NCeHu
157/15
Nos 70 anos da Vitória de 1945
Jorge
Cadima*
O
Diario
8/5/15

O mundo mudou muito desde 1939. Há hoje fortes pontos
de contacto com a realidade de então, tal como existem importantes diferenças,
sendo a mais relevante o desaparecimento da URSS. De novo o capitalismo global
se mostra incapaz de gerir as suas próprias contradições e crise. De novo
ambições de hegemonia planetária imposta pela força das armas fazem pairar o
espectro de novo conflito mundial. Os principais perigos de guerra não vêm hoje
das potências emergentes, mas das velhas potências imperialistas (EUA e da UE)
incapazes de estancar o seu declínio relativo e de travar a ascensão de outros
países, nomeadamente extra-europeus. Importa aprender com as lições da História.
Entre as quais a grande lição da II GM sobre o papel decisivo da luta dos povos,
mesmo perante as maiores adversidades e quando tudo pode parecer perdido. Foi
essa confiança e determinação que permitiu ao povo soviético e ao seu Partido
Comunista desempenhar o difícil mas honroso combate que salvou a Humanidade em
1945.
Assinalar o fim da II
Guerra Mundial na Europa e a derrota do monstro nazi-fascista nunca é mera
formalidade. Tragédia maior da História humana, a II Grande Guerra (II GM) foi
também, em múltiplos aspectos, um momento de viragem histórico. Mas a
comemoração dos 70 anos de Maio de 1945 ganha importância ainda maior.
Confrontadas com uma crise do sistema capitalista de profundidade sem
precedentes, boa parte das classes dominantes aposta de novo na guerra, na
ditadura e na violência, como instrumentos para afirmar o seu poder. Conhecer o
fascismo, as suas origens e patrocinadores, a sua realidade e trágicas
consequências, é um imperativo, não só para entender o passado, mas também o
presente.
A II GM é inseparável
da Grande Guerra de 1914-18, de que foi em certos aspectos a continuação; do
ascenso nos anos 20 e 30 do nazi-fascismo – expressão mais brutal e violenta do
capitalismo e causa directa da Guerra de 1939-45; e da grande crise do
capitalismo iniciada em 1929, que alimentou o fascismo, em particular a sua
variante mais violenta e perigosa, o nazismo. A primeira metade do Século XX foi
de crise permanente, indissociável do sistema capitalista e das suas
contradições.
Na II GM morreram
mais de 60 milhões de pessoas – quase metade soviéticos – ou seja, mais de 3% da
população mundial de então e quase 15% da população da URSS. Em 2 mil dias do
conflito registaram-se cerca de 30 mil mortos por dia. À carnificina juntou-se a
destruição em larga escala do continente europeu – em especial da URSS (e da
Alemanha), onde se travaram o grosso dos combates – e parte importante do
Extremo Oriente. Quase toda a Europa continental chegou a estar sob o domínio
directo ou indirecto do nazi-fascismo e em 1942 parecia plausível que as
potências fascistas vencessem a guerra.
Tecnologia moderna
foi usada para matar milhões de seres humanos, com blindados, aviação e
foguetões como os V1 e V2 alemães que semearam a morte e destruição em
Inglaterra, mas também com as bombas incendiárias anglo-americanas (que em
Tóquio provocaram 100 mil mortos em 9 de Março de 1943 e em Dresden 25 mil
mortos em duas noites de Fevereiro de 1945) e sobretudo no bombardeamento
atómico pelos EUA das cidades japonesas de Hiroxima e Nagasaqui, em Agosto de
1945. A barbárie foi levada ao extremo nos campos de concentração nazis, que
eram não apenas campos de extermínio de quantos eram incapazes de trabalhar, mas
também campos de trabalho [1] onde a exploração era levada até à morte, e que
asseguravam a mão-de-obra a custo quase nulo para que os grandes monopólios que
levaram Hitler ao poder (Thyssen, Krupp, IG Farben, etc. [2]) pudessem engordar
e alimentar a poderosa máquina de guerra nazi. O professor de História Económica
nas Universidades de Cambridge e Yale, Adam Tooze, na sua grande obra sobre a
economia da Alemanha Nazi, escreve: «o primeiro campo a fornecer em grande
escala os seus reclusos foi Auschwitz que, para além do estaleiro de construção
da IG [Farben] em Monowitz, também fornecia mão-de-obra para projectos da
indústria pesada em toda a Silésia. Foi seguida por Oranienburg, que forneceu
800 reclusos à Heinkel em Setembro de 1942, e Ravensbruck, que fornecia
trabalhadoras à Siemens. Em breve, Mauthausen estabelecera uma relação com a
Steyr Daimler Puch. Sacshausen abastecia a fábrica da Daimler-Benz em Genshagen.
Dachau fazia negócio com a BMW. Outros parceiros notáveis das SS incluíam […] a
fábrica da V[olks]W[agen] em Fallersleben»[3].
