TERRITÓRIOS E TERRITORIALIDADES DA PROSTITUIÇÃO EM
ROSANA-SP
Juliana Maria Vaz Pimentel
Universidade Federal da Grande Dourados
RESUMO
O objetivo central da presente pesquisa, visa demonstrar que a
prática do turismo como forma de lazer, muitas vezes oculta a sua face nociva,
do que pode ser denominado como Turismo Sexual.Neste sentido, essa prática acaba
por ser mantenedora de uma lucratividade que engendra desde donos de hotéis,
proprietários e gerentes de boates, traficantes, agências de turismo, donos de
ranchos,restaurantes etc., elucidando, dessa forma, a complexidade que dinamiza
os territórios onde a atividade sexual se manifesta. Dentro desta perspectiva, a
atividade sexual comercial, pode ser encontrada tanto nas macrorregiões como nas
microrregiões, onde exista desemprego, miséria, violência, discriminação, enfim,
todos os tipos de exclusão social que levem as pessoas a se tornarem
marginalizadas perante a esfera social. Essa realidade pode ser verificada
através do aumento da violência, desemprego, miséria e a realização de trabalhos
considerados ilícitos perante a sociedade, como, por exemplo, o Turismo Sexual,
realizado no balneário de Rosana-SP, que envolve mulheres das mais variadas
faixas etárias, inclusive meninas na idade
infanto-juvenil.
Palavras-chave: Territórios,
Prostituição, Exclusão Social, Identidades.
RESUMEN
El
objetivo principal de esta
investigación es
demostrar que la
práctica del turismo
como una forma de
recreación, que a menudo esconde su rostro perjudiciales, lo que puede denominarse como turismo Sexual.Neste sentido, esta práctica resulta ser un patrocinador de la rentabilidad que genera de los hoteleros, dueños de clubes nocturnos y los administradores, concesionarios, agencias de viajes, los
propietarios de los
ranchos, restaurantes, etc., explicando así la complejidad que lleva a los territorios donde se manifiesta la actividad sexual. Dentro de esta perspectiva, la actividad sexual comercial, se pueden encontrar tanto en el micro y macro regiones, donde hay desempleo, la pobreza, la
violencia, la discriminación, en definitiva, todo tipo de exclusión social que la gente lleva a cada vez más marginada en la cara de la esfera social. Esta realidad puede ser verificada por el aumento de la violencia, el desempleo, la
pobreza y la
realización de las
obras consideradas
ilegales en la
sociedad, por ejemplo, el turismo sexual, que se celebró en la localidad de Rosana-SP, lo que implica que las mujeres de
diferentes grupos de edad, incluyendo a las niñas en la edad juvenil.
Palabras
clave: territorios, la
prostitución,
la
exclusión social de
identidad
ABSTRACT
The main objective of this research is to demonstrate that the practice of
Tourism as a form of recreation, often hides his face harmful, what can be
termed as Tourism Sexual.Neste sense,
this practice turns out to be a sponsor of
profitability that engenders from hoteliers, nightclub owners and managers, dealers, travel agencies,
owners of ranches, restaurants
etc.., explaining thus the complexity that drives the territories where sexual
activity is manifested. Within this perspective, the commercial sexual activity,
can be found in both the micro and macro regions, where there is unemployment,
poverty, violence, discrimination,
in short, all kinds of social exclusion that lead people to become
marginalized in the face of the
social sphere. This reality can be
verified by the increase in violence, unemployment, poverty and the realization
of works considered illegal in
society, for example, Sex Tourism, held
in the resort of Rosana-SP, which involves women from different age
groups, including girls in the
juvenile age and eventually boost the local
economy.
Keywords: Territories, Prostitution, Social
Exclusion, Identity.
Uma análise geográfica sobre os territórios e
territorialidades da atividades sexual comercial em
rosana-SP
Partindo do ponto de vista de que a prostituição se constitui em um
atrativo e fundamento para o turismo em determinas lugares, podemos nos reportar
ao município de Rosana, território este,
que ao término da construção das Usinas de Porto Primavera e Rosana (São Paulo,
divisa com o Mato Grosso do Sul e Paraná), vem apresentando altos índices de
pobreza, desemprego e violência, destinando à maioria de seus moradores uma
condição de vulnerabilidade que se traduz em vivências concretas de risco
pessoal e social.
