A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS E (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR NO
BRASIL
João Batista Villas Boas
Simoncini
Rodrigo Faria Mattos
RESUMO
Este artigo tem como objetivo demonstrar como a
produção de alimentos básicos que compõem a mesa do brasileiro tem sido relegada
a um segundo plano e como a monocultura da cana-de-açúcar, café, soja, milho,
fumo, eucalipto etc., tem sido priorizada pelo Estado, no que tange à economia
do país. Esse desequilíbrio, estabelecido histórico e espacialmente por uma base
macro-econômica, contribuiu para a configuração de um cenário socioeconômico,
que se materializa na concentração de terra e renda, gerando problemas
estruturais, tais como: perda da soberania alimentar e da segurança
alimentar.
Palavras
chaves: Segurança
e insegurança alimentar; produção de alimentos.
ABSTRACT
This article aims to
demonstrate how the production of basics foods that make up the
Brazilian’s table has been
relegated to the
background and as a monoculture, of cane sugar, coffee, soybeans, corn, tobacco, eucalyptus, etc., has been prioritized by the
State regarding the country's
economy. This unbalanced
established historical and
spatially by the macro-economic base has contributed to the setting of
an economic scenario that materializes in the concentration of land and income, creating structural problems such as loss of food
sovereignty and food
security.
Keywords: Food security
and insecurity; food production.
1.
A QUESTÃO
DA TERRA E A PRODUÇÃO DE ALIMENTOS NO BRASIL
[...] No seu conjunto, e vista no plano mundial e
internacional, a colonização dos trópicos toma o aspecto de uma vasta empresa
comercial, mais complexa que a antiga feitoria, mas sempre com o mesmo caráter
que ela, destinada a explorar os recursos naturais de um território virgem em
proveito do comércio europeu. É este o verdadeiro sentido da colonização
tropical, de que o Brasil é uma das resultantes; e ele explicará os elementos
fundamentais, tanto no social como no econômico, da formação e evolução
histórica dos trópicos americanos. Se vamos à essência da nossa formação,
veremos que na realidade nos constituímos para fornecer açúcar, tabaco, alguns
outros gêneros; mais tarde, ouro e diamante; depois algodão e, em seguida, café
para o comércio europeu. Nada mais que isso. É com tal objetivo, objetivo
exterior, voltado para fora do país e sem atenção a considerações que não fossem
o interesse daquele comércio, que organizarão a sociedade e a economia
brasileiras.
Caio Prado Júnior. 2008,
p.23.
Histórica e espacialmente a economia brasileira
desenvolveu-se tendo como base a exploração do solo e a retirada dos recursos
naturais. Como pilares desta economia estão as grandes propriedades de terras e
a monocultura da cana-de-açúcar, do café, ou qualquer outra atividade, conforme
elucida Caio Prado Júnior.
Desde o período colonial e imperial que os
produtos primários voltados para o mercado externo têm uma “relevância”
econômica e política, faziam parte da economia colonial e ainda fazem parte da
política econômica brasileira, porém, socialmente essa priorização trouxe
consigo desequilíbrios e problemas como concentração de terra, renda, e o
problema da fome, seja essa
“total” ou mesmo “parcial”. Isso não é diferente na atualidade, pois tem como
arcabouço a tão aclamada palavra: desenvolvimento. Apesar desta palavra ter uma
forte conotação, explica Celso Furtado (2003, p.148)
que:
A guisa de conclusão, diremos que o
desenvolvimento como um processo espontâneo, isto é, como decorrência da atuação
de certos grupos sociais empenhados em maximizar seus benefícios materiais e sua
influência sobre os demais grupos de uma comunidade nacional, ocorreu na América
Latina a partir da segunda metade do século XX sem exigir ou provocar mudanças
fundamentais na estrutura social.
Mesmo tendo grande importância, a produção de
alimentos básicos para consumo interno, sempre foi relegada a um segundo, não
fazia parte da pauta adotada pela política macro-econômica, sendo priorizada
somente em momentos históricos específicos, em que a fome tornava-se latente e
demandava intervenções por parte do Estado.
O historiador Sérgio Buarque de Holanda (1960)
chama atenção para o fato de que muito embora as vistas da administração
portuguesa, desde o início, estivessem voltadas para as possíveis riquezas
minerais, o verdadeiro sucesso econômico do país por muito tempo esteve ligado à
utilização do solo. A vida agrária com base na economia de plantações tropicais
e, subsidiariamente, completada pela pecuária extensiva, através de pobres
pastagens dos sertões semi-áridos interiores, facilitaria a penetração do
povoamento e a conquista efetiva da terra. As aptidões agrárias das zonas de
climas quentes e úmidos, dotadas de manchas de solos ricos, aliadas a
facilidades naturais oferecidas pela região semi-árida à expansão do gado,
realmente importavam para a colonização portuguesa, em seus domínios
sul-americanos, já que muito tardiamente vieram a ser descobertos o ouro e o
diamante.