A caminho da
Guerra
Os livros de História
indicam o começo da guerra em Setembro de 1939 quando, após a invasão da Polónia
pelas tropas nazis, Inglaterra e França declaram guerra à Alemanha. Mas os anos
anteriores haviam sido já anos de agressões e ocupações por parte das potências
fascistas. Em 1931 o Japão imperial, futuro aliado de Hitler e Mussolini, ocupa
a Manchúria chinesa. Em 1935 a Itália fascista lançou a sua guerra de rapina
contra a Etiópia, único país africano que havia mantido a sua independência
durante a vaga de ocupações coloniais. A Etiópia foi abandonada à sua sorte. «O
seu apelo à Sociedade das Nações [antecessora da ONU – N. do A.] apenas foi
apoiado pela União Soviética e alguns pequenos Estados. Os EUA, Inglaterra e
França não só se negaram a vender armas à Etiópia, como recorreram, na prática,
a um bloqueio contra ela»[4]. Igual sorte teve a vítima seguinte, a Espanha
Republicana, cujo governo democraticamente eleito foi impedido de se defender do
golpe militar do fascista Franco – apesar do apoio militar que este recebeu de
Mussolini e Hitler – pela vergonhosa política da «não intervenção», que na
realidade representou uma luz verde das ‘democracias ocidentais’ à vitória do
fascismo espanhol. Apenas a URSS se manteve solidária com a República
democrática. No Extremo Oriente, o Japão, aliado desde 1936 à Alemanha nazi e à
Itália fascista no «Pacto Anti-Comintern» – que, como o próprio nome indica,
assentava no combate à Internacional Comunista e à URSS – lançou-se numa nova
fase de ocupação da China em Julho de 1937. Em Março de 1938 foi a vez de a
Alemanha anexar a vizinha Áustria (o «Anschluss»). Em seguida, Hitler virou-se
para a Checoslováquia, que foi retalhada pelos acordos de Munique, um dos mais
sórdidos episódios da política colaboracionista das classes dirigentes de França
e Inglaterra com o ascenso do nazi-fascismo. Em 29 e 30 de Setembro de 1938, os
Primeiros-ministros inglês e francês, Chamberlain e Daladier, em conjunto com
Mussolini e Hitler, desmembraram aquele país – com quem a França tinha um acordo
de defesa mútua. De fora da conferência ficou o Governo checoslovaco, que foi
vítima das chantagens e ameaças anglo-francesas[5]. Nos dias seguintes a
Alemanha nazi ocupou a zona dos Sudetas e a Polónia e Hungria ocuparam também
parcelas de território checoslovaco. E em Março de 1939 a Alemanha tomou conta
do que restava do país. A Polónia viria a ser a próxima vítima dos apetites
expansionistas de Hitler.
Para compreender o
compadrio das democracias burguesas com o ascenso do fascismo é preciso ter
presente as suas raízes de classe. O fascismo emergiu das entranhas do sistema
capitalista, como dominação sem entraves pelo grande capital e latifundiários,
que se sentiam ameaçados pela ascensão impetuosa do movimento operário e popular
na viragem do século, pela Revolução de Outubro e pelas próprias contradições e
crises do sistema, que eram incapazes de controlar. Foi assim em Itália[6], na
Alemanha[7], em Espanha ou Portugal. E foi assim também em França, Inglaterra ou
EUA, onde sectores importantes das classes dominantes eram simpatizantes do
fascismo. Norman Montagu, Governador do Banco de Inglaterra (que, sendo o banco
central, foi também um banco privado até 1946), declarou numa conferência em
Nova Iorque em 1934: «Hitler e Schacht [Presidente do Reichsbank e Ministro da
Economia de Hitler – NA] são na Alemanha bastiões da civilização. São os únicos
amigos que temos naquele país. Defendem o nosso tipo de ordem social contra o
comunismo. Se eles fracassarem, os comunistas chegarão ao poder na Alemanha e,
nesse caso, tudo será possível na Europa»[8]. Mesmo Churchill, que mais tarde
encabeçaria o sector da classe dirigente inglesa que fez frente ao
nazi-fascismo, não o fez por convicções antifascistas. O seu biógrafo inglês
Clive Ponting escreve: «Churchill era um grande admirador de Mussolini, que
chegara ao poder em Itália em 1922. Saudava quer o anticomunismo de Mussolini,
quer a sua forma autoritária de organizar e disciplinar os italianos. Visitou a
Itália em 1927 […] e encontrou-se com Mussolini, sobre quem proferiu rasgados
elogios numa conferência de imprensa […]. ‘Se fosse italiano, estou seguro que
estaria de todo o coração ao vosso lado, desde o início até ao fim, na vossa
luta triunfante contra os apetites e paixões animalescas do Leninismo’. Durante
os dez anos seguintes, Churchill continuou a elogiar Mussolini»[9]. E sobre as
simpatias de Churchill pelos golpistas espanhóis escreve Ponting: «todas as suas
simpatias estavam com Franco e o lado nacionalista. […] Descreveu o governo
legítimo e a parte republicana como ‘um proletariado pobre e atrasado que exige
o derrube da Igreja, do Estado e da propriedade e a instalação dum regime
Comunista’. Contra eles erguiam-se ‘forças patrióticas, religiosas e burguesas,
sob o comando do exército […] em marcha para reestabelecer a ordem através da
instauração duma ditadura militar’» [sic!].