A construção do município de Rosana surgiu com a criação de um
ramal de estrada situada no extremo oeste do estado de São Paulo, denominada
Estrada de Ferro Sorocabana, que sairia de Presidente Prudente chegando até o
Rio Paraná em sua confluência com o Rio
Paranapanema.
A empreiteira que ganhou a licitação para a construção do ramal
paulista foi a empresa Camargo Correia e Ribeiro S/A, que iniciou um movimento
de especulação de terras na região do Pontal do Paranapanema. A valorização das
terras, trazida pelos planos da nova linha, contribuiu para a construção do
núcleo urbano – Rosana.
No início da década de 70, foram realizados estudos acerca dos
recursos hidrelétricos na região do Pontal e dos rios Paraná e Paranapanema, que
foram considerados propícios à construção de barragens hidroelétricas, surgindo,
então, as usinas de Rosana e Porto Primavera.
A cidade de Rosana encontra-se localizada no extremo sudoeste do
estado de São Paulo e, limita-se ao norte pelo Rio Paraná, ao sul pelo rio
Paranapanema, e a oeste pela confluência dos Rios Paraná e Paranapanema, um dos
pontos de grande atração turística do município.
Contudo, atualmente, Rosana passa por uma série de problemas
oriundos do período de sua colonização, quando muitas famílias de colonos vieram
com o sonho de que Rosana se elevasse a um grande centro urbano, mas isso não
aconteceu.
Rosana atualmente
enfrenta um crescente índice de desemprego, causado pela instabilidade na
construção das duas Usinas Hidroelétricas. Essa vulnerabilidade econômica
acarretou um constante quadro de demissões dos funcionários das Usinas. A
presente realidade gerou consideráveis problemas socioeconômicos para o
município, uma vez que a maioria dos desempregados não encontra alternativas de
emprego, desencadeando assim, uma notável crise social no município.
Dentro desta perspectiva, a exploração sexual comercial, vem
aumentando consideravelmente no município em estudo, onde, um dos fatores
preponderantes para a elevação dessa prática, não se restringe somente a falta
de políticas públicas que propiciem a geração de empregos, mas também, à
diferentes práticas do turismo, que dentre ele, encontra-se o Turismo Sexual,
que envolve mulheres das mais variadas faixas etárias, munícipes, imigrantes e
inclusive meninas na idade infanto-juvenil, que territorializam-se em espaços
diferentes do município, manifestando assim, suas diferentes territorialidades,
totalmente imbuídas de hábitos e significados distintos, caracterizando assim,
seus territórios de vivência.
Ao relacionarmos o turismo sexual ao modo de produção capitalista,
podemos verificar que o que acaba por caracterizar a sociedade capitalista, não
é somente a exploração do homem pelo homem e sim o predomínio das relações
mercantis. Tais relações só ocorrem quando há algo para ser trocado - uma
mercadoria ou dinheiro. Muitas vezes, as comunicações que se estabelecem nesse
mercado não são somente relações entre pessoas, mas sim, entre as mercadorias,
em que as ligações pessoais não exercem um papel importante entre as partes
envolvidas.
No mundo capitalista,
as mercadorias passam a ter uma relação social, enquanto que os agentes sociais
adquirem uma função material com valores monetários e morais agregados a eles.
Assim, os sujeitos, nesta relação, tornam-se mercadorias, ou seja, se
transformam em objetos e os objetos, por sua vez, passam à condição de sujeitos.
Neste contexto,as relações fetichizadas do
capitalismo transformam relações de pessoas concretas em relações de pessoas
abstratas e relações qualitativas em relações
quantitativas.
De acordo com essa realidade, uma das atividades que vêm se
desenvolvendo não só nos grandes centros brasileiros, mas também nas cidades
interioranas, é a prática do Turismo Sexual. Sua existência “reflete a
preexistência de problemas bem mais profundos, os quais, por sua vez, estão
ancorados no coração das sociedades receptoras de turistas” (BEM,
2005).
O turismo sexual está
envolto de várias formas de exploração humana.
Dentre elas encontram-se o tráfico de crianças, adolescentes e mulheres com fins
sexuais, prostituição, tráfico de drogas e outras formas de violência e crime.
