A CRISE, A
CIDADE, O URBANO E A TERCEIRA MARGEM:
PONTOS DE
CISALHAMENTO E EVASÃO DO CONTEMPORÂNEO
Doutorando Gilvan Charles Cerqueira de
Araújo
Universidade Estadual Paulista – Campus Rio
Claro
Rio Claro, São Paulo
(Brasil)
Mestrando Nathan Belcavello de
Oliveira
Universidade de Brasília / Ministério das Cidades
/ Centro Humboldt
Brasília, Distrito Federal
(Brasil)
O mundo contemporâneo está na berlinda de intensas e complexas
teorias analíticas sobre nuanças, fenômenos e situações ocorridas em seu cerne.
Destas propostas de visão do mundo atual, há propostas que procuram cobrir a
questão da aceleração do tempo e encurtamento dos espaços (HARVEY, 2004); a
elaboração de novos paradigmas epistemológicos que abarquem o cerne dos
fenômenos da sociedade contemporânea (COSTA; SUZUKI, 2012); ou a proposição de
renovadas esteiras de compreensão sobre nosso mundo, na emergência de um novo
paradigma social, político, econômico e cultural (SOUSA SANTOS, 2005). Em geral
o que estas colocações têm em comum é a unicidade discursiva da ocorrência de um
momento de transição, uma fresta cisalhada por um feixe diversificado de
situações, de vetores, de atores e de agentes que, juntos, compõem um quadro de
ruptura ou, como comumente mais se identifica, de crise, conceito tão antigo
quanto sua aplicação nos mais diversos meios e
circunstâncias.
Isto significa dizer que, nas diferentes áreas do conhecimento e
da vivência, assistimos a uma profusão de postulados que procuram abranger, cada
qual a seu modo e por meio de suas explanações, as dissidências desta crise
central. Ou seja, vemos tal preocupação com o atual momento em relação à
Educação, à Economia, às Comunicações, à Política, ao capitalismo especulativo,
entre outras áreas.
No caso da Geografia, ou melhor, do pensamento geográfico, é
possível vislumbrar esta chegada de preocupação com o momento de transformações
da contemporaneidade em relação aos estudos concebidos desde a Geografia Urbana.
Neste ponto se enquadram diferentes autores que trouxeram para o debate a cidade
e o urbano, ambos inseridos no entendimento de estarem em um momento de ampla
transição de configuração, formas, processos e características, são eles: Wolf
von Eckardt (1975), Ermínia Maricato (2001), Aldo Paviani (2010), David Harvey
(1980), Ana Fani A. Carlos (2004), entre outros.
Para o desenvolvimento de nossas análises foram elaboradas
repartições visando melhor expor as ideias e argumentos que compõem o seu âmago
temático. Desta maneira, inicia-se a exposição com o debate sobre a crise
propriamente dita, o entendimento deste termo desde o seu fundo etimológico até
sua aplicação pelo pensamento filosófico, científico e político, salientando seu
uso pela Geografia. Após esta primeira etapa, traz-se para a discussão a cidade
e o urbano, com algumas das teorias que os inserem no contexto de crise atual,
buscando compreendê-la, principalmente no Brasil. Por fim, analisar a crise no
âmbito da cidade e do urbano, com foco nos discursos e nas ações, ou seja,
teoria e prática, que buscam entendê-la e se apresentam como críticas
apocalípticas; proposições mitigadoras, que visam dar solução às consequências
momentâneas, sem modificar suas causas; proposições utópicas, ou seus simulacros
aplicados, que se baseiam em ideais; ou aquilo que denominamos como terceira
margem, as possiblidades de superação da crise pela união dos seus
extremos.