EDUCAÇÃO GEOGRÁFICA:
REFLEXÕES SOBRE SUA CONSTRUÇÃO NA ESCOLARIZAÇÃO
BÁSICA
Célia Regina da Silva Zerbato
FCH-PPGG-UFGD
Prof. Dr. Sedeval Nardoque
FCH-PPGG-UFGD
RESUMO
Esse texto objetiva refletir sobre “a quantas anda” a educação
geográfica que os professores vêm construindo com e para seus alunos, na
escolarização básica brasileira, sob o prisma da renovação da educação e da
ciência geográfica materializadas em propostas e parâmetros curriculares após os
anos 1980. Subjazem ao longo das explanações dois trabalhos relacionados aos
problemas que a geografia escolar arrosta para o desenvolvimento de
aprendizagens significativas nas escolas públicas brasileiras. Por fim, os
limites e avanços das propostas e parâmetros curriculares para o ensino dessa
disciplina.
Palavras-chave: Educação geográfica, propostas curriculares,
parâmetros curriculares, renovação educacional.
EDUCACIÓN GEOGRÁFICA: REFLEXIONES SOBRE SU CONSTRUCCIÓN EN
LA ESCUELA
BÁSICA
RESUMEN
Este
texto tiene como objetivo reflexionar sobre el desempeño de la educación
geográfica que los maestros han construido con y para los estudiantes, de
educación básica brasileña, desde la perspectiva de la renovación de la
educación y la ciencia geográfica materializadas en una serie de propuestas y
parámetros curriculares después de los años 1980. Subyacen en las explanaciones
dos trabajos relacionados con los problemas que la enseñanza de geografía
afronta para el desarrollo de aprendizajes significativos en las escuelas
públicas. Por
último, los límites y los avances de las propuestas curriculares y parámetros
para la enseñanza de esta asignatura.
Palabras clave: Educación geográfica, propuestas curriculares,
parámetros curriculares, renovación de la
educación.
EDUCATION GEOGRAPHIC: REFLECTIONS ABOUT
CONSTRUCTION IN BASIC SCHOOL
ABSTRACT
This text has the objective of reflect about
geographical education that teachers are building with and for their students in
basic education in Brazil, using the renovation of
education and geographical science in proposals and curriculum guidelines after
year 1980. Bellow, explanations of two works related with the
problems that the school geography to face for the development of learning
in Brazilian public schools. Finally, the limitations and advances of the
proposals and curriculum guidelines for teaching this
discipline.
Keywords: geographic education, curriculum proposals,
curriculum guidelines, renovation educational.
Introdução
Pode-se ler o mundo sem ler a palavra, mas assim que lemos à
palavra, temos acesso a uma realidade mais complexa porque feita de conceitos,
abstrações e símbolos. Com esse arsenal podemos fazer uma nova leitura do mundo
e também da antiga leitura que nós mesmos tínhamos feito. (PEREIRA, 1999,
p.45).
A educação básica assenta-se, fundamentalmente,
pelo processo de alfabetização e
letramento e este
não é de
responsabilidade apenas do professor de língua portuguesa ou dessa área, mas de
todos os educadores que trabalham com a leitura e a escrita. As diversas disciplinas que compõem o currículo desse nível de ensino
estabelecem princípios e aportes de linguagens dos mais variados tipos que serão
apropriadas pelos alunos como ferramentas de comunicação, de leitura e de
compreensão do mundo. Assim, cabe aos educadores, à luz de análises documentais, definirem,
no planejamento escolar, as linguagens e os suportes que serão trabalhados, bem
como os objetivos a serem atingidos em cada situação de aprendizagem para que a
identidade/singularidade de cada disciplina seja evidenciada. Porém, isso não
significa negação de abordagens interdisciplinares e transdisciplinares dos
conhecimentos.
Que contribuição específica a Geografia pode
acrescentar ao processo de alfabetização e letramento pelo qual passa o aluno da
Educação Básica? Para Pereira (1996, p.53), a alfabetização, para a Geografia,
somente pode significar que existe a possibilidade do espaço geográfico ser lido
e, consequentemente, entendido, configurando instrumento concreto do
conhecimento e de desvendamento da realidade pelo aluno. Tal processo se realiza
pela análise geográfica da espacialização
territorial dos fenômenos e, portanto, como eles se
organizam.
Nesse sentido, as finalidades de ensino e aprendizagem da geografia
escolar é formar no educando a consciência espacial cidadã, construída a partir
da leitura dos espaços de vida na perspectiva transescalar da realidade
socioespacial, ou seja, desde suas
dimensões locais às globais, processo denominado como educação
geográfica, expressão
resultante da amalgama entre as expressões alfabetização geográfica e letramento
geográfico, proposta por Castellar e Vilhena (2010, p.
23).
A escola básica é o lugar, por excelência, para a construção da
consciência espacial. A geografia escolar permite decodificar a realidade sob o olhar espacial, na medida em
que o aluno contrapõe ao conhecimento que ele traz consigo os conceitos
cientificamente elaborados, produzindo, então, o seu próprio conhecimento. É
papel fundamental trabalhar referências utilizando-se das informações da própria
realidade, considerando o espaço vivenciado e visível na valoração da identidade
do aluno e de sua situação no mundo social. É o momento de desenvolver as bases
da linguagem cartográfica.
