O PARADIGMA DA QUESTÃO AGRÁRIA EM QUESTÃO: A
QUESTÃO AGRÁRIA E A EDUCAÇÃO DO CAMPO
THE PARADIGM OF THE AGRARIAN QUESTION IN QUESTION:
THE AGRARIAN
QUESTION AND THE EDUCATION OF THE
COUNTRYSIDE
Rodrigo Simão Camacho
RESUMO: Os principais elementos de
análise do Paradigma da Questão Agrária são a renda da terra, a diferenciação econômica
do campesinato e a desigualdade social geradas pelo desenvolvimento do
capitalismo. A principal questão a ser entendida no interior do processo do
desenvolvimento capitalista no campo é a indagação a respeito da permanência ou do fim do campesinato.
A recriação do campesinato por meio da luta implica na reivindicação por uma Educação do Campo condizente com a sua
realidade.
ABSTRACT: The main elements of analysis
of the Paradigm of the Agrarian
Question are the rent of land, the economic differentiation of the peasantry and the
social inaquality generated by the development of the
capitalism. The main question to be understood within of the process of capitalist development in the camp is the investigation about the permanence or
the end
of the peasantry. The remake of the peasantry
by means of the fight implies in the claim by
an Education of the Countryside appropriate with its reality.
INTRODUÇÃO
Os autores Karl Kautsky e Vladimir I. Lênin escreveram as obras seminais das
vertentes que fazem parte do Paradigma da Questão Agrária. A partir dessas obras
marxistas, foram fundados os principais elementos de análise desse paradigma: a renda da terra, a diferenciação econômica
do campesinato e a desigualdade social geradas pelo desenvolvimento do
capitalismo. Podemos elencar
que perpassam todos os autores e vertentes desse paradigma os seguintes
elementos de análise: o conflito, a contradição, a sociedade em
movimento, as perspectivas de superação do capitalismo e a
luta de classes. A principal questão a ser entendida no interior do
processo do desenvolvimento capitalista no campo é a indagação a respeito da permanência ou do fim do campesinato.
Por isso, entre os autores que fazem parte do Paradigma da Questão Agrária
existem concepções divergentes acerca de algumas questões.
Por isso, no Paradigma da Questão Agrária temos duas concepções de
análise distintas com relação à problemática da diferenciação do campesinato: de um lado
uma corrente que acredita na inevitável destruição do campesinato e,
consequentemente, em sua proletarização e, do outro lado, os que
acreditam na continuidade da existência de relações não-capitalistas, como são as
relações camponesas de produção,
devido à própria lógica contraditória e
desigual do desenvolvimento capitalista e por sua resistência ao
capital.
Com relação a vertente que defende o “fim do campesinato” ou
“descamponização”, isto é, a proletarização do campesinato como algo
determinadamente inevitável, entre os adeptos dessa concepção, estão alguns dos
grandes pensadores marxistas mundiais e brasileiros como Vladimir I. Lênin, Karl
Kautsky, Caio Prado Junior, entre outros. Este raciocínio se baseia numa lógica
etapista/linear/estruturalista do processo em que as forças produtivas deveriam
alcançar seu limite máximo de avanço para assim passarmos para uma etapa
histórica superior.
Todavia, é necessário esclarecer que a vertente do Paradigma da
Questão Agrária do qual somos adeptos, qual seja, o da reprodução do campesinato na contradição do
modo de produção capitalista: a tese
do movimento desigual e contraditório do desenvolvimento capitalista no campo e
a produção de capital por meio de relações não-capitalistas (relações
camponesas de produção). Temos como fundadores dessa corrente do Paradigma da
Questão Agrária no Brasil, na sociologia, José de Souza Martins, com sua obra: “Os
Camponeses e a Política no Brasil”. E, posteriormente, na Geografia, Ariovaldo Umbelino de Oliveira, com sua
obra: “Agricultura Camponesa no Brasil”. Por isso, acreditamos na tese de que o
processo de desenvolvimento capitalista no campo dentro do território brasileiro
ocorre de maneira contraditória e
combinada e /ou desigual e contraditória. A necessidade de reprodução do
capital por meio de relações não-capitalistas permite a reprodução do
campesinato, mas com a condição de sua renda estar subordinada ao capital.