De acordo com Holanda (1960), mesmo após a época
fervilhante da fase da mineração, quando a penetração do povoamento rompeu as
barreiras do relevo da fachada atlântica sul-oriental do país, atingindo os
quadrantes mais interiores do Brasil sudeste, houve um contínuo movimento de
retorno na direção das atividades agrárias, em parte ainda baseado no cultivo da
cana-de-açúcar, e logo depois fixado nas exigências da monocultura cafeeira. No
Brasil, as mais diversas áreas, desde as zonas litorâneas até as “ilhas” de
umidade dos sertões nordestinos, ou às regiões serranas sul-orientais do país,
sempre houve agrupamentos de roceiros, exercendo uma lavoura itinerante, de
subsistência. Essas atividades agrárias, singelas, que existiram nos agrestes,
nos “brejos”, como nos sertões florestais, nos tabuleiros e nas planícies
costeiras, comportaram-se como pano de fundo, modesto e descontínuo, do panorama
agrário do Brasil.
Tal como bem descreveu Holanda (1960), salienta o
geógrafo alemão Leo Waibel (1979) em seu artigo intitulado “O que aprendi no
Brasil”, a questão do uso da terra, tecendo o seguinte
comentário:
[...] Embora o tipo de utilização da terra seja a
base da nutrição do povo e de toda a economia brasileira, em nenhum outro campo
há maior confusão de idéias do que justamente na agricultura, e sobre isso foi o
que aprendi mais aqui. (WAIBEL, 1979. p.318).
Sobre o uso do solo no Brasil, Waibel (1979)
destaca os três tipos principais: a grande lavoura, o pastoreio e a pequena
lavoura. Acrescenta o autor que estes tipos, além de se constituírem em sistemas
agrícolas de interesse para o agrônomo, são, ao mesmo tempo, instituições
econômicas, sociais e culturais, que interessam tanto para o sociólogo, quanto
para o historiador ou geógrafo. Para este, essas instituições têm a maior
importância, porque delas depende o aspecto da paisagem agrária. Além disso,
elas influenciam nos tipos de habitação, de povoamento e em todo nível de vida
da população.
De acordo com Waibel (1979), a grande lavoura é o
mais conhecido dos três sistemas agrários, utilizando grande quantidade de
capital e mão-de-obra. Quanto ao pastoreio, este tem sido objeto de pesquisas
geográficas ou sociais em uma escala muito mais reduzida, apesar de ter
desempenhado papel muito importante na história e na economia do Brasil. No que
diz respeito ao terceiro sistema agrário, o da pequena lavoura, Waibel (1979,
p.318) destaca:
[...] é ao mesmo tempo o enjeitado e a
criança-problema da agricultura nacional. Enjeitado, porque poucas vezes tem
sido tratada na literatura a maneira pela qual são cultivados os
cereais; e
criança-problema, porque ela é fundamentalmente responsável pela subnutrição do
povo.
Quanto aos três sistemas agrários especificados
por Waibel, ater-se-á ao primeiro e ao terceiro. O primeiro está ligado
diretamente à estrutura estabelecida historicamente, ou seja, a oligarquia
agrária, e na atualidade aos grandes grupos transnacionais que monopolizam todo
o complexo agroindustrial e “sustenta”
o PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro com a produção de commodities, que
perfazem a base do agronegócio. Já o terceiro sistema agrário está vinculado ao
abastecimento do mercado interno, tendo como pilares a agricultura familiar e a
agroindústria.
Com base no Quadro 1, pode-se ter a dimensão da
produção agrícola brasileira. De acordo com os dados da Companhia Nacional de
Abastecimento - CONAB, os produtos que tiveram aumento da produção foram a soja,
o café e a cana-de-açúcar. Acrescentam-se ainda os produtos, que tiveram uma
redução na produção, como o algodão, arroz, feijão e trigo. Há de se destacar
que o arroz e feijão são os alimentos básicos da alimentação brasileira e o
trigo matéria prima para fabricação de pães, consumidos diariamente pelos
brasileiros. Quanto ao milho, utilizado como a base do angu ou polenta – iguaria
que compõe a alimentação básica no Brasil – o referido produto está direcionado
para complementar de igual modo a ração animal e de aves.
