PANORAMA-SP NO PROCESSO DE TURISTIFICAÇÃO
E NOVAS
TERRITORIALIDADES
Willian Ribeiro da Silva
Tito Carlos Machado de Oliveira
Resumo
Na atualidade a atividade turística esta se
tornado um dos principais motores da econômica mundial e esta em plena expansão,
conseqüentemente apropriando se e consumindo espaços e paisagens, criando novas
territorialidades. Neste sentido o foco central deste artigo, é analisar a
territorialidade e as multerritorialidades
do turismo
em Panorama-SP, município que passou por grandes
transformações que foram motivadas pela formação de um lago artificial
decorrente da construção da Usina Hidrelétrica Sergio Motta. Diversos fatores
apontam que a atividade turística implantada em Panorama-SP mostra-se de modo
perverso e contraditório, tanto em âmbito econômico, quanto em âmbito social.
Com base em trabalho de campo e pesquisa bibliográfica temos a oportunidade de
compreender as novas dinâmicas territoriais que se instalaram neste município, e
a possibilidade de analisar as políticas mitigadoras que foram realizadas pela
CESP e suas relações com o turismo e suas “marcas”
territoriais.
Abstract
In the present the activity tourist is coming one
of the most important by worldwide economics, consequently the activity tourist
appropriate and consume spaces and landscapes, creating new territorialities.
The principal theme of this article is the territoriality and the multi
territoriality of the tourism in Panorama –SP, this municipality changes a lot
because the formation of the artificial lake of the Power plant Engineer Sergio
Motta. The activity tourist in Panorama – SP is perverse and contradictory.
After the world camp and bibliographic ask, we have the opportunity of
understand the new territorialities, and the mitigate political making for the
CESP and the relations between the tourism and the new territorialities.
Resumen
En la
actualidad la actividad turística que esto se convierta en el motor principal
del mundial de áreas económicas en expansión y en consecuencia esta apropiación
y consumo y los paisajes, la creación de nueva territorialidad. En este sentido,
el enfoque de este trabajo es analizar la territorialidad y el turismo
multerritorialidades en Panorama-SP, una ciudad que ha sufrido grandes cambios
que fueron motivados por la formación de un lago artificial debido a la
construcción de la hidroeléctrica Sergio Motta. Varios factores sugieren que el
turismo implantado en Panorama-SP parece ser tan perverso y contradictorio,
tanto en el ámbito económico, como en el ámbito social. Basado en el trabajo de
campo y la literatura tienen la oportunidad de comprender las nuevas dinámicas
territoriales que se han asentado en este municipio, y la oportunidad de
considerar las políticas de mitigación que se realizaron por CESP y su relación
con el turismo y sus "marcas" territorial
O
turismo e suas características na atualidade – uma
introdução
O turismo na atualidade é considerado uma das
molas propulsoras da economia, com grande capacidade de gerar divisas. Sendo
esta atividade recente no Brasil, pois apenas na década de setenta passa a ser
considerado um grande potencial econômico, e a chamar atenção de grupos
investidores, mas tendo como ápice a década de noventa quando começa uma
massificação da atividade turística, criando a oportunidade de exploração
potencial dos espaços, transformando estes em mercadoria. Coriolano, 2003 aborda
que:
O
capital ao transformar o espaço em mercadoria, faz surgir novas atividades
econômicas, como o ramo econômico das atividades do lazer e do turismo e do
lazer. O turismo provoca profunda mudança sócio-espacial, redefine as
singularidades espaciais além de reorientar os usos. (CORIOLANO, 2003, Pg.
32).