Na ciência geográfica, o Paradigma da Questão Agrária traz a luta
de classes sendo discutida intrinsecamente relacionada ao processo de
construção/domínio/controle territorial. Sendo assim, para interpretar a
realidade agrária: O paradigma da questão
agrária prioriza as lutas de
classes para explicar as disputas
territoriais. A conquista de um território por parte do campesinato
significa a destruição/desterritorialização, naquele espaço, das relações
capitalistas de produção e construção/recriação/reterritorialização das relações
familiares/camponesas de produção. Nesta luta dos movimentos sociais camponeses,
temos como parte inerente ao processo, sendo produto da luta e,
dialeticamente/simultaneamente, instrumento da luta, a Educação do Campo. Sendo
assim, uma luta pela territorialização da Educação do Campo. Assim, os
movimentos sociais do campo, mais especificamente o MST, não produzem apenas uma
luta pela melhor distribuição de terra e renda, mas produzem também, uma luta
pela construção de uma pedagogia condizente com a luta e com o processo de
produção e reprodução material e simbólica da classe
camponesa.
Objetivos e
Metodologia
Entender como se constituiu o Paradigma da Questão Agrária;
Analisar a influência que as correntes do Paradigma da Questão Agrária têm nos
processos de construção das políticas públicas de Educação do Campo; Relacionar
o processo de construção da Educação do Campo, dos movimentos sociais
camponeses, com o processo de luta do campesinato - por meio dos movimentos
sociais do campo - contra a territorialização do capital monopolista no campo e
contra a monopolização do território pelo capital no
campo;
A pesquisa bibliográfica tem por objetivo a construção de uma
bibliografia comentada a partir da coleta de informações em livros, revistas,
periódicos (Portal CAPES), jornais, cartilhas informativas, cadernos de formação
do MST, anais de eventos científicos e documentos técnicos nas bibliotecas de
instituições públicas e privadas.
Discussão teórica e
conceitual
Os autores Karl Kautsky e Vladimir I. Lênin escreveram as obras seminais das
vertentes que fazem parte do Paradigma da Questão Agrária. Respectivamente, “A
Questão Agrária” e o “Desenvolvimento do Capitalismo na Rússia”. A partir dessas
obras marxistas, foram fundados os principais elementos de análise desse
paradigma: a renda da terra, a
diferenciação econômica do campesinato e a desigualdade social geradas pelo
desenvolvimento do capitalismo (FERNANDES, 2009).
Para Bernardo Mançano Fernandes (2001), essas duas obras clássicas
são fundamentais para entendermos o debate acerca da Questão Agrária, pois nos
possibilita o entendimento dos elementos estruturais fundamentais que explicam a
Questão Agrária no Capitalismo.
As obras de Karl Kautsky, Vladimir I. Lênin e, acrescentado, “La
organización de la unidad economica campesina”, de Alexander V. Chayanov, são escritas num
período histórico de transformação da sociedade alemã e russa no final do século
XIX e início do século XX. A preocupação central era entender o papel destinado
à agricultura e ao campesinato. Este é o cerne das discussões engendradas pelos
autores clássicos, como Karl Kautsky, Vladimir I. Lênin e Alexander V. Chayanov.
A problemática do campesinato no interior do desenvolvimento do modo de produção
capitalista é a discussão que perpassa todas essas obras (ALMEIDA,
2006).
Todavia, podemos afirmar que entre os autores que fazem parte do
Paradigma da Questão Agrária existem concepções divergentes acerca de algumas
questões. Isto ocorre porque, mesmo a partir dos
pressupostos teórico-metodológicos marxistas, houve várias subdivisões em
correntes que tentaram explicar a questão agrária. No Brasil, cada corrente à
sua maneira desenvolveu diferentes “marxismos”. Estas diferentes vertentes do
marxismo, segundo Ariovaldo Umbelino de Oliveira (2004), pode ter tido
influência positivista, historicista e até racionalista.
Assim, é necessário ressaltar que apesar da existência destes
elementos de análise estruturais em comum, devido ao método de leitura ser o
materialismo histórico e dialético, que permitem caracterizar várias vertentes
de discussão neste mesmo paradigma, existem algumas diferenças fundamentais a
serem entendidas. Podemos elencar
que perpassam todos os autores e vertentes desse paradigma os seguintes
elementos de análise: o conflito, a contradição, a sociedade em
movimento, as perspectivas de superação do capitalismo e a
luta de classes.