QUADRO 1 – PRODUÇÃO AGRÍCOLA
BRASILEIRA
PRODUTOS SELECIONADOS – SAFRAS 2008/2009 E
2009/2010 |
PRODUTOS |
2008/2009 |
2009/2010 |
VARIAÇÃO
% |
Grãos |
135.135 |
148.996 |
10,3 |
Algodão |
1.214 |
1.181 |
-2,7 |
Arroz |
12.603 |
11.260 |
-10,7 |
Feijão |
3.491 |
3.265 |
-6,5 |
Milho |
51.004 |
56.124 |
10 |
Soja |
57.166 |
68.688 |
20,2 |
Trigo |
5.884 |
5.026 |
-14,6 |
Café* |
39.470 |
47.199 |
19,6 |
Cana-de-açúcar** |
571.434 |
604.514 |
5,8 |
Fonte: Companhia Nacional de Abastecimento – CONAB
[2010].
Elaboração: SIMONCINI, João Batista Villas Boas. Mai.
2011.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO
EXTERIOR. Conhecendo o Brasil
em Números. Brasília, DF: Departamento de Planejamento e
Desenvolvimento do Comércio Exterior – DEPLA, da Secretaria de Comércio
Exterior – SECEX, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior – MDIC. Outubro / 2010.
p.11.
Nota: 12º Levantamento de grãos – Setembro/2010 – Em mil
toneladas.
Note: 12ª Encuesta de granos – Sept/2010 – Em mil
tons.
* 3º Levantamento de café – Setembro/2010 – Em sacas
beneficiadas de 60
kg.
* 3ª Encuesta de café – Sept/2010 – En
bolsas de 60
kg procesado.
** 1º Levantamento de cana-de-açúcar – Abril/2010 – Em mil
toneladas.
** 1ª Encuesta de caña de azúcar – Abril/2010 – En mil
tons. |
O Quadro 1 deixa claro que os produtos pautados
na produção agrícola brasileira estão vinculados às demandas do mercado externo,
ou seja, à produção de commodities. O Quadro 2 demonstra a quantidade produzida
e exportada pelo Brasil e deixa visível a dependência da economia brasileira do
setor primário, confirmando, assim, o papel do Brasil no comércio internacional,
isto é, o de fornecedor de matéria prima.
QUADRO 2 – BRASIL NO
MUNDO
PRODUÇÃO E EXPORTAÇÃO DE PRODUTOS
SELECIONADOS |
Produtos |
Produção |
Exportação |
Açúcar |
1º |
1º |
Café |
1º |
1º |
Suco de
laranja |
1º |
1º |
Etanol |
2º |
1º |
Carne
Bovina |
2º |
1º |
Fumo |
2º |
1º |
Minério de
Ferro |
2º |
2º |
Soja em
Grão |
2º |
2º |
Couro e
Peles |
2º |
4º |
Carne de
Frango |
3º |
1º |
Calçados |
3º |
5º |
Farelo de
Soja |
4º |
2º |
Milho |
4º |
3º |
Óleo de
Soja |
4º |
2º |
Aviões |
4º |
4º |
Carne Suína
|
4º |
4º |
Algodão |
5º |
5º |
Automóveis |
5º |
12º |
Alumínio |
6º |
6º |
Aço |
9º |
10º |
Fontes: Empresa Brasileira de Aeronáuticas S.A. – EMBRAER;
Associação Brasileira das Indústrias de Calçados – ABICALÇASDOS;
Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores – ANFAVEA;
Centro das Indústrias de Curtumes do Brasil – CICB; Global Trade Information Services
– GTIS; International Iron and
Steel Institute – IISI; Renewable Fuels Association – RFA;
United States Departamento of
Agriculture – USDA; Organisation Internationale des
Constructeurs d´Automobiles – OICA; U. S. Geological
Survey.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO
EXTERIOR. Conhecendo o Brasil
em Números. Brasília, DF: Departamento de Planejamento e
Desenvolvimento do Comércio Exterior – DEPLA, da Secretaria de Comércio
Exterior – SECEX, do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio
Exterior – MDIC. Outubro / 2010.
p.24.
Elaboração: SIMONCINI, João Batista Villas Boas. Mai.
2011. |
Essa dependência econômica do país do setor
primário é histórica, porém foi intensificada pelo modelo econômico adotado pelo
estado brasileiro no pós-segunda guerra. Momento este em que se iniciava o novo
paradigma no campo, a Revolução Verde, a qual trouxe consigo uma série de
transformações de base técnica, científica e
econômica.
Dentre as transformações, a de ordem econômica é
a mais latente. De acordo com Celso Furtado (2007, p.324),
[...] numa economia agrícola extensiva o aumento
da capacidade produtiva é, em grande parte, simples decorrência da incorporação
de mão-de-obra e recursos naturais. O desflorestamento, a extensão das
plantações, a abertura de estradas, o aumento dos rebanhos, a edificação rural
são todas formas de capitalização baseadas numa utilização extensiva da
mão-de-obra e recursos naturais.
