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Asunto: | NoticiasdelCeHu 119/12 - A guerra da tripla aliança contra um Estado sob erano (James Petras) | Fecha: | Domingo, 11 de Marzo, 2012 08:00:16 (-0300) | Autor: | Noticias del CeHu <noticias @..............org>
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NCeHu
119/12
A sangrenta estrada para Damasco: A guerra da tripla aliança contra um Estado soberano
11/3/12
Há uma clara e esmagadora evidência
de que o levantamento para o derrube do presidente Assad, da Síria, é uma
violenta tomada de poder conduzida por combatentes apoiados no estrangeiro que
mataram e feriram milhares de soldados, polícias e civis partidários do governo
sírio, bem como a sua oposição pacífica.
A indignação expressa por
políticos no Ocidente, em estados do golfo e nos mass media acerca da "matança
de pacíficos cidadãos sírios a protestarem contra a injustiça" é cinicamente
concebida para encobrir informações documentadas da tomada violenta de bairros,
aldeias e cidades por bandos armados, brandindo metralhadoras e colocando bombas
nas estradas.
O assalto à Síria é apoiado por fundos, armas e treino
estrangeiro. Devido à falta de apoio interno, contudo, para ter êxito, será
necessária intervenção militar directa estrangeira. Por esta razão foi montada
uma enorme campanha de propaganda e diplomática para demonizar o legítimo
governo sírio. O objectivo é impor um regime fantoche e fortalecer o controle
imperial do Ocidente no Médio Oriente. No curto prazo, isto destina-se a isolar
o Irão como preparativo para um ataque militar de Israel e dos EUA e, no longo
prazo, eliminar outro regime laico independente amigo da China e da Rússia.
A fim de mobilizar apoio mundial a esta tomada de poder financiada pelo
Ocidente, Israel e Estados do Golfo, vários truques de propaganda tem sido
utilizados para justificar mais uma flagrante violação da soberania de um país
após a destruição com êxito dos governos laicos do Iraque e da Líbia.
O contexto mais amplo: Agressão em série
A actual
campanha ocidental contra o regime independente de Assad na Síria faz parte de
uma série de ataques contra movimentos pró democracia e regimes independentes
que vão desde a África do Norte até o Golfo Pérsico. A resposta
imperial-militarista ao movimento egípcio para a democracia que derrubou a
ditadura Mubarak foi apoiar a tomada de poder da junta militar e a campanha
assassina para prender, torturas e assassinar mais de 10 mil manifestantes pró
democracia.
Confrontado com movimentos democráticos de massa semelhantes
no mundo árabe, ditadores autocrático do Golfo apoiados pelo Ocidente esmagaram
seus respectivos levantamentos no Bahrain, Yemen e Arábia Saudita. Os assaltos
estenderam-se ao governo laico da Líbia onde potências da NATO lançaram um
bombardeamento maciço por ar e mar a fim de apoiar bandos armados de
mercenários, destruindo assim a economia e a sociedade civil da Líbia. O
desencadeamento de gangster-mercenários armados levou à devastação da vida
urbana na Líbia, assim como das regiões rurais. As potências da NATO eliminaram
o regime laico do coronel Kadafi, que foi assassinado e mutilado pelos seus
mercenários. A NATO superintendeu a mutilação, aprisionamento, tortura e
eliminação de dezenas de milhares de apoiantes civis de Kadafi, assim como
funcionários do governo. A NATO apoiou o regime fantoche quando ele iniciou um
massacre sangrento de cidadãos líbios descendentes de africanos sub-saharianos
bem como imigrantes africanos sub-saharianos – grupos que beneficiaram de
generosos programas sociais de Kadafi. A política imperial de arruinar e dominar
na Líbia serve como "modelo" para a Síria: Criar as condições para um
levantamento em massa conduzido por fundamentalistas muçulmanos, financiados e
treinados por mercenários ocidentais e de estados do golfo.
