|
|
Mostrando mensaje 11537
|
|
< Anterior | Siguiente >
|
|
Asunto: | NoticiasdelCeHu 718/09 - UMA UNIVERSIDADE RICA. HARVARD COPIA WALL STREET ( Sam Pizzigati ) | Fecha: | Domingo, 29 de Noviembre, 2009 11:19:16 (-0300) | Autor: | Noticias del CeHu <noticias @..............org>
|
NCeHu
718/09
www.centrohumboldt.org
UMA UNIVERSIDADE RICA HARVARD COPIA WALL
STREET
A Universidade de Harvard é talvez o maior símbolo do
basbaquismo mundial perante a cultura norte-americana. Afinal, Harvard não
é o “lugar onde sóbrios estudiosos” reflectem “sobre os danos provocados pela
frenética especulação e sobre como podemos reparar todos estes malefícios”.
Bem pelo contrário, toda a sua pratica administrativa, soube-se agora, tem
sido uma cópia das más práticas especulativas de Wall Street. Só que como
não é uma entidade financeira não é objecto do resgat pelos dinheiros
públicos…
Sam
Pizzigati*
29.11.09
Os imprudentes investimentos feitos pela Universidade de
Harvard provocaram fez com que «os melhores e mais brilhantes da nossa
sociedade» pareçam altamente estúpidos. Quase tão estúpidos como um país que
consente que se continuem a concentrar formidáveis quantidades de
riqueza.
A selvática procura da riqueza pode destruir a economia e
corromper sociedades inteiras, tal e como o lembrou ao mundo a crise mundial
iniciada no Outono passado. Perante este despropósito, as grandes Universidades
deveriam ser, em teoria, úteis para travar estas práticas. Oferecer-nos um
refúgio às paixões do mercado. Um lugar onde sóbrios estudiosos pudessem
reflectir sobre os danos provocados pela frenética especulação e sobre como
podemos reparar todos estes malefícios.
Harvard, a maior Universidade
estadunidense, não se destacou nos últimos tempos por nos oferecer este tipo de
reflexões. Por que razão? Por terem estado nos últimos tempos demasiado ocupados
com a sua tentativa de se tornarem ricos.
Na tentativa de angariar um
maior património, harvard, a Universidade mai rica do mundo, viu-se cair numa
débacle financeira custou o posto de trabalho a centenas de empregados, a
congelação do salário de muitos outros, e deixou no campus a meio
inúmeros projectos de desenvolvimento.
«Os investidores de Harvard
fizeram os mesmos jogos que os grandes bancos», disse o historiador David
Kaiser, em ex-aluno de Harvard. «A única diferençaé que Harvard não é um
candidato idóneo para um resgate financeiro».
Kaiser e outros antigos
alunos de Harvard do curso de 1969 há muito são críticos das práticas de
investimento desta Universidade. Há seis anos inteiraram-se que os responsáveis
do Empresa de Administração de Harvard, a entidade encarregue de gerir os seus
investimentos, estava a utilizar os fundos da Universidade em investimentos em
títulos ao mais puro estilo de Wall Street.
Em 2002, só seis destes
gestores de investimentos embolsaram em conjunto um total de 107,5 milhões de
dólares.
Para se apropriarem destes milhões, os seus gerentes financeiros
investiram a dotação da Universidade em exóticos «derivados» que prometam altos
rendimentos de dois dígitos anuais. Quanto mais elevados eram os lucros, maiores
eram as recompensas para os gestores dos investimentos, e maior era o incentivo
para continuarem a reinvestir em fundos e títulos estatais.
Mas os riscos
que se assumiram foram além do orçamento atribuído paar os investimentos.
Harvard utilizou fundos do orçamento geral de funcionamento da Universidade para
os mesmos investimentos de risco. Com estas decisões, como sublinhou o Bóston
Globe, violaram «uma das mais elementares regras da economia familiar ou
financeiras: não utilizes o dinheiro que necessitas para pagar as contas do teu
dia-a-dia».
E o que é que faziam os directores de Harvard enquanto tudo
isto acontecia? Olhavam para o lado. Em Maio de 2002, uma empregada da Empresa
de Administração de Harvard escreveu uma carta confidencial ao Presidente da
Universidade, Lawrence Summers, informando-o dos riscos excessivos que se
estavam a assumir. Nada mudou. Dois meses mais tarde, foi despedida por fazer
«acusações infundadas».
Summers, uma figura polémica por mérito próprio,
deixou Harvard em 2006 e voltou à carreira pública em Novembro do ano passado
como Director do Conselho Económico Nacional da nova administração
Obama.
