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Asunto: | NoticiasdelCeHu 486/13 - Crisis y geografía - Europa em crise (Joseph Halevi) | Fecha: | Sabado, 27 de Julio, 2013 17:47:22 (-0300) | Autor: | Noticias del CeHu <noticias @..............org>
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NCeHu
486/13
"Crisis y
geografía"
El Centro Humboldt
llama al XV Encuentro internacional Humboldt en México durante el
mes de septiembre y lo hace bajo el lema "Crisis y geografía".
Esta convocatoria registra, como pocas, la continuidad de los planteos del
Centro Humboldt desde sus inicios, volcados sistemáticamante en sus encuentros
anuales. Desde "Periferia, regiones y países" (EnHu II, Mar del Plata, 2000)
a "Más allá de los noventa" (EnHu VI, Villa Carlos Paz, 2004), o a "El
mundo como geografía" (EnHu X, Rosario, 2008), crisis y geografía ha sido un
binomio eje que atraviesa todos los encuentros y, particulamente, las tres fases
de ellos precedentemente aludidas.
A continuación,
brindamos un artículo del economista Joseph Halevi que retrata la crisis en
dimensión europea.
Europa em crise
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21/7/13
Parte 1: O espaço alemão de
acumulação
O actual estado de coisas na Eurozona e na UE reflecte a
partição da União Europeia em três grupos.
O primeiro é um grupo de
países neo-mercantilistas centrados na Alemanha e constituído pela Holanda,
Bélgica, Áustria e Escandinávia. O seu neo-mercantilismo pode ser definido como
forte devido ao seu persistente excedente de exportações – realizado
principalmente dentro da Europa, dada a tendência de défices ascendentes com a
Ásia não compensados pelo excedente flutuante com os Estados Unidos. Os
desequilíbrios externos líquidos do grupo não dependem muito da desvalorização
nominal da divisa. A posição líquida repousa sobre o efeito combinado de manter
uma poderosa indústria de bens de capital, ligada através da Alemanha a
corporações oligopolistas globais, enquanto macroeconomicamente apresenta uma
taxa de crescimento a longo prazo muito baixa. A Alemanha não é a locomotiva da
Europa. A partir da década de 1970 a Europa Ocidental apresentou
sistematicamente uma taxa de crescimento muito mais alta estimulando com isso as
exportações da Alemanha e dos seus satélites económicos. Portanto o grupo
neo-mercantilista exemplifica uma situação clássica de monopólio do capital,
convertida numa macroeconomia institucionalizada estabelecida pelo próprio
processo da construction européenne desejado pela França.
No
passado a Alemanha procurava taxas de câmbio estáveis para evitar
desvalorizações competitivas. No contexto de uma moeda única um tal objectivo
transmutou-se em deflação salarial competitiva. A estagnação interna assegura
que os salários alemães crescem menos do que a produtividade. O sistema
contratual do país, baseado numa entente neo-mercantilista com os sindicatos,
permite ao fosso entre produtividade e salários ser mais favorável ao capital em
comparação com o resto da Europa. Tudo isto leva ao baixo crescimento na
Alemanha reforçando sua competitividade exportadora por meio de deflação
salarial. O resultado final é que enquanto a Europa nada pode fazer sem
maquinaria e inputs tecnológicos alemães, a Alemanha não é um importador em
expansão rápida, portanto não contribui para a procura líquida europeia. Ela com
isso acumula excedentes externos muito grandes que são utilizados para financiar
Investimento Directo Estrangeiro e joint ventures na China e alhures, bem como
para comprar papéis financeiros de pacotilha dos EUA como aconteceu no
salvamento do Landesbanken.
O segundo grupo de países é a periferia
interna europeia, encabeçado pela Itália. Firmas em Portugal, Espanha e Grécia
gostariam de gerar exportações líquidas mas não podem porque, não obstante o seu
crescimento exportador, elas têm um fraco sector interno de bens de capital. A
dependência das importações sobre sectores tecnológicos e também sobre bens
duradouros é tal que as passadas desvalorizações anteriores ao euro não ajudaram
a melhorar a posição externa destes países. Tanto a Espanha como a Grécia, mas
não Portugal, experimentaram taxas de crescimento médio mais altas do que a UE.