A massificação turística esta relacionada com a
nova fase em que a sociedade esta vivenciando, no qual autores o denominam de
pós-moderna ou pós-industrial, que são condicionadas a estilos de “vidas” que
estão baseados no consumo imposto pelo capitalismo. Neste sentido, o turismo
passa a fazer parte destes estilos de “vidas”, no qual as agencias vendem a “paz
e a tranqüilidade” que não fazem parte do cotidiano do turista, neste momento
visualizamos com clareza o papel fundamental dos planejadores e investidores
deste setor, em transformar ou idealizar espaços que tragam conforto, diversão e
paz, satisfazendo o que o turista cria em seu imaginário em relação a este
momento esperado, que é vivenciar outros territórios que não faz parte de seu
dia a dia. Mas o turismo de massa mencionado ou conceituado não se refere à
sociedade que esta nas bordas do sistema capitalista, mas sim aqueles que
apresentam melhores posições no sistema, possibilitando o consumo de espaços e
imaginários criados pelo turismo. . Na definição de Andrade, turismo de
massa:
...se
efetua através dos representantes das classes mdias assalariadas e de
empresários de médio e pequeno portes, com os frutos de seus salários ou
rendimentos de seu limitado capital.
(ANDRADE,p.56)
Muitos dos atrativos
turísticos estão relacionados com a mídia, pois nesta fase de grande circulação
de informações, este mecanismo possibilita a criação ou imaginar atrativos
turísticos, através de propagandas e slogans que remete a população ao consumo,
principalmente destes espaços idealizados e consumidos pela elite. Neste sentido
Yázigi (2000) menciona que o devaneio, a fantasia ou a imaginação
seriam a essência da condição humana e fazem parte da excitação turística e é
sabiamente manipulada por seus agentes.
Dentre as características turísticas esta à utilização de espaços
públicos pela economia turística, espaços que via de regra seria ou pertenceria
a todos, mas que muitas vezes, poucos têm acesso, mostrando o lado negativo do
turismo, no qual o dinheiro fala mais alto, excluindo a população local das
decisões e planejamento desta atividade em detrimento do capital. Nesta linha,
Cruz, 2002, preconiza que:
O modo como se dá a apropriação de uma
determinada parte do espaço geográfico pelo turismo depende da política pública
de turismo que se leva a cabo no lugar. À política pública de turismo cabe o
estabelecimento de metas e diretrizes que orientem o desenvolvimento
socioespacial da atividade, tanto no que tange à esfera pública como no que se
refere á iniciativa privada. Na ausência da política pública, o turismo se dá à
revelia, ou seja, ao sabor de iniciativas e interesses particulares. (CRUZ,
2002,p.09).
Estes são alguns dos
principais elementos que estão relacionados ao turismo e suas contradições e
mistificações, sobre esta atividade que vem sendo valorizada no mundo
pós-moderno, que cria contrastes no território, consumindo e se apropriando de
espaços, transformando estes em mercadoria, neste sentido Panorama-SP apresenta
tais características, proporcionado novas territorialidades, que lhe confere
novas dinâmicas e qualificação territorial.
Caracterização do ambiente de estudo e o
turismo
O
município de Panorama (Figura 1) localiza-se no extremo oeste do Estado de São
Paulo, na divisa com Mato Grosso do Sul, na latitude 21º21’23” sul, e na
longitude 51º51'35" oeste, e pertence a 10ª Região Administrativa do Estado, que
tem como cidade sede Presidente Prudente. Atualmente, o município conta com uma
população de 13.944 habitantes segundo IBGE (2007).
Panorama-SP faz fronteira com o Estado do Mato Grosso do Sul, e
esta relação sempre esteve presente em seu desenvolvimento, com a ligação
através do rio Paraná e da balsa, que era utilizada para o escoamento da
produção e a locomoção da população entre os
estados.

Figura 1- Localização do município de Panorama-SP. Org: Tiago Rodrigues,
2009
Panorama tem relação intrínseca com o meio ambiente,
por estar inserida na estrutura da paisagem do rio Paraná, desde a fundação do
município este ambiente impulsionou a economia local. Dentre as atividades
econômicas do município que foram marcadas pela presença do rio, pode-se
mencionar a instalação de olarias, pecuária e a pesca, recentemente Panorama vem
se destacando na prática do turismo e tem como principal atrativo a paisagem do
Rio Paraná. Outros atrativos turísticos do município são a pesca esportiva e
eventos que são realizados anualmente como o Pan Verão, carnaval e a travessia
do Rio Paraná.
Para que Panorama se tornasse um atrativo para a
prática do turismo, houve investimentos dos setores privado e público,
principalmente na infra-estrutura e equipamentos relacionados ao turismo, dando
novas características a economia do município e (re) configurando o
território.