O que Furtado não menciona são os grupos que
efetuam tal capitalização. Quanto a esta lacuna, Alberto Passos Guimarães (1982,
p.151) destaca:
No Brasil, onde a grande maioria das indústrias
que se colocam a montante e a jusante da agricultura é constituída de grandes
corporações multinacionais e, portanto, empresas monopolistas, a situação
apresenta características muito mais graves, pois uma parte considerável do
produto agrícola é transferida para o estrangeiro. Os principais fabricantes de
tratores e equipamentos agrícolas (Massey Ferguson, Ford, etc.) são grandes
corporações multinacionais. Os principais fabricantes de rações animais
(Cargill, Ralston Purina, Central Soya, Anderson Clayton) são multinacionais. As
principais fabricantes de cigarros, que dominam praticamente 100% do mercado
(Souza Cruz, Reynolds, Phillips Morris Inc.) são multinacionais. Multinacionais
também são as empresas que dominam o mercado de veículos automotores
(Volkswagen, General Motors, Ford, Mercedes-Benz, Fiat), o mercado de margarinas
(Unilever, Cargill, Sanbra, Anderson Clayton), o mercado de produtos
farmacêuticos, o mercado de laticínios (Nestlé) e mais outras centenas de
empresas estrangeiras que monopolizam o mercado de alimentos e proteínas e
outros produtos de consumo popular.
Acrescenta o autor que o complexo agroindustrial
consiste numa etapa e via importantes do desenvolvimento da agricultura. Mas, o
referido complexo é, principalmente, um fator de intensificação da espoliação
das classes trabalhadoras do campo, bem como elemento propulsor das
desigualdades no desenvolvimento rural, uma causa a mais da concentração da
propriedade e da renda, e um canal a mais da evasão da renda nacional para o
exterior.
A opção de desenvolvimento econômico adotada pelo
Estado, a partir de meados do século XX, intensificou o processo de
industrialização iniciado no
governo de Getúlio Vargas. Tal processo tornou-se dependente diretamente do
setor agrário-exportador, daí o conceito de “industrialização restringida”,
mencionado por Sonia Regina de Mendonça (1986).
No que tange à estrutura agrária brasileira,
Mendonça (1986, p.31) menciona que: [...] lograva permanecer intocada no que diz
respeito às formas de propriedade vigente (latifúndios) e aos regimes da
organização da produção em que tradicionalmente se
baseara.
Essas mudanças foram implementadas sem que
antigos problemas do campo fossem resolvidos, intensificando, assim, os
conflitos por terras, e, consequentemente, a busca por recursos financeiros
(subsídios), bem como por melhores condições de vida no
campo.
Em decorrência dessas transformações, das antigas
demandas e dos conflitos no campo, formaram-se diversos movimentos sociais,
entre eles, o mais representativo na atualidade, o Movimento dos Trabalhadores
Rurais Sem Terra - MST. Vale dizer que o referido movimento luta para uma
efetiva reforma agrária e também para implementar um novo modo de produção de
base orgânica, fundamentado
em princípios agroecológicos, buscando,
desta maneira, estabelecer um modo de produção social mais justo e
ecologicamente sustentável.
2. (IN)SEGURANÇA ALIMENTAR NO
BRASIL
Nenhum plano de desenvolvimento econômico é
válido, se não conduzir em prazo razoável à melhoria das condições de
alimentação do povo, para que, livre do peso esmagador da fome, possa este povo
produzir em níveis que conduzam ao verdadeiro desenvolvimento econômico
equilibrado, daí a importância da meta “Alimentos para o povo”, ou seja, “a
libertação da fome”.
Josué de Castro. 2004,
p.291.
Conforme mencionado, o Estado brasileiro fez a
opção por um modo de produção que prioriza o mercado externo, ou seja, a
produção de commodities. Este Estado se encontra sempre tencionado pelos
movimentos sociais, sindicatos, Organizações Não-Governamentais, membros de
instituições de pesquisa, ensino e religiosas e diversos outros segmentos da
sociedade civil organizada, sendo estes, ligados a questões que envolvem os
direitos sociais básicos como: educação, saúde, alimentação, trabalho, moradia,
lazer, segurança, previdência social, proteção à maternidade e à infância,
assistência aos desamparados, conforme estabelecido no art. 6º da Constituição
Federal.
Como exemplos desta pressão estão: a
implementação pelo Governo Federal do Projeto Fome Zero – Uma Proposta de
Política de Segurança Alimentar para o Brasil, proposto pelo Instituto Cidadania
no ano de 2001; a criação do Conselho Nacional de Segurança Alimentar e
Nutricional - CONSEA e do Programa
Bolsa Família.