A principal questão a ser entendida no interior do processo do
desenvolvimento capitalista no campo é “[...] manifestado na constante indagação
a respeito da permanência ou do fim do
campesinato. Até o final da década de 1980, esta questão dominou o principal
debate das vertentes teóricas do paradigma da Questão Agrária. [...]”.
(FERNANDES, 2009, p. 10, grifo nosso).
Por isso, no Paradigma da Questão Agrária temos duas concepções de
análise distintas com relação à problemática da diferenciação do campesinato: de um lado
uma corrente que acredita na inevitável destruição do campesinato e,
consequentemente, em sua proletarização e, do outro lado, os que
acreditam na continuidade da existência de relações não-capitalistas, como são as
relações camponesas de produção,
devido à própria lógica contraditória e
desigual do desenvolvimento capitalista e por sua resistência ao capital
(MARTINS, 1981; OLIVEIRA, 1997; 1999; 2004; FERNANDES, 2001; ALMEIDA, 2006;
PAULINO, 2006).
No território dos debates [...] Entre os
elementos estruturais que se encontram no centro da questão estão os problemas
relativos à diferenciação do
campesinato. Nesse ponto, há diferentes leituras: de um lado, a premonição dos que acreditam na destruição
do campesinato e uma possível hegemonia da condição de assalariamento; de outro,
os que defendem a tese da persistência de relações não-capitalistas de produção,
no contexto das desigualdades e das contradições das relações capitalistas de
produção. Essas interpretações da questão contribuíram para a elaboração de
distintas políticas referentes às leis trabalhistas e à reforma agrária. [...].
(FERNANDES, 2001, p.27).
Deste modo, de acordo com Rosemeire Aparecida de Almeida (2006), a
análise do campesinato sob o modo capitalista de produção pode ser agrupada em
duas grandes vertentes: desintegração do
campesinato de um lado e permanência/recriação camponesa de outro.
Com relação a vertente que defende o “fim do campesinato” ou
“descamponização”, isto é, a proletarização do campesinato como algo
determinadamente inevitável, entre os adeptos dessa concepção, estão alguns dos
grandes pensadores marxistas mundiais e brasileiros como Vladimir I. Lênin, Karl
Kautsky, Caio Prado Junior, entre outros. Dentre os grandes geógrafos
brasileiros se destaca Ruy Moreira como adepto dessa concepção teórica
marxista-leninista-kautskysta (OLIVEIRA, 2004).
Dessa maneira, já nos clássicos temos diferentes interpretações
acerca do desenvolvimento capitalista no campo e do futuro do campesinato. Karl
Kautsky e Vladimir I. Lênin contrariavam a tese da possibilidade de reprodução
do campesinato. Estes entendiam a proletarização do campesinato como necessária
para se alcançar o socialismo. Este raciocínio se baseia numa lógica
etapista/linear/estruturalista do processo em que as forças produtivas deveriam
alcançar seu limite máximo de avanço para assim passarmos para uma etapa
histórica superior.
Portanto, o que havia em comum nas obras seminais escritas pelos
autores Karl Kautsky e Vladimir I. Lênin era a afirmação de que o
desenvolvimento do capitalismo no campo levará ao inevitável desaparecimento do
campesinato via territorialização do capital por meio da indústria ou por meio
da diferenciação social. Neste caso, o camponês é tratado como um resíduo social (OLIVEIRA, 2004) ainda
não eliminado.
Esta análise tem como base a crença na determinação estrutural
como uma característica máxima do capitalismo, ou seja, o capitalismo tem o
poder de eliminar todas as formas de produção que não forem totalmente
capitalistas, isto é, que não se baseie na lógica fundamental da luta de
classes: proletariado versus
burguesia. Por conseguinte, o trabalho assalariado a todos trabalhadores é
um fim inevitável. Logo, somente essas duas classes existirão quando o modo de
produção capitalista estiver consolidado plenamente, ou seja, no decorrer do
processo de avanço das forças produtivas (CAMACHO,
2008).
Segundo essa concepção teórica, a proletarização do campesinato
seria inevitável, visto que em determinado momento, ao tentarem produzir ao
mercado, os camponeses acabariam falindo, devido à competição com as empresas
capitalistas, pois se trata de uma competição absolutamente desigual. Acabariam
vendendo suas terras para as empresas capitalistas e, então, se proletarizando.
