Que natureza constrói a práxis social?
Uma análise das concepções de natureza de
diferentes atores em Gravatá-PE
MSc. Mariana Rabêlo
Valença
Universidade Federal de
Pernambuco
Secretaria de Educação de
Pernambuco
Recife,
Brasil
Para Marx, natureza e sociedade não podem ser
pensados separadamente. O intercâmbio orgânico é a relação entre o homem social
e a natureza, ou seja, o trabalho que humaniza o homem e o distingue das outras
formas de vida, mas sem deixar de ser natureza. O homem transforma a natureza e
a natureza o transforma numa relação dialética.
A natureza é evocada em diferentes contextos e
entendimentos, em especial no atual debate sobre os limites da sustentabilidade.
Daí a necessidade de refletir sobre como as pessoas entendem a
natureza.
Este trabalho teve por objetivo analisar as
concepções de natureza que constroem a práxis social dos diferentes atores
(população local, população flutuante e turistas) que configuram o território do
município de Gravatá-PE.
Analisamos um município cujo sítio geográfico
favorece as atividades turísticas, especialmente de segunda residência, e nas
quais algumas pessoas realizam o seu trabalho nessa sociedade de classes, em
função dos atrativos naturais, que ganham destaque nos anúncios que vendem o
turismo local.
Nossa intenção foi identificar as ideias, valores, que orientam as
atitudes e as práticas sociais dos diferentes grupos. O estudo traz elementos
concretos e subjetivos que compõem as representações, identificados através de
aplicação e análise da técnica de associação livre de palavras e de entrevista.
A associação livre foi analisada manualmente, enquanto que o conteúdo das
entrevistas contou com a ajuda do software ALCESTE.
Nosso objeto de estudo delineia-se na relação e
diálogo entre diferentes segmentos e grupos sociais na compreensão das
concepções de natureza – que se apresentam às ações concretas da produção do
espaço –, que são construídas e reconstruídas pelo imaginário social e permeiam
os diversos discursos. Essa perspectiva vai ao encontro da utilização de
enfoques interdisciplinares, dado o diálogo entre as diferentes áreas do
conhecimento científico (Geografia, História, Filosofia, Sociologia, Urbanismo) e
diferentes saberes (conhecimento científico e senso
comum).
Para dar sustentação teórica, foram discutidos a concepção de
natureza sob uma perspectiva marxista, bem como o método materialista histórico
e dialético; a mercantilização da natureza; e a natureza como estética da
mercadoria; na busca pela compreensão de como a natureza é apropriada pelo
trabalho social como condição à construção e desenvolvimento da história
social.
Pode-se perceber, que existe o predomínio de uma
visão naturalista, que não inclui os homens e nem os objetos socialmente
produzidos, podendo justificar um descaso, uma vez que a natureza natural, como
se espera, já não é tão presente assim nas relações do cotidiano. Além disso,
fica evidente a mercantilização da natureza, sobretudo, para o
turismo.
Esta ponencia será expuesta en el XV
Encuentro Internacional Humboldt a desarrollarse entre los días 09
y 13 de setiembre próximos en la Ciudad de México, México.