SHOPPING
CENTERS E CONDOMÍNIOS FECHADOS:
RELAÇÕES ENTRE OS DOIS MODELOS DE EMPREENDIMENTOS NAS
CIDADES
Luiz Henrique Mateus
Lima
Mestrando no programa de Pós-Graduação em
Geografia
UNESP - Presidente Prudente (SP) –
Brasil
Surgindo no Brasil entre as décadas de 1960 (Shopping Center) e
1970 (Condomínio Fechado), esses empreendimentos se tornaram comuns em cidades
brasileiras, representando uma forma de afastamento das classes que dispõem de
um poder aquisitivo maior visando manter distância dos “indesejados”, ou seja,
das classes que vivem de uma renda inferior e com isso não tem condições de
consumir (no caso do shopping) ou viver (no caso dos condomínios fechados) em
empreendimentos com estrutura semelhante. Esses ambientes cercados por muros e
constantemente vigiados por seguranças treinados ou por câmeras passam a
sensação de segurança que as pessoas necessitam dia a dia, e isso resulta da
exclusão dos desprivilegiados, a quem eles consideram como perigosos para o
convívio. As incorporadoras utilizam o solo urbano para a implantação de
empreendimentos fechados cujo objetivo é evitar, tanto quanto possível, o que
acontece do lado de fora, na “cidade insegura”, e para isso não medem esforços,
ou seja, empregam estratégias de separação em relação aos espaços da pobreza e a
evitação, sempre que possível, dos espaços públicos. Uma forma cada vez mais
generalizada de promover o “escapismo das elites” é, portanto, através dos
condomínios fechados, vistos como locais seguros – as próprias incorporadores
fazem questão de destacar isso – onde existe segurança e vigilância 24 horas.
Locais destinados ao lazer e, principalmente, onde a vizinhança é homogênea, ou
seja, o morador ali vive entre semelhantes.
Para Padilha (2006, p. 30), um “shopping center constitui-se, na
sociedade capitalista, num espaço privado de consumo individual que oferece
estrategicamente o lazer como atrativo importante”. No Brasil, os shopping
centers seguiram o padrão norte-americano, sendo utilizados como uma referência
estrangeira para a imagem de inovação (PADILHA, 2006). Nos Estados Unidos, os
shopping centers tem suas origens no período pós-guerra, quando estava em
evidência um crescimento econômico. É importante levar em conta as diferenças
entre EUA e Brasil, já que, embora a influência tenha que ser considerada, lá
eles foram implantados em subúrbios, buscando atender as necessidades desses
espaços residenciais, com importância muito menor dada à segurança. Por outro
lado, no Brasil especificamente, os shopping centers costumam ser locais
privados de lazer destinado às classes mais privilegiadas da população, local em
que essas classes encontram a segurança que eles não encontram em ambientes
públicos.
Esta ponencia será expuesta durante el
XVI Encuentro Internacional Humboldt, a desarrollarse entre los días 06
y 10 de octubre próximos en San Carlos de Bariloche, provincia de Río
Negro, Argentina.