TURISMO PEDAGÓGICO: CONCEITOS E APLICAÇÃO.
Claudemira Azevedo Ito
– Docente do Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia – FCT Presidente
Prudente.
Luan Ferreira Castro,
Nívea Damaceno Noel
Silva,
- UNESP – Discentes do Curso de Geografia da Faculdade de Ciências e
Tecnologia- FCT Presidente Prudente.
Resumo
Estas reflexões são frutos do trabalho realizado na EMEIF Ettore
Marangoni em Presidente Prudente.
Esta atividade foi aplicada a salas de terceira série, com
visitas monitoradas a lugares de interesse turístico da cidade de Presidente
Prudente. Buscou-se a proximidade entre turismo pedagógico e o ensino processo
ensino aprendizagem, pois na prática do turismo está presente o processo de
aprendizagem. Ao visitar um lugar, o turista entra em contato com suas
singularidades: Expressões artísticas, folclóricas, geografia e história, entre
outros, que podem estimular e enriquecer o arcabouço de conhecimento e conceitos
deste indivíduo. A visitação planejada, organizada e reflexiva de lugares históricos,
turísticos ou de características comuns pode auxiliar na compreensão e reflexão de muitas áreas de
conhecimento, seja ela uma disciplina escolar, temas transversais e temáticas
interdisciplinares. A prática do
turismo pedagógico desenvolvido sob os preceitos da aula-passeio idealizada por
Freinet ajuda os alunos a entender a complexidade da realidade: as relações
socioculturais e históricas que transformam a paisagem e os espaços. Assim o
aluno passa a refletir sobre o seu cotidiano, a realidade local, aprende a
observar e analisar o espaço vivido. Passa a perceber que o espaço é construído
e reconstruído pela sociedade, e que esta é composta por agentes que interagem
entre si. E, o mais importante, é compreender o seu papel neste contexto, o seu
lugar enquanto cidadão, seus direitos e deveres e suas possibilidades de
contribuir na transformação desta sociedade.
1.
Conceito de turismo pedagógico
Muitos autores discutiram o conceito de turismo, que diante da
complexidade do tema enveredaram por diferentes critérios de análise, desde as
motivações que geram os deslocamentos e sua intensidade, abrangência dos fluxos.
Desta forma, pode-se analisar o turismo por suas características enquanto
atividade econômica e suas atribuições quanto aos impactos na economia local,
regional ou nacional. Daí surgiram as preocupações dos efeitos do turismo na
balança comercial dos países, investimentos do poder público e do setor privado,
geração de emprego e renda, arrecadação de impostos e tributos, ou seja, uma
análise baseada de dados estatísticos com destaque aos índices de caráter
econômico, visando o aumento dos fluxos turísticos, a manutenção das taxas de
lucro dos investidores do setor, assim como, as estratégias de planejamento e
organização do mercado turístico.
Entretanto, as ciências humanas têm estudado o turismo contemporâneo
a partir do dado prático, de que trata-se de hábito de consumo, criado e
estimulado a partir das conquistas sociais dos trabalhadores do século passado.
Segundo Boyer (2003) é a partir da evolução das leis trabalhistas no que diz
respeito às folgas e férias dos trabalhadores é que surge o maior impulso ao
desenvolvimento do turismo, especialmente o turismo de massa. Este autor chama a
atenção para a perspectiva de análise do turismo a partir das diferenças de
poder aquisitivo das camadas sociais, a elite foi a precursora do consumo do
turismo. O que foi logo imitada pelos trabalhadores na medida em que conseguiam
a regulamentação das folgas e férias remuneradas.
O turismo do século 20, turismo de grande número, não engendrou
realmente um novo discurso, ou renovou a visão de mundo. Ele reforçou o esquema
do desenvolvimento turístico com suas três fases: Invenção de distinção –
difusão e apropriação dos modelos por camadas inferiores – em seguida novas
invenções de distinções. Quanto mais forte é a imitação, maior é a necessidade
de inovar – como na moda a analogia se impõe. Boyer (2003,
p63)
Neste processo de popularização do turismo aparecem dois elementos
fundamentais: A imitação dos hábitos de consumo da elite, a qual dispunha de
certa monopolização por conta do preço elevado do lazer e do turismo até as
primeiras décadas do Século 20. O segundo elemento é a reivindicação dos
trabalhadores pelo tempo de lazer, do descanso, do refazer as forças físicas,
assim como, o tempo necessário para que a classe trabalhadora pudesse se
aproximar das artes, esportes e das viagens – elementos que contribuiriam para a
melhoria da formação intelectual dos trabalhadores.