Os fundadores dessa vertente são os grandes pensadores marxistas mundiais: Karl
Kautsky e Vladimir I. Lênin. Em outras palavras, a partir dessa vertente
entende-se...
[...] que os camponeses inevitavelmente irão
desaparecer, pois eles seriam uma espécie de ‘resíduo’ social que o
progresso capitalista extinguiria. Ou seja, os camponeses, ao tentarem produzir
para o mercado, acabariam indo à falência e perderiam suas terras para os
bancos, ou mesmo teriam de vendê-las para saldar as dívidas. Com isso, “os camponeses tornar-se-iam
proletários”. [...]. (OLIVEIRA, 1999, p.71; 2004, p. 34, grifo nosso).
De acordo com Anderson Bem e Rosemeire Aparecida de Almeida
(2011) Karl
Kautsky e Vladimir I. Lênin tem em sua teoria duas explicações principais para a
destruição do campesinato. A primeira é a compreensão da industrialização do campo como condição universal do avanço das forças
produtivas capitalistas. A segunda é a compreensão do desaparecimento do
campesinato pelo processo de
diferenciação social. Esse processo está relacionado ao fato de que no
capitalismo a diferenciação econômica entre os sujeitos da classe camponesa
acabaria transformando os sobreviventes em capitalistas e os demais em
proletários.
Assim, para essa vertente do Paradigma da Questão Agrária o
desenvolvimento do capitalismo é incompatível com a existência camponesa. Ou
seja,
[...] na sociedade capitalista avançada não há
lugar histórico para os camponeses no futuro dessa sociedade. Isso porque a
sociedade capitalista é pensada por esses autores como sendo composta por apenas
duas classes sociais: a burguesia (os capitalistas) e o proletariado (os
trabalhadores assalariados). (OLIVEIRA, 1999, p.71; 2004, p.
34-35).
Devido ao fato de os camponeses serem proprietários de terra,
entendem esses teóricos, que eles tendem a ficar do lado dos latifundiários e
não dos trabalhadores (OLIVEIRA, 1999; 2004). Este fato demonstra a
superficialidade com que é tratado o debate sobre o campesinato, cuja reflexão
requer um entendimento profundo de seu modo de vida, suas relações materiais e
simbólicas, que os diferenciam, de maneira antagônica, do latifundiário.
Essa interpretação equivocada tem efeitos políticos negativos para
o campesinato. Pois, faz com que muitos autores e partidos políticos não assumam
posição favorável ao campesinato.
Entendendo-os como reacionários, ou mesmo como um elemento que não faz
parte da nossa sociedade (OLIVEIRA, 1999; 2004).
Logo, concordamos com Ariovaldo Umbelino de Oliveira que essas
correntes teóricas que se desenvolveram a partir dessa perspectiva de
interpretação da realidade, “[...] em vez de explicar o que está realmente
acontecendo no campo, passam apenas ‘uma visão teórica’ do que ‘acham’ que está
ocorrendo”. (2004, p. 35).
Todavia, entre os clássicos, na contramão dessas teses, mas
contemporâneas a eles, Alexander V. Chayanov procura explicar como funciona a
lógica camponesa de reprodução e sua diferenciação com relação à lógica
capitalista. Defendendo a possibilidade de permanência do campesinato no
capitalismo (ALMEIDA, 2006). Na sua análise a partir da lógica de estrutura
interna do campesinato, o autor inaugura duas discussões importantes: a primeira
é a o da possibilidade de reprodução do campesinato sob o modo de produção
capitalista, a segunda a é diferenciação das relações econômicas capitalistas
para com as relações econômicas familiares camponesas, portanto,
não-capitalistas.
Dentre essas divergências de correntes, temos uma vertente de
autores que defendiam a tese de que existiram relações de
feudalismo/semi-feudalismo no Brasil. Dessa maneira, o campesinato seria na
verdade resquícios feudais/semi-feudais a serem eliminados. Segundo Ariovaldo
Umbelino de Oliveira (2004) estes autores seriam: Maurice Dobb, Nelson Werneck
Sodré, Alberto Passos Guimarães, Inácio Rangel etc. E, na geografia agrária
brasileira, temos nesta corrente o livro, “Estudos de Geografia Agrária
Brasileira”, de Orlando Valverde.
Estes teóricos entendiam que a realidade agrária
brasileira consistia num entrave ao desenvolvimento do capitalismo no campo.
