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Asunto: | NoticiasdelCeHu 373/14 - As eleições na União Europeia (John Catal inotto) | Fecha: | Domingo, 8 de Junio, 2014 11:25:37 (-0300) | Autor: | Noticias del CeHu <noticias @..............org>
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NCeHu
373/14
As eleições na União Europeia
John Catalinotto
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7/6/14
As
eleições para o Parlamento da União Europeia realizadas dia 25/5
reflectiram a crescente rejeição pelas massas dos partidos de centro que
comandaram a maioria dos governos na Europa Ocidental e a própria União
Europeia – sobretudo contra o modo como a UE enfrentou a grave crise
capitalista em 2008 e daí em diante, com crise continuada, até hoje. No
continente europeu, só 43% dos eleitores habilitados compareceram para
votar.
Desde 1945, os partidos de centro-direita ou conservadores
e a social-democracia ou partidos ditos socialistas de centro-esquerda
vinham-se alternando na administração dos governos ocidentais
imperialistas. A partir de 2008, partidos de centro-esquerda e de
centro-direita passaram a colaborar para impor austeridade à classe
trabalhadora na Europa. A classe dominante europeia – especialmente os
grandes financistas capitalistas – impuseram programas impopulares de
austeridade contra países individualmente endividados, para garantir que
as dívidas fossem pagas aos bancos credores. Para fazer isso usaram
instituições financeiras da burocracia da União Europeia, as chamadas
Troika – Comissão Europeia, Fundo Monetário Internacional e Banco
Central Europeu.
Essencialmente, a União Europeia é o instrumento
da classe dominante europeia para tomar cada vez mais do que os
trabalhadores produzem e transferi-lo para os ricos. Reduziu salários dos
trabalhadores, pensões e benefícios para os desempregados e cortou nos
cuidados de saúde e na educação.
Combinada com a ausência na maior
parte dos países europeus de uma alternativa eleitoral crível e eficaz de
esquerda, a repulsa contra os partidos de centro e contra a UE em muitos
países levou a avanços de partidos nacionalistas de ultra-direita que são
publicamente anti-UE e que habitualmente apresentam programas
anti-imigração, xenófobos e mesmo racistas. Os ganhos da direita foram
especialmente grandes em duas importantes potências imperialistas –
Grã-Bretanha e França – e na Holanda e Dinamarca.
A classe
trabalhadora e suas organizações têm, naturalmente, de combater esses
partidos direitistas e, especialmente, os racistas, tanto nas ruas como em
eleições. Mas não é o caso de exagerar a ameaça dos partidos direitistas
ou neofascistas representariam, ou a sua iminência de chegada ao poder.
O Parlamento Europeu é apenas uma sala de conversação, não um
poder executivo. A UE não administra realmente um aparelho de Estado ou um
exército nacional, como Washington. Todo o poder da União Europeia está
concentrado em instituições burocráticas como a Troika , não no
Parlamento.
Nos países mais duramente atingidos os partidos
progressistas avançaram
A votação teve resultados diferentes
em diferentes países. Considerem-se os países europeus mais atingidos pela
crise capitalista. Para usar um indicador de crise: as taxas de desemprego
foram superiores a 25% na Espanha e na Grécia; a 18% em Portugal, e a 14%
na Irlanda. A Troika e as classes dominantes locais impuseram
cortes horrendos a todos eles para garantir pagamentos aos grandes bancos.
Os votos nestes países aumentaram o número de cadeiras dos
partidos com um programa mais progressista ou favorável ao trabalho. Só na
Grécia é que um partido de extrema-direita teve ganhos.
Na
Espanha, a votação remeteu tanto os "socialistas" (PSOE) como o direitista
Partido Popular a uma esmagadora derrota, assinalando uma mudança a
decorrer. Um novo partido do movimento dos "Indignados" conseguiu atrair
8% dos votos e a Esquerda Unida (IU) também avançou.
Na Espanha,
mais importante que o resultado eleitoral na Espanha foram os
acontecimentos que se seguiram. Em Barcelona, durante quatro dias, jovens
que protestavam contra uma invasão policial a um edifício ocupado por
grupos sem tecto combateram a polícia local.
Em 2 de Junho, o rei
espanhol, símbolo extremamente impopular da continuidade do regime
fascista de Franco, abdicou. Imediatamente, organizações da classe
trabalhadora espanhola convocaram manifestações para exigir um referendo
sobre o estabelecimento de uma república.
Em Portugal os
comunistas, e na Irlanda o partido Sinn Fein, avançaram nas eleições para
o Parlamento Europeu, ganhando votos entre os jovens. E partidos
direitistas perderam espaço.
Na Grécia, o Partido Comunista obteve
6% dos votos, ao passo que o novo partido social-democrata, o Syriza,
ficou em primeiro lugar com 27% dos votos. O Syriza ganhou praticamente
todos os votos perdidos pelos social-democratas tradicionais,
comprometidos pelo apoio que deram à austeridade. O partido fascista
Aurora Dourada avançou, obtendo 11% dos votos.
Na Itália, o
partido direitista de Silvio Berlusconi perdeu pesadamente, e um voto de
protesto, equivalente a cerca de 20% dos eleitores, foi para o não
ortodoxo Movimento 5 Estrelas, agrupamento anti-austeridade liderado pelo
comediante Beppe Grillo. Na Itália o Partido Democrático, de
centro-esquerda, que governa a Itália, ficou em primeiro lugar.
Na
Alemanha, cuja classe domina controla a Europa, os partidos tradicionais
mantiveram seu papel principal. Nenhum partido de esquerda ou de direita
ganhou. O desemprego ainda é razoavelmente baixo na Alemanha – embora os
salários dos trabalhadores tenham continuamente perdido poder de compra ao
longo dos últimos 20 anos.
Na Grã-Bretanha, tanto o partido
Trabalhista como o Conservador perderam votos. A maior parte do voto de
protesto foi para o relativamente indefinido mas claramente anti-UE
Independence Party (UKIP). Este partido – que é diferente do
declaradamente racista British National Party — ficou em primeiro
lugar, com 27,5% dos votos, apesar de nunca ter obtido uma cadeira no
Parlamento Britânico!
O pior resultado foi em França, onde o
partido racista Frente Nacional ficou em primeiro lugar com 25% dos votos.
Nenhum partido de esquerda ganhou. O Partido Socialista, o qual está
estreitamente identificado à austeridade da UE e traiu todo e qualquer
vestígio de solidariedade que tivesse com a classe trabalhadora, foi
jogado no lixo. O original
encontra-se em www.workers.org/articles/2014/06/07/look-inside-european-union-vote/
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