O crescimento da Espanha deveu-se à inserção do país no mercado imobiliário
internacional via Londres. No caso da Grécia o défice orçamental (fiscal
deficit) permitiu-lhe sustentar um crescimento orientado para a importação.
Em ambos os exemplos o crescimento da procura interna levou a actividade mais
intensa implicando ainda mais importações per capita. Perceba-se que não fosse o
seu sector financeiro mundial, a Grã-Bretanha pertenceria aos países com défice
persistente da periferia europeia. A Itália, por outro lado, tem sido um
exportador líquido. Mas os seus melhores desempenhos nas exportações líquidas
verificaram-se quando a Lira desvalorizou-se relativamente ao Deutsche Mark. Com
o Euro a posição externa líquida deteriorou-se drasticamente, tornando-se
negativa em 2005. A Itália simboliza a forma fraca de neo-mercantilismo
dependente da desvalorização da divisa. A Itália pertence portanto à periferia
interna uma vez que a sua posição internacional estava ligada a um
enfraquecimento da divisa. No cômputo geral, o Euro restringiu o espaço europeu
do capitalismo italiano.
O terceiro grupo é constituído unicamente pela
França; um caso muito especial. Ela tem uma acentuada postura neo-mercantilista
mas raramente tem êxito. É o maior mercado de exportações líquidas para a
Alemanha e cada vez mais também para a Itália. A partir de 1980 a França
conseguiu uma posição externa líquida só no rastro do colapso do Sistema
Monetário Europeu em 1992-93, perdendo-o quatro anos depois após a constituição
do euro. Ao contrário da Itália, a França, devido ao peso do seu sector
financeiro, tentou evitar o caminho da desvalorização competitiva. O plano para
uma euro-divisa comum era essencialmente de Mitterrand-Delors, como um meio de
contornar o neo-mercantilismo fracassado e exercer controle sobre políticas
monetárias da Alemanha. A posição peculiar da França é relevante para a crise
actual.
Parte 2: A Eurolândia num beco sem saída
Considere-se agora o facto de que desde a década de 1970 a Alemanha
tem tido uma política deliberada e com êxito de manter a sua própria taxa de
crescimento bem abaixo daquela do resto da Europa com o objectivo preciso de
acumular excedentes financeiros. A França também não está muito interessada em
crescimento sustentado porque sucessivos governos, incluindo o de Mitterand,
temem reivindicações salariais. Finalmente, a Itália pode crescer se condições
de taxa de câmbio favoráveis prevalecerem uma vez que os gastos do sector
público deixaram de apoiar o crescimento do país já nos fins da década de 1970.
Sob tais circunstâncias não é nada surpreendente que na Europa Ocidental as
taxas de crescimento declinassem durante todo os anos nas últimas quatro
décadas. A Europa tem estado a cair cada vez mais nas garras dos excedentes
alemães, sendo o único ponto brilhante exportações líquidas para os Estados
Unidos as quais, contudo, dificilmente compensam os défices crescentes com a
Ásia. A constituição do Euro cristalizou completamente a situação e permitiu à
Alemanha alcançar excedentes sem precedentes num contexto de aprofundamento da
estagnação europeia. Quando a saída estado-unidense cessou de funcionar no
rastro da crise subprime, a qual caiu em cascata sobre papéis derivativos
possuídos pelo Landesbanken, a Alemanha endureceu a sua posição
neo-mercantilista e decidiu unilateralmente reescrever as regras do jogo.