Desse modo, buscar-se-á, por entrecortes de dois
trabalhos recentes, os pressupostos didático-pedagógicos e os desafios que
norteiam o ensino-aprendizagem de Geografia em escolas públicas, com vistas a
clarear caminhos para o engendramento de mudanças que balizem a construção da
educação geográfica, propalada nos diversos documentos oficiais de
ensino.
Buscando pistas sobre o desempenho da educação
geográfica nas entranhas da escolarização básica
Durante muito tempo a Geografia foi considerada
disciplina descritiva e de memorização, na qual o
conhecimento geográfico foi repassado ao aluno de forma fragmentada, mnemônica e
descritiva, resultando no insucesso do processo ensino-aprendizagem. Essa
postura tradicional, compreendendo-se o professor como mero transmissor de
informações e executor de ensino enfadonho e desinteressante, passou a ser
questionada por novas práticas pedagógicas. Nesse sentido, novos rumos foram
estabelecidos a partir dos anos 1980 para reformular o currículo escolar com
propostas que ora caminhavam na contramão do discurso oficial hegemônico,
como a proposta da Coordenadoria de Estudos e
Normas Pedagógicas (CENP) paulista, ora
na direção, como as centralizadas pelo Ministério da Educação (MEC), nos anos
1990.
Desse modo, cabe refletir sobre a educação
geográfica que os professores vêm construindo com e para seus alunos na
escolarização básica no contexto da renovação da educação e da ciência
geográfica, mediada por pressupostos didático-pedagógicos expressos em propostas
e parâmetros curriculares. No cenário de renovação dos anos 1980 e início de
1990, Almeida (1991, p.84) verbalizou que naquelas décadas a ciência geográfica
evoluiu muito, no que se refere à abordagem teórico-metodológica de seus
pressupostos de ensino, mas, por outro lado, o não acompanhamento, pelos
professores das redes de ensino, das transformações vividas nos meios
acadêmicos, manteve-os presos aos antigos planos e aos livros didáticos.
A quantas anda o desempenho da
educação geográfica nas escolas públicas no contexto mais recente que o
graficizado por Almeida (1991)? Procurou-se encontrar, na literatura atual,
pistas sobre os pressupostos didático-metodológicos que permeiam a construção da
educação geográfica no seio da educação básica e pública brasileira. Para isso,
selecionou-se dois trabalhos produzidos no início do século XXI: Kaercher (2004) e Gomes e Vlach (2006). O
trabalho de Kaercher (2004) foi realizado com dez professores de Geografia e
consubstanciado por 154 horas/aula de observações de suas práticas em sala de
aula em escola públicas do Estado do Rio Grande do Sul. Mesmo publicado treze
anos após o de Almeida (1991), demonstraram forte correlação. Porém, para se
entender melhor esse vínculo é preciso lembrar que ambos foram escritos no
contexto da renovação educacional que marcou o país desde os anos 1980 e,
portanto, como as mudanças desdobraram-se nas salas de aulas do ensino básico. O
referido autor, em decorrência de suas observações sobre práticas educativas no
Ensino Médio em aulas de Geografia, chegou às seguintes conclusões:
Na tentativa de superação da Geografia Tradicional em direção a
uma Geografia diferenciada (a Geografia Crítica) perderam-se alguns recursos e
habilidades didáticas básicos: o mapa, o quadro, o hábito de os alunos
escreverem no caderno, a observação e a descrição das paisagens. Confundiu-se
erroneamente tais tarefas como sendo necessariamente ‘negativas’ porque
identificadas à Geografia Tradicional. “Jogou-se fora a criança com a água do
banho”. Em nosso entendimento não se trata de eliminar esta ou aquela técnica ou
recurso, mas sim usá-lo de forma que explorem melhor as potencialidades de cada
material e, sobretudo, dialoguem de forma criativa e estimulante com os
alunos.
O que há, então, no lugar da aula-monólogo expositivo da Geografia
Tradicional? Temos uma série de pistas, indícios: um tempo considerável é
investido na administração burocrática do tempo: deslocamento do professor,
entrada na sala de aula, negociação do silêncio e na volta aos lugares dos
alunos, feitura da chamada, conversas gerais sobre assuntos quaisquer, mero
passatempo, sem relação com a aula! Outro bloco considerável é a
operacionalização da aula (solicitar e esperar que abram os cadernos, copiar no
quadro ou ditar, fazer silêncio, buscar LD na biblioteca, acertar o ponto da
fita de vídeo, interromper as conversas/bagunças)! A elaboração das tarefas
‘cognitivas’ – que exigem raciocínio dos alunos são amplamente secundárias.
Predominam, largamente, atividades mecânicas, ‘tarefeiras’, que ocupam mais o
tempo e o corpo do que a mente! O cognitivo é secundarizado. Responder
questionários, não raro entendendo ‘pelo alto’ o que se faz, ou preparar um
trabalho, que será apresentado posteriormente em aula, são as principais
atividades dos alunos: é outro grande bloco que completa as aulas. Pintar um
mapa é atividade bem mais comum do que analisá-lo e/ou entendê-lo (Kaercher, 2004,
p.115-116).