Antes destas reivindicações sociais as viagens de turismo eram usadas
como instrumento pedagógico, a formação dos jovens ingleses era complementada
por viagens na Europa.
No Século 16 começou a haver um incremento nas viagens particulares
(não-oficiais). Nesta época não havia meios de comunicação, a não ser a escrita
e mesmo o livro não era algo de circulação maciça: a forma de conhecer o mundo, outras
culturas, outras línguas era viajando. (grifo nosso). Barretto (2003,
p.47)
Estas viagens, chamadas de ‘“Tours”, eram praticadas pelos jovens da
aristocracia britânica com fins educacionais, eram realizadas com a companhia de
preceptor ou individualmente. Os jovens seguiam em viagem com os conselhos dos
pais e orientações dos Guides, os
quais exaltavam as virtudes pedagógicas das viagens que “forma a juventude”,
“abre o espírito”, afasta o preconceito” e, leva a conhecer os outros povos”.
Boyer (2003, p.57).
Esta prática, posteriormente, fez disseminar o interesse dos pais em
enviar seus filhos para todo tipo de viagem escolar, intercâmbio de jovens,
cursos e estágios no exterior.
Ito (2009) afirma o turismo entendido como prática social pode e deve
ser associado com a construção de saberes, sendo que viajar e visitar lugares,
longe ou perto, curta ou longa duração, a trabalho ou lazer, não importa, a
necessidade de viajar é criada pela sociedade. Krippendorf (2003) afirma que as
pessoas viajam por uma grande quantidade de motivações e, ele alerta “Diversas
motivações permanecem no domínio do inconsciente ou do subconsciente e não podem
vir a tona por perguntas assim tão simples” p.44. As pesquisas elaboradas por
Krippendorf, na Alemanha, apontam dados reveladores sobre as motivações das
viagens de turismo, a maioria aponta razões como: “ desligar, relaxar; fugir da
vida diária, mudar de ambiente; estar em contato com a natureza”, assim como
comparecem “recuperar as forças; ir ao encontro do sol; comer bem; fazer o que
quiser, ser livre”, isso mostra o descontentamento com o cotidiano do ambiente
urbano industrial com suas imposições de comportamento, horários e
responsabilidades.
Entretanto, a lista de motivações aponta também interesses como:
“comunicar-se. Viajar é alargar o próprio horizonte; viajar é partir para a
descoberta de si mesmo”, isto demonstra a busca de conhecimento, “desejo de
descobrir”, “ de ir conscientemente ao encontro de outros seres humanos, outras
regiões e culturas” Krippendorf (2003) p. 51.
Silva e Nascimento (2006) procuram diferenciar o turismo cultural do
pedagógico, e buscam em Andriolo e Faustino (1999) a seguinte explicação:
o turismo cultural é aquele resultante da exploração da herança e do
patrimônio cultural. Já o turismo pedagógico seria o que serve às escolas em
suas atividades educativas que envolvem viagens. Não obstante possuir momentos
de lazer, não é realizado com este fim. Silva e
Nascimento (2006) p. 4.
Silva e Nascimento (2006) afirmam que o ”turismo pedagógico deve ser
entendido em sua vertente de conhecimento e construção de respeito a culturas
distintas, passadas e presentes, como elemento fundamental da formação global de
crianças e adolescentes” p4.
Vinha et al (2005) apontam
como princípio básico do Turismo pedagógico:
A possibilidade de ampliação das demandas dos estudantes, pois na
escola em geral, centra suas atividades nas demandas dos professores,
esquecendo-se que os estudantes precisam de envolvimento ativo para a construção
do conhecimento e da formação da cidadania. Na educação infantil, damos às
crianças, diversos materiais como blocos, areia, para construírem; tempo para
brincar; propomos passeios; depois, pelo resto dde sua escolaridade, retiramos
tudo isso e queremos que elas sejam criativas, profissionais competentes.
