A ORGANIZAÇÃO DA PRODUÇÃO SOJÍFERA E SUCROALCOOLEIRA NO
BRASIL
Profa. Dra. Marta da Silveira
Luedemann
IGDEMA/Universidade Federal de
Alagoas
Maceió – Alagoas –
Brasil
A presente pesquisa busca avaliar as transformações
ocorridas no espaço agrário brasileiro a partir da modernização e expansão da
produção sojífera e sucroalcooleira. Também procura verificar a inserção do
capital estrangeiro na agroindústria brasileira, nos dois segmentos nos últimos
30 anos.
A sojicultura e a sucrocultura representam as maiores
áreas agrícolas do Brasil e os maiores índices de produção além de estar
associado à segmentos importantes da agroindústria, na elaboração de produtos
alimentares, energéticos, agrícolas e industriais. Entre 1970 e 2006, a
cana-de-açúcar ocupou 4 milhões de hectares, saltando de 1,7 para 5,7 milhões de
hectares; enquanto a produção sojífera passou a ocupar, em consórcio com a
milhicultura, 2,2 milhões para 17,9 milhões de hectares no mesmo período. A
produção brasileira nesses setores inovou tecnologicamente na cadeia produtiva
agrícola e industrial, inicialmente concentrando capitais
domésticos.
Historicamente, a produção sucroalcooleira concentrou-se
na região nordeste e apenas na metade do século XX foi superada pela moderna
agricultura do sudeste do País. Por sua vez, a soja mantinha-se cativa das
condições edafo-climáticas das áreas temperadas do sul, tradicional região
produtora de grãos.
Contudo, foi a partir dos anos 1970, que os planos
nacionais de desenvolvimento promoveram políticas de substituição de importações
(principalmente petróleo) e de diversificação das exportações. No setor
agrícola, estas políticas incidiram na ampliação da escala de produção,
alterando a organização espacial da produção, com a inclusão de novas terras,
antes ociosas ao capitalismo. A produção de cana-de-açúcar para a fabricação
açúcar e álcool combustível e de soja para a exportação, tornaram-se importantes
produtos destinados à conversão da balança comercial do País em superavitária.
Integradas ao planejamento estatal, a organização da produção agrícola e a
inovação tecnológica de cultivares garantiram a reestruturação da produção
sucroalcooleira no nordeste e a implantação da moderna agricultura no
centro-oeste brasileiro, com a incorporação de terras planas de tabuleiros e
chapadas, apropriadas para a mecanização. A EMBRAPA rompe as limitações
climáticas da soja e desenvolve a primeira cultivar em solos tropicais,
garantindo a fixação definitiva de contingentes populacionais que virão
rapidamente constituir nova rede urbana no planalto central brasileiro. Na
cadeia de produção, a agroindústria brasileira apoiada pelos grandes
investimentos públicos no setor de bens de produção, pode então, acompanhar as
transformações do setor, inclusive ampliando em escala e escopo.
Nos anos 1990, as políticas neoliberais promoveram fortes
transformações na economia brasileira e consequentemente na organização espacial
da produção. A desregulação da economia associada a abertura comercial e a
valorização do câmbio incidiram na quebra de várias empresas seja de capital
bancário, industrial, comercial ou agrícola. O processo promoveu um grande
movimento de desnacionalização da economia formando um forte oligopsônio no
esmagamento e comércio de soja. A desnacionalização do complexo sucroalcooleiro
vem ocorrendo mais lentamente, se aprofundando na região sudeste onde a natureza
e a infraestrutura da renda da terra atrai grandes investimentos externos de
várias partes do mundo.
Os impactos da abertura comercial e da
internacionalização da cadeia de produção sojífera e sucroalcooleira é objeto de
pesquisa nas regiões sudeste, centro-oeste e nordeste do
Brasil.
Esta ponencia será expuesta en el XV
Encuentro Internacional Humboldt a desarrollarse entre los días 09
y 13 de setiembre próximos en la Ciudad de México, México.