Dentro desta perspectiva, podemos verificar que a prática do
turismo envolve inúmeros interesses, entre eles atrativos sociais, históricos,
culturais e econômicos, podendo, desta maneira, trazer recursos benéficos para
uma determinada comunidade. Porém, também existe sua face nociva, a uma
determinada instância. Seu lado prejudicial se dá, quando essa prática acaba por
usurpar os bens culturais e naturais de uma comunidade, deixando para a sua
população saldos negativos, como, por exemplo, a prática da exploração
sexual.
Dessa forma, ao nos
reportar sobre a prática da exploração sexual em qualquer tempo da história das
civilizações, podemos encontrar de algum modo, entre os agentes sociais,
práticas que podem ser consideradas como morais ou imorais, porém, tais
“hábitos”, expressavam a cultura e a identidade de um determinado grupo
social.
Diante disso, entre tais “hábitos” culturais, podemos considerar
que a prática da prostituição não é
uma atividade atual e também é abstraída sob diferentes ópticas por distintos
povos.
No Egito antigo, na região da Mesopotâmia e na Grécia, via-se que
a prática tinha uma ritualização - as prostitutas exerciam a função de
sacerdotisas e recebiam presentes em troca de favores sexuais.
Já na época em que a Grécia e Roma polarizaram o domínio cultural,
as prostitutas eram admiradas, porém tinham que pagar impostos ao Estado para
exercerem sua profissão. Na Idade Média, houve a tentativa massiva de eliminar a
prostituição, impulsionada pela moral cristã e também pelo grande surto de
sífilis em toda
Europa.
Quando houve a reforma religiosa no século XVI, o puritanismo
começou a influir de forma significativa na política e nos costumes. Diante
disso, a Igreja Católica passou a enfrentar maciçamente o problema da
prostituição através de recursos teológicos.
Posteriormente, com a o advento da Revolução Industrial na
Inglaterra, houve um crescimento da prostituição. As mulheres, então, passaram a
fazer parte das frentes de trabalho e, como as condições de emprego eram
desumanas, muitas passaram a prostituir-se em troca de favores dos patrões e
capatazes, expandindo novamente a prostituição e o tráfico de
mulheres.
Nessa perspectiva, as prostitutas faziam parte da classe
trabalhadora, incluindo-se à parcelas de expropriados que, através da venda do
corpo, enquanto objeto sexual inseriam-se na gênese da prostituição. Neste
sentido, a prostituição era encarada como um trabalho, em que, por um lado,
existia uma oferta do corpo, de outro, uma procura de satisfação sexual,
existindo assim: “a troca de uma prestação de prazer, por um pagamento em
dinheiro”. (MORAIS, 1925)
Várias foram as tentativas de minimizar o problema da prostituição
no mundo. Em 1949,
a ONU denunciou e tentou tomar medidas para o controle da
exploração sexual comercial - desde o início do século XX, os países ocidentais
tentam medidas visando retirar a prostituição da atividade criminosa.
Muito embora, a prostituição possa ser considerada uma atividade
anterior ao capitalismo, ela passou a assumir características próprias segundo
novos contextos sociais, tomando diretrizes diferentes se analisada sobre o
prisma da vida nas cidades.
A cidade, como lugar de concentração da população, é o espaço, via
de regra, onde as relações humanas acontecem de maneira acentuada, intensa e
complexa. A cidade representa os laços que ligam as várias pessoas que
compartilham um mesmo território para morar, para trabalhar e para se
divertir.
Wirth (1997), sublinha que “as diferentes partes da cidade
adquirem funções especializadas. A cidade, conseqüentemente, tende a parecer um
mosaico de mundos sociais nos quais é abrupta a transcrição de uma para o
outro”.
Com tudo, a prostituição, com as características da que hoje
conhecemos, resultou do desenvolvimento urbano, que traz em seu cerne diferentes
segmentos da sociedade com identidades culturais próprias.
A prostituição constitui-se como uma prática milenar, que
tradicionalmente tem subvertido o exercício “controlado da sexualidade” via
instituições sociais. Assim, a prostituição, denominada também de exploração
sexual comercial, se caracteriza por uma dimensão processual,
particularizando-se como um fenômeno que se desenrola aos poucos, tornando-se
parte da história de vida de mulheres que viveram um processo contínuo de
violência e violação de direitos.
A figura da prostituta, assim taxada, antes mesmo de ser
reconhecida como mulher, acaba por fazer parte, da grande demanda de agentes
sociais excluídos, detentores de menor poder político, econômico e social que
compõem a sociedade.