A estrada
sangrenta de Damasco para Teerão
Segundo o Departamento de Estado,
"A estrada para Teerão passa através de Damasco": O objectivo estratégico da
NATO é destruir o principal aliado do Irão no Médio Oriente; para as monarquias
absolutistas do Golfo o objectivo é substituir uma republica laica por uma
ditadura vassalo teocrática; para o governo turco o objectivo é promover um
regime cordato aos ditames da versão de Ancara do capitalismo islâmico; para a
Al Qaeda e os seus aliados fundamentalistas Salafi e Wahabi, um regime
teocrático sunita, limpo de sírios laicos, alevis e cristãos servirá como
trampolim para projectar poder no mundo islâmico; e para Israel uma Síria divida
ensopada em sangue assegurará a sua hegemonia regional. Não foi sem uma
antevisão profética que o senador estado-unidense Joseph Lieberman, um
uber-sionista, dias após o ataque da "Al Qaeda" de 11 de Setembro de 2001,
pediu: "Primeiro devemos atacar o Irão, Iraque e Síria" antes mesmo de
considerar os autores reais do feito.
As forças anti-sírias armadas
reflectem uma variedade de perspectivas políticas conflitantes unidas apenas
pelo seu ódio comum ao regime nacionalista independente e leito que tem
governado a complexa e multi-étnica sociedade síria desde há décadas. A guerra
contra a Síria é a plataforma de lançamento de uma nova ressurgência do
militarismo ocidental a estender-se desde a África do Norte até o Golfo Pérsico,
sustentado por uma campanha de propaganda sistemática que proclama a missão
democrática, humanitária e "civilizadora" da NATO em prol do povo sírio.
A estrada para Damasco está pavimentada com mentiras
Uma
análise objectiva da composição política e social dos combatentes armados na
Síria refuta qualquer afirmação de que o levantamento é feito em busca da
democracia para o povo daquele país. Combatentes fundamentalistas autoritários
formam a espinha dorsal do levantamento. Os Estados do Golfo que financiam estes
bandidos brutais são eles próprios monarquias absolutistas. O Ocidente, depois
de ter impingido um brutal regime gangster sobre o povo da Líbia, não pode
apregoar "intervenção humanitária".
Os grupos armados infiltram cidades
e utilizam centros populosos como escudos a partir dos quis lançam seus ataques
à forças do governo. No processo eles expulsam milhares de cidadãos dos seus
lares, lojas e escritórios os quais utilizam como postos avançados. A destruição
do bairro de Baba Amr em Homs é um caso clássico de gangs armadas a utilizarem
civis como escudos e como matéria de propaganda na demonização do governo.
Estes mercenários armados não têm credibilidade nacional junto à massa
do povo sírio. Uma das suas principais centrais de propaganda está localizada no
coração de Londres, o chamado "Syrian Human Rights Observatory" onde, em
coordenação estreita com a inteligência britânica, despejam chocantes estórias
de atrocidades para estimular sentimentos a favor de uma intervenção da NATO. Os
reis e emires dos Estados do Golfo financiam estes combatentes. A Turquia
proporciona bases militares e controla o fluxo transfronteiriço de armas e os
movimentos dos líderes do chamado "Free Syrian Army". Os EUA, França e
Inglaterra proporcionam as armas , o treino e a cobertura diplomática,
jihadistas-fundamentalistas estrangeiros, incluindo combatentes Al Qaeda da
Líbia, Iraque e Afeganistão, entraram no conflito. Isto não é "guerra civil".
Isto é um conflito internacional contrapondo uma perversa tripla aliança de
imperialistas da NATO, déspotas de Estados do Golfo e fundamentalistas
muçulmanos contra um regime nacionalista independente e laico. A origem
estrangeira das armas, maquinaria de propaganda e combatentes mercenários revela
o sinistro carácter imperial e "multi-nacional" do conflito. Em última análise o
violento levantamento contra o estado sírio representa uma sistemática campanha
imperialista para derrubar um aliado do Irão, Rússia e China, mesmo ao custo de
destruir a economia e a sociedade civil síria, de fragmentar o país e
desencadear duradouras guerras sectárias de extermínio contra os Alevi e
minorias cristãs, bem como apoiantes laicos do governo.
