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COPA DO MUNDO E SERVIÇOS PÚBLICOS
BRASILEIROS
ELIAS VIEIRA
Geógrafo – CEHU/LABDES/UNESP
BRASIL
evieira371@gmail.com
No campo esportivo o Brasil vive um momento de contradição própria da
prática social a qual, resumidamente, se refere às atividades desenvolvidas
diariamente pela população seja no seio familiar e das instituições, seja nas
atividades produtivas e de consumo ou de lazer. Um exemplo dessas atividades é o
envolvimento dos brasileiros com os fatos sobre a organização e realização da
Copa do Mundo que desde os protestos de rua realizadas em praticamente todas as
cidades, em 2013, tem chamado à atenção dos meios de comunicação locais e de
todo o mundo.
Constata-se que não há acordo entre os governos e os militantes desse
movimento social sobre o fato de se realizar a Copa do Mundo nesta fase em que
os brasileiros se despertam para a cobrança da concretização de seus direitos
básicos previstos na Constituição Federal. O motivo da discórdia é
compreensível: historicamente os agrupamentos políticos controladores do Estado,
do âmbito municipal ao da União, nem sempre governaram cumprindo a legislação,
os programas políticos partidários; melhorando a realidade do povo, ou
prevenindo os males sociais. Já se percebe que o programa bolsa família
isoladamente não é uma solução. Confirma-se a insatisfação quanto à maneira como
se governam os municípios e se gerencia o orçamento. Evidencia-se a sua má
gestão financeira e operacional devido ao déficit de qualidade e eficiência de
praticamente todos os serviços públicos, com intensidades variáveis em todas as
cidades, não obstante a pesada carga de impostos e taxas cobrada, muitas vezes,
sem justiça social.
Por um lado os governos cederam aos planos dos seus parceiros
gastando fortunas do orçamento público visando projetar o país na geografia
econômica do segmento turístico por meio da Copa do Mundo. E, por outro,
desconsideraram a possibilidade de os graves problemas sociais e econômicos o
transformarem numa vidraça perante a opinião pública nacional e mundial. Esse cenário pode ser avaliado sob duas
perspectivas. Numa delas é que sua consumação pode gerar um efeito negativo à
credibilidade das frágeis instituições partidárias brasileiras e, por efeito,
dos políticos que, em tese, receberam o mandato para fazer prevalecer o
interesse da população como um todo e não o fizeram. Na outra cumpre um papel fundamental na
dinâmica da prática social pela possibilidade de moldar uma nova realidade para
o Brasil advinda do potencial de ruptura do status quo que embute e, desse modo
continuar o processo dialético.
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