Em França, o ’susto’
da vitória eleitoral da Frente Popular em 1936 levara à fascização de largos
sectores da burguesia, «começando[-se] a ouvir nos círculos da classe alta em
Paris um comentário que se tornou quase num cântico: ‘antes Hitler que
Blum’»[10]). Nos meses que antecederam a invasão nazi, a burguesia francesa
dedicou-se a proibir e perseguir o Partido Comunista Francês (que viria a ser a
força dirigente da resistência à ocupação) e a ultimar planos para um ataque
militar à URSS [10]! A «opção pela derrota» (título dum livro da historiadora
francesa Annie Lacroix-Riz) haveria de conduzir à capitulação frente à invasão
nazi em apenas seis semanas e à constituição do ‘governo’ colaboracionista de
Vichy.
A política de
conivência com Hitler, conhecida por «appeasement», era na realidade muito mais
do que ‘apaziguamento’. As classes dirigentes das ‘democracias ocidentais’ que
acolheram com simpatia o ascenso de Mussolini, Franco e Hitler, pensavam
resolver as suas rivalidades, que um quarto de século antes haviam conduzido à
guerra, à custa da União Soviética, inimigo de classe comum. No seu livro de
1925-6 Mein Kampf, Hitler via aí o ‘espaço vital’ (Lebensraum) para o povo
alemão. Em Munique, em Setembro de 1938, Chamberlain propôs a Hitler «a solução
do problema russo»[12]. Em Janeiro de 1939, o Chefe de Estado-Maior da Marinha
francesa Darlan escrevia: «Devemos antes de mais nada conservar o nosso Império.
O resto é secundário. Por isso […] devemos deixar a Alemanha livre de agir no
Leste»[13]. O Leste, e a URSS em particular, seria o império colonial da
Alemanha – que chegara tarde à ‘corrida para África’ imperialista de finais do
Século XIX. Escreve o Prof. Tooze: «No Outono de 1941 Hitler voltou
repetidamente ao exemplo americano ao discutir o futuro da Alemanha no Leste. O
Volga, declarou, seria o Mississipi da Alemanha. E a conquista sangrenta do
Oeste Americano dava à Alemanha o direito de que necessitava para justificar a
limpeza da população eslava. […] Uma população ’superior’ de colonos iria
deslocar uma população indígena ‘inferior’ abrindo o caminho a uma nova era de
possibilidades económicas»[14]. O anti-semitismo nazi não estava desligado desse
objectivo. Escrevera Hitler no Mein Kampf: «a essência e objectivo do
Bolchevismo é a eliminação das camadas da Humanidade que até aqui garantiram a
liderança, e a sua substituição pela Judiaria mundial» [15]. A «conspiração
judaico-bolchevique» era uma teoria então popular no seio das ‘instruídas’
classes dominantes europeias e norte-americana, da qual mesmo Churchill se fez
porta-voz [16]. Escreve Tooze: «A invasão alemã da União Soviética é […] a
última grande conquista territorial na longa e sangrenta história do
colonialismo europeu. A destruição da população judaica era o primeiro passo
para extirpar o Estado bolchevique. O que se seguiria seria uma gigantesca
campanha de limpeza de território e de colonização, que também envolvia a
‘limpeza’ da esmagadora maioria da população eslava e a colonização de milhões
de hectares do Lebensraum oriental com colonos alemães» [17]. A guerra era o
desenlace inevitável destas concepções, mas também do facto de que a recuperação
económica da Alemanha nos anos do nazismo assentara na militarização acelerada.
«Quase metade (47%) do crescimento no produto nacional total da Alemanha entre
1935 e 1938 era resultado directo do aumento nas despesas militares do Reich»
[18].
Durante anos, a URSS
desenvolveu uma acção diplomática intensa, visando criar um sistema de segurança
colectiva com acordos de não-agressão e defesa mútua entre o maior número
possível de países. Em particular, procurou acordos deste tipo com as duas
velhas potências capitalistas europeias, Inglaterra e França» [19], as
principais potências coloniais de então, e com a maior das potências
capitalistas (EUA). Esta política da URSS baseava-se numa análise sobre os
perigos do ascenso do fascismo para a paz mundial e para os povos e sobre as
possibilidades resultantes das rivalidades existentes. O grande dirigente
búlgaro da Internacional Comunista, Dimitrov, escrevia em 1937» [20]: «Há dois
anos, em Agosto de 1935, o VII Congresso da Internacional Comunista, analisando
a situação internacional e procurando as vias e os meios de luta da classe
operária contra a ofensiva do fascismo, demonstrou a indissolúvel ligação entre
a luta contra o fascismo e a luta pela paz. O fascismo é a guerra, declarou o
Congresso. […] Ao aceder ao poder, contra a vontade e os interesses do povo, o
fascismo procura uma solução para as suas dificuldades internas crescentes na
agressão contra outros países e outros povos, numa nova divisão do mundo através
do desencadeamento de uma guerra mundial». Esta «nova divisão do mundo», que as
potências fascistas pretendiam impor pela guerra exprimia as mesmas rivalidades
inter-imperialistas que conduziram à I Guerra Mundial. A Internacional Comunista
considerava que o perigo duma nova guerra mundial – para os trabalhadores e os
povos, incluindo para a URSS socialista entretanto surgida com a Revolução de
Outubro – tornava necessária a unidade de toda a classe operária, mas não só:
exigia «a unidade de acção dos países interessados na manutenção da paz». Mas a
política de paz da URSS não alcançou frutos imediatos: não era o fascismo que
era visto pelas classes dirigentes dos países capitalistas como ameaça, mas sim
os comunistas e a União Soviética socialista.
