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Asunto: | NoticiasdelCeHu 8/09 - Fim da era Bush e eleição em Israel: uma das fa ces obscenas do massacre ( Michael Warschawski ) | Fecha: | Viernes, 2 de Enero, 2009 00:42:19 (-0300) | Autor: | Noticias del CeHu <ncehu @..................ar>
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NCeHu 8/09
www.centrohumboldt.org.ar
TRAGÉDIA EM GAZA
Fim da era Bush e eleição em
Israel: uma das faces obscenas do massacre
O ataque a Gaza é uma tentativa de última hora de mudar as
relações de forças no Médio Oriente, antes do fim da era Bush, nos EUA. E tem
uma dimensão obscena: as centenas de vítimas dos bombardeios são vítimas
colaterais da campanha eleitoral em Israel.Para aumentar o seu apoio popular
antes das eleições, todos os líderes israelenses estão competindo para ver quem
é o mais duro e quem está disposto a matar mais. A análise é de Michael
Warschawski.
Michael
Warschawski, Centro de Informação Alternativa (*)
"A morte de uma única vítima israelense justifica o
assassinato de centenas de palestinos. Uma vida israelense vale uma centena de
vidas palestinas. É isto que o Estado de Israel e os meios de comunicãção
mundiais mais ou menos descuidadamente repetem, com questionamentos marginais. E
esta alegação, que acompanhou e justificou a mais longa ocupação de territórios
estrangeiros da história do século XX, é visceralmente racista. Que o povo judeu
aceite isto, que o mundo concorde, que os palestinnos se submetam - esta é uma
história de piadas irônicas. Ninguém acha graça..." John Berger
Enquanto o mundo inteiro está em choque diante das terríveis imagens
emitidas de Gaza, a opinião pública israelense apóia maciçamente a sangrenta
ofensiva de Barak-Olmert. Isto inclui o Meretz, a oposição de esquerda
parlamentar. Apesar de ter manifestado preocupação pelas mortes de civis, o
líder do Meretz, Haim Oron, numa entrevista à televisão israelense, aderiu aos
argumentos da propaganda oficial, responsabilizando o Hamas pelo banho de
sangue. Um discurso mistificador como este está sendo copiado pela maioria dos
líderes do mundo ocidental, com o Ministro dos Negócios Estrangeiros de França
superando até a Secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice. Vamos colocar os
fatos em sua devida ordem:
Gaza está sendo alvejada pelo exército
israelense desde a vitória do Hamas, e o cerco imposto sobre mais de 1,5 milhão
de civis - por Israel, mas também pela chamada comunidade internacional - é em
si um aco de violência e um crime de guerra;
O ataque israelense é uma
agressão planeada: de acordo com as notícias vindas de Israel, Ehud Barak
planeou o ataque a Gaza já em agosto;
Os foguetes lançados sobre cidades
de Israel foram uma retaliação a agressões militares israelitas anteriores, e
não foram lançados pelo Hamas, mas sim pela pequena organização Jihad Islâmica;
O ataque a Gaza é parte integral da guerra santa neo-conservadora contra
o mundo islâmico, e a administração neo-conservadora cessante dos EUA, assim
como o Egipto e outros regimes reaccionários árabes, instaram as autoridades
israelenses a desencadear a ofensiva antes de Obama entrar na Casa Branca;
A intenção declarada de Barack Obama de abrir conversações com a
República Islâmica do Irã é uma das principais preocupações das administrações
cessantes em Tel Aviv e Washington, e a ofensiva contra Gaza é uma tentativa de
provocar uma reação iraniana que permita a retaliação israelense e dos EUA. Nos
últimos dias, o vice-ministro da Defesa israelense, Ephraim Sneh, bem conhecido
pela sua obsessão anti-iraniana, vinculou sistematicamente os foguetes do Hamas
(sic) ao Irã, sem, evidentemente, apresentar quaisquer provas.
Esta
estratégia geral, baseada na mistificação do "choque de civilizações" e na
guerra global contra o Islã, é partilhada por todos os partidos políticos
sionistas de Israel e explica o apoio do Meretz à actual agressão.
Apesar de não ser de esperar uma mudança rápida da política
norte-americana no Ocidente asiático, os líderes israelitas e os seus
patrocinadores neo-cons em Washington estão preocupados pela mudança na
administração norte-americana, e temem que uma nova estratégia possa quebrar a
guerra global "preventiva". O ataque a Gaza é uma tentativa de última hora de
mudar as relações de forças no Médio Oriente, antes do fim da era
neo-conservadora.
E, antes de concluir, não esqueçamos a dimensão
obscena: as centenas de vítimas dos bombardeios sobre Gaza são vítimas
colaterais da campanha eleitoral israelense. Para aumentar o seu apoio popular
antes das eleições, todos os líderes israelenses estão competindo para ver quem
é o mais duro e quem está disposto a matar mais. Ehud Barak, contudo, tem uma
memória muito curta, e Shimon Peres pode recordar-lhe que este cálculo cínico
não é necessariamente o melhor: o massacre de Qana, que, supostamente, deu a
vitória a Shimon Peres, teve como consequência que centenas de milhares de
cidadãos palestinos virassem as costas ao Partido Trabalhista.
Apesar da
sua brutalidade, contudo, Ehud Barak permanece um dos mais populares líderes na
arena israelense, e os milhares de manifestantes que saíram às ruas ontem, quase
sem convocação, protestando contra o massacre, podem indicar que todos os que
estão por trás dele, incluindo o Meretz, não vão receber os seus votos. É
previsível que o repúdio internacional e o relativamente amplo sentimento
anti-guerra entre os eleitores force o Meretz, uma vez mais, a mudar de posição.
Deviam, porém, lembrar-se da antiga verdade que os eleitores preferem sempre o
original: quando o Meretz sanciona a estratégia de guerra e as mentiras de
Netanyahu, os eleitores vão preferir votar em Netanyahu em vez de na sua pálida
e sensaborona cópia.
(*) Ativista de esquerda
israelense, diretor do Centro de Informação Alternativa de
Jerusalém.
Tradução de Luís Leiria - Esquerda.Net
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