Atualmente o turismo destaca-se pelo seu
potencial socioeconômico e por sua capacidade de produzir e transformar os
espaços, tornando-os mercadoria, sendo a nova engrenagem de acumulação do
capital. A atividade turística se caracteriza pela sua dinâmica em absorver
investimentos, tanto da esfera pública quanto da iniciativa privada, capaz de
produzir novas configurações atingindo o espaço e a
sociedade.
Nenhuma outra atividade consome elementarmente,
espaço, como faz o turismo e esse é um fator importante da diferenciação entre o
turismo e outras atividades produtivas. È pelo processo de consumo dos espaços
pelo turismo que se gestam os territórios turísticos. (CRUZ, 2000,
p.17).
Atualmente, devido ao
destaque da atividade turística em Panorama, o município vem passando por várias
transformações que atinge seu processo produtivo resultando em uma produção e
(re) produção do território.
A economia de Panorama esteve por muito tempo
atrelada à pecuária e à produção de tijolos e telhas. Nos anos 1980, as
atividades ceramistas se expandiram consideravelmente no município, devido à
grande quantidade de argila existente as margens do rio Paraná; essa era a
atividade que mais empregava a população local. Na atualidade o setor cerâmico
vem perdendo importância econômica, em contrapartida, o turismo se destaca como
possibilidade de desenvolvimento econômico e social do
município.
Para o desenvolvimento da atividade turística, o
município necessita de atrativos como, infra-estrutura e equipamentos
turísticos, na definição de Boullón (2002, p.54) “O equipamento inclui todos os
estabelecimentos administrados pelo poder público ou pela iniciativa privada que
se dedicam a prestar serviços básicos”. Neste ponto de vista, a atividade
turística dever ser planejada, e contar com políticas que controle e direcione
esta atividade, proporcionando o desenvolvimento local, e a participação de toda
a sociedade neste processo.
Entre as modificações que poderá produzir novas
características ao território e para o turismo em Panorama, está a da construção
de uma ponte, que se localiza em Paulicéia-SP a 2 km de Panorama, a qual fará
ligação entre os estados de Mato Grosso do Sul e São Paulo, proporcionando um
aumento do fluxo nesta região, incorporando novas dinâmicas entre os estados,
sendo a ponte também um atrativo ao turismo.
Para a compreensão das transformações do
território pelo turismo, será necessário analisar a influencia dos investimentos
e ações dos setores público e privado. Dentre os investimentos realizados pelo
setor público, estão às obras em infra-estruturas, fundamentais para estabelecer
a atividade turística no município, obras que foram realizadas pela Companhia
Energética de São Paulo (CESP), como medidas compensatórias e mitigatórias pelos
impactos causados na construção da usina hidrelétrica Sergio Motta e formação do
logo artificial.
A
Implantação da UHE. Eng. Sérgio
Motta e seus desdobramentos no local.
Panorama passou por varias transformações ao
longo do tempo, que possibilitou novas territorialidades a cada fase de sua
historia. Mas o marco que registra uma das suas principais transformação, esta
alicerçada na construção da usina hidrelétrica Sergio Motta e o enchimento do
lago artificial no rio Paraná, sendo estes grandes modificadores da paisagem e a
formação de um novo território.
Entre as mudanças podemos citar o setor
econômico, sendo que Panorama tinha o setor cerâmico como sua principal
atividade, sendo esta substituída pelo turismo. Com a formação do lago
artificial no rio Paraná, várias jazidas de argila ficaram submersa, atingindo o
setor, que depende desta matéria prima, inviabilizando esta atividade. Em
decorrência do declínio do setor ceramista, a CESP através de suas obras
mitigatórias, criou condições para estabelecer novas atividades, que
proporcionou novas dinâmicas, como enfatizado nesta pesquisa o turismo. O turismo em Panorama tem como seu
principal produto o rio Paraná, que através da balneabilidade atrai turistas de
toda a região do oeste paulista e do estado do Mato Grosso do Sul, tornando esta
atividade um dos principais motores da economia do
município.