Para eles, existiam ainda formas precárias de acesso a terra: a posse, o
arrendamento e a parceria. Para esses pesquisadores era necessário
provocar mudanças nas relações da agricultura, porém, como forma de auxiliar ao
desenvolvimento do capitalismo no campo. Assim, quanto mais essas relações
capitalistas avançassem sobre as relações não-capitalistas (semi-feudais)
teríamos melhores condições de nos livrarmos do atraso dessas relações
feudais/semi-feudais no campo. Estes elementos podem ser encontrados em Alberto
Passos Guimarães, em sua obra Quatro séculos de latifúndio (FELÍCIO,
2010).
Outro pesquisador importante para a geografia
agrária brasileira que faz parte desse paradigma é Orlando Valverde (livro
“Estudos de Geografia Agrária Brasileira” de 1964). O autor se preocupa em mostrar o
processo de consolidação do monopólio do capital. Afirma que existe uma aliança
entre o Estado e os proprietários de terras. Este processo impõe a subordinação
do trabalho familiar camponês, inclusive com a exploração do trabalho infantil
nas regiões Norte e Nordeste do Brasil. Este trabalho é efetuado na extração
comercial da borracha, do babaçu e da cera de carnaúba. Estas extrações são
destinadas a abastecer as indústrias dos EUA, Europa e Japão (FELÍCIO, 2010).
As interpretações dessa corrente do Paradigma da Questão Agrária que
defende a necessidade da ruptura com relações feudais/semi-feudais no Brasil,
partem do pressuposto marxista-mecanicista que para se atingir o socialismo
precisa-se, necessariamente, eliminar totalmente qualquer resíduo feudal
presente em nosso território. Visto que o socialismo só poderá vir depois do
capitalismo consolidado, com o avanço das
forças produtivas, e este, por sua vez, depende da extinção do feudalismo,
pois os modos de produção aparecem nessa interpretação de forma linear. Logo, o
avanço do trabalho assalariado no campo e, conseqüentemente, a proletarização do
campesinato e o desenvolvimento da agricultura capitalista, ou seja, o
agronegócio - seriam, assim, transformações necessárias para que desaparecessem
os resquícios feudais no Brasil e, dessa maneira, o capitalismo se desenvolvesse
plenamente. Essa também era tese do PCB que para se poder fazer a reforma
agrária e a revolução socialista propunham uma aliança com a burguesia nacional
para eliminar os resquícios feudais do campo (CAMACHO,
2008).
Segundo Jacob Gorender (2002) esses pesquisadores partem do
pressuposto que o capitalismo no Brasil se desenvolveu também como na Europa, a
partir do feudalismo. Nesse caso, essa lógica seria, mecanicamente, um modelo
universal. Por isso, haveria ainda resíduos feudais/semifeudais no Brasil, que
seriam, então, empecilho para o desenvolvimento capitalista no campo. Assim, a reforma agrária teria a função
de abrir caminho à entrada do capitalismo no campo. Todavia, Jacob Gorender
explica que o próprio Marx destacou a limitação desse modelo como premissa
“cartesianamente” universal.
Segundo João Pedro Stedile (2002), Caio Prado Júnior teve uma
grande importância na construção de nova interpretação da questão agrária
brasileira. Ele fez um esforço para desconstruir essa tese sobre a existência
dos resquícios feudais no campo brasileiro. Afirmando que o mesmo já estava
incluso em relações capitalistas internacionalizadas. Assim, ao fazer essa
oposição ele confirma a necessidade da luta ser feita contra o capital e não de
se unir a burguesia nacional para fazer avançar o capitalismo no campo, como era
a tese do PCB.
Corroborando neste sentido, Rosemeire Aparecida de Almeida e
Eliane Tomiasi Paulino (2000) afirmam que Caio Prado Jr. descarta qualquer
possibilidade da existência de resquícios feudais na estrutura agrária nacional,
afirmando que o que existia eram restos escravistas. E com um capitalismo se
consolidando no campo, havia a necessidade da luta por melhores condições aos
trabalhadores rurais assalariados.
A importância de Caio Prado Júnior, mesmo sendo defensor da
fatalidade de proletarização do campesinato, está no fato de que é a partir
dessa sua análise diferenciada dos demais pesquisadores de sua época sobre a
situação da questão agrária brasileira que possibilitou a leitura do
desenvolvimento contraditório da expansão do capital no campo que permite a
recriação de formas não-capitalistas de produção, como o campesinato, elaborada
por José de Souza Martins (ALMEIDA; PAULINO, 2000).