Segundo os
organizadores do Projeto Fome Zero (2001), o eixo central do projeto está na conjugação adequada entre as chamadas
políticas estruturais – voltadas à redistribuição da renda, crescimento da
produção, geração de empregos, reforma agrária, entre outros – e as intervenções
de ordem emergencial, muitas vezes chamadas de políticas
compensatórias.
Os exemplos citados contribuem para mitigar os
problemas sociais, entre eles, o da insegurança alimentar, tema muito discutido
nas últimas duas décadas. Cabe destacar que apesar de ter um nome novo, tal
conceito apresenta um histórico antigo, pois sua origem está na estrutura
fundiária, no modelo de produção implementado e desenvolvido no campo, e,
atualmente, no modo de consumo da sociedade
moderna.
Se no Brasil ainda não há segurança alimentar,
que dirá soberania alimentar, conceito bem mais
amplo.
Segundo a Via Campesina,
La
soberanía alimentaria es el derecho de los pueblos a alimentos sanos y
culturalmente adecuados, producidos mediante métodos sostenibles, así como su
derecho a definir sus propios sistemas agrícolas y alimentarios. (LA VÍA
CAMPESINA, 2011).
Com base no conceito estabelecido pela Via
Campesina, pode-se afirmar que no Brasil não há soberania alimentar, sendo
assim, buscar-se-á trabalhar em um primeiro momento, com os conceitos de
segurança alimentar e insegurança alimentar.
Quanto ao arcabouço legal da segurança alimentar
no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística -
IBGE (2010), foram estabelecidas, em 2010, a regulamentação da
Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional
- LOSAN e a
instituição da Política Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional - PNSAN,
através do Decreto nº 7.272, de 25 de agosto de 2010, assim
como, a incorporação da alimentação aos direitos sociais previstos na
Constituição Federal, por meio da Emenda Constitucional nº 64, de 04 de
fevereiro de 2010.
O
Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística - IBGE utiliza o conceito de
segurança alimentar estabelecido pela Lei Orgânica de Segurança Alimentar e Nutricional -
LOSAN.
Segundo esta lei, a segurança alimentar e
nutricional consiste na realização do direito de todos ao acesso regular e
permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente, sem comprometer o
acesso a outras necessidades essenciais, tendo como base práticas alimentares
promotoras de saúde que respeitem a diversidade cultural e que seja ambiental,
cultural, econômica e socialmente sustentável.
A superficialidade do conceito de segurança
alimentar, estabelecido pela LOSAN e utilizado pelo IBGE, advém do pouco tempo
em que o mesmo passou a ser cunhado e pesquisado pelo
instituto.
Mesmo tendo implantado no Brasil, a partir de
1967, o sistema de pesquisas domiciliares e ter criado ainda a Pesquisa Nacional
por Amostra de Domicílios - PNAD, o IBGE, somente em 2004, na área aspectos
sociais, começa a pesquisar o tema segurança alimentar. Somente em 2004 e 2009
que o instituto realizou a PNAD referente à segurança
alimentar.
No Quadro 3, defini-se a Escala Brasileira de Insegurança Alimentar - EBIA, utilizada pelo IBGE para classificar a situação de segurança
alimentar e os graus da insegurança alimentar vivenciadas pelas famílias
pesquisadas.
QUADRO 3 - SEGURANÇA ALIMENTAR E
INSEGURANÇA ALIMENTAR
|
Segurança alimentar
|
Os moradores dos domicílios têm acesso
regular e permanente a alimentos de qualidade, em quantidade suficiente,
sem comprometer o acesso a outras necessidades
essenciais. |
Insegurança alimentar
leve |
Preocupação ou incerteza quanto acesso aos
alimentos no futuro; qualidade inadequada dos alimentos resultante de
estratégias que visam não comprometer a quantidade de
alimentos. |
Insegurança alimentar
moderada
|
Redução quantitativa de alimentos entre os
adultos e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de
alimentos entre os adultos. |
Insegurança alimentar
grave
|
Redução quantitativa de alimentos entre as
crianças e/ou ruptura nos padrões de alimentação resultante da falta de
alimentos entre as crianças; fome (quando alguém fica o dia inteiro sem
comer por falta de dinheiro para comprar
alimentos). |
Fonte: IBGE - Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios -
Segurança Alimentar - 2004/2009 - [2010].
Elaboração: SIMONCINI, João Batista Villas Boas. Mai.
2011. |
Os dados do Quadro 4 dão uma dimensão da
segurança e insegurança alimentar, em 2004 e 2009, no
Brasil.