Tentar fazer crer
(como está hoje na moda) que a responsabilidade da guerra recai sobre a URSS por
ter assinado, em 23 de Agosto de 1939, ou seja uma semana antes do ataque de
Hitler à Polónia, um Tratado de Não-Agressão com a Alemanha, é fazer tábua rasa
da verdade histórica. O acordo permitiu evitar que a URSS viesse a encontrar-se
isolada, combatendo simultaneamente em duas frentes: naqueles mesmos dias tropas
soviéticas combatiam lado a lado com os seus aliados mongóis contra tropas
japonesas invasoras, junto ao rio Khalkhin Gol. O acordo permitia ainda ganhar
tempo precioso. Como escreve o gaullista De La Gorce: «Não há qualquer dúvida de
que os acordos de Munique convenceram [os soviéticos] de que a França e a
Grã-Bretanha, perante o risco de uma guerra geral, preferiam um compromisso com
Hitler e excluíam, em qualquer caso, a opção de lhe resistir com a ajuda da
União Soviética. Não há qualquer dúvida de que eles foram sensíveis a todos os
indícios que sugeriam que elas deixariam a Hitler as mãos livres no Leste e que
a União Soviética deveria então enfrentar, sozinha, as acções alemãs, com o
risco de ver Londres e Paris intervirem mais tarde, quando a Alemanha e a Rússia
se tivessem mutuamente destruído. […] Não é correcto, como fizeram mais tarde os
países ocidentais, invocar qualquer semelhança entre a URSS e a Alemanha para
ver nisso o verdadeiro fundamento do pacto germano-soviético. A hostilidade
feroz para com o comunismo e a vontade de destruí-lo sob todas as suas formas
estavam na própria raiz dos movimentos fascistas. […] Foi o partido comunista
alemão que [Hitler] proibiu e esmagou em primeiro lugar»» [21]. Havia, aliás,
precedentes para acordos com Hitler: o acordo anglo-germânico sobre a dívida de
1934» [22]; o tratado naval anglo-germânico de 1935, assinado «nas costas da
França»» [23]; o pacto pós-Munique Bonnet-Ribbentrop; ou o tratado de
não-agressão polaco-alemão de 1934. Também a história da ‘ocupação da Polónia
oriental pelas tropas soviéticas’ é objecto de falsificação. A URSS aproveita a
conjuntura criada em Agosto de 1939 para recuperar territórios que haviam sido
seus, chegando até à linha de armistício proposta na guerra polaco-soviética em
1920 pelo então MNE inglês, Lord Curzon. Essa guerra fora iniciada pelas classes
dirigentes polacas para, aproveitando as debilidades da jovem Rússia soviética,
anexar território. A Linha Curzon é hoje a fronteira da Polónia, e os
territórios a leste (descritos como ‘Polónia Oriental’ pela propaganda
anti-soviética) são hoje território da Ucrânia, Bielorrússia e Lituânia. Incluem
Vilnius, a capital da Lituânia. Nessa região, «mesmo de acordo com as
estatísticas oficiais polacas do período inter-guerras, os polacos não
constituíam a maioria da população» [24]. «Mal tinha sido estabelecido pelos
seus amigos ocidentais, [a Polónia] travou guerras contra a Rússia, a Alemanha,
a Lituânia e mesmo a Checoslováquia – em todos os casos para ocupar territórios
em disputa» [25]. O ditador polaco Pilsudski, e o seu Ministro dos Negócios
Estrangeiros Beck «que tinha calorosas simpatias pela ditadura Nazi»
aproveitaram os acordos de Munique para, a 1 de Outubro de 1939, ocuparem a
região checa de Teschen. Como em França e Inglaterra, foi a cegueira
reaccionária dos dirigentes polacos que conduziu o seu país à desgraça e o mundo
à guerra. Não é preciso concordar-se com todos os aspectos da política externa
soviética daqueles anos para perceber que a reescrita da História que é hoje
moeda corrente procura escamotear as simpatias fascizantes de grande parte das
classes dominantes da Europa dos anos 30 e as suas responsabilidades directas no
abrir caminho para a catástrofe de 1939-45.
