INVESTIGAÇÃO DAS IDEOLOGIAS GEOGRÁFICAS
NA FORMAÇÃO DO OESTE
CATARINENSE, BRASIL
Cristina de Moraes
– doutoranda do Programa de
Pós-Graduação em Geografia
UNESP – Rio Claro (SP) –
Brasil
Resumo: A
pesquisa apresentada refere-se à trabalho de doutoramento, no qual a proposta é
estudar como os valores sociais coletivos predominantes no contexto nacional,
influenciaram na formação do Oeste catarinense, considerando sua relação com a
formação territorial do Brasil no período de 1800 (a período de aplicação de
políticas territoriais relacionadas ao domínio do território em áreas de
fronteiras) até 1950 (momento em que as colônias de migração apresentam
considerável êxito). É válido salientar que uma contextualização temporal deste
período encontrará uma sociedade imersa nas permutas advindas da transição do
sistema escravocrata ao capitalismo e transição do sistema político
governamental, que paulatinamente afetava as relações econômicas, sociais,
políticas e culturais configurando o território a partir da coadunação de
propósitos hegemônicos.
Simultaneamente, uma pressão intelectual e política para construir a
nação, impondo valores que inculcavam um futuro a ser construído, que define
tanto o contexto a ser chegado, como os agentes (imigrante europeu e o
fazendeiro de café, por exemplo), e caminhos aptos para isto, impondo valores de
atraso e moderno à realidades distintas que configuravam o Brasil. Refere-se
aqui aos valores construídos em relação às áreas interioranas brasileiras,
compreendidas como sertões, cuja noção simbólica impossibilitava qualquer
apreensão que não o tomasse como pejorativo, visão na qual a conquista pela
modernidade destes espaços era uma necessidade extrema. Esta confluência de
valores, de moderno e de atraso são elementos importantes para compreender as
configurações territoriais do estado de Santa Catarina, sobretudo na região
Oeste, evidenciando conflitos e estratégias políticas que adquiram endosso
também em medidas políticas institucionalizadas (como leis de privatização de
terras e colonização). Estes conjuntos de valores, por conseguir orientar
configurações territoriais podem ser compreendidos como ideologias geográficas
(MORAES, 1981). Para desenvolver a pesquisa adota-se como postura metodológica e
de investigação a Geografia Histórica pois permite um trabalho que considera os fatos na
sua processualidade - a formação dos mesmos, evitando um
empirismo historiográfico. Como procedimento metodológico é destacado a
importância de consulta aos meios de comunicação que disseminaram valores e
contribuíram para reforçar visões; documentos históricos que relatam as
impressões ou orientam ações também constituem- se em materiais interessantes
para a pesquisa. Paralelamente, a consulta a referencial teórico e temático
corresponde a procedimentos importantes. O arcabouço teórico para compreensão da
relação dar-se-á através das contribuições de proposições que abordam sobre a
função das ideologias geográficas na apropriação espacial e formação territorial
do Brasil (Moraes, 1981; 2002),
sobre ideologia (Chauí, 2000;
2003), sobre a formação do Estado enquanto entidade política vinculada com a
burguesia (Fernandes, 1981 e
Escolar, 1996) e por fim,
contribuições sobre a invenção de tradições no advento das nações e
nacionalismos (Hobsbawn, 1980 e
Hobsbawn; Ranger, 1997; ANDERSON, 2008).
Esta ponencia será expuesta durante el XVI
Encuentro Internacional Humboldt, a desarrollarse entre los días 06
y 10 de octubre próximos en San Carlos de Bariloche, provincia de Río
Negro, Argentina.