As matanças e a
fuga em massa de refugiados não é o resultado de violência gratuita cometida por
um estado sírio sedento de sangue. As milícias apoiadas pelo ocidente capturaram
bairros pela força das armas, destruíram oleodutos, sabotaram transportes e
bombardearam edifícios do governo. No decorrer dos seus ataques eles
interromperam serviços básicos críticos para o povo sírio incluindo educação,
acesso a cuidados médicos, segurança, água, electricidade e transporte. Assim,
eles arcam com a maior parte da responsabilidade por este "desastre humanitário"
(do qual seus aliados imperiais e responsáveis da ONU culpam as forças armadas e
de segurança sírias). As forças de segurança sírias estão a combater para
preservar a independência nacional de um estado laico, ao passo que a oposição
armada comete violências por conta dos mestres estrangeiros que lhes pagam – em
Washington, Riyadh, Tel Aviv, Ancara e Londres.
Conclusões
O referendo do regime Assad no mês passado atraiu milhões de
eleitores sírios em desafio às ameaças imperialistas ocidentais e aos apelos
terroristas a um boicote. Isto indica claramente que uma maioria de sírios
prefere uma solução pacífica, negociada, e rejeita a violência mercenária. O
Syrian National Council apoiado pelo ocidente e o "Free Syrian Army" armado
pelos turcos e Estados do Golfo rejeitaram categoricamente apelos russos e
chineses para um diálogo aberto e negociações, os quais foram aceites pelo
regime Assad. A NATO e as ditaduras dos Estados do Golfo estão a pressionar seus
apaniguados a tentarem uma "mudança de regime" violenta, uma política que já
provocou a morte de milhares de sírios. As sanções económicas estado-unidenses e
europeias são concebidas para arruinar a economia síria, na expectativa de que a
privação aguda conduzirá uma população empobrecida para os braços dos seus
violentos apaniguados. Numa repetição do cenário líbio, a NATO propõe "libertar"
o povo sírio através da destruição da sua economia, sociedade civil e estado
laico.
Uma vitória militar ocidental na Síria simplesmente alimentará a
fúria crescente do militarismo. Encorajará o Ocidente, Ryiadh e Israel a
provocarem uma nova guerra civil no Líbano. Depois de demolir a Síria, o eixo
Washington-UE-Riyadh-Tel Aviv mover-se-á para uma confrontação muito mais
sangrenta com o Irão.
A horrenda destruição do Iraque, seguida pelo
colapso da Líbia do pós guerra, proporciona um terrífico modelo do que está
reservado para o povo da Síria. Um colapso precipitado dos seus padrões de vida,
a fragmentação do seu país, limpeza étnica, dominação de gangs sectárias e
fundamentalistas e insegurança total quanto à vida e propriedade.
Assim
como a "esquerda" e "progressistas" declararam o brutal ataque à Líbia ser a
"luta revolucionária de democratas insurgentes" e a seguir afastou-se, lavando
as mãos da sangrenta consequência de violência étnica contra líbios negros, eles
agora repetem os mesmos apelos à intervenção militar contra a Síria. Os mesmo
liberais, progressistas, socialistas e marxistas que estão a apelar ao Ocidente
para intervir na "crise humanitária" da Síria a partir dos seus cafés e
gabinetes em Manhattan e Paris, perderão todo interesse na orgia sangrenta dos
seus mercenários vitoriosos depois de Damasco, Alepo e outras cidades sírias
terem sido bombardeadas pela NATO até à submissão.
03/Março/2012
Ver também:
USAF Strategic Studies Group: Special
Operations Forces Are "Already on the Ground," Training the "Free Syrian
Army" , "Global Intelligence Files" da
WikiLeaks, Email-ID 1671459 de 07/Dez/2011
Síria: até onde o mundo se deixará
enganar?
SANA News Agency
[*] O seu livro mais recente é The Arab Revolt and the Imperialist
Counterattack (Clarity Press:Atlanta2012) 2ª edição.
O original
encontra-se em http://petras.lahaine.org/?p=1891
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