A exploração sexual comercial está totalmente atrelada à violência
estrutural,
existindo assim, uma estreita relação entre Mercado e Estado, pois segundo
Libório (2005), “o processo de fragilização do Estado em decorrência da
reorganização das bases econômicas globais e locais, intensificou a desigualdade
social, trazendo impactos diretos sobre a qualidade de vida da
população”.
Podemos enfatizar a questão da violência estrutural ao nos
reportarmos a fala de uma de nossas entrevistadas, que está inserida na prática
do turismo sexual comercial em
Rosana:
“comecei a fazer programa, quando o meu marido me
largou com meu filho pequeno e eu não conseguia arranjar emprego, foi quando uma
amiga me perguntou por que eu não começava a sair com os turistas.aí pensei
melhor e, comecei a sair com os turistas, mas da primeira vez eu não tive
coragem de cobrar, foi a minha amiga que já tava acostumada a sair com eles que
foi cobrar pra mim, eu fiquei com vergonha”.(Entrevistada nº1)
De acordo com Teixeira (2000), o fenômeno da exploração sexual
comercial deve ser tratado como uma questão complexa, pois os fatores
determinantes para a existência dessa atividade precisam ser considerados e
compreendidos dialéticamente, já que fazem parte da estrutura social brasileira.
Além dos fatores sócio-econômicos e políticos, para a compreensão de tal
fenômeno, devem ser levados em consideração, também, os aspectos territoriais,
históricos, culturais e éticos das mulheres que fazem parte do sistema de
exploração sexual brasileiro.
Dessa forma, o contexto relacionado à atividade sexual deve ser
interpretado pelo prisma segundo o qual, determinados grupos sociais refletem a
apropriação de certos hábitos e significados da cultura dominante ou da
cultura do
próprio município. Com isso, tais hábitos são transformados em formas
simbólicas, que acabam por incorporar novos sentidos e significados, para
aqueles que adotam determinados estilos de vida.
Diante desta realidade e ao compará-la com as territorialidades
existentes no município, podemos concordar com Nabozy (2007), quando afirma que
“o fenômeno da exploração sexual comercial é plural, multidimensional, complexo
e de uma grande heterogeneidade”
Assim, em relação ao exercício da prostituição em Rosana,
verifica-se que tal atividade não beneficia somente o cliente, mas traz lucros
também a terceiros: donos de hotéis, administradores, traficantes, agências de
turismo, donos de ranchos, restaurantes, boates, choperias, etc.(Ver Fotos
1,2,3)
Foto 1: Júpiter um dos territórios da
prática atividade sexual comercial , centro de
Rosana

Fonte: Trabalho de
Campo/Maio,2011
Foto:Pimentel, Juliana Maria
Vaz
De acordo com a foto um (1), podemos considerar que o
restaurante/choperia Júpiter, no período diurno é freqüentado geralmente por
crianças e famílias que usufruem do espaço comercial”, e no período noturno,
pode ser considerada uma zona “crítica”, por estarem presentes na área vários
citadinos (que em suas observações tornam o Turismo Sexual
invisível),prostitutas, meninas jovens, traficantes e diversos sujeitos que
usufruem dos serviços do local.
Foto 2: “Tenda”, onde ocorrem
apresentações de duplas sertanejas nos finais de semana, Avenida do
Balneário.

Fonte: Trabalho de
Campo/Maio,2011
Foto:Pimentel, Juliana Maria
Vaz
Em relação a foto dois (2), concordamos com Raffestin (2003),
quando caracteriza o território em aproximadamente quatro níveis e situações
distintas, um deles é denominado pelo autor de “território do cotidiano” que
corresponde:
... à
territorialização de nossas ações de todos os dias,
através da qual garantimos a satisfação das necessidades; há relações entre os
indivíduos e lugares. O território do cotidiano é, ao mesmo tempo, aquele de
tensão e da distensão, aquele de uma territorialidade imediata, banal e
original, previsível e imprevisível. (...) o cotidiano é vivido simultânea,
territorial e linguisticamente. É o habitar por excelência, riqueza, pobreza,
banalidade e originalidade, potência e impotência, ao mesmo tempo.