A extensa citação se faz necessária à medida que
suscita repensar com certa profundidade que pressupostos teóricos e
metodológicos têm permeado as aulas de Geografia na educação básica, mesmo no
contexto da renovação da ciência geográfica e da educação nas últimas décadas. O
referido trabalho indica que o professor se exime de conduzir o processo de
renovação da educação. Para o autor, o docente confundiu-se aquela pertinente
crítica à educação e à Geografia Tradicional, revelada a partir, principalmente,
dos anos 1980, que dizia que o conhecimento não está apenas na fala do professor
e, alimentou-se a ideia distorcida da assertiva que todo o conhecimento tem que
ser construído na relação professor-aluno, como se estes dois atores tivessem o
mesmo papel (relação horizontal). A
Geografia, com seus professores ausentes e com sua pouca densidade no tratamento
dos assuntos abordados, soa como um pastel de vento: aparência externa
agradável, “moderna”, mas de conteúdo dispersivo e de reflexão superficial.
O cenário, revelado por Kaercher (2004),
demonstra que a tão propalada educação geográfica revestida da consciência
espacial, que propicie o entendimento do mundo, está longe de ser efetivada no
contexto da escolaridade básica. Para o autor é seminal a boa formação e
“vontade” do educador
para superar o que denomina de obstáculos epistemológicos: como o de ver o aluno
pela negatividade - alunos déficits - (falta-lhes vontade, inteligência,
comportamento) arraigada nas práticas dos professores; predomínio de formação
“técnica”, mais tradicional, com ênfase na compartimentação e na informação
resultante de uma graduação na lógica do acúmulo de informações, até
hiperespecializar-se numa “gavetinha” específica (agrária, urbana, clima, etc.)
que reflete no ser professor do Ensino Fundamental e Médio (EFM), na mesma
lógica do acúmulo de informações que tende a gerar um ensino pouco consistente
do ponto de vista epistemológico, e, pouco atraente do ponto de vista didático;
a confusão que a geografia escolar (mediada pelo professor) produz entre
toponímia e topologia em que colocar um mapa, falar uma série de topônimos,
citar países/regiões/estados torna isso Geografia. A somatória desses obstáculos
(quando não superadas pelo educador) alicerça a figura do professor Midas
geográfico em alusão ao
personagem mitológico que transformava tudo que tocava em ouro/geografia
(KAERCHER, 2004). Em outras palavras, cabe ao professor transpor as digressões
em suas práticas tomando as rédeas de sua própria formação contínua na busca por
maior densidade teórica que jaz em várias publicações, com vistas a criar
alternativas superadoras dos obstáculos em tela.
As reflexões de Kaecher (2004) creditam
visivelmente os obstáculos e, ao mesmo tempo, as possibilidades de construção de
aprendizagens significativas, no âmbito da escola básica, ao professor.
Concorda-se com o autor quando afirma que o professor é o principal agente da
educação escolar na formação dos educandos, pois como mediador pode facilitar ou
desestimular a aprendizagem. Mas suscita-se, aqui, algumas discordâncias quanto
às possíveis causas das distorções nas práticas em sala de aula, justamente pela
introdução de novos pressupostos educacionais que permearam as reformas
curriculares, sem significativas discussões e reflexões no âmbito da escola,
resultando em sérios danos à formação do educando. Pensa-se que as causas dessas
distorções, hipoteticamente levantadas nas pesquisas de Kaercher (2004), carecem
ser analisadas sob ângulos/entrecortes mais profundos e que se pautem sobre os
aspectos que gravitam/sustentam as práticas dos professores de Geografia. Antes
de se caminhar nas novas perspectivas de análise, pretende-se reforçar os
principais trechos que chamam a atenção na escrita do referido autor: “o
professor confundiu as críticas ao ensino tradicional da Geografia e da
Educação, e distorceu a assertiva de que o ensino não estava no monólogo do
professor e sim na relação professor/aluno como se essa relação fosse
horizontal/igualitária” (p.116). Segundo o autor, culminou numa superficialidade
do ensino de Geografia que não efetiva a educação geográfica, seminal para a
formação do educando. Precisa-se aprofundar as reflexões sobre as causas dessas
digressões nos pressupostos/processos didático-pedagógicos que ocorrem em sala
de aula na escolaridade básica, que assumiu, segundo Kaercher (2004), a alcunha
(metafórica) da geografia de pastel de vento.
O que teria levado a massa de professores à
materialização do pseudo-ensino em suas práticas em sala de aula? Ressalva-se
que, hipoteticamente, tais causas tenham raízes mais profundas, entre as quais,
a baixa qualidade dos cursos de formação dos professores, a precarização das
condições de trabalho docente, a insuficiente infraestrutura material das
unidades escolares e a gerência estadocêntrica e neoliberal da Educação que
agremiados/justapostos produziram no contexto da renovação educacional uma série
de dicotomias, como lembram Costa e Vlach (2001):
É sabido, todavia, que o cenário educacional denuncia,
insistentemente, dicotomias existentes na prática educativa, as quais
comprometem e, não raro, profundamente, o alcance dos objetivos mais amplos da
educação, especialmente quando se deseja uma educação para a formação do sujeito
consciente no exercício de sua cidadania, almejando a transformação qualitativa
da sociedade em que vive. Nesse contexto, pode-se citar como dicotomias
existentes: TeoriaXPrática; EnsinoXPesquisa; Ensino SuperiorXEnsino Fundamental
e Médio; Conteúdo EspecíficoXConteúdo Pedagógico, dentre muitas
outras.
