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Asunto: | NoticiasdelCeHu 154/14 - A promover o império da América: Golpe, p ilhagem e duplicidade (James Petras) / Rumbo al XVI E nHu (53) | Fecha: | Martes, 11 de Marzo, 2014 20:41:27 (-0300) | Autor: | Noticias del CeHu <noticias @..............org>
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NCeHu
154/14
América Latina como
geografía
A promover o império da
América: Golpe, pilhagem e duplicidade
James Petras
Resistir
12/3/14
O regime Obama, em
coordenação com seus aliados serviçais, relançou uma virulenta campanha de
âmbito mundial para destruir governos independentes, cercar e finalmente
subverter competidores globais, e estabelecer uma nova ordem mundial
centrada nos EUA-UE.
Prosseguiremos com a identificação dos
"ciclos" recentes da construção do império estado-unidense; os avanços e
recuos; os métodos e estratégias; os resultados e perspectivas. Nosso foco
principal é na dinâmica imperial que conduz os EUA rumo a maiores
confrontações militares, até e incluindo condições que podem levar a uma
guerra mundial.
Ciclos imperiais recentes
A
construção do império estado-unidense não tem sido um processo linear. As
décadas recentes apresentaram amplas evidências de experiências
contraditórias. Sumariamente podemos identificar várias fases nas quais a
construção do império experimentou avanços amplos e recuos drásticos – com
as devidas cautelas. Estamos a examinar processos globais, nos quais
também há contra-tendências limitadas. Em meio a avanços imperiais em
grande escala, regiões particulares, países ou movimentos resistiram com
êxito ou mesmo reverteram a investida imperial. Em segundo lugar, a
natureza cíclica da construção do império de modo algum põe em dúvida o
carácter imperial do estado e da economia e seu implacável impulso para
dominar, explorar e acumular. Em terceiro lugar, os métodos e estratégicas
que dirigem cada avanço imperial diferem de acordo com mudanças nos países
alvo.
Ao longo dos últimos trinta anos podemos identificar três
fases na construção do império.
O avanço imperial da década de
1980 a 2000
No período aproximadamente de meados da década de
1980 ao ano 2000, a construção do império expandiu-se a uma escala global.
(A) Expansão imperial nas antigas regiões comunistas. Os
EUA e a UE penetraram e hegemonizaram a Europa do Leste; desintegraram e
pilharam a Rússia e a URSS; privatizaram e desnacionalizaram centenas de
milhares de milhões de dólares do valor de empresas públicas, meios de
comunicação social e bancos, incorporaram bases milhares por todas a
Europa do Leste na NATO e estabeleceram regimes satélites como cúmplices
voluntários em conquistas imperiais na África, Médio Oriente e Ásia.
(B) Expansão imperial na América Latina. A partir do
princípio da década de 1980 até o fim do século, a construção do império
avançou por toda a América Latina sob a fórmula de "mercados livre e
eleições livres".
Desde o México até a Argentina, regime
neoliberais, centrados no império, privatizaram desnacionalizaram mais de
5000 empresas públicas e bancos, beneficiando multinacionais dos EUA e da
UE. Líderes políticos alinharam-se com os EUA em fóruns internacionais.
Generais latino-americanos responderam favoravelmente a operações
militares centradas nos EUA. Banqueiros extraíram milhares de milhões em
pagamentos de dívida e lavaram muitos milhares de milhões mais de dinheiro
ilícito. O "North American Free Trade Agreement", com a amplitude do
continente e centrado nos EUA, pareceu avançar de acordo com o programa.
(C) Avanços imperiais na Ásia e na África. Regimes
comunistas e nacionalistas deixaram cair suas políticas de esquerda e
anti-imperialistas e abriram suas sociedades e economias à penetração
capitalista. Em África, dois países "de esquerda", Angola e a África do
Sul pós apartheid adoptaram "políticas de mercado livre".
Na Ásia,
a China e Indochina moveram-se decisivamente em direcção a estratégias
capitalistas de desenvolvimento; investimento estrangeiro, privatizações e
exploração intensa do trabalho substituíram o igualitarismo colectivista e
o anti-imperialismo. A Índia e outros estados capitalistas, como Coreia do
Sul, Formosa e Japão, liberalizaram suas economias. Avanços imperiais
foram acompanhados por maior volatilidade económica, um aguçamento da luta
de classe e uma abertura do processo eleitoral para acomodar facções
capitalistas competidoras.