Sendo assim, o que há em comum a todos esses
teóricos/pesquisadores e suas diferentes vertentes, apesar das marcantes
divergências, é que as explicações da realidade são construídas pelo Paradigma
da Questão Agrária a partir do materialismo histórico e dialético. Priorizando
algumas questões que começaram a ser discutidas por Marx e Engels na segunda
metade do século XIX. Na dialética materialista, as relações sociais são
construídas, historicamente, de maneira dinâmica, por contradições e, por sua
vez, superação dessas contradições. Sendo que na dialética materialista a
proposta político-ideológica de superação do modo de produção capitalista, tendo
em vista a sua incapacidade humanizadora, não se separa da perspectiva teórica.
Todavia, é necessário esclarecer que a vertente do Paradigma da
Questão Agrária do qual somos adeptos é o da reprodução do campesinato na contradição do
modo de produção capitalista: a tese
do movimento desigual e contraditório do desenvolvimento capitalista no campo e
a produção de capital por meio de relações não-capitalistas (relações
camponesas de produção).
Temos como fundadores dessa corrente do Paradigma da Questão
Agrária no Brasil, na sociologia, José de
Souza Martins, com sua obra: “Os Camponeses e a Política no Brasil”. E,
posteriormente, na Geografia, Ariovaldo
Umbelino de Oliveira, com sua obra: “Agricultura Camponesa no Brasil”.
Para José de Souza Martins (1981), o capitalismo para se
desenvolver não precisa transformar, necessariamente, todas as relações sociais
em relações capitalistas de produção, ou seja, não precisa transformar, por
exemplo, todos os camponeses em trabalhadores assalariados. Sempre haverá no
capitalismo, contraditoriamente, espaço para o desenvolvimento de relações
não-capitalistas. Por isso, apesar de ser um condicionador das relações sociais,
não podemos enxergar a história unilateralmente apenas a partir do
desenvolvimento das forças produtivas.
A partir dessa tese José de Souza Martins tornou-se um referencial
nos estudos agrários brasileiros, devido ao seu entendimento particular da
expansão capitalista no campo. Ele revela que o lado contraditório da expansão
capitalista se expressa na constante recriação de formas não-capitalistas de
produção (camponesas). Ao analisar a sujeição da renda ao capital, o mesmo
evidencia que o capital vai assumindo formas cada vez mais elaboradas para
subordinar o trabalhador. Essa interpretação trouxe a clareza de que a Reforma
Agrária não poderia ser discutida divorciada da luta contra o capital (ALMEIDA;
PAULINO, 2000).
Para José de Souza Martins, deveríamos entender o campesinato
brasileiro de maneira distinta do campesinato europeu. Pois, no Brasil, foi
negado ao campesinato o direito de acesso a terra. Assim, ele nos ajuda a
entender como foi o processo de formação do campesinato Brasil, para que
possamos diferenciá-lo da condição clássica do campesinato
europeu.
A partir dessa tese, a luta do campesinato passa a ser uma luta anticapitalista, pois estando a terra
sob a lógica mercadológica, os camponeses tem que lutar a fim de impedir que a
terra-trabalho, sustentada por relações não-capitalistas, não se transforme em
terra-especulação/exploração do trabalho, sustentada por relações capitalistas.
Assim, se faz necessário refletir acerca dos processos que envolvem a
contradição terra/capital, que está relacionado ao desenvolvimento do
capitalismo no campo (ALMEIDA; PAULINO, 2000).
A discussão de José de Souza Martins em torno da relação
terra/trabalho está embasada, assim como todos os autores do Paradigma da
Questão Agrária, na contradição
estrutural da lógica de desenvolvimento do capitalismo. Desta maneira, a
partir desses pressupostos principais defendidos por José de Souza Martins na
sociologia é que vamos entender a partir de Ariovaldo Umbelino de Oliveira na
Geografia o processo desigual e
contraditório do desenvolvimento do capitalismo no campo. Esta tese perpassa
várias obras do autor e engendra uma corrente de pensamento no interior da
geografia agrária brasileira filiada ao Paradigma da Questão
Agrária.