Vinha et al
(2005,p2)
Beni (2002) define turismo pedagógico como sendo a retomada da
prática da realização de viagens culturais, organizadas por colégios e
universidades da Europa e Estados Unidos, e algumas escolas de elite no Brasil.
Nestas viagens os estudantes seguem orientados e acompanhados por professores e
especialistas da instituição de ensino, e executam programas de visitas a
atrativos histórico-culturais.
Neste sentido, o processo ensino aprendizagem ganha reforço na
mediada em que o estudante aumenta a sua percepção do objeto de estudo, pois a
metodologia de ensino utiliza simultaneamente vários sentidos, ao mesmo tempo em
que ouve as explicações do professor, o aluno mantém contato direto com a
paisagem, de tal sorte, que pode observar mais detalhes, questionar, vivenciar o
espaço – sentir seus odores, ouvir seus ruídos, conhecer seus habitantes e seus
costumes.
Dessa forma, sem minimizar a importância do professor no processo
ensino aprendizagem, valoriza-se o aluno, tornando-o o centro da construção do
seu conhecimento, cujo processo pode ser ainda enriquecido, com o contato com a
alteridade: conhecer o outro, culturas, povos, grupos sócias com regras e
costumes próprios. Alem do que todo o processo deverá ser norteado por
princípios pedagógicos pautados na interdisciplinaridade, uma vez que os lugares
e as paisagens são palco de estudos de diversas ciências.
Dessa forma, Raykil e Raykil (2005) afirmam:
Viajar, conhecer pessoas e lugares possibilita ao aluno justamente o
que é proposto pelos PCN’s, a cidadania ativa que só se dá mediante a vivencia
que se tem com objeto de estudo. Só se ama o que se conhece, é um jargão popular
que se enquadra nesse contexto, “conhecer” as belezas naturais, a riqueza
cultural ou os problemas do país somente através de contextualizações
superficiais em sala de aula não caracteriza a cidadania ativa. Para intervir
positivamente é preciso literalmente conhecer, in loco. Raykil e
Raykil (2005, p7)
Bonfim (2010), apoiando-se em diversas reflexões de Demo e Freire,
aponta para necessidades da mudança no enfoque da educação, “trata-se da
passagem de um processo de “ensino aprendizagem” para um processo de “aprender a
aprender”, onde o primeiro tem como característica o repasse de lotes de
conhecimento, e o segundo privilegia a atitude do questionamento construtivo
numa relação teórica e prática” p.117.
2. Aula-passeio e a prática de Freinet
Um dos primeiros educadores a perceber a importância da ampliação do
ensino aprendizagem para fora do ambiente escolar foi Célestin Freinet. Sua obra
“Lês dits de Mathieu”, publicada no Brasil sob o título “Pedagogia do Bom Senso”
aponta caminhos para a reflexão da prática do professor. Suas idéias eram
baseadas na observação do comportamento do home do homem do campo, da natureza e
nos hábitos dos animais. Segundo Elias (1997) a proposta pedagógica de Freinet
está alicerçada na postura diante da vida, “na prática, procurava seguir o
empenho dos alunos e transformá-los pelo trabalho, por uma vivência coletiva,
permeada pelo meio ambiente, pela ação. Para ele, a liberdade faz parte do
aprendizado histórico-social”:p.17.
Freinet criticava a postura controladora dos educadores, em seu texto
“tratadores e educadores”, constrói uma analogia entre a metodologia da criação
de animais e algumas práticas pedagógicas de “empanturramento e condicionamento”:
Lamento os educadores que são apenas tratadores e pretendem tratar
metódica e cientificamente os alunos, encerrados em salas onde, felizmente,
permanecem algumas horas por dia.
A sua grande preocupação é fazer engolir a massa de conhecimentos que
irá encher cabeças ingurgitadas até a digestão e a náusea. A arte deles é de
empanturramento e condicionamento, e também da medicação suscetível de tornar
assimilável as noções ingeridas.
Conserve
nos seus alunos o apetite natural. Deixe-os escolher os alimentos no meio rico
e propício que vocês lhe prepara. Então, você será um educador. Freinet
(1988, p44) Grifo nosso.
Esta metodologia era definida por “uma pedagogia essencialmente
prática e cooperativa”, conforme afirma Elias:.