Nessa altura, o sector financeiro global já tinha caído. Em função
dessa queda, o orçamento da Universidade de Harvard que atingiu um montante de
26.900 milhões de dólares há dois anos, atingia perdas de quase 11.000 milhões
de dólares em apenas um ano. O fundo geral de funcionamento de Harvard perdeu
mais 1.800 milhões de dólares.
As más notícias não terminam aqui. No
princípio deste mês soubemos que os administradores de Harvard ocultaram 500
milhões de dólares na declaração fiscal da Universidade relativa ao ano passado.
Tinham-nos colocado em importantes bancos de Wall Street para cobrir uma
«falhada aposta na subida das taxas de juro».
Os antigos alunos do curso
de 1969 comentaram em relação ao Comité Especial de Dotação de Harvard, que se
tinha dado resposta a algumas das queixas que tinham expressado ao longo do
tempo. Por exemplo, há vários anos aumentaram significativamente as bolsas dos
estudantes. No entanto, declaram, continuam a recusar «reconhecer os erros
fundamentais que cometeram».
Os antigos alunos querem que a Universidade
limite os proventos dos gestores de investimentos.
«Continuamos a
pensar», diziam numa carta recente ao presidente de Harvard, Drew Faust, «que
nenhum empregado da Universidade deveria ganhar mais por ano que o presidente da
instituição e que o facto de se atribuírem títulos de vários milhões de dólares
é inadequado numa instituição sem fins lucrativos».
As críticas dos
antigos alunos de Harvard também exigem saber a quantidade de dinheiro da
Universidade que foi parar às mãos das empresas de investimento externo. Nos
últimos dois anos, elas geriram dois terços dos investimentos do fundo de
dotação da Universidade.
Os gestores de investimentos costumam cobrar uma
comissão fixa anual de 2% anuais sobre o investimento realizado, mais 20% dos
lucros que se obtenham em função da compre e venda de
activos.
Absolutamente «ninguém», continua a carta dirigida ao Presidente
de Harvard, «deve receber tais compensações por gerir fundos de uma organização
sem finalidade de lucro».
O mal-estar dos antigos alunos vai mais além, e
exige uma mudança mais profunda. Pedem que Harvard comece a actuar da forma
expectável numa grande universidade.
Os imprudentes investimentos de
Harvard e o custo social que implicaram, dizem, são o espelho «das práticas que
durante o mesmo período provocaram a bancarrota da maioria das nossas
instituições financeiras, com enormes custos a curto, médio e longo prazo para
os Estados Unidos e a economia mundial».
«Sem dúvida nenhuma, Havard»,
sublinham, «saberá encontrar o capital intelectual, moral e financeiro para
fazer face a estes últimos acontecimentos e iniciar um debate público sobre as
debilidades das práticas financeiras realizadas, não para o bem da instituição,
mas especialmente para ajudar a sociedade que Harvard serve».
Por fim. O
fiasco financeiro de Harvard deixa a nu que as manobras financeiras na dotação
da Universidade e as recompensas e prémios dados aos gerentes de investimentos
dos fundos não contribuem para a excelência académica. Subvertem-na.
De
facto, o impressionante crescimento do orçamento de Harvard (passou de 4.700
milhões em 1990 para 36.900 milhões em 2007 de dólares em 2007) teve lugar ao
longo de anos que testemunharam a deterioração generalizada de educação superior
nos Estados Unidos.
Os colégios e Universidades públicas que oferecem a
maior parte da educação superior estadunidense, foram reduzindo os seus serviços
académicos e aumentando o custo das propinas, colocando a educação superior fora
do alcance da maioria das famílias de trabalhadores. Em boa parte, tudo isto
aconteceu devido à imposição de baixa de impostos de que beneficiaram os
norte-americanos mais ricos. Eles fazem enormes doações às Universidades
elitistas que os educaram, mas ajudam a reduzir o apoio estatal ao orçamento da
educação superior.
O custo médio por ano de propinas numa universidade
pública, segundo informou o Conselho Educativo em princípios deste mês atingiu a
média de 15.213 dólares. Esta quantia deve multiplicar-se por quatro paar
compreender o custo total da obtenção de educação superior nos Estados
Unidos.
«O nível de endividamento que exigimos aos estudantes», diz
Patrick Callan do Centro Nacional de Políticas Públicas e Educação Superior, «é
insustentável».
Lição de tudo isto? Tanto no mundo académico como na
sociedade em geral, como afirmou o erudito Sir Francis Bacon há mais de quatro
séculos, o dinheiro – como o esterco – só é quando se espalha.
*
Sam Pizzigati é director de Too Much, uma publicação semanal digital sobre
excessos e desigualdades.
Este texto foi publicado em www.sinpermiso.info em 15 de Novembro de
2009
Tradução de José Paulo Gascão
|

|
|