Entendemos que para explicar o que está ocorrendo no campo
atualmente temos que entender como ocorre o desenvolvimento do capitalismo no
Brasil e quais são suas estratégias para a produção/reprodução/acumulação do
capital. Por isso, acreditamos na tese de que o processo de desenvolvimento
capitalista no campo dentro do território brasileiro ocorre de maneira contraditória e combinada e /ou desigual e
contraditória (OLIVEIRA, 2004).
Isso quer dizer que o capitalismo avança produzindo/reproduzindo
relações especificamente capitalistas, ou seja, proletarizando os camponeses,
transformando-os em trabalhadores assalariados rurais no campo (bóias-frias), no
caso do agronegócio, ou em trabalhadores assalariados urbanos (empregados dos
capitalistas industriais, comerciais ou financeiros). Todavia,
contraditoriamente, o capitalismo avança produzindo/reproduzindo, também, relações não-capitalistas de produção,
como são as relações camponesas de trabalho familiar no campo que são
necessárias ao desenvolvimento capitalista.
Dentre os adeptos dessa tese, estão grandes pensadores mundiais
como Rosa Luxemburgo e Teodor Shanin e, também, importantes pesquisadores
brasileiros das ciências sociais como Carlos Rodrigues Brandão e José de Souza
Martins. Na geografia Agrária, temos como grande defensor dessa corrente de
análise sob os pressupostos teórico-metodológicos do materialismo histórico e
dialético, o professor e pesquisador da Universidade de São Paulo, Ariovaldo
Umbelino de Oliveira e seus ex-orientandos dos programas de pós-graduação da
UNESP e da USP. Dentre estes, podemos citar Bernardo Mançano Fernandes,
Rosemeire Aparecida de Almeida, Eliane Tomiasi Paulino, Valéria de Marcos, João
Fabrini etc.
A necessidade de reprodução do capital por meio de relações
não-capitalistas permite a reprodução do campesinato, mas com a condição de sua
renda estar subordinada ao capital.
Entretanto, neste caso, não ocorre à separação do trabalhador dos seus
meios de produção, ou seja, não ocorre o processo de proletarização do
campesinato. O camponês continua sendo dono do produto de seu trabalho, dos seus
instrumentos de trabalho e de sua
propriedade/território.
Somente em alguns setores da produção agrícola é que ocorre a
expansão/territorialização das relações capitalistas de produção, no caso, às
mais lucrativas ao capital, destinadas, principalmente, à exportação (commodities) como, por exemplo, a
cana-de-açúcar (produção de agrocombustível), o eucalipto (produção de
celulose), a laranja, a soja etc. Existem vários setores onde ainda predominam a
produção camponesa. Principalmente, nas culturas alimentares (vejamos a
importância da agricultura camponesa na questão da soberania
alimentar).
Deste modo, a partir dessa corrente do Paradigma da Questão
Agrária, afirmamos que no interior do processo de desenvolvimento do capitalismo
no campo, ocorrem tanto a destruição do campesinato, como sua recriação. Bem
como sua transformação em capitalista proprietário de terra. Todas essas
possibilidades se encontram abertas. E o que está no centro da reflexão
geográfica do processo é o controle territorial por parte do campesinato ou por
parte do agronegócio.
Na ciência geográfica, o Paradigma da Questão Agrária traz a luta
de classes sendo discutida intrinsecamente relacionada ao processo de
construção/domínio/controle territorial. Sendo assim, para interpretar a
realidade agrária: “O paradigma da
questão agrária prioriza as lutas de
classes para explicar as disputas
territoriais, os modelos de desenvolvimento e suas conflitualidades”. (FERNANDES; WELCH;
GONÇALVES, 2010, p. 3, grifo nosso). Tendo em vista que “[...] a questão agrária é um problema estrutural,
a luta contra o capitalismo é a perspectiva de construção de outra
sociedade. [...]”. (FERNANDES; WELCH; GONÇALVES, 2010, p. 3, grifo
nosso).
Portanto, temos duas formas distintas de destruição e recriação do
campesinato. Esses processos envolvem lógicas distintas. A recriação do
campesinato pelo capital ocorre pela compra ou arrendamento das terras. A
recriação camponesa na luta se dá, sobretudo, na conquista da terra depois da
ocupação e reivindicação dos movimentos sociais para a desapropriação.
A recriação camponesa pela luta pode ser
considerada como uma forma de rompimento com as relações capitalistas
dominantes. Mas, essa ruptura tem certo limite que não supera a subalternidade.