Havia em Freinet como uma necessidade biológica e moral para conviver
com uma classe social(dos docentes, principalmente), refletir com eles sobre os
elementos do meio de que ele mesmo fazia parte, para propor uma escola
democrática, capaz de formar seres livres para decidir o seu destino coletivo e
pessoal. Elias (1997:26).
A aula passeio proposta por Freinet, era baseada na sua vivencia de
homem de origem simples, uma interpretação do modo de vida das aldeias onde
morou, “seus escritos referem-se, constantemente, à natureza, à vida rústica, ao
meio que lhe ensinou o essencial, especialmente a participação das crianças na
vida e no trabalho dos adultos” Elias (1997:16). Sua proposta pedagógica está
alicerçada na postura diante da vida, “na prática, procurava seguir o empenho
dos alunos e transformá-los pelo trabalho, por uma vivência coletiva, permeada
pelo meio ambiente, pela ação. Para ele, a liberdade faz parte do aprendizado
histórico-social” Elias (1997:17).
Freinet acreditava que educar é construir coletivamente, baseando em
quatro alicerces fundamentais: A cooperação- forma de construção social do
conhecimento; a comunicação- forma de integrar este conhecimento; a
documentação- registro diário do que se constrói e por fim, a afetividade – elo
essencial entre as pessoas e o objeto de conhecimento. ITO
(2010)
Assim,afirma Elias (1997) a pedagogia de Freinet pode ser entendida
como “prática coletiva” pois seu objetivo maior é o desenvolvimento da
compreensão crítica da realidade e a ação participativa na transformação,
conforme a designação do coletivo, referendando a idéia de que o sujeito da ação
coletiva é o conjunto de indivíduos que participa do
processo.
A aula passeio proposta por Freinet apresenta-se como possibilidade
de enriquecimento das atividades e ações pedagógicas. Sua metodologia permite
que a criança alcance três objetivos principais: Autonomia – vivendo situações reais,
assumindo novas responsabilidades e descobrindo capacidades; Pesquisa- ampliar o campo das
investigações, chegando a descobertas inesperadas e interessantes e; Integração- privilegia o encontro com o
outro (colega, monitor ou professor) em ambiente fora do cotidiano, incentivando
o desenvolvimento do vínculo afetivo.
Destaca-se a preocupação de Freinet em planejar as atividades,
organizando-as em cinco fases: Motivação, preparação, ação, prolongamento e
comunicação.
A motivação é a fase inicial do processo. Presupõe a apresentação dos
fatos e acontecimentos que são foco de discussão ou o interesse quanto ao lugar
a ser visitado. A preparação é a fase onde ocorre o planejamento, onde devem ser
privilegiados aspectos como o plano pedagógico, o plano financeiro e material,
onde os participantes, crianças e adultos preparam-se para se adaptarem às
regras coletivas de conduta, tais como: fazer fila, hora de lanche, subdivisão
do grupo, desembolso de recursos, conduta dentro de veículos, normas de
segurança.
A “ação” é a visita/passeio em si, para muito sé o auge da atividade. Momento de rompimento do
cotidiano, de contato com a auteridade, de integração interna do grupo e deste
com outros. É rico em proporcionar situações de construção de conhecimento, onde
todos os sentidos captam informações e sensações, onde professores e estudantes
podem explorar o ambiente. As observações e indagações de todos devem ser
observadas para posterior análise e discussão.
A fase chamada de “prolongamento” é facilitada pelo prolongamento das
relações afetivas estabelecidas entre o grupo e o lugar visitado e é fundamental
para a realização da fase seguinte: A comunicação que poderá ocorrer por
diferentes linguagens conforme a escolha do professor e segundo as habilidades
do grupo de alunos: Jornal, exposições, teatro, música, ou seja, cada grupo pode
decidir como realizar a comunicação do conhecimento adquirido. Este é um
processo democrático que deve respeitar o interesse de cada turma.
3. Aplicação do Turismo pedagógico e da Aula-passeio
No ano de 2010 este trabalho foi desenvolvido na Escola Municipal
Ettore Marangoni de Presidente Prudente-SP, localizada no Distrito de Montalvão,
a cerca de 15
Km da Cidade. A população deste distrito é diminuta, conta
com apenas duas escolas, uma Municipal, com salas de primeira à quarta série, e
uma escola estadual com atendimento de quinta à oitava serie e ensino médio. A
população apresenta baixa renda, com prevalência de atividades profissionais
braçais e pouca escolaridade. As atividades desenvolvidas tiveram a participação da diretora, da
coordenadora pedagógica e dos professores da terceira série.