Para visualizar-se o panorama dessas dicotomias e
ou digressões, que obstacularizam e desafiam a construção de aprendizagem de
qualidade, discorre-se sobre a segunda pesquisa com o intuito de descortinar um
pouco mais o universo da escola pública e o ensino da geografia escolar que se
materializa. Veja-se: em trabalho de pesquisa com o objetivo de despertar a
criticidade dos alunos e de levá-los a compreenderem a “matriz política da
organização do espaço geográfico” no município em que vivem, investigou-se a abordagem
de temas de Geografia Política e Geopolítica nas escolas públicas dos distritos
do Município de Uberlândia, Estado de Minas Gerais, em 2006, sob a orientação de
Gomes e Vlach (2006, p.8). No decorrer desse trabalho, as autoras deram vozes
aos educandos envolvidos no processo, que apontaram deficiências nas aulas de
Geografia de suas escolas: 52% dos alunos do Ensino Fundamental e 63% dos alunos
do Ensino Médio manifestaram insatisfação em relação ao ensino desses temas.
Apontaram como causas: a carga horária insuficiente, falta recursos didáticos e
professores que não dominam os conteúdos Apontaram algumas sugestões para
melhorar a aprendizagem de temas de Geografia Política e Geopolítica em suas
escolas: utilização de recursos auxiliares, como Internet, kits didáticos,
atlas, mapas, livros atualizados e periódicos; uso de procedimentos
metodológicos das Artes (música, teatro); elaboração de trabalhos de campo para
trabalhar alguns temas na escala do município; organização de palestras,
mini-cursos e debates. Por outro lado, como salienta as autoras, as professoras
de Geografia dos referidos alunos (que também participaram da pesquisa
concedendo entrevistas) relataram os motivos que corroboram nas distorções dos
pressupostos didático-pedagógicos de suas práticas e que resultam na
superficialização do ensino de geografia, análogo a metáfora pastel de vento:
Das entrevistas realizadas com as professoras de Geografia, é
pertinente registrar que três das quatro professoras do Ensino Fundamental e a
professora do Ensino Médio admitiram dificuldades na abordagem de tais temas em
sala de aula, bem como no acompanhamento da dinâmica política no Brasil e no
mundo. Reclamam da carência de diversificação dos recursos didáticos, de sua
falta de adequação, das condições de trabalho (os baixos salários exigem um
número maior de aulas, o que reduz o tempo para pesquisarem), e da falta de
cursos para o professor. Por isso mesmo, o livro didático ainda é o que orienta
as suas aulas (os Atlas das escolas são antigos), (...) as professoras expuseram
que para melhorarem o seu desempenho profissional e, assim, contribuírem para a
formação de cidadãos sintonizados com os problemas do mundo e comprometidos com
mudanças no território onde vivem, destacam-se a reivindicação ao seu direito à
formação continuada, e a organização, por parte da direção da escola,
professores e outros, de palestras e mini-cursos para a comunidade em que as
escolas se situam. (Gomes e Vlach, 2006,
p.17-18).
A realidade apresentada pelas autoras evidencia
as dicotomias e gargalos que caracterizam a educação pública, inquietando muitos
professores na busca de possíveis alternativas. Traz a tona o despreparo dos
professores para enfrentar as exigências da escolarização básica no que tange a
concretização da educação geográfica para a leitura do mundo, primordial na
formação do cidadão pleno. Este despreparo descortina as possíveis lacunas nos
cursos de licenciaturas e de inconsistência nos de formação contínua que assumem
a qualificação desses profissionais, que associado à ineficiente infraestrutura
material das unidades escolares e as precárias condições de trabalho (baixos
salários e jornadas extenuantes), coadunam para a gestação do “ilusório recheio
do pastel”.
Ressalta-se que o sistema educacional básico é
majoritariamente mantido e dirigido pelo poder público, que historicamente não
tem dado a devida atenção às condições de trabalho do professor e ao
estabelecimento de infraestrutura física e material das unidades escolares que
possibilitem educação de maior qualidade.
O panorama evidenciado até o momento é
inquietante: será que o professor é o único responsável pelas digressões que
permeiam o ensino-aprendizagem nas aulas de Geografia? Onde estão às bases da produção dessas
distorções? Entende-se que as respostas a estes questionamentos deverão ser
postergadas. É importante, nesse momento, deixar pontos de reflexão, justamente
para os “problemas” relacionados à educação básica não sejam só atribuídos aos
professores desse nível de ensino. Há outros
problemas.