Fonte 3: Vila, onde concentram-se as
Boates Noturnas

Fonte: Trabalho de
Campo/Maio,2011
Foto:Pimentel, Juliana Maria
Vaz
Ao questionarmos na entrevista sobre a escolha das “garotas” optarem por
fazerem programas nas “boates”, o entrevistado nº 2, que atualmente é gerente de
uma boate fora do Estado de São Paulo, responde:
“ as meninas preferem as boates porque são
tratadas bem melhor do que se estivessem morando em suas casas. Nas boates elas
moram sem ter custo nenhum.O café da manhã tem suco, presunto, queijo,pão,
danone, leite.Tem almoço, café da tarde, jantar e um café da madrugada. Muitas
não tinham nada disso em suas casas”.
Neste
sentido, Duncan (2004), nos chama a atenção para os discursos que são utilizados
pelos distintos grupos sociais que
territorializam-se em diferentes espaços da cidades - “ cada grupo social
institui seus próprios textos urbanos”
Para Ribeiro
(2005):
A
territorialidade é identificada pelas práticas sociais que, por um lado, são
definidas por relações de poder, através do controle, e, por outro, pela
apropriação simbólica e afetiva de uma área geográfica por indivíduos ou grupos.
Assim sendo, o território, nada mais é do que a manifestação geográfica dessa
territorialidade, através dos seus limites, que se dão de modo
diferenciado.
A discussão sobre a prática da atividade sexual comercial está longe de
esvair-se e não envolve somente a questão do “fetiche do corpo”, mas entre seus
meandros, encontram-se lógicas totalmente pertinentes ao modo de produção
capitalista, em que temáticas cuja moralidade é evidenciada são transformadas em
invisíveis, como forma de dinamizar a economia, a lucratividade e os negócios do “lugar” e dos atores que
nela estão envolvidos e, que, acabam, por se beneficiarem ocultamente de toda a
dinâmica estrutural que abarca o Turismo, no sentido desta pesquisa, o Turismo
Sexual.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Na atualidade,uma das atividades que vêm se desenvolvendo não só
nos grandes centros brasileiros, mas também nas cidades interioranas, é a
prática do Turismo Sexual, ou seja, a prostituição. Muito embora, a prostituição
possa ser considerada uma atividade anterior ao capitalismo, ela passou a
assumir características próprias segundo novos contextos sociais, tomando
diretrizes diferentes se analisada sobre o prisma da vida nas cidades,
porém,além dos fatores sócio-econômicos e políticos, para a compreensão de tal
fenômeno, devem ser levados em consideração, também, os aspectos territoriais,
históricos, culturais e éticos das mulheres que estão envolvidas na prática da
prostituição.
Dentro desta perspectiva, a exploração sexual comercial, vem
crescendo consideravelmente nos últimos tempos no município de Rosana, onde
existem vários territórios que estão imbuídos por diferentes territorialidades.
Podemos citar como territórios propícios a prostituição a Vila onde
concentram-se as boates, o
Restaurante e a Choperia Júpiter, a “tenda” e o Balneário Municipal,este
localiza-se em uma área de grande importância turística, no sentido de que, no
período diurno é freqüentado geralmente por crianças e famílias que usufruem da
“prainha” e dos “quiosques comerciais”, e no período noturno, pode ser
considerado uma zona “crítica”, por estarem presentes na área, prostitutas,
meninas jovens, traficantes e diversos sujeitos oriundos de cidades e Estados
diferentes,que usufruem dos serviços do local, exibindo seus carros de luxo,
exaltando seus poderes aquisitivos em meio a pessoas desprovidas de todo o tipo
de aparato social, denunciando, desta maneira, a face contraditória e nociva do
capitalismo.
Demonstrando dessa forma, a necessidade de se criar políticas
públicas que visem erradicar com o problema da atividade sexual comercial e
criar subsídios pra um turismo que traga benefícios ao município e não práticas
nefastas à população que nele reside.
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Nabozny (2007), nos chama a atenção para: “os significados das
“ausências e silêncios” nestas redes de exploração sexual. Já Foucalt (2006),
ressalta que: “é a produção da invizibilidade que permite a perpetuação da
mercantilização das práticas sexuais”.
O autor refere-se a palavra “texto" para ressaltar que:... a cidade,
tal qual um texto escrito, pode ser lida e percebida de formas diferentes.Assim quando os grupos
sociais se encontram, textos urbanos oriundos de diferentes interpretações e
vivências da cidade também entram em intersecção, produzindo assim, uma
intertextualidade.