A construção do império expandiu-se sob
o slogan de "livres mercados e eleições justas" – mercados dominados por
multinacionais gigantes e eleições, as quais asseguram os êxitos da elite.
Recuos e reveses imperiais: 2000-2008
Os custos
brutais do avanço do império levaram a uma contra-tendência global, uma
onda de levantamentos anti-neoliberais e de resistência militar a invasões
dos EUA. Entre 2000 e 2008 a construção do império esteve sob sítio e em
recuo.
Rússia e China desafiam o império
A
construção do império estado-unidense cessou a sua expansão e conquista em
duas regiões estratégicas: a Rússia e a Ásia. Sob a liderança do
presidente Vladimir Putin, o estado russo foi reconstruído; a pilhagem e
desintegração foram revertidas. A economia foi aparelhada para o
desenvolvimento interno. Os militares foram integrados num sistema de
defesa nacional e segurança. A Rússia mais uma vez tornou-se um grande
actor na política regional e internacional.
A viragem da China
rumo ao capitalismo foi acompanhada por uma presença dinâmica do estado e
um papel directo na promoção do crescimento a dois dígitos durante duas
décadas: a China tornou-se a segunda maior economia do mundo, deslocando
os EUA como o grande parceiro comercial na Ásia e na América Latina. O
império económico dos EUA estava em retirada.
América Latina: o
fim do império neoliberal
O neoliberalismo e a integração
centrada nos EUA levou à pilhagem, crises económicas e grandes
levantamentos populares, provocando a ascensão de novos regimes de
centro-esquerda e esquerda. Administrações "pós neoliberais" emergiram na
Bolívia, Venezuela, Equador, Brasil, Argentina, América Central e Uruguai.
Os construtores do império estado-unidense sofreram várias derrotas
estratégicas.
Os esforços dos EUA para assegurar um acordo de
livre comércio de âmbito continental foram deixados de lado e substituídos
por organizações de integração regional que excluem os EUA e o Canadá. Em
substituição, Washington assinou acordos bilaterais com o México,
Colômbia, Chile, Panamá e Peru.
A América Latina diversificou seus
mercados na Ásia e na Europa: a China substituiu os EUA como seu principal
parceiro comercial. Estratégias de desenvolvimento extractivo e altos
preços das commodities financiaram maior despesa social e independência
política.
Nacionalizações selectivas, regulação estatal acrescida
e renegociações de dívida enfraqueceram a alavancagem dos EUA sobre as
economias latino-americanas. A Venezuela, sob o presidente Hugo Chavez,
desafiou com êxito a hegemonia dos EUA no Caribe através de organizações
regionais. Economias do Caribe alcançaram maior independência e
viabilidade económica através da adesão à PETROCARIBE, um programa através
do qual recebiam petróleo da Venezuela a preços subsidiados. Países da
América Central e andino aumentaram a sua segurança e comércio através da
organização regional ALBA. A Venezuela proporcionou um modelo de
desenvolvimento alternativo à abordagem neoliberal centrada nos EUA, na
qual os ganhos da economia extractiva financiaram programas sociais em
grande escala.
Desde o fim da administração Clinton até o fim da
administração Bush, o império económico estava em recuo. O império perdeu
mercados asiáticos e latino-americanos para a China. A América Latina
ganhou maior independência política. O Médio Oriente tornou-se "terreno
contestado". Um estado russo revisto e mais forte opôs-se a novas
intrusões nas suas fronteiras. A resistência militar e derrotas no
Afeganistão, Somália, Iraque e Líbano desafiaram a dominância
estado-unidense.
Ofensiva imperial: Avança o império de Obama
Todo o mandato do regime Obama tem sido dedicado a reverter o
recuo da construção do império. Para este fim Obama desenvolveu
primariamente uma estratégia militar de (1) confrontação e envolvimento da
China e da Rússia, (2) minagem e derrube de governos independente na
América Latina e re-imposição de regimes clientes neoliberais, e (3)
lançamento encoberto e assaltos militares abertos a regimes independentes
por toda a parte.