Outro está relacionado às reformas educacionais
que norteiam a educação desde os anos 1980 e que abarcaram alterações
significativas nos pressupostos teórico-metodológicos e didáticos da ciência
geográfica, bem como na própria educação brasileira como um todo. Em um primeiro
momento, as reformas no Estado de São Paulo assumiram o processo de renovação de
cunho progressista, especialmente no anos 1980, com a elaboração das propostas
curriculares para o ensino básico. Mas, paradoxalmente, tal movimento se
deparou, na década seguinte, no contexto da estruturação do Estado Neoliberal,
que assumiu a rédeas da renovação curricular da escolarização básica,
principalmente a partir dos anos 1990, pautado no viés da mesma política e,
consequentemente, negando a primeira vertente marxiana, anteriomente adotada
em São
Paulo.
Adentrando-se um pouco mais na gênese das
dicotomias/digressões que afligem a Educação na busca da qualidade, propõe-se,
adiante, discutir como as políticas educacionais estadocêntricas e neoliberais
têm imputado alguns obstáculos pedagógicos à construção da “alfabetização e do
letramento geográfico”.
Educação geográfica e propostas curriculares:
reflexões sobre essa relação
[...] a discussão sobre a produção de
conhecimento e o ensino de geografia tem que passar pelo debate teórico,
filosófico e utópico. Não se pode separar a ciência do cientista, o sujeito do
objeto, o criador da criatura. (OLIVEIRA, 1999,
p.48).
A escola, como instituição pública ou privada,
pode servir à lógica dos grandes Estados hegemônicos em favor da manutenção da
supremacia destes em relação aos países considerados subdesenvolvidos ou em
desenvolvimento (AVANZI, 2010, p.1-2). Para o referido autor, esse processo
ocorre através de programas internacionais de financiamento, como o Banco
Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), o Fundo Monetário
Internacional (FMI) e a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência
e a Cultura (UNESCO), assim como outras.
Procurar-se-á, nesse momento, adentrar o mundo
das políticas educacionais para, hipoteticamente, analisar questões ligadas às
formas de gerência educacional do Estado e seus impactos no papel da educação
enquanto formadora do cidadão pleno. Por outro lado, é seminal analisar os
impactos das novas políticas educacionais nas práticas educativas dos
professores de Geografia. Em síntese, pensar paralelamente como os sujeitos
primordiais do processo educativo: professor e aluno se situam no contexto da
reforma curricular de cunho estadocêntrica que marca o país no final do século
XX e início do XXI e presumir alguns desafios que o ensino de Geografia arrosta
na escolaridade básica para a construção de aprendizagens
significativas.
A apropriação da educação como instrumento
reprodutor das ideologias das classes dominantes antecede a adoção do
neoliberalismo pela maior parte das nações ocidentais. Avanzi (2010, p.2) afirma
que em fins do século XIX e começo do século XX, Makinder já chamava a atenção
para esse fato quando auferia ao sistema militar compulsório, a escola
compulsória e as universidades da Alemanha a edificação dos pilares do seu
sistema cultural. Nesse contexto, o sistema educacional alemão serviria para
criar à filosofia do patriotismo na população através das práticas docentes, em
especial, as ações dos professores de Geografia. Assim, os cidadãos engajavam-se
nos “problemas nacionais alemães”, que para Avanzi (2010) significaria a
formação, desde a infância, da mentalidade estratégica no povo, habituando-os às
fronteiras do Estado/território uno, bem como, legitimando suas ações através
dos mapas.
Na atual
conjuntura mundial, tal fato não se dá de maneira diferente, como afirma Avanzi
(2010, p.3).
O histórico recente das propostas educacionais no
Brasil só corrobora com a tese: a de que a educação serve, sobretudo, a uma
lógica de Estado, que não estão desvinculadas ou isoladas de um projeto global.
No caso, estas “expressam o caminho trilhado pelo governo brasileiro para pôr em
prática as políticas Neoliberais decididas em escala
mundial”.
Antes disso, até a década de 1980, os estados e
os municípios tinham autonomia para elaborar suas propostas curriculares para a
educação pública, de acordo com suas particularidades regional-locais. Nesse
período, a Coordenadoria de Estudo e Normas Pedagógicas (CENP), do Estado de São
Paulo, formou grupo de especialistas para elaborar as propostas curriculares
para a educação básica. No caso da Proposta Curricular de Geografia, buscou se
aprimorar os seus fundamentos de acordo com os pressupostos da Geografia
Crítica, aproximando a Geografia ensinada na escola com aquela ensinada nas
universidades (Pontuschka, 2007, p.69).