QUADRO 4 - Domicílios particulares e moradores em
domicílios particulares, por situação do domicílio, segundo a situação de
segurança alimentar existente no domicílio - Brasil -
2004/2009

Com base no Quadro 4, pode-se afirmar que a área
rural apresenta prevalências domiciliares de insegurança alimentar (IA)
superiores aos verificados na área urbana. Enquanto 6,2% e 4,6% dos domicílios
da área urbana tinham moradores em situação de IA moderada e grave,
respectivamente, na área rural, as proporções foram de 8,6% e 7,0%. Nos
domicílios particulares urbanos em IA grave viviam 5,3% da população urbana,
enquanto nos domicílios rurais, 8,4% da população rural. Para os domicílios em
IA moderada, as prevalências das pessoas foram de 6,9% na área urbana e 10,1% na
rural. Houve, em relação a 2004, queda na proporção de domicílios em situação de
IA grave e moderada, tanto na área urbana, quanto na área rural. Entre 2004 e
2009, a
redução da proporção de domicílios com moradores em situação de IA decresceu na
área urbana (de 33,3% para 29,4%) e na área rural (de 43,6% para 35,1%).
De modo geral, verifica-se uma redução na IA, na
área urbana como na área rural. Há de se destacar que essa redução está
vinculada à implantação e ao desenvolvimento de uma série de programas sociais,
tais como, Fome Zero e Bolsa Família.
Para explicitar um dos programas sociais, vale mencionar o Programa
Bolsa Família, que desde a sua
criação, em outubro de 2003, tem sido expandido. Passou, segundo o Ministério do
Desenvolvimento Social e Combate à Fome - MDS, de 3,6 milhões de famílias
atendidas – e orçamento de R$ 3,4 bilhões – para 12,8 milhões de famílias (dez.
2010) e recursos de R$ 13,4 bilhões. De acordo com o MDS, o valor acumulativo,
entre 2003 e 2010, chega a 63 bilhões de reais.
Paralelamente aos programas Fome Zero e Bolsa
Família, o estabelecimento da Política Nacional da Agricultura Familiar e
Empreendimentos Familiares Rurais, também,
contribuiu para atenuar o problema da insegurança alimentar e mitigar os
conflitos no campo.
De acordo com os dados do Censo Agropecuário de
2006, dos 5.175.489 estabelecimentos rurais, 4.367.902 (84,4%) são familiares e
ocupam 80,25 milhões de hectares (24,3%) da área total, enquanto os 807.587
(15,6%) estabelecimentos não familiares ocupam 75,7% da área total. Estes dados
demonstram a extrema concentração de terras no Brasil e confirma o padrão
histórico da estrutura fundiária brasileira.
Segundo os dados do Censo Agropecuário (2006), a
agricultura familiar foi responsável, em 2006, pela produção de 87% de mandioca,
70% de feijão, 46% de milho, 38% de café, 34% de arroz, 21% de trigo, 58% do
leite (58% de leite de vaca e 67% de leite de cabra), 59% de suínos, 50% de
aves, e, 30% de bovinos.
Conforme os dados do Censo Agropecuário (2006), a
agricultura familiar gera um Valor Bruto da Produção - VBP de R$ 677 ha/ano,
sendo 89% superior ao gerado pela agricultura não familiar (R$ 358
ha/ano).
Quanto às pessoas ocupadas por área total, os
dados do Censo Agropecuário (2006) demonstram que a agricultura familiar ocupa
15,3 pessoas por 100
ha, enquanto a agricultura não familiar, 1,7 pessoas por
100
ha.
Dado o panorama geral da agricultura familiar e
não familiar, é importante demonstrar como têm sido direcionados os recursos
para a produção agrícola brasileira.
Um dos aspectos fundamentais para se chegar a
este entendimento refere-se à oferta de crédito rural, destinado para a
agricultura empresarial (agricultura não familiar) e para agricultura familiar,
estabelecida no Plano Agrícola e Pecuário para as safras de 2008/2009,
2009-2010, e 2010-2011.
De acordo com os dados do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento, a oferta de crédito rural, em 2008/2009,
foi de R$ 78 bilhões, sendo R$ 65 bilhões para agricultura empresarial
(agricultura não familiar) e R$ 13 bilhões para agricultura familiar. Em
2009/2010, o crédito foi de R$ 107,5 bilhões – o que representa aumento médio
total de 37%, em relação ao período anterior. Deste crédito, R$ 92,5 bilhões
foram destinados para agricultura empresarial (agricultura não familiar),
obtendo, assim, um aumento 42%, no que tange aos recursos recebidos; enquanto
que a agricultura familiar recebeu R$ 15 bilhões. Já para a safra 2010/2011, a
oferta de crédito é de R$ 116 bilhões, sendo R$ 100 bilhões para a agricultura
empresarial (agricultura não familiar) e R$ 16 bilhões para a familiar. Neste
período, houve aumento da porcentagem, e, também, maior valor para as culturas
relativas à produção de caráter comercial.