A ofensiva de construção do império do século
XXI difere daquela da década anterior em vários aspectos cruciais: As
doutrinas económicas neoliberais estão desacreditadas e os eleitorados não
são tão facilmente convencidos dos benefícios de cair sob a hegemonia dos
EUA. Por outras palavras, os construtores do império não podem confiar na
diplomacia, em eleições e na propaganda do livre mercado para expandir o
seu braço imperial como faziam na década de 1990.
Para reverter o
recuo e avançar a construção do império no século XXI, Washington percebeu
que tinha de confiar na força e na violência. O regime Obama destinou
milhares de milhões de dólares para financiar armas para mercenários,
salários para combatentes de ruas e despesas de clientes empenhados em
desestabilizar campanhas eleitorais adversárias. Duplicidade diplomática e
acordos rompidos substituíram ajustes negociados – numa grande escala.
Ao longo de todo o mandato de Obama nem um único avanço imperial
foi assegurado através de eleições, acordos diplomáticos ou negociações
políticas. A presidência Obama procurou e assegurou a massificação da rede
de espionagem global (NSA) e os assassinatos quase diários de adversários
políticos através de drones e por outros meios. Operações encobertas de
assassínio das US Special Forces expandiram-se por todo o mundo. Obama
assumiu prerrogativas ditatoriais, incluindo o poder de ordenar o
assassinato arbitrário de cidadãos dos EUA.
O desdobramento do
esforço global do regime Obama para deter o recuo imperial e relançar a
construção do império foi montada quase exclusivamente sobre instrumentos
militares: serviçais armados, assaltos aéreos, golpes e tomadas de poder
putschistas. Brutamontes, populaça, terroristas islâmicos, militaristas
sionistas e uma mixórdia de retrógrados assassinos separatistas foram as
ferramentas do avanço do império. A escolha de serviçais imperiais variou
conforme o momento e as circunstâncias políticas.
Confrontando e degradando a China:
Envolvimento militar e exclusão económica
Confrontado com
a perda de mercados e os desafios da China como competidor global,
Washington desenvolveu duas importantes linhas de ataque: 1. Uma
estratégia económica destinada a aprofundar a integração de países
asiáticos e latino-americanos num pacto de livre comércio que exclui a
China (o Trans Pacific Trade Agreement); e 2. Um plano militar concebido
pelo Pentágono de Batalha Ar-Mar, o qual tem a China continental como alvo
com um assalto aéreo e com mísseis em plena escala se a actual estratégia
de Washington de controlar o comércio marítimo vital da China falhar (FT,
10/Fev/14). Apesar de a estratégia de ofensiva militar ainda estar na mesa
de desenho do Pentágono, o regime Obama está a acumular uma armada
marítima a escassas milhas da costa chinesa, a expandir suas bases
militares nas Filipinas, Austrália e Japão e a apertar o nó em torno das
rotas marítimas estratégicas da China para importações vitais como
petróleo, gás e matérias-primas.
Os EUA estão a promover
activamente uma aliança militar indo-japonesa como parte da sua estratégia
de envolvimento da China. Manobras militares conjuntas, coordenação
militar em alto nível e reuniões entre oficiais militares japoneses e
indianos são encaradas pelo Pentágono como avanços estratégicos no
isolamento da China e reforço do controle dos EUA sobre rotas marítimas da
China para o Médio Oriente, o Sudeste Asiático e mais além. A Índia, de
acordo com um dos seus principais semanários, é encarada "como um parceiro
júnior dos EUA. A Indian Navy está a tornar-se rapidamente o chefe de
polícia do Oceano Índico e a dependência militar indiana do complexo
militar-industrial dos EUA é crescente..." (Economic and Political Weekly
(Mumbai), 15/Fev/14, p. 9. Os EUA também estão a escalar o seu apoio a
movimentos separatistas violentos na China, nomeadamente os tibetanos,
uighurs e outros islamistas. A reunião de Obama com o Dalai Lama foi
emblemática dos esforços de Washington para fomentar inquietação interna.
A grosseira intervenção política do embaixador estado-unidense
cessante, Gary Locke, na política interna chinesa é uma indicação de que a
diplomacia não é o principal instrumento de política do regime Obama
quando se trata da China. O embaixador Locke encontrou-se abertamente com
separatistas uighurs e tibetanos e menosprezou publicamente os êxitos
económicos e o sistema política da China enquanto encorajava abertamente a
oposição política (FT, 28/Fev/14, p. 2).