Para Moreira (2000, p.111), o movimento de
renovação curricular dos anos 1980 foi fomentado principalmente nas regiões
Sudeste e Sul, a partir da ascensão de governos de oposição ao regime militar. A
intenção primária era melhorar a qualidade do ensino oferecido na escola pública
e reduzir as altas taxas de repetência e evasão que expurgavam as crianças das
camadas populares do espaço escolar. Procurava-se, também, incitar o
envolvimento da comunidade escolar nas decisões, de forma a transpor o
autoritarismo/conservadorismo de reformas anteriores de cunho vertical. As
mudanças curriculares propostas assentaram-se nas tendências pedagógicas:
crítico-social dos conteúdos, de Demerval Saviani, e a libertário-popular, de
Paulo Freire. Essas duas tendências
divergiam radicalmente em relação ao conteúdo a ser ensinado na escola, porém,
segundo Moreira (2000), foram significativas e representaram avanços na
configuração do currículo. A primeira por ressaltar a função básica da escola
que assumia a transmissão do saber sistematizado, defendia a existência de
conteúdo cientifico e universal (gestado historicamente no interior das relações
sociais), a ser apropriado criticamente por todos os educandos, especialmente os
oriundos das camadas populares. A segunda, sob a influência dos pressupostos da
educação popular de Paulo Freire, valorizava no currículo o saber popular, dele
buscava-se partir para efetivar a conscientização das classes subalternas,
porém, rejeitando-se a dicotomização entre transmissão do saber sistematizado e
a conscientização. Assim, estas propostas representaram iniciativas estaduais
antecipatórias à ação do poder público federal, que ocorreria no limiar dos anos
1990.
Na década de 1990, estabeleceu-se a nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN/96) em substituição à antiga
5692/71, que representou o início de tomadas de decisões, pelo Ministério da
Educação (MEC), para a criação de novo currículo que assumiu a forma de
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e alcunha de Base Nacional, que
servisse a todas as escolas públicas de todos os Estados da Nação. Na sua
formulação, eliminou-se a participação dos professores, criando-se a nova
denominação para os níveis de ensino básico que se têm atualmente: Ensino
Fundamental e Ensino Médio.
Nesse contexto, políticas educacionais
estadocêntricas assumiram papel de destaque na elaboração curricular, negando a
dinamicidade construção/reconstrução que norteia o currículo no seio dos
diferentes sistemas de ensino e das escolas, vendo-os como tábula rasa e
assimiladores de receituários prontos.
Na esteira
dessas transformações, o currículo de Geografia agregou modificações de natureza
teórico-metodológica, as quais, segundo Vieira (2004), intenta a corrosão dos
avanços obtidos com a renovação dessa ciência nos idos dos anos 1980, que
incorporou os fundamentos do materialismo histórico e dialético, assumindo a
denominação de Geografia Crítica. Para a autora, os formuladores dos PCNs, na
intenção de valorar os pressupostos teórico-metodológicos da fenomenologia,
teceram duras críticas às teorias geográficas de cunho marxista, secundarizando
suas contribuições no âmbito do ensino dessa ciência. Numa análise sobre a
temática “espaço agrário brasileiro”, proposta pelo documento, Vieira (2004)
conclui:
(...) detectamos na análise dos conteúdos
teóricos propostos no documento, que o conceito de relações socioculturais foi
aí bastante reduzido. As relações interpessoais existentes em nossa sociedade
são vistas somente pela dimensão da cultura, excluindo as determinações
econômicas, as relações de poder e de trabalho das pessoas que vivem em
sociedade.
Ao criticarem a Geografia Crítica, constatamos
que os autores promoveram um incentivo ao abandono da análise de fatores
econômicos e políticos na interpretação da realidade espacial, o que constitui
um erro, pois esses fatores são muitas vezes as principais determinações das
formas espaciais surgidas na paisagem, bem como das contradições presentes em
nossa realidade espacial. Ao secundarizá-los ou omiti-los, estaremos impedindo o
aluno de obter uma visão de totalidade da sua realidade
(p.33-34).
Essa análise conforma com a verbalização de
Oliveira (1999, p.54) – um dos idealizadores da Proposta Curricular de Geografia
do Estado de São Paulo de cunho marxiano, publicada em 1986 –, quando, em
análise filosófica do conteúdo teórico do referido documento (PCNs), afirmou que
na concepção de Geografia adotada pelos autores, a sociedade está sendo
concebida como “uma reunião de indivíduos e, não a união contraditória de
classes sociais em luta” (Oliveira, 1999, p. 54). Fato que levou
este autor a concluir que o real objetivo do documento é o de “formar cidadãos
que apenas se enxerguem como indivíduos, não conseguindo, portanto,
enxergarem-se como classe”.
Essa
concepção diminuta de Geografia, contida nos PCNs, confronta sobremaneira a
propalada Geografia Crítica marxiana que se materializou nas propostas
curriculares dos anos 1980. O entendimento das ideias de Vieira (2004) e de
Oliveira (1999) coaduna-se com a análise feita por Carlos (2002):
O materialismo dialético estruturava a base do
conhecimento (geográfico) enquanto adequação do pensamento e do ser; de um
conhecimento que não se reduziria ao pensamento abstrato, antes o articularia à
dimensão da prática social enquanto conteúdo do real, levando a compreensão do
caráter contraditório das relações que produzem o espaço geográfico, permitindo
orientar o pensamento para a ação, num esforço de compreender o conteúdo teórico
da sociedade em seu processo contraditório de humanização/desumanização do homem
em suas condições concretas de existência. Nesta perspectiva, o espaço é
entendido como produto de um processo de relações reais que a sociedade
estabelece com a natureza (primeira ou segunda). A sociedade não é passiva
diante da natureza; existe um processo dialético entre ambas que reproduz,
constantemente, espaço e sociedade, diferenciados em função de momentos
históricos específicos e diferenciados. (...) o espaço é humano não porque o
homem o habita, mas porque o produz (Carlos, 2002, p.