Mesmo dispondo de menor representatividade
política no governo, pouco recurso financeiro (crédito rural) e menos quantidade
de área para cultivo, a agricultura familiar gera um maior Valor Bruto de
Produção, ocupa mais pessoas, além de ser a principal fornecedora de alimentos
básicos para a população brasileira, contribuindo, portanto, com a redução da
insegurança alimentar e o desenvolvimento econômico do
país.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
No Brasil, como salienta Veiga (2000), foi a
grande exploração agromercantil de base territorial extensa, que figurou no
centro das atividades rurais na generalidade de suas regiões e zonas
geoeconômicas. Em função do setor primário que se constituiu, se manteve e
evoluiu o setor secundário.
A política agrícola adotada no Brasil segue a
lógica mercantil, materializa-se na oferta de crédito rural direcionado à
agricultura empresarial (agricultura não familiar), na concentração da terra e
da renda, gerando problemas estruturais, que comprometem a soberania alimentar e
a segurança alimentar no país.
Quanto a essa ideologia economicista,
Porto-Gonçalves (2004, p.90) afirma que [...] a monocultura de alimentos (e
outras) é, em sim mesma, a negação de todo um legado histórico da humanidade em
busca da garantia da segurança alimentar, na medida em que, por definição, a
monocultura não visa a alimentar quem produz e, sim, à mercantilização do
produto. Acrescenta Porto-Gonçalves (2006, p.281), [...] é no território
nacional que se decide o problema da fome e da alimentação que nesse caso,
aponta na direção contrária ao processo de globalização, onde cada vez mais se
fala de commodities.
Neste sentido, verifica-se a importância da
agricultura familiar para se estabelecer um contraponto ao modelo vigente. O
fortalecimento da agricultura familiar depende da capacidade de articulação dos
diversos atores sociais envolvidos e realmente comprometidos com a agricultura
familiar. Esse fortalecimento consiste em (re)valorizar o espaço rural, ou seja, oferecer às populações
rurais a possibilidade de intervenção efetiva na definição da política agrícola
e na alocação dos recursos públicos.
Mesmo com insuficiência de terras e capital, pouca representatividade
política no Estado, baixa disponibilidade tecnológica, menos financiamento e
assistência técnica deficitária, o peso da agricultura familiar na riqueza do
país é representativo (173 bilhões de reais em 2005 - 9% do PIB brasileiro) e
não perdeu força nestes últimos anos. Porém, a política agrícola, instituída e
desenvolvida no Brasil, prioriza e beneficia mais a agricultura empresarial
(agricultura não familiar) do que a agricultura familiar.
Os dados do Censo Agropecuário de 2006 demonstram que, apesar de
cultivar uma área menor com lavouras e pastagens (17,7 e 36,4 milhões
de hectares, respectivamente), a agricultura familiar é responsável por garantir
boa parte da segurança alimentar do país, como importante fornecedora de
alimentos para o mercado interno. Entretanto, isso não é o bastante para livrar
uma parcela significativa da população brasileira da insegurança
alimentar.
Quanto aos programas sociais
instituídos e desenvolvidos nos últimos anos no Brasil, não há como refutar que
os mesmos contribuíram para as melhorias sociais, retirando da extrema pobreza
uma parcela da população brasileira. Todavia, tais intervenções não
estabeleceram mudanças consideráveis na estrutura fundiária, econômica e
política do país. Esses programas sociais têm como objetivo aliviar as pressões
sociais que incidem e tencionam o próprio Estado, ou seja, é um modo de
intervenção estatal que permite melhorias e certa mobilidade social, podendo,
assim, ser denominada de mobilidade social permitida e
controlada.
Entretanto, há de se destacar que, no Brasil,
mesmo ocorrendo mudanças no conteúdo econômico e político, mantém-se a forma
(estrutura) de poder, denominada por Faoro (2008, p.825-837) de “estamento
burocrático”, que consiste em uma política econômica e financeira de teor
particular, estatal e mercantilista. Acrescenta o autor que essa estrutura atua,
vigia, invade e dirige a esfera econômica, política e financeira. A mudança de
conteúdo não significa mudança na forma, ou seja, [...] deitou-se remendo de
pano novo em vestido velho, vinho novo em odres velhos, sem que o vestido se
rompesse nem o odre rebentasse.
Por fim, pode-se dizer, conforme o historiador
Hobsbawm (2002, p.562) que [...] o futuro não pode ser uma continuação do
passado, e há sinais, tanto externamente quanto internamente, de que chegamos a
um ponto de crise histórica.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ALTIERI, Miguel Angel. Agroecologia: as bases científicas da agricultura
alternativa. Rio de Janeiro: PTA/FASE, 1989.
CASTRO, Josué de. Geografia da fome. O dilema brasileiro:
pão ou aço. 4. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2004.