A tentativa do regime
Obama de promover o império na Ásia através da confrontação militar e de
pactos militares, os quais excluem a China, levou este país a desenvolver
sua capacidade militar para evitar o estrangulamento marítimo. A China
responde à ameaça comercial dos EUA avançando sua capacidade produtiva,
diversificando suas relações comerciais, aumentando seus laços com a
Rússia e aprofundando seu mercado interno.
Até à data, a temerária
militarização do Pacífico pelo regime Obama não levou a uma ruptura aberta
nas relações com a China, mas o caminho militar para avançar o império a
expensas da China ameaça uma catástrofe económica global ou pior, uma
guerra mundial.
Avanço imperial: Isolando, cercando e
degradando a Rússia
Com a vinda do presidente Vladimir Putin e
a reconstituição do estado e da economia russa, os EUA perderam um cliente
vassalo e uma fonte de pilhagem de riquezas. Os construtores do império de
Washington continuaram a procurar a "cooperação e colaboração" russa
minando estados independentes, isolando a China e prosseguindo suas
guerras coloniais. O estado russo, sob Putin e Medvedev, procurou acomodar
os construtores de império estado-unidenses através de acordos negociados,
os quais promoveriam a posição da Rússia na Europa, reconheceriam
fronteiras estratégicas russas e reconheceriam preocupações russas de
segurança. Contudo, a diplomacia russa conseguiu poucos ganhos e
transitórios ao passo que os EUA e a UE obtiveram grandes importantes
ganhos com a cumplicidade e passividade russa.
A agenda não
declarada de Washington, especialmente com o impulso de Obama para
relançar uma nova onda de conquistas imperiais, era minar o ressurgimento
da Rússia como um actor importante na política mundial. A ideia
estratégica era isolar a Rússia, enfraquecer sua crescente presença
internacional e retornar ao status de vassalo do período Yeltsin, se
possível.
Desde a tomada da Europa do Leste pelos EUA-UE, dos
estados dos Balcãs e Bálticos e sua transformação em bases militares da
NATO e estado capitalistas vassalos no princípio da década de 1990, até a
penetração e pilhagem da Rússia durante os anos Yeltsin, o primeiro
objectivo da política ocidental tem sido estabelecer um império unipolar
sob dominação estado-unidense.
A UE e os EUA actuaram para
desmembrar a Jugoslávia em mini-estados subservientes. Eles então
bombardearam a Sérvia a fim de tomar o Kosovo, destruindo um dos poucos
países independentes ainda aliados à Rússia. Os EUA então avançaram a
fomentar levantamentos na Geórgia, Ucrânia e Chechenia. Eles bombardearam,
invadiram e posteriormente ocuparam o Iraque – um antigo aliado russo na
região do Golfo.
A estratégia condutora da política
estado-unidense era envolver e reduzir a Rússia ao status de potência
fracas, marginal, e minar os esforços de Vladimir Putin para restaurar a
posição da Rússia como uma potência regional. Em 2008 o regime fantoche de
Washington na Geórgia testou a têmpera do estado russo ao lançar um
assalto à Ossécia do Sul, matando pelo menos 10 russos das forças de
manutenção da paz e ferindo centenas (para não mencionar milhares de
civis). O então presidente russo, Medvedev, respondeu com o envio das
forças armadas russas para repelir tropas georgianas e apoiar a
independência da Abcazia e da Ossécia do Sul.
Os acordos
diplomáticos dos EUA com a Rússia têm sido assimétricos – a Rússia devia
concordar com a expansão ocidental em troca de "aceitação política". A
duplicidade vencia a diplomacia aberta. Apesar de acordos em contrário,
bases e instalações de mísseis dos EUA foram estabelecidas por toda a
Europa do Leste, apontando à Rússia, sob o pretexto de que estavam
"realmente a apontar ao Irão". Mesmo quando a Rússia protestos pela
ruptura de acordos pós Guerra Fria, o império ignorou queixas de Moscovo e
o envolvimento avançou.