165).
Assim, com os PCNs, ocorreu o reducionismo
teórico dessa área do ensino, na medida em que os conteúdos propostos e as
orientações teórico-metodológicas existentes no documento sinalizam na direção
de ensino cuja análise da organização espacial da sociedade faz-se a partir de
seus aspectos mais superficiais.
A configuração deste documento (como possível
referencial uno para o desenvolvimento das políticas educacionais dos estados e
municípios), assentado em limitações teórico-metodológicas da ciência geográfica
e isenta da participação dos principais sujeitos sociais envolvidos no processo
de ensino, implicará em sérios riscos a formação dos educandos da escolarização
básica. Vê-se que essa reforma assume o retrato do conservadorismo que se
caracteriza pela desqualificação do trabalho docente, pela ínfima autonomia e,
principalmente, pela perda do controle de seu trabalho, acentuando as dicotomias
e ou digressões que afetam a qualidade de ensino.
Porém, o desenvolvimento da Geografia não se faz
sem crises, ao engendrar debates abrem-se novas perspectivas (Carlos, 2002, p.166). O movimento da
Geografia Crítica perdeu visibilidade na reforma educacional, mas também no
mundo acadêmico no decorrer dos anos 1990. Paralelo à “geografia dos PCNs”,
emerge no mundo acadêmico a geografia plural, como nos lembra a autora:
Uma coisa é altamente positiva, na geografia
brasileira: a multiplicidade de abordagens teórico-metodológicas e, nessa
perspectiva, o pensamento geográfico não é homogêneo, mas contraditório e
múltiplo; um movimento em construção, que não é contínuo, apresentando
descontinuidades, continuidades. Essa multiplicidade tem garantido um debate
cerrado em torno da capacidade da geografia de produzir um conhecimento sobre a
realidade brasileira. Portanto, os desafios também são diferenciados. Por outro
lado, a constituição de um saber geográfico se move num contexto histórico
social o que significa dizer que as mudanças nos modos de pensar a geografia são
produtos diretos das transformações econômicas, políticas e sociais. Enfim, o
problema é como pensar a realidade brasileira tendo por base os conteúdos
produzidos pela ciência geográfica, para a qual o historicismo tem um papel
central (Carlos, 2002,
p163).
A Geografia é ciência em construção e de caráter
plural, marcada por pela multiplicidade de abordagens, correntes que se
justapõem e se superam em movimentos que não podem ser delimitados e nem
definidos claramente, pois as verdades são relativas e seus limites são sempre
transpostos abrindo novas perspectivas para se pensar o mundo contraditório e
multifacetado (Carlos, 2002,
p.163). Assim, como pensar a realidade a partir do ensino da geografia escolar?
Qual perspectiva a ciência geográfica (cambiante) enceta? Será que os
professores de Geografia que atuam na educação básica estão preparados para
acompanhar toda a dinâmica da ciência geográfica, configurando em suas práticas
a educação geográfica de qualidade? Será que os professores da rede de ensino
básico conseguiram acompanhar e entender as transformações no mundo da educação
e nas abordagens sobre ensino de Geografia nas últimas décadas? As discussões
teórico-metodológicas e as reflexões sobre as transformações no mundo da
educação feitas nos últimos tempos nas universidades chegaram às escolas e aos
professores de ensino básico?
Considerações finais
Pimenta (2002) evidencia que as práticas
pedagógicas adotadas nas organizações escolares não coadunam com as produzidas
pelas recentes investigações das ciências da educação. Assim, a formação inicial
(graduação) tem desenvolvido o currículo formal distante da realidade escolar,
ao passo que, na formação contínua, por meio de cursos e atualizações, tem sido
pouco eficiente para alterar a prática pedagógica tradicional latente nas
escolas. Tal situação revela o quão insuficientes tem sido as políticas de
qualificação dos profissionais da educação, o que dificulta sobremaneira o
entendimento dos pressupostos teóricos e metodológicos dos documentos oficiais
que normatizam e norteiam a reforma educacional e, consequentemente, para
realizar opções conscientes e forjadoras de alternativas que transponham
prováveis distorções na efetivação da qualidade do
ensino.
Concorda-se com Cavalcanti (2002, p.110.) que, ao
verbalizar sobre a atuação do profissional, afirma a exigência de formação que
dê conta da construção e reconstrução dos conhecimentos geográficos fundamentais
e de seu significado social. Não basta ao professor ter domínio do conteúdo, é
preciso que saiba pensar criticamente a realidade social e se coloque como
sujeito transformador dessa realidade. Educador com esse perfil terá condições
de assumir postura critica, superando possíveis distorções e obstáculos à
construção de aprendizagens significaficas em sala de aula, mesmo quando
subjugados a propostas curriculares verticalizadas e materiais curriculares que
apresentem pressupostos didático-pedagógicos de caráter reducionista ou
limitante, no que tange a construção da educação geográfica de qualidade na
escolarização básica. Em outras palavras: urge a interrelação entre o saber
geográfico e o fazer pedagógico no contexto da formação inicial e contínua do
professor, para descaracterizar o ensino de Geografia pouco reflexivo, análogo
ao “pastel de vento”.