Através das obras compensatórias realizadas pela
CESP, estas proporcionaram a implantação da atividade turística diretamente ou
indiretamente, como Balneário municipal, asfaltamento de vias, melhoria no
hospital, construção de uma marina, entre outras obras realizadas na zona rural,
como pontes, etc.
O turismo proporcionou uma (re) organização
territorial em Panorama, a parir das obras mitigatórias realizadas, no âmbito do
trabalho, os pescadores ganharam uma nova função, como de guia de pesca, que
trabalham como diaristas ou estão agregados a uma pousada, que proporciona
serviços ligados à pesca e ao setor náutico, aos turistas. Esta reestruturação
do trabalho perfaz em outros âmbitos do comercio, através de lojas
especializadas em artigos de pesca, camping, iscas, entre outros, que configuram
o turismo de Panorama.
O
turismo e as possibilidades de desenvolvimento
local
O turismo tornou-se um setor de grande magnitude,
atualmente se destaca como um das principais atividades econômicas. Mas esta
atividade não vem chamando atenção apenas pelo seu potencial econômico, mas
também por sua capacidade transformar espaços, criar novas dinâmicas, entre
outras funções que chamam a atenção dos pesquisadores de diversas áreas, pois
esta passa desde estudos econômicos até a sustentabilidade. Nestes aspectos
Caracristi 1998 ressalva que:
“... principalmente nas ultimas décadas, vem influenciando de
maneira decisiva o espaço em que vivemos produzindo transformações econômicas,
sociais e ambientais significativas: Atualmente a indústria turística é a
atividade que mais cresce no contexto econômico mundial”. (Caracristi, Pg.407,
1998)
Como visto o turismo surge como uma das
principais engrenagens de acumulação do capitalismo, inserindo no espaço novas
estratégias que são comandadas por diversos setores da sociedade, neste sentido
Coriolano 2003, enfatiza:
“O
turismo é uma das mais novas modalidades do processo de acumulação, que vem
produzindo novas configurações geográficas e materializando o espaço de forma
contraditória, pela ação do Estado, das empresas, dos residentes, e dos
turistas. (CORIOLANO, 2003, Pg. 42)”.
Nas perspectivas apresentadas, o turismo tem como
sua principal mercadoria o espaço, sendo assim se apropria da paisagem, tornando
esta comercializável ou economicamente viável para a sua exploração. Sendo assim
o turismo tem grande capacidade de transformar o espaço, e os agentes que estão
inseridos neste, como a população, o comercio, entre outros.
O turismo deve ser pensado em duas direções, uma
pela possibilidade de levar desenvolvimento a população local, e a outra pela
ótica de oferecer ótimos serviços aos turistas e manter a atividade ativa de
modo sustentável. Para muitos municípios brasileiros o turismo é a única fonte
de renda, principalmente as pequenas cidades que não estão inseridas no contexto
da industrialização ou não se especializaram, e contam com atrativo turístico,
seja ele cultural natural, tornando a única fonte de renda da
população.
“Os vários tipos de turismo praticados no mundo todo tornam essa
atividade uma grande opção de desenvolvimento. É preciso que cada local defina
em que tipo ou tipos de turismo suas características se enquadram, de acordo com
o potencial da região. Essa definição é importante não só para passar para os
visitantes a informação sobre os tipos de turismo que a localidade oferece, como
também para orientar os que querem investir no setor”. (VELOSO,
Pg.13,2003)
Para a realização da atividade turística,
precisa-se de levar em consideração vários pressupostos, para que a atividade
leve desenvolvimento ao local, e que a pratica deste seja de modo sustentável.
Para que o turismo leve desenvolvimento e seja duradouro deve-se fazer um
planejamento adequado, capacitação para recepcionar o turista de acordo com o
turismo praticado, infra-estrutura adequada, entre outros elementos que se faz
importante para o desenvolvimento da atividade.
“... O planejamento turístico é o processo que
tem como finalidade ordenar as ações humanas sobre uma localidade turística, bem
como direcionar a construção de equipamentos e facilidades, de forma adequada,
evitando efeitos negativos nos recursos que possam destruir ou afetar sua
atratividade”. (TRIGO, Pg.67,2001)
Nos elementos apresentados anteriormente
Panorama-SP, encontra-se em fase de consolidação, pois o turismo em Panorama
surgiu de modo espontâneo, sem um planejamento adequado, pois o processo de
turistificação aconteceu de modo gradual. A maioria das estruturas turísticas do
município foi adquirida após a implantação da usina hidrelétrica Sergio
Motta.