A
Guerra
Apesar de acordos de
defesa mútua entre a Polónia e a Inglaterra e França, que obrigavam estes
últimos a intervir militarmente em caso de agressão à Polónia, a verdade é que à
invasão nazi se seguiram sete meses de quase inactividade militar, no que ficou
conhecido em inglês por «phoney war», em francês por «drôle de guerre» e em
alemão por «sitzkrieg» (’guerra sentada’). Esta «falsa guerra» prolongou-se
mesmo durante a invasão da Dinamarca e Noruega em Abril de 1940. Apenas em Maio,
quando as tropas nazis invadem a Bélgica, Holanda, Luxemburgo e França, e quando
Chamberlain é substituído por Churchill, se pode falar de reais operações
militares envolvendo as tropas anglo-francesas. A Segunda Guerra, tal como a
Primeira, começava como expressão das rivalidades inter-imperialistas. Hitler,
receoso de ver a Alemanha entalada entre duas frentes como em 1914-18, desejoso
duma desforra histórica [26] e consciente da receptividade que encontraria nas
classes dominantes ocidentais, decide controlar a sua retaguarda para depois se
dedicar ao objectivo estratégico de sempre: a URSS. O desastre de Dunkirk e a
capitulação das classes dirigentes francesas permitiram que, em pouco tempo,
Hitler controlasse o enorme potencial económico da Europa Ocidental continental,
factor nada secundário para o curso da futura guerra a Leste.
Em Junho de 1941
começa o ataque à URSS. Foi nos gigantescos combates travados na Frente Leste
que se decidiu a II GM. Por muito que custe à ficção hollywoodiana, «o ataque
lançado pela Wehrmacht a 22 de Junho de 1941 foi a maior operação militar de que
há registo histórico» e «nunca, nem antes, nem depois, uma batalha foi travada
com tanta ferocidade por tantos homens, numa frente de batalha tão extensa»
[27]. É impossível escamotear o facto histórico de que a grande maioria das
forças armadas nazi-fascistas estava concentrada na Frente Leste, e que a sua
derrota determinou a derrota final do nazismo em 1945. «Ao longo do ano 1942 o
Exército Soviético combatia contra 98% do Exército Alemão operacional – 178
divisões concentradas na frente leste – enquanto que os britânicos combatiam
contra quatro no Norte de África» [28]. É não apenas falso, mas vergonhoso,
negar ou escamotear os incomparáveis sacrifícios do povo soviético, o heroísmo
do seu Exército Vermelho, a determinação e firmeza dos dirigentes soviéticos,
sem os quais o curso da História teria sido incomparavelmente mais negro para a
Humanidade. Não se pode esquecer nem silenciar o heroísmo dos combatentes que,
desde o primeiro dia da invasão da URSS deram a sua vida para travar o avanço
da, até então invencível, máquina de guerra nazi. No final de 1941 os nazis
foram travados às portas de Moscovo, numa planície sem obstáculos geográficos
dignos de nota. Pela primeira vez, o caminho das tropas de Hitler fora travado
[29]. Nos duros meses seguintes, e à custa de incontáveis sacrifícios e
pesadíssimas baixas, a resistência foi gradualmente assentando terreno e criando
condições para passar à ofensiva.
Cercada pelo avanço
das tropas fascistas em Setembro de 1941, a segunda maior cidade soviética,
Leninegrado, resistiu sem capitular 872 dias, até ao romper do cerco em Janeiro
de 1944. A sua resistência heróica é bem o espelho do sacrifício soviético. O
cerco custou a vida a quase um milhão de pessoas, das quais 650 mil morreram de
fome, frio e doenças provocadas pela redução abaixo dos limites de sobrevivência
das rações disponíveis.
Nos seus avanços de
1941-42, as tropas nazis penetraram em território soviético entre 850 e 1200 km,
ocupando uma superfície de quase 2 milhões de km2 onde vivia cerca de 42% da
população e com um terço da produção industrial [30]. Nos territórios ocupados,
concretizava-se a ‘limpeza’ de Hitler. Entre as vítimas contam-se os
prisioneiros de guerra soviéticos que «a Wehrmacht sistematicamente matava à
fome. Até ao final de Dezembro de 1941, de acordo com os registos da própria
Wehrmacht, o número de prisioneiros alcançara 3,35 milhões. Destes, apenas 1,1
milhões ainda estavam vivos e apenas 400 mil em estado físico suficiente para
trabalhar. Dos 2,25 milhões que morreram, 600 mil foram fuzilados» [31]. Os
nazis prometeram a sobrevivência a quantos se juntassem aos bandos
colaboracionistas do ‘Exército Vlasov’, «mas a esmagadora maioria dos
prisioneiros de guerra soviéticos recusou a oferta e cerca de 2 milhões […] a
quem foi dada a opção, entre 1942 e 1945, de colaboração ou morte pela fome,
escolheram a morte em vez de ajudar os Nazis» [32].
O recuo das tropas
soviéticas retirou importante potencial económico ao esforço de guerra
soviético. Foram tomadas medidas de fundo para enfrentar a emergência.
Investiu-se nas vastas regiões não ocupadas (Urais, Sibéria, Ásia Central) e
empreendeu-se uma épica desmontagem e transferência para Leste de «1523
empresas, entre elas 1360 grandes fábricas, a maioria de material de guerra. Em
pouco mais de cinco meses foram transportados por via-férrea cerca de um milhão
e meio de carruagens com instalações evacuadas» [33]. A superioridade do sistema
socialista de planificação económica manifestou-se aqui em toda a sua plenitude.