FAORO, Raymundo. Os donos do poder: formação do
patronato político brasileiro. 4. ed. São Paulo: Globo,
2008.
FURTADO, Celso. Formação econômica do Brasil. 34. ed.
São Paulo: Companhia das Letras, 2007.
______. Raízes do subdesenvolvimento. Rio de
Janeiro: Civilização Brasileira, 2003.
GUIMARÃES, Alberto Passos. O complexo
agroindustrial como etapa e via de desenvolvimento da agricultura. Revista de Economia Política. Vol. 2/3
- Julho-Setembro de 1982. p.147-151.
HOBSBAWM, Eric J. Era dos Extremos: o breve século XX:
1914-1991. Tradução: Marcos Santarrita. 2. ed. 22ª reimpressão. São Paulo:
Companhia das Letras, 2002.
INSTITUTO
BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA - IBGE. Pesquisa Nacional por Amostra de
Domicílios - Segurança Alimentar - 2004/2009. Rio de Janeiro: Instituto
Brasileiro de Geografia e Estatística; Ministério do Desenvolvimento Social e
Combate à Fome; Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, 2010.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA -
IBGE. Censo agropecuário 2006 -
Agricultura Familiar - Primeiros Resultados - Brasil, Grandes Regiões e Unidades
da Federação. Rio de Janeiro: Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística;
Ministério do Desenvolvimento Agrário; Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão, 2009.
LA
VÍA CAMPESINA. Yakarta - Indonesia - Febrero 2011. Disponível
em:
<http://www.viacampesina.org/downloads/profiles/2011/BROCHURE-LVC2011-ES.pdf>.
Acesso: mai. 2011.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E
COMÉRCIO EXTERIOR. Conhecendo o Brasil
em Números. Brasília, DF: Departamento de Planejamento e Desenvolvimento
do Comércio Exterior - DEPLA; Secretaria de Comércio Exterior - SECEX;
Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior - MDIC. Outubro /
2010.
PÉREZ-ESCAMILLA, Rafael; SEGALL-CORRÊA, Ana Maria. Food insecurity
measurement and indicators. Revista de
Nutrição. Campinas, SP: Pontifícia Universidade Católica de Campinas -
PUC-Campinas, Faculdade de Nutrição, v. 21, supl., p. 15S-26S, jul./ago. 2008.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rn/v21s0/03.pdf>. Acesso: mai. 2011.
PRADO JÚNIOR, Caio. História econômica do
Brasil. 1. ed. 48ª reimpressão. São Paulo: Brasiliense,
2008.
TAKAGI, Maya; SILVA, José Graziano da; DEL GROSSI, Mauro Eduardo. Pobreza e fome: em busca de uma metodologia para quantificação do problema no
Brasil. Campinas, SP: Universidade Estadual de Campinas - UNICAMP, Instituto de
Economia, 2001. (Texto para discussão, nº 101). Disponível em:
<http://www.eco.unicamp.br/Downloads/Publicacoes/TextosDiscussao/texto101.pdf>.
Acesso: mai. 2011.
VEIGA, José Eli da. Apresentação do livro de
PRADO JÚNIOR, Caio. A questão Agrária
Brasileira. 5. ed. São Paulo: Editora Brasiliense,
2000.
WAIBEL, Leo. Capítulos de geografia tropical e
do Brasil. 2. ed. Rio de Janeiro: IBGE, 1979.
http://www.eco.unicamp.br
http://www.mds.gov.br
http://www.scielo.br
http://www.viacampesina.org
Segundo Guimarães (1982, p.150) “o conceito de
complexo agroindustrial, surgiu na década de 1950, no período de mais intensa
industrialização, como resultado dos estudos realizados nos Estados Unidos e na
Europa, sobre a participação das atividades agrícolas nas relações
inter-setoriais, a partir das teorias sobre essas relações formuladas pelo
professor Wassily Leontief. Através da organização de quadros matriciais,
obteve-se a comprovação empírica da justa medida em que a agricultura se estava
tornando, em conseqüência do processo de substituição dos métodos tradicionais
pelos métodos industriais de produção, um elemento cada vez mais vinculado a um
conjunto produtivo, em relação ao qual aumentava sua dependência. À medida que
se industrializava, a agricultura passava de um nível inferior a um nível
superior de desempenho, mas isso também significava uma perda progressiva de sua
autonomia e de sua capacidade de decisão”.
Lei Nº 10.836, de 09 de janeiro de 2004.
Lei nº 11.346, de 15 de setembro de 2006, cria o Sistema Nacional de
Segurança Alimentar e Nutricional - SISAN com vistas a assegurar o direito
humano à alimentação adequada.
Ponencia presentada en el XIII Encuentro Internacional
Humboldt. Dourados, MS, Brasil - 26 al 30 de setiembre de
2011.