Nestes aspectos a vários elementos que devem ser desenvolvido em
Panorama para se realizar um turismo de fato. Como exemplo a preparação das
atividades para recepcionar os turistas de acordo com o tipo de turismo que o
município busca. Neste sentido Cobra menciona:
“A
compreensão da demanda de serviços de turismo pressupõe uma escala de tipos, que
vai desde a procedência do turismo, o motivo de viajem, o meio de transporte
utilizado, as características geográficas do destino, o ciclo de vida do destino
(esta em crescimento, maturidade ou declínio) a duração das férias, perfil do
grupo de turista, o tipo de alojamento buscado, o padrão de gastos efetuados,
até quem organizou a viagem.” (COBRA, Pg.69)
Como menciona Cobra, os dirigentes devem estar
atentos aos mínimos detalhes, para se obter um turismo profissional, no qual
levara o desenvolvimento ao município de forma sustentável e duradouro. Neste
aspecto Panorama começa a caminhar, pois já conta com uma diretoria designada a
atividade turística do município, cooperativa e associação direcionada aos
assuntos referentes à atividade, que aos pouco vão criando base para se
desenvolver um turismo “profissional”.
No que se refere a desenvolvimento sustentável,
enfatizando o ambiente, Panorama passou por vários impactos de ordem ambiental
decorrentes da formação do lago artificial no rio Paraná, que proporcionou novas
configurações a paisagem, que de forma contraditória criou-se nova uma nova
territorialidade voltada ao turismo possibilitando uma (re) estruturação
econômica no município. Pois através dos impactos vieram diversas obras de
infra-estrutura, como medida compensatória, que dinamizou o espaço, alem de
formar uma bela paisagem, e a adaptação de novas espécies de peixes, que são
propícios para a pesca esportiva, sendo este um dos atrativos do turismo de
Panorama. Neste pensamento Veloso, 2003, menciona
que:
“O
ponto inicial passa pelo meio ambiente, onde se deve estabelecer e fazer cumprir
uma legislação forte, fundamental para o desenvolvimento e a manutenção das
atividades turísticas. Não se pode em nenhum momento, seja que tipo, modalidade,
segmentação ou forma de turismo se desenvolva deixar de ter a preservação e a
conservação do meio ambiente como parte principal para o desenvolvimento do
turismo”. (VELOSO, Pg.84,2003)
O aspecto ambiental é de grande apelo para o
turismo, pois a maioria dos atrativos estão relacionados à paisagem natural,
sendo assim mostra-se importante a conservação e a conscientização, de todo
segmento da sociedade. Na atividade turística praticada deve esta incorporada à
preocupação ambiental, intensificando a educação ambiental enfatizando o
turismo, sendo que muitos município esta atividade se apresenta com a única
fonte de renda, assim se faz necessário à preservação. Neste sentido a
capacitação de todos os segmentos que compõem o turismo, tendo a preocupação de
formar profissionais conscientes.
“A capacitação, como já mencionada anteriormente,
pode ser através de programas oficiais, tais como o Programa Nacional de
Municipalização do Turismo (PNMT), desenvolvido pela Embratur, bem como através
de entidades de ensino profissionalizantes ou técnicas, tais como universidades,
faculdades, SEBRAE, entre outros de reconhecimento público.” (VELOSO, Pg.89,
2003).
Considerando todas as ressalvas expostas aqui,
mostra-se a importância dos agentes públicos na fiscalização para que atividade
turística seja feita de forma sustentável, de maneira planejada para se obter
desenvolvimento sem prejudicar o meio ambiente. O papel de planejamento e de
fiscalização deve ser acompanhado por toda a sociedade, tendo consciência de
preservação do meio ambiente, sendo este o motor da atividade, que garante a
sobrevivência e a manutenção do município.