Num novo desastre diplomático, a Rússia e
a China assinaram no Conselho de Segurança das Nações Unidas um acordo de
autoria estado-unidense para permitir à NATO efectuar "voos humanitários"
na Líbia. A NATO imediatamente tomou isto como o "sinal verde" para atacar
e converter a "intervenção humanitária" numa devastadora campanha de
bombardeamento aéreo que levou ao derrube do governo legítimo da Líbia e à
sua destruição como estado viável e independente na África do Norte. Ao
assinar na ONU o acordo "humanitário", a Rússia e a China perderam um
governo amigo e um parceiro comercial na África! Anteriormente, os russos
haviam permitido aos EUA transportar armas e tropas através a Federação
Russa para apoiar a invasão do estado-unidense do Afeganistão ... sem
nenhum ganho recíproco (excepto talvez uma ainda maior inundação de
heroína afegã).
Diplomatas russos concordaram com sanções
económicas da ONU, contra de autoria de sionistas dos EUA, contra o não
existente programa de armas nucleares do Irão ... minando um aliado
político e um mercado lucrativo. Moscovo acreditou que ao apoiar sanções
dos EUA contra o Irão e conceder rotas de transporte para o Afeganistão no
fim de 2001 receberia algumas "garantias de segurança" dos americanos em
relação a movimentos separatistas no Cáucaso. O governo americano
"retribuiu" com novo apoio a líderes separatistas chechenos exilados nos
EUA apesar das campanhas de terror em curso contra civis russos – até e
mesmo depois da carnificina chechena de centenas de escolares e
professores em Beslan em 2004...
Com os EUA sob Obama a avançarem
no seu envolvimento da Rússia na Eurásia e no seu isolamento na África do
Norte e Médio Oriente, Putin finalmente decidiu traçar uma linha com o
apoio ao único aliado remanescente da Rússia no Médio Oriente, a Síria.
Putin pretendeu assegurar um fim negociado à invasão mercenária de Damasco
apoiada por monarquias pró ocidentais do Golfo. Com pouco proveito: Os EUA
e a UE aumentaram carregamentos de armas, treinadores militares e
financiamentos aos 30 mil mercenários islâmicos com base na Jordânia
quando eles se empenhavam em ataques transfronteiriços para derrubar o
governo sírio.
Washington e Bruxelas continuaram seu impulso
imperial rumo ao centro da Rússia ao organizarem e financiarem uma
violenta tomada de poder (putsch) na Ucrânia ocidental. O regime financiou
uma coligação de combatentes de rua neo-nazis armados e políticos
neoliberais, ao custo considerável de 5 mil milhões de dólares, para
derrubar o regime eleito. Os putschistas quiseram acabar com a autonomia
da Criméia e romper tratados com acordos militares de longo prazo com a
Rússia. Sob enorme pressão do governo autónomo da Criméia e da vasta
maioria da população e enfrentando a perda crítica das suas instalações
navais e militares no Mar Negro, Putin, finalmente, vigorosamente deslocou
tropas russas num modo defensivo na Criméia.
O regime Obama lançou
uma série de movimentos agressivos contra a Rússia para isolá-la e escorar
seu vacilante regime fantoche em Kiev: sanções económicas e expulsões
estavam na ordem do dia ... a tomada da Ucrânia por Obama assinalou o
começo de uma "nova Guerra Fria". A captura da Ucrânia faz parte da grande
estratégia em curso de Obama de avanço do império.
O sequestro do
poder na Ucrânia assinalou o maior desafio geopolítico para a existência
contínua do estado russo. Obama procura estender e aprofundar a varredura
imperial através da Europa até o Cáucaso: o violento golpe no regime e a
subsequente defesa do regime fantoche em Kiev são elementos chaves na
minagem de um adversário chave – a Rússia.
Depois de pretender
"parceria" com a Rússia, enquanto talhava seus aliados nos Balcãs e no
Médio Oriente durante as décadas anteriores, Obama fez o seu movimento
mais audacioso e mais imprudente. Jogando fora todas as desculpas de
coexistência pacífica e acomodação mútua, o regime Obama rompeu um acordo
de poder partilhado com a Rússia sobre a governação da Ucrânia e apoiou o
putsch neo-nazi.