A partir das observações do trabalho realizado pode-se afirmar que é
facilmente factível a união entre turismo e pedagogia, com objetivo de agregar
mais qualidade na educação. Muitos
estudiosos destacam a prática do turismo e suas possibilidades na construção de
saberes. As viagens, independentemente da distância percorrida, concorrem para
convivência entre os povos e com ambientes naturais diferentes. Dessa forma, a
prática social do turismo é associada a construção de
saberes.
A correlação entre turismo e educação é patente. Pois na prática do
turismo está presente o processo de aprendizagem, conceitos de diversas áreas do
conhecimento são construídos e reelaborados, pois não se pode negar que ao
visitar um lugar, o turista entra em contato com suas singularidades: Expressões
artísticas, folclóricas, geografia e história, entre outros que podem estimular
e enriquecer o arcabouço de conhecimento e conceitos deste indivíduo. Ito
(2010)
A utilização de atividades fora da sala de aula é utilizada para a
compreensão de diversos conteúdos de várias áreas de conhecimento. Segundo Ito (2010) Os Parâmetros
Curriculares Nacional (PCNs) é bastante explicativo e detalhado quanto aos
objetivos e conteúdos de cada ciclo. Os conteúdos que podem ser trabalhados a
partir do turismo são muitos, destacam-se no primeiro ciclo os “blocos temáticos
e conteúdos: O estudo da paisagem local”. Verifica-se que as dimensões
apresentadas abordam “observação e descrição de diferentes formas pelas quais a
natureza se apresenta na paisagem local” , “a caracterização da paisagem local:
suas origens e organização, as manifestações da natureza em seus aspectos
biofísicos, as transformações sofridas ao longo do tempo”; “ identificação da
situação ambiental da sua localidade: proteção e preservação do ambiente e sua
relação com a qualidade de vida e saúde”; “ produção de mapas ou roteiros
simples considerando características da linguagem cartográfica como as relações
de distância e direção e o sistema de cores e legendas”; “valorização de formas
não-predatórias de exploração, transformação e uso dos recursos naturais”; Estas
dimensões propostas pelos PCNs são facilmente apreendidas no âmbito do turismo,
pois a paisagem é a primeira instância do contato do turista com o lugar
visitado e na maioria das vezes, os atributos da paisagem são os principais
atrativos e centro da motivação para o visitante.
A discussão sobre o espaço geográfico, o conhecimento sobre o
processo de transformação do espaço pelo homem, que ocorre conforme a sociedade
se organiza econômica e socialmente
e o homem é sujeito da construção destas transformações pode ser apreendida com
visitas a áreas históricas ou museus na cidade.
Segundo os PCNs há a
valorização do espaço topológico – vivido, percebido e com laços emotivos. “A
percepção que os indivíduos e comunidades têm do lugar nos quais se encontram e
as relações singulares que com ele estabelecem fazem parte do processo de
construção das representações de imagens do mundo e do espaço geográfico. As
percepções, as vivências e a memória dos indivíduos e dos grupos sociais são,
portanto, elementos importantes na constituição do saber geográfico.”, p.76.
Apud Ito (2010)
Para finalizar, a visitação planejada, organizada e reflexiva de
lugares históricos, turísticos ou de características comuns pode auxiliar na
compreensão e reflexão de muitas
áreas de conhecimento, seja ela uma disciplina escolar, temas transversais e
temáticas interdisciplinares. A
prática do turismo pedagógico desenvolvido sob os preceitos da aula-passeio
idealizada por Freinet ajuda os alunos a entender a complexidade da realidade:
as relações socioculturais e históricas que transformam a paisagem e os espaços.
Assim o aluno passa a refletir sobre o seu cotidiano, a realidade local, aprende
a observar e analisar o espaço vivido. Passa a perceber que o espaço é
construído e reconstruído pela sociedade, e que esta é composta por agentes que
interagem entre si. E, o mais importante, é compreender o seu papel neste
contexto, o seu lugar enquanto cidadão, seus direitos e deveres e suas
possibilidades de contribuir na transformação desta sociedade.
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