Nas palavras de Tooze: «Se houve um verdadeiro ‘milagre armamentista’ em 1942,
ele verificou-se, não na Alemanha, mas nas fábricas de armas dos Urais. Apesar
de ter sofrido perdas territoriais e perturbações que resultaram numa perda de
25% no produto nacional global, a União Soviética em 1942 conseguiu produzir
mais do que a Alemanha em praticamente todas as categorias de armamento. […] Foi
esta superioridade industrial, contrária a todas as expectativas, que permitiu
ao Exército Vermelho, primeiro absorver a segunda grande investida da Wehrmacht
e depois, em Novembro de 1942, lançar toda uma série de contra-ataques
demolidores. […] os triunfos de Zhukov e seus colegas teriam sido impossíveis
não fora o excelente material militar fornecido pelas fábricas soviéticas. […]
Quem teve um desempenho excepcional foi a União Soviética, que em 1942 produziu
o dobro das armas de infantaria, tantas peças de artilharia e quase tantos
aviões de combate e tanques quantos os Estados Unidos, o campeão indiscutível de
produção industrial a nível mundial. O milagre Soviético não se deveu ao auxílio
ocidental» [34]. A grande industrialização soviética dos anos 30 foi decisiva
para o desenlace da II GM.
A viragem nos campos
de batalha deu-se em Estalinegrado. Travado no seu avanço para os grandes
centros urbanos soviéticos, Hitler voltou-se para uma ofensiva mais a sul,
visando o petróleo do Cáucaso, as regiões agrícolas do Volga e a indústria do
Donbass e Estalinegrado. «Nesta situação começou a grandiosa batalha do Volga,
que durou desde 17 de Julho de 1942 até 2 de Fevereiro de 1943. […] Em
determinadas etapas participaram na batalha de ambos os lados mais de 2 milhões
de pessoas […]. O bloco fascista perdeu na batalha de Estalinegrado entre
mortos, feridos, prisioneiros e desaparecidos, quase 1,5 milhões de soldados e
oficiais, cerca de 3000 tanques e canhões motorizados, mais de 12 000 canhões e
morteiros, até 4400 aviões, ou seja, uma quarta parte das suas forças que
actuavam na frente soviético-alemã» [35].
Após Estalinegrado,
as tropas soviéticas passaram à ofensiva. Haveriam de se seguir outras grandes
batalhas, como Kursk no Verão de 1943. No final desse ano, metade do território
soviético ocupado fora já libertado. Por toda a Europa ocupada surgiam
movimentos de resistência popular armada, em que os comunistas desempenhavam
papel determinante e que foram cruciais na libertação da Jugoslávia, Grécia,
Albânia, França, Itália e outros países. Em Julho de 1943 dá-se também a
primeira acção militar importante das potências ocidentais, com a invasão da
Sicília, que conduziria a um golpe palaciano que derruba Mussolini. Quando em
Setembro desse ano o novo governo italiano decide retirar o país da guerra, os
alemães invadem e mantêm o centro do país sob ocupação até meados de 1944 e o
norte até aos dias finais da guerra.
O desembarque da
Normandia, apresentado como episódio decisivo da guerra, apenas se dá em Junho
de 1944, ou seja, após todas as grandes batalhas que decidiram, na Frente Leste,
o curso da guerra, e numa altura em que o Exército Vermelho completara
praticamente a libertação do território nacional e iniciava a libertação dos
países vizinhos. A libertação de Berlim pelas tropas soviéticas, em Maio de
1945, foi o episódio final da guerra na Europa e fez justiça histórica. Fora
realmente a URSS, o seu Exército Vermelho, povo e Partido Comunista, que tiveram
o papel decisivo na derrota do nazi-fascismo.
O
pós-guerra
O papel determinante
da URSS e dos comunistas na vitória sobre o nazi-fascismo alterou profundamente
a correlação de forças mundial. Por toda a parte, o prestígio dos comunistas
reforçou o movimento operário e as suas organizações, que alcançaram, na nova
correlação de forças, conquistas sociais e laborais sem precedentes, quer com a
chegada ao poder de governos populares no Leste da Europa, quer em países onde o
domínio capitalista se manteve (nalguns com comunistas no governo). O movimento
de libertação nacional dos países colonizados ou semi-colonizados avançou de
forma impetuosa, lançando as bases para a derrocada dos impérios coloniais.
Países imensos como a Índia e a Indonésia alcançaram a independência. Noutros
(China, Vietname, Coreia), a libertação nacional e social fundiram-se com a
vitória de revoluções que colocavam expressamente o objectivo do socialismo. Uma
nova ordem mundial progressista, consubstanciada nos princípios da Carta da ONU,
aflorava no horizonte. Mesmo nos países do centro capitalista foi possível
arrancar ao grande capital conquistas importantes, como nacionalizações de
sectores básicos da economia ou serviços de saúde, ensino e segurança social em
muitos casos gratuitos e universais. A derrota do nazi-fascismo revelava também
o seu conteúdo de classe ao obrigar as classes dominantes a fazer concessões até
então impensáveis.
