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Asunto: | NoticiasdelCeHu 111/14 - A doença da Ucrânia... e a cura europeia | Fecha: | Lunes, 3 de Marzo, 2014 08:43:43 (-0300) | Autor: | Noticias del CeHu <noticias @..............org>
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NCeHu
111/14
A doença da Ucrânia... e a cura europeia
Eric Draitser
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2/3/14
A situação na Ucrânia evolui hora a hora.
Ultra-nacionalistas de direita e seus colaboradores "liberais" tomaram o
controle do Rada (parlamento ucraniano) e depuseram o democraticamente eleito,
embora absolutamente corrupto e incompetente, presidente Yanukovich.
A
antiga primeiro-ministro, e criminosa condenada, Yulia Tymoshenko foi libertada
e agora está a fazer causa comum com o Sector Direita, o Svoboda e outros
elementos fascistas, ao passo que líderes nominais da oposição tais como Arseny
Yatsenyuk e Vitali Klitschko começam a desvanecer-se.
Em Moscovo, o
presidente russo Vladimir Putin certamente observa com ansiedade. Em Washington,
Victoria Nuland e a administração Obama rejubilam. Contudo, talvez o
desenvolvimento mais crítico de tudo isto esteja prestes a emergir na Europa,
quando as forças do capital financeiro ocidentais se preparam para saudar a
Ucrânia no seu seio. Eles darão à luz as habituais prendas neoliberais:
austeridade e "liberalização económica".
Com o derrube do governo
Yanukovich, os US$15 mil milhões da prometida assistência financeira russa à
Ucrânia ficam em dúvida. Segundo a agência de classificação Moody's, "só em 2014
a Ucrânia exigirá US$24 mil milhões para cobrir um défice orçamental, reembolsos
de dívida, contas de gás natural e pensões apenas". Sem a contínua compra de
títulos por Moscovo e outras formas de ajuda financeira, em com forças pró UE
tomando o controle do país e da política externa, não é difícil prever o
resultado: um pacote de resgate da Europa com todas as habituais condições de
austeridade impostas.
Em troca de "ajuda" europeia, a Ucrânia será
forçada a aceitar a redução de salários, cortes significativos no sector público
e serviços sociais, além de aumentos em impostos sobre a classe trabalhadora e
cortes de pensões. Além disso, o país será obrigado a concordar com um programa
de liberalização que permitirá à Europa inundar de mercadorias o mercado
ucraniano, com a desregulamentação e nova abertura do sector financeiro do país
à especulação predatória e à privatização.
Não é preciso ser adivinho
para prever estes desenvolvimentos. Basta simplesmente olhar para a onda de
austeridade em países europeus como a Grécia e Chipre. Além disso, países do
Leste Europeu com condições económicas e históricas semelhantes à Ucrânia –
Letónia e Eslovénia, especificamente – proporcionar um roteiro daquilo que a
Ucrânia deveria esperar.
O modelo do "êxito"
Quando a
liderança pró UE da Ucrânia sob Tymoshenko & Co. (e a direita fascista)
começar a olhar o futuro, ela imediatamente olhará para a Europa a fim de tratar
as preocupações económicas mais prementes. O povo ucraniano contudo faria bem em
examinar o antecedente da Letónia para entender o que lhe está reservado. Como
escreveram em 2012 o renomados economistas Michael Hudson e Jeffrey Sommers:
O que permitiu à Lituânia sobreviver à crise foram salvamentos da UE e
do FMI... Elites aparte, muitos emigraram... Demógrafos estimam que 200 mil
abandonaram o país na década passada – aproximadamente 10 por cento da
população... A Lituânia experimentou os efeitos plenos da austeridade e do
neoliberalismo. As taxas de natalidade caíram durante a crise – como é o caso em
quase toda a parte onde são impostos programas de austeridade. Ela continua a
ter as mais altas taxas da Europa de suicídio e mortes na estrada provocadas
pela condução em estado da ebriedade. O crime violento é elevado devido,
confirmadamente, ao desemprego prolongado e a cortes no orçamento da polícia.
Além disso, uma crescente drenagem de cérebros anda a par com a emigração dos
colarinhos azuis.
O mito da prosperidade que se segue à integração e
salvamentos da UE é apenas isso, um mito. A realidade é dor e sofrimento numa
escala muito maior do que a pobreza e o desemprego que a Ucrânia, especialmente
na parte ocidental do país, já experimentou. O mais bem educados, aqueles mais
aptos a assumir a liderança, fugirão em massa. Os líderes que permanecem no país
encherão os seus bolsos e insinuar-se-ão junto a financeiros europeus e
americanos que afluirão à Ucrânia como abutres para a carniça. Em suma, a
corrupção e má administração do governo Yanukovich parecerão uma memória
agradável.
A "liberalização" que a Europa exige criará lucros maciços
para especuladores, mas muito poucos empregos para o povo trabalhador. A melhor
terra será vendida a corporações estrangeiras e especuladores de terra, enquanto
os recursos, incluindo o altamente conceituado sector agrícola, serão despojados
e vendidos no mercado mundial, deixando agricultores e habitantes das cidades
irmanados na pobreza abjecta, com os seus filhos a irem para a cama com fome.
Isto será o "êxito" da Ucrânia. É de estremecer pensar com o que se pareceria o
fracasso.
Na Eslovénia, outro país da Europa do Leste que experimentou o
"êxito" aspirado pela Europa, a ditadura económica de Bruxelas devastou o povo
trabalhador do país e suas instituições. A Organização para a Cooperação
Económica e o Desenvolvimento (OCDE) emitiu o seu relatório de 2012 no qual
recomendou que, como primeiro passo, a Eslovénia actue para "ajudar o sector
bancário a se por de pé outra vez", acrescentando que, "medidas adicionais e
radicais são necessárias tão logo quanto possível".
Além disso, a OCDE
recomendou a privatização completa de bancos e outros grandes firmas da
Eslovénia, apesar de prever uma contracção superior a 2% da sua economia. Em
termos simples, a Europa recomenda que a Eslovénia se sacrifique e sacrifique o
seu povo para as forças do capital financeiro internacional, nada menos. Tal é o
custo da "integração" europeia.
A Ucrânia está a ser submetida a uma
transformação da pior espécie. Suas instituições políticas foram atropeladas por
uma variegada colecção de liberais ilusórios, políticos ardilosos em fatos de
bom corte e extremistas nazis. O tecido social está a dilacerar pelas costuras,
com cada região à procura de uma solução local para os problemas do que
costumava ser a sua nação. E, em meio a isto tudo, o espectro de financeiros em
busca de lucro com sinais de dólar nos olhos é tudo o que o povo ucraniano pode
esperar.
25/Fevereiro/2014
O original
encontra-se em stopimperialism.org/articles/ukraines-sickness-europes-cure/
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