O regime Obama assumiu que tendo assegurado
anteriormente a anuência da Rússia face ao avanço do poder imperial no
Afeganistão, Iraque, Líbia e região do Golfo, os construtores de império
de Washington tomaram a fatídica decisão de testar a Rússia na sua mais
estratégica região geopolítica, uma região que afecta directamente o povo
russo e seus activos militares mais estratégicos. A Rússia reagiu na única
linguagem entendida em Washington e Bruxelas: com uma importante
mobilização militar. O avanço de Obama com "tácticas de construção de
império via salame" e duplicidade diplomática está a aproximar-se do fim.
O avanço do império no Médio Oriente e América Latina
O avanço imperial da década de 1990 chegou ao fim nos meados a
primeira década do novo milénio. Derrotas no Afeganistão, retirada do
Iraque, a morte de regimes fantoches no Egipto e na Tunísia, perda de
eleições na Ucrânia e a derrota e afundamento de regimes neoliberais pró
EUA na América Latina foram exacerbadas por uma crise económica profunda
nos centros imperiais da Europa e da Wall Street.
Obama tinha
poucas opções económicas e políticas para avançar o império. Mas o seu
regime estava determinado a acabar com o recuo e avançar o império; ele
recorreu a tácticas e estratégias mais parecidas com as do século XIX
colonial e de regimes totalitários do século XX.
Os métodos foram
violentos – o militarismo foi o eixo a política. Mas numa época de
exaustão imperial interna, novas tácticas militares substituíram forças
invasoras em grande escala sobre o terreno. Mercenários armados por
procuração ganhara o centro do palco no derrube dos regimes alvejados
pelos EUA. Afinidades políticas e ideológicas foram subsumidas sob o
eufemismo genérico de "rebeldes". Os mass media alternavam entre
pressionar por maior escala militar e endossar o nível existente de guerra
imperial. Todo o espectro político na Europa e nos EUA comutou para a
direita – mesmo quando a maioria do eleitorado rejeitou novos compromissos
militares, especialmente guerras no terreno.
Obama escalou tropas
no Afeganistão, lançou uma guerra aérea que derrubou o presidente Kadafi e
transformou a Líbia no estado arruinado e fracassado. Guerras por
procuração tornaram-se a nova estratégia para o avanço imperial na
construção do império. A Síria foi alvejado – dezenas de milhares de
extremistas islâmicos foram recrutados e financiados por regimes imperiais
e monarquias despóticas do Golfo. Milhões de refugiados fugiram, dezenas
de milhares foram mortos.
Na América Latina, Obama apoiou o golpe
militar em Honduras derrubando o governo liberal eleito do presidente
Manuel Zelaya, no Paraguai reconheceu um golpe do Congresso que expulsou o
governo eleito de centro-esquerda enquanto se recusou a reconhecer a
vitória eleitoral do presidente Maduro na Venezuela. Face à vitória de
Maduro na Venezuela, Washington apoiou durante vários meses de violência
nas ruas numa tentativa de desestabilizar o país.
Na Ucrânia,
Egipto, Venezuela e Tailândia, "a rua" substituiu eleições. Os objectivos
estratégicos imperiais de Obama centraram-se na reconquista e pilhagem da
Rússia e no seu retorno ao status de vassalo dos anos Boris Yeltsin, no
retorno da América Latina aos regimes neoliberais da década de 1990 e na
China à docilidade da década de 1980. A estratégia imperial tem sido
"conquistar a partir de dentro" estabelecendo o cenário para a dominação a
partir de fora.
A avançar o império: Israel e o desvio do Médio
Oriente
Um dos grandes paradoxos históricos do recuo imperial
dos EUA no século XXI foi o papel desempenhado pela influência de Israel e
sua Quinta Coluna Sionista incorporada dentro da estrutura de poder
político estado-unidense. As guerras de Washington e as sanções no Médio
Oriente foram em grande medida sob as ordens de influentes "Israel
Firsters" na Casa Branca, Pentágono, Tesouro, Conselho de Segurança
Nacional e Congresso.
Foi em grande medida porque os EUA estavam
empenhados em guerras no Iraque e no Afeganistão que Washington "deixou de
lado" as crescentes proezas económicas da China. Ao concentrar-se nas
"guerras por Israel" no Médio Oriente, os EUA não estavam em posição de
desafiar a ascensão do nacionalismo e populismo na América Latina. As
prolongadas "guerras por Israel" esgotaram a economia dos EUA e o
entusiasmo do público americano por novas guerras terrestres alhures.