Novas dinâmicas territoriais
O território turístico em Panorama ao longo do
tempo vem adquirindo novas dinâmicas, sendo estas fixadas através de construções
e de idealização de novas formas espaciais, que podem ser representadas pela
ponte Mario Covas e os loteamentos residenciais a beira do rio Paraná. Estas
proporcionaram novos significados e produz novas
territorialidades.
A ponte Mario Covas (Figura 2) esta localizada no município de
Paulicéia-SP aproximadamente a 2 km de Panorama, esta faz a ligação entre o
estado de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

Figura 2. Vista aérea da ponte Mario Covas. Fonte: César Claudino
de Souza
Com a conclusão da ponte possibilitou um maior
fluxo nesta região, pelo fácil acesso, pois antes da construção da ponte a
travessia entre os estado era feito através da balsa. A utilização da balsa
dificultava o fluxo interestadual nesta região, pois os horários da balsa eram
inflexíveis, alem do custo desta, sendo assim dificultado a mobilidade da
população na fronteira dos estados mencionados. Com a presença da ponte
possibilitara um aumento do fluxo de pessoas em Panorama, tanto para o lazer,
quanto para o comercio, sendo este ultimo de grande procura pela população do
município Brasilândia do estado de Mato Grosso do Sul, pelos menores preço e
variedade.
A ponte viabilizara novas dinâmicas fronteiriças, pois aumentara o fluxo
entre os estados, sendo uma possibilidade de Panorama receber grande quantidade
de turistas de origem sul-mato-grossense, sendo dos mais diversos perfis, pois
Panorama oferece varias modalidade de turismo, como o caracterizado turismo de
massa, tendo como atrativo o balneário até a pesca e o turismo náutico. Outro aspecto relevante sobre a ponte,
sendo esta um atrativo turístico, esta proporciona uma bela vista do rio Paraná,
alem de sua grandiosidade, que chama atenção dos
turistas.
Os loteamentos acompanharam a dinâmica da ponte, sendo grande parte dos
loteamentos residenciais foram estabelecidos próximo a ponte, garantindo assim
um apelo comercial que valorizou esta área, conseqüentemente os lotes desta
região. Os loteamentos no município de Panorama é um novo elemento presente na
dinâmica territorial que se data o enchimento do logo no rio
Paraná.
Com a procura por terras na beira do rio, para a criação de loteamentos,
crio-se uma especulação, que diminuiu consideravelmente os ranchos tradicionais,
sendo assim imperando os residenciais a beira do rio, que conta com completa
infra-estrutura urbana, onde se concentra casas que são denominados de “ranchos”
de médio a auto luxo. Neste aspecto Sanches
menciona:
“O
aumento da demanda por espaços de lazer e turísticos viabiliza investimentos por
parte do setor imobiliário que atua no sentido de requalificar o espaço e
promover sua refuncionalização, possibilitando a produção de unidades
residências num espaço em processo de valorização, onde se destacam a produção
de segundas residências” (SÁNCHES, 1991).
Como visto acima, os loteamentos são caracterizados como de segunda
residência, sendo uma forma de turismo, pois grande parcela dos proprietários
não reside no município, sendo este de diversos pontos da região, e que utiliza
estes espaços para o lazer e para o descanso, aproveitando a paisagem do rio
Paraná.
Como visto o turismo se apropria dos bens de uso coletivo para seu
desenvolvimento, neste sentido podemos citar a ponte que esta se tornando um
atrativo turístico, sendo este um bem publico, que esta sendo utilizado como
símbolo de progresso, ativando em sua região a especulação imobiliária na beira
do rio Paraná. Tanto a ponte, quanto os loteamentos são dinâmicas recentes, e
que estão ocorrendo de maneira tímida, mas que aos poucos vão incorporando aos
espaços, (re) configurando o território.
Conclusões
Através das transformações ocorridas no município
de Panorama-SP pela atividade turística, pode se verificar que estas
modificações esta atrelada a construção da usina hidrelétrica Engenheiro Sergio
Motta em Porto Primavera-SP. Com a construção da usina hidrelétrica e a formação
do lago artificial no rio Paraná, a Companhia Energética de São Paulo (CESP)
realizou varias obras de caráter compensatório e mitigatoria, pelos impactos
sócio-ambientais causados. A realização de obras direcionadas, direta ou
indiretamente ao setor turístico, deram novas características ao município e a
consolidação do turismo, que em períodos anterior não era mencionado como uma
atividade econômica, pois esta se encontrava sem infra-estrutura adequada e
políticas que organizasse e direcionasse esta
atividade.