A crise grega é simplesmente o caminho escolhido por Berlim para
modificar o código de conduta em detrimento da França. Em si mesmo não há um
problema de défice grego excessivo. Ele pode facilmente ser manuseado ao nível
europeu concebendo políticas comuns para relançar o crescimento europeu e
especificamente o da Grécia, pois é a única cura que não mata o paciente. Cortes
drásticos na despesa pública, enquanto desarticulam todo o sistema de serviços e
infraestrutura sobre o qual repousa uma sociedade moderna, reduzem o rácio da
dívida apenas marginalmente, se é que o fazem. Mas da perspectiva
neo-mercantilista de Berlim, uma opção cooperativa não é contemplada sequer
remotamente devido às seguintes razões:
A Alemanha encara a Eurozona
como um sistema de taxa de câmbio fixo bom apenas para impedir desvalorizações
competitivas (no passado as desvalorizações mais danosas e eficazes foram as da
Itália). Para a Alemanha a cláusula da não transferência santificada nos
Tratados de Maastricht-Dublim-Amesterdão devem manter-se em vigor uma vez que o
papel essencial da Europa Ocidental é proporcionar procura efectiva líquida para
exportações da Alemanha. Como informou Wolfgang Munchau no Financial Times
de 21 de Março: "Rainer Brüderle, ministro da Economia, disse na semana
passada que não havia nada que o governo pudesse fazer acerca da procura porque
o consumo era uma decisão de indivíduos privado. O alto responsável do
Bundesbank chegou a comparar a eurozona a um clube de futebol, no qual a
Alemanha orgulhosamente matinha o primeiro lugar". A comparação é claramente
falsa: para competir com a Alemanha, os países da Eurozona teriam de reduzir as
suas próprias taxas de crescimento bem abaixo das da Alemanha, o que significa
que elas terão de ser zero ou mesmo negativas. Foi esta "gestalt" que pressionou
Sarkozy a confrontar Merkel, embora o tenha feito demasiado tarde, só depois de
o governo alemão perder a maioria no Bundesrat a seguir às eleições no
Norte-Reno Westphalia em 17 de Maio.
O endurecimento da posição alemã em
relação à Grécia e aos países ibéricos deve-se também ao foco de Berlim sobre a
sua própria periferia externa na Europa Oriental envolvendo os países Bálticos,
os quais estão numa depressão total, e Eslováquia e Hungria em recessão
profunda. É um segredo público que, embora recusando-se a confirmar, o BCE tem
estado a comprar seus títulos como colaterais para empréstimos, absolvendo dessa
forma bancos austríacos e suecos do seu comportamento imprudente na concessão de
empréstimos. Isto é feito com o pleno apoio de Berlim. A oposição da Alemanha à
ajuda à Grécia faz parte da sua política de distribuir moeda para áreas que são
zonas satélites de Berlim e para as áreas de companhias alemãs que reestruturam
estratégias, como é o caso com a Europa Oriental.
Após as eleições no
Reno-Norte Westphalia, a França obrigou Berlim a aceitar um fundo euro de 750
mil milhões. Algumas figuras eminentes (Financial Times de 21 de Maio)
anunciaram a decisão como um passo em frente rumo ao federalismo fiscal na
Europa. Não é nada disso. Na melhor das hipóteses é uma fundo de emergência, um
fundo muito opaco que, o qual é estruturado num veículo especial de investimento
cujo conteúdo é desconhecido. A sua natureza de tipo instrumento tóxico destaca
a gravidade da situação e portanto sublinham a sua inadequação. Isto explica
porque o fundo fantasma não está a aplacar os mercados.
As expectativas
estão a tornar-se piores pela corrida para a base gerada pelo desovar alemão da
crise grega. Cada país está a tomar medidas de austeridade que farão da
recuperação um evento acidental. Além disso, o conflito entre a Alemanha e a
França está a ser estreitado para duas regras orçamentais competidoras, mas
semelhantes, para a União Europeia. O plano alemão baseia-se na sua própria
terrífica lei do orçamento equilibrado e a novíssima proposta francesa de uma
trajectória rumo a um orçamento equilibrado. Ambas afundarão ao chocarem-se nas
rochas das assimetrias intra-eurozona e do agravamento da crise social que leva
a grandes perdas de receitas fiscais. [*] Economista, professor no International
University College de Turim. Co-autor, com Yanis Varoufakis e Nicholas
Theocarakis, de Modern Political
Economics: Making Sense of the Post-2008 World , Routledge, 2011. NR: Este artigo de 2010
é publicado agora por se considerar que a classificação de países europeus feita
pelo autor mantém-se válida, assim como grande parte da sua análise.
O original encontra-se em www.re-public.gr/en/?p=2408#more-2408
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