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Asunto: | NoticiasdelCeHu 153/12 - Brasil - Estudantes e pesquisadores contra transf ormação da USP em linha de produção de mestres e d outores | Fecha: | Jueves, 29 de Marzo, 2012 02:21:47 (-0300) | Autor: | Noticias del CeHu <noticias @..............org>
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NCeHu
153/12
Estudantes e pesquisadores contra
transformação da USP em linha de produção de mestres e doutores
Estudantes e pesquisadores da USP realizaram hoje
um ato em frente à Reitoria pedindo seis meses de diálogo na comunidade
acadêmica antes que o novo regimento da Pós-Graduação seja aprovado. As
alterações no Regimento prometem apressar a produção acadêmica - sendo que a USP
já é a universidade que mais produz doutores no mundo.
André Cristi e Caio Sarack
www.cartamaior.com.br
28/3/12
São Paulo - Enquanto o
Conselho Universitário (CO) da USP se reunia para discutir o novo regimento de
Pós-Graduação da instituição, estudantes e pesquisadores promoveram ato
contestando algumas das mudanças propostas pela Pró-Reitoria. Segundo eles, as
alterações no regimento só intensificam a pressão produtivista na
universidade.
Entre as mudanças, há a supressão do artigo que determinava
a gratuidade da Pós-Graduação pública e a redução do tempo para a qualificação
do projeto de pesquisa. O regimento de 2009 previa quatro anos para o
pesquisador concluir seu mestrado, sendo que a qualificação poderia ser feita em
pouco menos de dois anos e meio. O novo regimento prevê apenas 18 meses para a
qualificação do mestrado.
Segundo Fábio Luiz Franco, mestrando em
Filosofia, "essa redução torna o tempo para a qualificação de um mestrado muito
escasso, já que durante esse tempo, além da qualificação, precisa se concluir
três matérias. O tempo até o exame de qualificação ficou exiguo e, além disso, o
regimento exclui a possibilidade de requalificação." Sobre a supressão do artigo
referente à gratuidade da pós-graduação, Franco comentou: "Se essa supressão foi
feita por uma questão de estilo, por economia jurídica - já que o artigo que
proíbe a cobrança está na Constituição Federal - outros artigos deveriam ter
sido retirados e não foram".
A internacionalização da USP é o grande
objetivo das alterações propostas pela Reitoria, segundo declarações públicas da
Pró-Reitoria de Pós-Graduação. Através da adaptação de seu regimento à
Declaração de Bolonha (documento de 1999 que visava tornar semelhante o Ensino
Superior de toda a Europa, facilitando a circulação de estudantes). Os
pós-graduandos reunidos em assembleia publicaram uma carta aberta dizendo que a
internacionalização se dará sob risco de transformar a pós-graduação da
instituição numa anomalia dentro do sistema nacional de pós-graduação, ameaçando
ainda mais a possibilidade de concessão de bolsas.
“O projeto de
pós-graduação tem consequências muito mais amplas do que a Reitoria admite”,
afirmou Franco. “Internacionalizar a universidade e exigir a escrita acadêmica
em inglês interdita, por exemplo, a possibilidade de produção e vocabulário
científicos em português.” A qualidade de projetos acadêmicos na USP já é medida
por indicadores quantitativos, tais como a quantidade de bancas que contaram com
examinadores estrangeiros e o número de docentes que fizeram ao menos uma viagem
ao exterior.
A única modificação que parece unânime na comunidade uspiana
é a concessão da licença maternidade, reivindicada desde 2008. Sobre os vários
dissensos ligados ao regimento, os pesquisadores que convocaram o ato de hoje
entendem que a elaboração de uma proposta de alteração regimental como essa não
pode ser realizada sem a criação de espaços de debate e consulta que possam
garantir a ampla participação de estudantes e professores, em vários níveis,
desde grupos de trabalho abertos até as Comissões de Pós-Graduação de cada
unidade.
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