Porque mesmo após a conquista da terra, os camponeses continuam dominados pelos
capitalistas, tendo em vista que existe o processo de sujeição da renda da terra
ao capital. Assim, devido a problemática estrutural da questão agrária, existe
um processo de dominação e de resistência permanentes, entre o capital e o
campesinato, respectivamente, que engendram as conflitualidades
(FERNANDES, 2009).
A conquista de um território por parte do campesinato significa a
destruição/desterritorialização, naquele espaço, das relações capitalistas de
produção e construção/recriação/reterritorialização das relações
familiares/camponesas de produção. Por isso, “os movimentos camponeses e
indígenas têm resistido a esse processo, disputando territórios com as empresas
capitalistas. [...]”. (FERNANDES, 2008, p. 10).
Nesta luta dos movimentos sociais camponeses, temos como parte
inerente ao processo, sendo produto da luta e, dialeticamente/simultaneamente,
instrumento da luta, a Educação do Campo. Sendo assim, uma luta pela
territorialização da Educação do Campo.
Os movimentos sociais do campo, mais especificamente o MST, não
produzem apenas uma luta pela melhor distribuição de terra e renda, mas produzem
também, uma luta pela construção de uma pedagogia condizente com a luta e com o
processo de produção e reprodução material e simbólica da classe camponesa. A
Educação do Campo é construída como uma forma de resistência à invasão do
território capitalista no campo. Pois, o capitalismo, territorializado no campo,
significa o fim do campesinato enquanto classe e, logo, a sua proletarização.
Sendo assim, a Educação do Campo é o resultado da luta do
campesinato, bem como, um dos instrumentos de sua luta. Por isso, cumpre seu
objetivo de formação educacional relacionada com os movimentos sociais, a fim de
formar trabalhadores/moradores do campo comprometidos com as causas coletivas de
nossa sociedade, que possam ser militantes dos movimentos sociais (CALDART,
2004).
Desse modo, os movimentos sociais do campo, principalmente o MST,
estão produzindo uma educação que é fruto da sua história de lutas tendo como
objetivo principal a conscientização política, em oposição ao pensamento
hegemônico neoliberal, construindo uma alternativa para a nossa sociedade que
não seja a economia de mercado capitalista (NASCIMENTO, 2003, p. 10).
Sendo assim, concordamos com Arroyo (2004) quando diz que a
Educação do Campo deve vir atrelada aos movimentos sociais, que por si só já
realizam um processo educativo, pois constroem cultura, valores, atitudes,
conscientização política etc., auxiliando no processo de humanização e mostrando
que o campo é um espaço de produção da vida e não apenas de
mercadorias.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Bernardo Mançano Fernandes (2004) defende a posição de que os
paradigmas têm uma utilidade prática na medida em que se materializam na
realidade. Os territórios imateriais se transformam em territórios materiais por
meio de elaboração de projetos de desenvolvimento, políticas públicas etc. E na
medida em que estes representam concepções de realidade distintas, podem servir
tanto para transformação social como para a manutenção dos status quo dependendo da perspectiva
político-ideológica assumida. Por isso, na tentativa de interpretação de uma
mesma realidade surgem diferentes paradigmas que disputam a hegemonia do
conhecimento científico.
Assim, para Bernardo Mançano Fernandes, podemos considerar os
paradigmas como sendo “[...] territórios
teóricos e políticos que contribuem para transformar a realidade. [...]”
(2004, p.55, grifo nosso). Por isso, que a prevalência de um paradigma no
processo de produção do conhecimento em uma determinada temática, contribui para
condicionar a formação de uma determinada realidade de acordo com a visão de
mundo dos teóricos que engendraram esse paradigma (FERNANDES,
2004).
Diferentes paradigmas influenciam na construção de modelos
distintos de educação. Na Educação do Campo construída a partir do Paradigma da
Questão Agrária, existe a perspectiva de construção de uma educação
emancipatória/libertadora/freireana, fazendo oposição à educação neoliberal e
urbanizada praticada, até então, no campo e na cidade. A Pedagogia Libertadora
é, por conseguinte, uma pedagogia que assume sua posição de classe. Nas palavras
de Freire: “o meu ponto de vista é dos ‘condenados da Terra’, o dos excluídos
[...]”. (1999, p.16).
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Se verificarmos a realidade brasileira atual, a contradição é mais
clara, pois o latifundiário é também capitalista do agronegócio.