Ressalta-se que apenas elevar a figura do
professor a posição messiânica ou unívoca, enquanto meio de construção de
educação de qualidade, é insuficiente. Urge pensar a escola básica para além do
educador, ou seja, numa perspectiva globalizadora que envolva todas as
dimensões/variáveis que coadunem para o sucesso da aprendizagem: materiais
didáticos, condições dignas de trabalho e salário, formação continuada,
currículo adequado à realidade das unidades escolares e o trabalho coletivo
profícuo com todos os sujeitos dos espaços de aula.
Bibliografia
.
ALMEIDA, Rosângela Doin de. A propósito da questão teórico-metodológica
sobre o ensino de Geografia. Revista Terra Livre - AGB nº 8, 1991. p.83-
90.
AVANZI, Kauê. A Semana de Geografia e as Políticas Públicas para
educação no Estado de São Paulo. Anais XVI, Encontro Nacional de Geógrafos -
AGB. FFLCH – USP, 2010.
CARLOS A. F e OLIVEIRA, Ariovaldo U. (org).
Reformas no mundo da Educação: parâmetros curriculares e geografia. São Paulo:
Contexto, 1999.
CARLOS, Ana Fani Alexandri. A geografia
brasileira, hoje: algumas reflexões.
Revista Terra Livre - AGB nº 18, 2002. P.161-
178.
CASTELLAR, Sônia e VILHENA, Jerusa. Ensino de
Geografia. São Paulo: Cencage Learning, 2010.
CAVALCANTI, Lana de Souza. Geografia e práticas
de ensino. Goiânia: Alternativa, 2002.
COSTA, Lucimeire Silva e VLACH, V.Rúbia Farias.
O Curso de Licenciatura de Geografia
em Debate. Anais.
V Congresso de Ciências Humanas, Letras e Artes. 2001.
Ouro Preto, UFOP. In:
http://www.ichs.ufop.br/conifes/anais/EDU/edu1415.htm> Acesso em: 08 mar.
2011.
GOMES, Franciele L. e VLACH, Vânia.
O Ensino de Geografia Política e
Geopolítica nas Escolas de Ensino Fundamental e Médio dos Distritos de
Uberlândia (Martinésia, Cruzeiro dos Peixotos, Tapuirama e Miraporanga) –
MG. (Universidade Federal de Uberlândia - Instituto de Geografia, Projeto
de Pesquisa), 2006.
KAERCHER, Nestor André. A Geografia escolar na
prática docente: a utopia e os obstáculos epistemológicos da Geografia crítica.
Tese (doutorado em Geografia). São Paulo: USP/FFLCH, 2004.
______ Quando a geografia crítica é um pastel de
vento e nós, seus professores, Midas. IX Colóquio Internacional de
Geocrítica. Porto Alegre, 2007. Universidade Federal do Rio Grande do Sul.
Disponível em: http://www.ub.edu/geocrit/9porto/nestor.htm. Acesso em: 03 Jun. 2011.
MOREIRA, Antonio Flavio Barbosa. Propostas Curriculares
alternativas: limites e avanços. Revista educação e Sociedade, ano XXI,
nº 73, São Paulo: dez/2000, p.109-138.
PEREIRA, Diamantino. Geografia Escolar: uma
questão de identidade. Cadernos CEDES - Nº. 39, Ensino de Geografia. Campinas
(SP), Papirus, 1996.
______ A dimensão Pedagógica na formação do
geógrafo. Revista Terra Livre - AGB nº
14, 1999, p.41-45.
PIMENTA, Selma Garrido. Saberes pedagógicos e atividade
docente. São Paulo: Cortez, 2002.
PONTUSCHKA, N. N.;PAGANELLI, Tomoko Iyda e
CACETE, Núri Hanglei. Para ensinar e aprender Geografia. São Paulo: Cortez
Editora: 2007.
SOARES, Magda. Alfabetização e Letramento: as
muitas facetas. GT Alfabetização, Leitura e Escrita. 26ª Reunião
Anual da ANPEd. Poços de Caldas, 2003. Disponível em: http://www.anped.org.br/reunioes/26/outrostextos/semagdasoares.doc. Acesso em: 15 dez. 2010.
VIEIRA, Noêmia. O conhecimento geográfico veiculado pelos
Parâmetros Curriculares Nacionais de Geografia e o espaço agrário brasileiro:
reflexões para uma Geografia Crítica em sala de aula. Revista NERA - Ano
7, n. 4 – Presidente Prudente, Janeiro/julho de 2004. Disponível em: http://www4.fct.unesp.br/nera/revistas/04/03_Noemia.pdf. Acesso em: 20 abr. 2011.
Alfabetização: é um processo dentro do
letramento e, segundo Soares (2003), é a ação de ensinar/aprender a ler e a
escrever. SOARES, Magda. Alfabetização e letramento: as muitas facetas. Poços de
Caldas: ANPEd, 2003.
A esse respeito, ver Castellar e Vilhena (2010, p.9
-10).
Ponencia presentada en el XIII Encuentro Internacional
Humboldt. Dourados, MS, Brasil - 26 al 30 de setiembre de
2011.