Para travar o
impetuoso movimento operário e popular no plano mundial, antes mesmo do final da
II GM as potências anglo-saxónicas optaram por um realinhamento que incorporou
os adversários fascistas da véspera numa nova aliança global, em nome do
anticomunismo. Os crimes atómicos dos EUA em Agosto de 1945 já foram muitas
vezes descritos como sendo, não o último episódio da II GM, mas o primeiro do
que se convencionaria chamar «Guerra Fria». A tentativa das potências europeias
de preservar os seus impérios coloniais (na Indochina francesa, na Malásia
britânica, na Indonésia holandesa, entre outras), fora acompanhada da opção pela
contenção e, quando possível o esmagamento pela força, das grandes organizações
populares da resistência antifascista. Na Europa, este esmagamento atingiu
proporções brutais na Grécia, país em grande parte libertado pelo movimento de
resistência popular EAM-ELAS, no qual a influência dos comunistas era decisiva.
Em Dezembro de 1944, ainda em plena II GM, tropas britânicas e antigos
serventuários da ocupação nazi disparam sobre manifestantes desarmados nas ruas
de Atenas, provocando 28 mortos e centenas de feridos [36]. A guerra iniciada
pelos britânicos haveria de durar cinco anos e a ditadura mais três décadas.
Idêntica aliança com fascistas repetiu-se a nível mundial, com especial
relevância nas forças militares, policiais e repressivas de numerosos países.
Salazar foi membro fundador da NATO, em 1949, e são conhecidas as ligações da
PIDE com a CIA. Logo após o fim da guerra, em campos de concentração ingleses na
Alemanha «suspeitos comunistas eram torturados numa tentativa de colher
informação sobre as intenções militares soviéticas», sendo «pelo menos dois […]
mortos à fome e pelo menos um espancado até à morte» [37]. Largas centenas de
cientistas nazis, incluindo intervenientes directos nos mais sórdidos crimes,
foram recrutados para trabalhar nos EUA (operação Paperclip [38]), com papel de
destaque, entre outros, no programa espacial norte-americano. Milhares de
colaboracionistas nazis foram igualmente reciclados. De especial importância foi
o recrutamento de toda a estrutura de espionagem militar nazi na URSS, chefiada
por Reinhard Gehlen, que passou a trabalhar para a CIA no pós-guerra [39],
chegando a organizar operações militares clandestinas em território da URSS. Em
1956, Gehlen foi nomeado como primeiro chefe da BND, os recém-criados serviços
secretos da Alemanha Federal.
O perigo do
fascismo hoje
A História mostra que
o fascismo torna-se uma ameaça séria quando as classes dominantes optam pelo
exercício do seu poder através da violência extrema. Hoje, são evidentes os
sinais de alarme.
Desde o início de
2014 que um grande país europeu, a Ucrânia, tem fascistas assumidos nos órgãos
de poder, chacinando populações civis (como no martirizado Donbass ou no
massacre de Odessa). Tal como os seus antecessores dos anos 20 e 30, impõem pela
violência e o terror as políticas de classe e de exploração dos trabalhadores e
dos povos, desta vez sob a bandeira do FMI e da UE. Reabilitam e idolatrizam os
colaboracionistas e carniceiros que participaram no terror nazi de há sete
décadas. A sua ascensão ao poder e o seu reino de terror não acontecem à revelia
dos EUA ou da União Europeia. Pelo contrário. São múltiplos os fios que ligam os
modernos fascistas ucranianos aos velhos nazis reciclados pelos EUA. E não se
trata apenas da Ucrânia. No dia 16 de Março, veteranos da divisão letã das
Waffen-SS nazis e seus apoiantes desfilaram em Riga, capital da Letónia, país
que detém actualmente a Presidência rotativa do Conselho da União Europeia.
Marchas análogas têm-se realizado nos últimos anos também na Estónia e Lituânia,
sem que tal facto perturbe as boas consciências ‘liberais’ e ‘democráticas’. A
conivência assumiu dimensões até há pouco impensáveis em 18 de Dezembro de 2014,
quando a Assembleia Geral da ONU votou uma resolução russa condenando a
glorificação da ideologia nazi. A moção foi aprovada por 115 países. Mas três
países votaram contra: EUA, Ucrânia e Canadá. E todos os países da União
Europeia (incluindo Portugal) abstiveram-se. Gradualmente, a falsa equação entre
nazismo e comunismo vai dando lugar à reabilitação do nazi-fascismo em nome do
combate ao comunismo.
O mundo mudou muito
desde 1939. Mas há fortes pontos de contacto com a realidade de então. De novo o
capitalismo global se mostra incapaz de gerir as suas próprias contradições e
crise. De novo, ambições de hegemonia planetária imposta pela força das armas
fazem pairar o espectro de novo conflito mundial. As analogias não excluem
importantes diferenças. Hoje a URSS, e tudo o que ela representava, desapareceu.
E, como toda a realidade dos últimos anos revela à saciedade, os principais
perigos de guerra não vêm hoje das potências emergentes, mas das velhas
potências imperialistas (EUA e da UE) que, incapazes de estancar o seu declínio
relativo e de travar a ascensão de outros países, nomeadamente extra-europeus,
procuram pela via da força e da guerra manter o insustentável status quo. O
declínio dos EUA, em particular, revela-se de grande perigosidade para a paz
mundial, tendo em conta o imenso poderio bélico da, até aqui, superpotência
capitalista. É da maior importância acertar na identificação das linhas de
clivagem existentes, mesmo entre potências capitalistas, que permitam criar uma
correlação de forças mais favorável à paz, aos trabalhadores e aos povos.
