este autor, pela Universidade Federal do Rio Grande (FURG), no
qual se discorreu sobre a especialização industrial em Pelotas, a partir da
indústria de beneficiamento de arroz. A dissertação, intitulada “A indústria
alimentícia na cidade de Pelotas-RS e sua participação na Divisão Territorial do
Trabalho no Rio Grande do Sul: o caso do beneficiamento de arroz”, trouxe uma
análise a respeito da especialização produtiva da indústria pelotense,
defendendo a ideia central de que esta cidade gaúcha sofreu uma reestruturação
produtiva nas últimas décadas, culminando para que torne-se um dos maiores polos
do país, a despeito do processo de “desindustrialização” sofrida nos últimos
anos, em decorrência do encerramento de outras atividades
industriais.
Apresentaremos os principais resultados obtidos na realização da
pesquisa, sendo este texto um dos capítulos apresentado no texto apresentado a
este Programa de Pós-graduação em Geografia. Trazemos um resumo dos argumentos
colocados, dispondo os dados referentes ao número total de estabelecimentos, de
empregos gerados e de produção por saca de 50 quilos (kg) para corroborar com a
afirmação defendida neste estudo.
Resultados e
Discussões
Desenvolvida desde o início do século XX, o beneficiamento de arroz
demonstra-se um setor industrial que apresenta uma grande potencialidade
territorial na cidade de Pelotas que não somente “sobreviverá” à reestruturação
produtiva enfrentada em Pelotas a partir da década de 1980, onde percebemos o
fechamento de empresas no território pelotense, como assumirá um papel bastante
relevante na economia local e regional, destacando-se como o principal polo do
setor em escalas geográficas regional e nacional.
Um dos dados que
demonstram a importância territorial de sua indústria arrozeira é em relação ao
número de estabelecimentos que Pelotas apresenta, dedicados a este setor. De
acordo com os dados coletados na Relação Anual de Informações Sociais (RAIS)
2013, a cidade apresenta o maior número de unidades produtivas em todo o
território nacional. De um total de 947 estabelecimentos, 44 encontram-se em
Pelotas. O município destaca-se como o principal beneficiário do cereal do
estado do Rio Grande do Sul que, por sua vez, ocupa as primeiras posições em
relação ao número de estabelecimentos arrozeiros. Chama a atenção para o fato de
que, dos onze municípios com maior número de estabelecimentos no país, seis
estão localizados no Rio Grande do Sul, sendo que os quatro primeiros colocados
da lista estão neste estado.
Outro dado
relevante é o fato de Pelotas ser considerada um dos principais polos
beneficiadores de arroz do Rio Grande do Sul. No somatório, a cidade é líder
estadual, contribuindo com cerca de 14,5% da produção (pouco superior a 17,4
milhões de sacos de 50 kg em casca), seguida de perto por Itaqui (12,4%),
Camaquã (9,8%), São Borja (9,7%) e Alegrete (5,1%). Estas cidades, em conjunto,
foram responsáveis por 51,4% do montante beneficiado no Rio Grande do Sul. A
tabela a seguir mostra a relação do beneficiamento de arroz por município
gaúcho, mediante os dados coletados pelo Instituto Rio-grandense do Arroz
(IRGA):
Tabela 01 – Os
25 maiores municípios de beneficiamento de arroz do Rio Grande do Sul: sacos de
50 kg
Cidade |
Saco 50 kg
em casca |
Part.
% |
1.
Pelotas |
17.433.387 |
14,53 |
2.
Itaqui |
14.902.533 |
12,42 |
3.
Camaquã |
11.755.652 |
9,80 |
4. São
Borja |
11.596.000 |
9,67 |
5.
Alegrete |
6.160.586 |
5,14 |
6. Santo
Antônio da Patrulha |
4.920.240 |
4,10 |
7. Dom
Pedrito |
4.725.911 |
3,94 |
8. Capão
do Leão |
4.689.105 |
3,91 |
9. São
Gabriel |
3.973.046 |
3,31 |
10. Sertão
Santana |
2.858.925 |
2,38 |
11.
Uruguaiana |
2.812.681 |
2,34 |
12.
Agudo |
2.752.441 |
2,29 |
13. Santa
Maria |
2.685.036 |
2,24 |
14.
Bagé |
2.613.492 |
2,18 |
15. São
Sepé |
2.331.464 |
1,94 |
16.
Eldorado do Sul |
2.205.860 |
1,84 |
17. Rio
Pardo |
1.573.900 |
1,31 |
18. Rio
Grande |
1.540.955 |
1,28 |
19.
Cachoeira do Sul |
1.519.472 |
1,27 |
20.
Tapes |
1.410.514 |
1,18 |
21.
Capivari do Sul |
1.079.718 |
0,90 |
22.
Restinga Seca |
1.042.847 |
0,87 |
23. São
Pedro do Sul |
1.038.603 |
0,87 |
24.
Palmares do Sul |
1.030.013 |
0,86 |
25.
Mata |
1.001.117 |
0,83 |
26. Demais
municípios |
10.314.611 |
8,60 |
27.
