o alimento como pratrimônio (I)material e FATOR de organização
social
Doutorando João Batista Villas Boas
Simoncini
Universidade Federal
de Santa Maria
Santa Maria, Rio
Grande do Sul, Brasil
Dr. Cesar De
David
Universidade Federal
de Santa Maria
Santa Maria, Rio
Grande do Sul, Brasil
Este artigo tem como premissa compreender o alimento tanto em sua
dimensão (i)material e como um dos fatores de organização social. Pretende-se,
ainda, sinalizar as novas formas de produção alimentar de base agroecológica.
Busca-se o entendimento do que é realmente alimento para a
sociedade, bem como as suas contribuições econômicas, sociais e culturais. Para
tanto, nesta análise e compreensão há espaço para interlocuções com a
antropologia, sociologia, geografia, história, agroecologia, economia,
gastronomia e diversas áreas do conhecimento.
É importante salientar o significado dos alimentos, não somente na
perspectiva material (econômica), mas também na perspectiva social, cultural e
nutricional, tornando-se necessário, abordar seu valor qualitativo e simbólico,
vinculado ao conceito de cultura.
Ao entender o conceito de cultura pode-se afirmar que a
agricultura (produção, beneficiamento e consumo alimentar) vai muito além do
sentido empregado na atualidade, restrito ao econômico (agronegócio). A
agricultura pode e deve ser tratada sob outros aspectos, entre os quais merecem
destaque o simbólico/cultural, o ambiental (modos de produção alternativos), o
social, a saúde humana (segurança alimentar) e a sustentabilidade do
planeta.
Os alimentos contribuem para a reflexão em torno do ainda
negligenciado conceito de agricultura e das três obrigações do circuito
da Dádiva (dar, receber e retribuir), gerando
confiabilidade e solidariedade. Na atual realidade do campo brasileiro o que se
tem visto é o oposto, a própria mudança de nomes de agricultura para
agronegócio, indica onde está a raiz do problema. Entretanto, percebe-se
ganhos com a inserção da agricultura alternativa. Estes ganhos podem ser
socioeconômicos (qualidade dos alimentos: ganho nutricional) como ambientais
(melhoria e recuperação do solo, dos recursos hídricos, da fauna e flora e
principalmente da distribuição de renda).
A produção artesanal do queijo Canastra em Minas Gerais serve de
exemplo para materializar a discussão do alimento em sua dimensão (i)material e
como um dos elementos de organização social, pois desenvolve-se na perspectiva
da valorização dos saberes tradicionais, da natureza e das relações familiares e
comunitárias.