Importa aprender com as lições da História. Entre as quais a grande lição da II
GM sobre o papel decisivo da luta dos povos, mesmo perante as maiores
adversidades e quando tudo pode parecer perdido. Foi essa confiança e
determinação que permitiu ao povo soviético e ao seu Partido Comunista
desempenhar o difícil mas honroso combate que salvou a Humanidade em
1945.
Notas: (1) Recorde-se a
macabra inscrição que campeava na entrada de vários campos de concentração
nazis: «Arbeit macht frei» («o trabalho liberta»). (2) Veja-se o livro
«Hitler: ascensão irresistível?» de Kurt Gossweiler, ed. «Avante!», 2009. (3)
Adam Tooze, «The Wages of destruction – The making and breaking of the Nazi
economy», Penguin Books, 2007, p. 532. Tooze acrescenta: «a construção da
fábrica da IG Farben em Monowitz custou a vida a pelo menos 30 000 reclusos» (p.
445). (4) G. Deborin, «La segunda guerra mundial», ed. Progreso, 1977, p.
28. (5) Uma descrição pormenorizada de Munique encontra-se no livro do
jornalista norte-americano William L. Shirer, «The Rise and Fall of the Third
Reich», Arrow Books, 1998. (6) Veja-se, e.g., o artigo «Fascismo: raízes
históricas e ameaça actual» em O Militante, N.º 320, Setembro 2012, para uma
discussão mais pormenorizada de como Mussolini chega ao poder pela mão da
burguesia ‘liberal’. (7) Kurt Gossweiler, op. cit. (8) Citado em «Big
business avec Hitler», de Jacques R. Pauwels, ed. Aden, 2013, p. 162. (9)
Churchill, Clive Ponting, Sinclair-Stevenson, 1994, p. 350. (10) Léon Blum,
primeiro Primeiro-ministro após a vitória da Frente Popular, e primeiro PM judeu
de França. Citação em «The collapse of the Third Republic», de William L.
Shirer, Pan Books, 1970, p. 359. (11) Discussão em «1939-45, Uma guerra
desconhecida», de Paul-Marie de la Gorce, ed. Caminho, 2004. (12) William L.
Shirer, op. cit., p. 419. (13) Paul-Marie De La Gorce, op. cit., p.
24. (14) Adam Tooze, op. cit., p. 469. (15) Idem, p. 220. (16) Clive
Ponting, op. cit., p. 230. (17) Adam Tooze, op. cit., p. 462. (18) Idem,
p. 206. (19) Ver e.g. «L’URSS dans la lutte pour la paix à la veille de la
seconde guerre mondiale – Documents et matériaux», ed. du Progrès, 1976.
Vejam-se também as memórias do Embaixador soviético em Londres, Ivan Majskij,
«Perché scoppiò la Seconda Guerra Mondiale?», Editori Riuniti, 1965. (20) «O
fascismo é a guerra», em O Militante, N.º 335, Março 2015. (21) Paul-Marie de
la Gorce, op. cit., pp. 47-48. (22) Adam Tooze, op. cit., p. 87. (23)
William. L. Shirer, «The collapse of the Third Republic», Pan Books, 1970, p.
449. (24) Mark Mazower, «Hitler’s Empire», Penguin Books, 2009, p.
98. (25) William. L. Shirer, op. cit., Pan Books, 1970, p. 462 e 464 para a
referência seguinte. (26) Hitler impôs que a assinatura da rendição francesa
fosse feita na mesma carruagem de comboio onde a Alemanha derrotada havia
assinado o armistício em 1918. (27) Adam Tooze, op. cit., p. 432 e
480. (28) Clive Ponting, op. cit., p. 566. (29) Jacques Pauwels, em «Big
Business avec Hitler» (ed. Aden, 2013, p. 137), considera que foi às portas de
Moscovo que se decidiu o curso da guerra. (30) Números em «La Gran Guerra
Patria de la Union Sovietica», compêndio de história 1941-45 do Instituto de
Marxismo-Leninismo junto do CC do PCUS, ed. Progresso, Moscovo, 1975, p.
177. (31) Adam Tooze, op. cit., p. 482. (32) Em «Blowback: America’s
recruitment of Nazis & its effects on the Cold War», de Christopher Simpson,
Weidenfeld & Nicolson, 1988, p. 19. (33) «La Gran Guerra Patria de la
Union Sovietica», op. cit., p. 85. (34) Adam Tooze, op. cit., p. 588. (35)
«A verdade e a mentira sobre a Segunda Guerra Mundial», op. cit., p.
141. (36) «Athens 1944: Britain’s dirty secret», The Guardian,
30.11.14. (37) «As fotografias do pós-guerra que as autoridades britânicas
procuraram manter escondidas»,The Guardian, 3.4.06. (38) «Operation
Paperclip, The secret intelligence program that brought Nazi scientists to
America», de Annie Jacobsen, ed. Little, Brown and Company, 2014. (39)
Descrição pormenorizada em «Blowback», obra já citada de Christopher Simpson.
* Professor
universitário e analista de política internacional
Este texto foi
publicado em : O Militante Nº 336 de Maio/Junho de 2015.
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