O rio Paraná se tornou o principal atrativo,
através de sua paisagem como se pode verificar através de vários atrativos e
atividades que estão ligados direto e indiretamente, como a pesca esportiva, que
atrai turistas de varias regiões, e que conta com infra-estrutura e equipamentos
para a realização desta atividade como, guias de pesca, marina, hotéis e
pousadas para atender a demanda do turismo de pesca. Além da pesca, há eventos
que ocorrem anualmente como o carnaval realizado pela prefeitura municipal, o
Pan Verão que se caracteriza como carnaval fora de época, que é organizado por
iniciativa privada, a travessia do rio Paraná, que se tornou um evento
tradicional, realizado desde 1966, sendo este realizado pela prefeitura do
município, festa de ano novo, evento organizado pela prefeitura municipal, com
shows ao vivo no balneário municipal.
Verificou-se que em Panorama está em curso o
processo de turistificação, pois atualmente está em evidência a valorização de
atributos paisagísticos, associados à natureza: águas límpidas, fauna e flora
preservadas, entre outros. Ressalta-se que a apropriação de do espaço pelo
turismo ocorre a partir de dinâmicas e demandas sócias, culturais e econômicas,
e não somente a partir de características naturais da paisagem.
Neste processo de
turistificação Panorama-SP passa por novos processos territoriais criando
multerritorialidades, onde o velho se
contrasta com o novo, estabelecendo dinâmicas de diversos âmbitos, no qual o
território passa a desenvolver novas realidades sociais e econômicas que se
reafirmam no espaço.
Desta forma, a instalação e o desenvolvimento de atividades
turísticas em Panorama é fruto das ações do poder público, aliado à iniciativa
privada, que através de um impacto ambiental, criaram-se novas territorialidades
que podemos perceber que alteraram a dinâmica econômica do município e varias
estruturas sociais, que refletem no território.
Bibliografia
BULLON, Roberto C. Planejamento do espaço turístico.
Bauru: Edusc, 2002.
CARLOS, Ana Fani Alessandri, YÁZIGI, Eduardo e
CRUZ, Rita de Cássia Ariza da. (Org). Turismo - Espaço, Paisagem e Cultura.
3ª Ed. São Paulo: Hucitec.
CORIOLANO, Luzia Neide. Turismo de Inclusão. Fortaleza, FUNECE,
2007.
DIAS, Jailton. A construção da paisagem na raia divisória
São Paulo –Paraná - Mato Grosso do Sul: um estudo por teledetecção. 2003.
Tese (Doutorado em Geografia). Unesp, Presidente
Prudente.
CRUZ, R C. Política de turismo e território. São
Paulo: Contexto, 2000.
PETROCCHI, Mário. Turismo: planejamento e gestão. 2. ed.
São Paulo: Futura. 1998.
RODRIGUES, A. B. Turismo e desenvolvimento local. São
Paulo: Hucitec, 1997.
RODRIGUES, A. B. Turismo e Ambiente, Reflexões e
Propostas. São Paulo: Hucitec, 1997.
RODRIGUES. Adyr, Balastreri. Turismo, Modernidade e
Globalização. 1a edição. São Paulo. Hucitec. 1997. 210p.
SÁNCHES, J.E. Espacio, economia y sociedad. Madrid:
Siglo Véintiuno, 1991.
SOUZA, E. B. C. Natureza e consumo – a contraditória
relação de sustentabilidade na atividade turística. Revista Ciência
Geográfica. (AGB/Bauru). Bauru. Ano IX vol. IX, n.3, p. 253-258, set/out
2003
TRIGO, Luiz Gonzaga. Como Aprender turismo, como Ensinar.
São Paulo: Senac, 2001.
VELOSO. Marcelo. TURISMO, simples e eficiente Ed.Roca:
2003, São Paulo-SP