Ideólogos sionistas, alcunhados "neoconservadores", foram
instrumentais em moldar a abordagem global militarista para a construção
do império e em marginalizar a sua construção sob orientação do mercado,
favorecida pelas multinacionais e pelos gigantes da indústria extractiva.
A tentativa de Obama de travar o recuo do império, inspirada pelo
militarismo sionista, não frutificou. Seu esforço para cooptar sionistas e
pressionar Israel a parar de fomentar novas guerras no Médio Oriente é um
fracasso. O seu "eixo na Ásia" transformou-se numa estratégia cerco
militar bruto da China. Suas aberturas ao Irão foram frustradas pelo bloco
de poder sionista no Congresso pela imposição de termos de negociação
ditados por Israel. Todo o "avanço do projecto de construção do império",
o qual devia definir o legado de Obama, foi enfraquecido pelo enorme custo
de atender aos conselhos e directivas dos lealistas a Israel dentro da sua
administração. Israel, uma das mais brutais potências coloniais,
paradoxalmente e não intencionalmente desempenhou um grande papel na
minagem dos esforços de Obama para reverter o declínio do império e
avançar as dimensões diplomáticas e económicas da construção do império.
Resultados e perspectivas: A avançar o império no período pós
neoliberal
O temerário esforço de Obama para avançar o império
na segunda década do século XXI é muito mais perigoso que o dos seus
antecessores no fim do século XX. A Rússia recuperou-se. Já não é o estado
em desintegração que Bush e Clinton desmembraram e pilharam. A China já
não é mais uma economia de mercado em ascensão tão ansiosa para comerciar
com os EUA enquanto fazia vista grossa a incursões americanas em águas
territoriais chinesas. Hoje a China é uma grande potência económica,
exercendo alavancagem económica na forma de US$3 milhões de milhões em
bilhetes do Tesouro dos EUA. A China já não tolera interferência dos EUA
na sua política interna – está desejosa de suprimir separatistas étnicos e
terroristas apoiados pelos EUA.
A América Latina, incluindo a
Venezuela, desenvolveu organizações regionais autónomas, diversificou seus
mercados para a Ásia e estabeleceu um poderoso consenso pós neoliberal. A
Venezuela transformou seu militares, outrora o instrumento favorito de
golpes engendrados pelos EUA, numa fortaleza da ordem democrática
existente.
O caminho eleitores para a construção do império
estado-unidense foi fechado ou exige duro "supervisão" imperial para
assegurar "resultados favoráveis". A nova política escolhida por
Washington é a violência: recrutar a ralé para acções, extremistas
mercenários, terroristas islamistas e uighures, neo-nazis e toda a
escumalha do mundo para o seu serviço.
O balanço de seis anos de
"avanço do império" sob Obama é duvidoso. O derrube violento do presidente
Kadafi não levou a um regime cliente estável: a destruição total e o caos
na Líbia solaparam a presença imperial. A Síria está sob ataque mas por
islamistas fanáticos anti-ocidentais. A derrota de Assad não "avançará o
império" na medida em que expandirá o poder do Islão radical (incluindo a
Al Qaeda).
O regime fantoche na Ucrânia, de neoliberais e
neo-nazis, está literalmente em bancarrota, dilacerado por conflitos
internos e enfrentando profundas divisões regionais. A Rússia está
ameaçada, mas seus líderes adoptaram acção militar decisiva para defender
seus aliados da Criméia e suas bases militares estratégicas.
Obama
provocou e ameaçou adversários mas não assegurou muito em termos de
aliados válidos ou de clientes. Seus esforços para replicar os avanços
imperiais da década de 1990 fracassaram porque mudaram as correlações de
força entre a Europa e a Rússia, o Japão e a China, a Venezuela e a
Colômbia. Mandatários, drones predadores e as US Special Forces não são
capazes de reverter o recuo. A crise económica cortou demasiado
profundamente; a exaustão interna com o império é demasiado generalizada.
O custo de sustentar Israel é demasiado alto. Avançar o império nestas
circunstâncias é um jogo perigoso: arrisca uma guerra nuclear maior para
ultrapassar a adversidade e o recuo.
09/Março/2014
O
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