Total |
119.968.109 |
100,00 |
Fonte: IRGA
A atuação de
Pelotas como polo de beneficiamento de arroz em escala regional mostra-se
relevante. Com a reestruturação apresentada em Pelotas pós-1980, enfatizamos que
os seus estabelecimentos tradicionais sofreram uma decadência que culminou o seu
fechamento. Contudo, observa-se que não ocorre o mesmo na indústria arrozeira,
tendo-se em vista o seu peso significativo na geração de empregos feita no setor
industrial.
A maior parte
dos empregos gerados pelos estabelecimentos industriais em Pelotas vem do setor
de fabricação de produtos alimentícios, no qual encontramos pouco mais de cinco
mil trabalhadores em atividade no presente período, correspondendo a 58% do
total de empregados. Observamos que a indústria alimentícia em Pelotas emprega a
maior parte da mão-de-obra local, sendo um reflexo da estrutura territorial que
coloca o município como “cidade de alimentos”. E, em relação aos empregados nas
indústrias de beneficiamento de arroz no Rio Grande do Sul, os dados corroboram
a linha de análise desenvolvida até aqui. Conforme a RAIS 2013, dos cerca de dez
mil vínculos empregatícios apresentados, pouco mais 20% estão em
Pelotas:
Tabela 02 –
Número de empregados em empresas de beneficiamento de arroz no Rio Grande do
Sul, ano 2013
Município |
Nº
empregados |
% |
Pelotas |
2.198 |
22,10 |
São
Borja |
944 |
9,49 |
Itaqui |
929 |
9,34 |
Camaquã |
826 |
8,31 |
Alegrete |
480 |
4,83 |
Capão do
Leão |
366 |
3,68 |
São
Sepé |
350 |
3,52 |
Dom
Pedrito |
300 |
3,02 |
Rio
Grande |
213 |
2,14 |
São
Gabriel |
212 |
2,13 |
Bagé |
210 |
2,11 |
Santa
Maria |
210 |
2,11 |
Santo
Antônio da Patrulha |
184 |
1,85 |
Agudo |
166 |
1,67 |
Sertão
Santana |
155 |
1,56 |
Cachoeira
do Sul |
144 |
1,45 |
Uruguaiana |
140 |
1,41 |
Porto
Alegre |
139 |
1,40 |
São Pedro
do Sul |
119 |
1,20 |
Barra do
Ribeiro |
101 |
1,02 |
Outros
municípios gaúchos |
1.559 |
15,68 |
Total |
9.945 |
100,00 |
Fonte:
RAIS
Chama a atenção
para o fato de que a segunda cidade com maior número de trabalhadores nas
indústrias de arroz, que é São Borja, que possui menos da metade do contingente
apresentado por Pelotas, apresentando 944 trabalhadores, cerca de 9,5% do total.
Assim como no caso da quantidade de estabelecimentos, observamos uma tendência à
uma concentração dos maior número de empregos em um número restrito de polos
produtivos de arroz no estado. Somente os quatro municípios com maior quantidade
de empregos gerados nos estabelecimentos que beneficiam o arroz – Pelotas, São
Borja, Itaqui e Camaquã –, contribuem com quase a metade deste índice, tendo
mais do que o triplo do total das demais cidades com menos de cem
empregados.
Considerações
Finais
Em realidade,
Pelotas tem uma transformação dentro de suas matrizes produtivas que aprofundam
o papel que exercita dentro da Divisão Territorial do Trabalho, tornando-se um
território com atuação das empresas de beneficiamento e fabricação de arroz,
dentro de uma especialização produtiva no ramo da indústria alimentícia no
estado. Esta especialização leva a uma afirmação de Pelotas como polo de
beneficiamento de arroz, ao mesmo tempo em que predomina uma cadeia produtiva
voltada para o beneficiamento de gêneros alimentícios.
Referências
ABUCHAIM,
V. R. O tropeiro que se fez rei.
Porto Alegre: Gráfica Mosca Ltda., 2013.
BESKOW, P.
R. A formação da economia arrozeira no
Rio Grande do Sul. Ensaios FEE, Porto Alegre, v. 4, n. 2, 1984. p.
55-84.
Comissão
Nacional de Atividades Econômicas. <http://www.cnae.ibge.gov.br>. Acesso
em: 18 jun. 2014.
CONCEIÇÃO,
J. A. A indústria alimentícia na cidade
de Pelotas (RS) e sua participação na Divisão Territorial do Trabalho no Rio
Grande do Sul: o caso do beneficiamento de arroz. Dissertação (Mestrado em
Geografia). Rio Grande: FURG, 2015.
Fundação de
Economia e Estatística Siegfried Emanuel Heuser.
<http://www.fee.rs.gov.br>. Acesso em: 15 jun. 2014.
Instituto
Rio-Grandense do Arroz. <http://www.irga.rs.gov.br>. Acesso em: 17 nov.
2014.
Relação
Anual de Informações Sociais, Ministério do Trabalho e do Emprego.
<http://www.rais.gov.br>. Acesso em: 10 jun. 2014.
SOARES, P.
R. R. Del Proyecto Urbano a la
Producción del Espacio: Morfología Urbana de la Ciudad de Pelotas, Brasil
(1812-2000). Tesis (Doctorado em Geografía Humana). Barcelona: Universidade de
Barcelona, 2000.