“Jogos de fronteiras”: considerações
sobre imagens e representações
entre Ponta Porã (Mato Grosso do Sul –
Brasil) e Pedro Juan Caballero (Amambaí – Paraguai)
Jones Dari Goettert
Universidade Federal da Grande
Dourados
CNPq; Fundect
Resumo
Neste trabalho discutimos tipologias de fronteira e como elas se
misturam para a leitura das “cidades gêmeas” de Ponta Porã (Mato Grosso do Sul –
Brasil) e Pedro Juan Caballero (Amambaí – Paraguai). A análise está centrada em
como representações e imagens participam da construção da fronteira como espaço
contraditório e em contraste, aqui definido por “paraíso” e “inferno”.
Simultaneamente à produção da imagem da fronteira como o “paraíso das compras”
de mercadorias de “reexportação”, produz-se (e “esconde-se”) a imagem da
fronteira com o Paraguai (e portanto do próprio Paraguai) como o lugar
“perigoso”, do “falso” e do “atraso”.
Palavras-chave: Fronteira Brasil/Paraguai; Imagens;
Representações.
“Juegos de la frontera”: consideraciones sobre imágenes y
representaciones entre Ponta Porã (Mato Grosso do Sul - Brasil) y Pedro Juan Caballero (Amambaí - Paraguay)
Resumen
Se
discuten los tipos de fronteras y la forma en que se mezclan para leer las “ciudades gemelas” de Ponta Porã (Mato Grosso do Sul - Brasil)
y Pedro Juan Caballero (Amambaí - Paraguay). El análisis se centra en cómo las imágenes
y representaciones participan em la construcción
de la frontera como un espacio
contradictorio y antagónico, que se define aquí
como el “paraíso” y el “infierno”. Simultáneamente con la producción
de la imagen de la frontera
como el "paraíso de las compras" de bienes
“re-exportacion” se produce
(y se “esconde”) la imagen
de la frontera con Paraguay
(y por lo tanto el propio Paraguay) como el lugar
“peligroso”, lo “falso” y lo “retraso”.
Palabras
clave:
Frontera Brasil/Paraguay;
Imágenes; Representaciones.
“Border Games”:
considerations on images and representations between Ponta Porã (Mato Grosso do Sul -
Brazil) and Pedro Juan Caballero
(Amambaí - Paraguay)
Abstract
In order to understand the “twin cities” of Ponta Porã (Mato Grosso
do Sul - Brazil) and Pedro Juan Caballero (Amambaí - Paraguay), we discuss typology of borders and
how they blend out. The
analysis focuses on how images and representations involve on the construction of the border as a
contradictory and contrasting space, defined here as both “paradise” and “hell”. Simultaneously with the production of an
image of the region of border as
the “shopping paradise” of commodities of “reexportation”, it is produced (and
“hidden”) the image of the border with the Paraguay (and therefore the very Paraguay) as the “dangerous place”,
“the place of falsification” and “the backwardness
place”.
Keywords: Border Brazil/Paraguay; Images; Representations.
1 – Introdução
A fronteira, além um dado material, é aquilo que imaginamos e
representamos como fronteira. Imagens e representações que não se desdobram de
uma base material infra-estrutural, como “superestrutura”, mas que tem o poder
de fazer dizer, de fazer ver e de fazer crer, afirmando-se como “poder
simbólico” (cf. Bourdieu, 2002) e por isso redefinindo a própria materialidade e
“objetividade”.
Partindo dessa premissa, neste trabalho apresentamos uma análise da
fronteira entre Brasil e Paraguai (recortada por relações entre Ponta Porã e
Pedro Juan Caballero) através de tipologias da fronteira apresentadas em
BRASIL-PRPDFF (2005) e em Oliveira (2005). Em seguida, consideramos tais
tipologias em relações observadas em espaço fronteiriço, buscando demonstrar que
nesse espaço os “tipos” se embaralham.
Por outro lado, a fronteira se projeta como espaço duplamente
dicotomizado: os territórios de um e de outro lado da fronteira (Brasil e
Paraguai), mas também os espaços antagônicos que participam do lado de lá da
fronteira – o lado paraguaio. Essa última dicotomia se processaria na produção
de espaços diferenciais e extremamente performativos, isto é, de um lado o
“paraíso” das compras dado pelas grandes lojas de produtos de “reexportação”, e
de outro o “inferno” imaginado e representado em um Paraguai marcado pelo
“perigo”, “desordem”, “falso” e “atrasado”.
2 – “Tipologias” de fronteira
Na “Proposta de Reestruturação do Programa de Desenvolvimento da Faixa de
Fronteira” (BRASIL- PRPDFF, 2005) é apresentada uma “Tipologia das interações
fronteiriças”, que, logo no início, ressalta que “o mais comum são situações de
superposições de tipos de interação, mas é possível distinguir aquela dominante”
(p. 144).
Para a especificidade fronteiriça entre Ponta Porã (Mato Grosso do Sul –
Brasil) e Pedro Juan Caballero (Amambaí – Paraguai), também é possível
“tipologizar” suas relações. Partiremos, aqui, das tipologias apresentadas pela
PRPDFF (2005) e pela construída para as relações fronteiriças entre Mato Grosso
do Sul com Paraguai e Bolívia, por Tito Carlos Machado de Oliveira
(2005).
A PRPDFF (2005) apresenta cinco possibilidades de interações
fronteiriças: margem, zona-tampão, frentes, capilar e
sinapse.
A primeira, margem, é dada pela condição na qual “[...] a população
fronteiriça de cada lado do limite internacional mantém pouco contacto entre si,
exceto de tipo familiar ou para modestas trocas comerciais”, sendo que “As
relações são mais fortes com o nacional de cada país de que entre si, apesar da
vizinhança” (PRPDFF, 2005, p. 144).
A segunda, zona-tampão, é aquela aplicada “às zonas estratégicas onde o
Estado central restringe ou interdita o acesso à faixa e à zona de fronteira,
criando parques naturais nacionais, áreas protegidas ou áreas de reserva, como é
o caso das terras indígenas” (PRPDFF, 2005, p.
145).
A terceira, frentes, caracterizar-se-ia no que tem se definido, desde
meados do século XX, por “frentes pioneiras”, que, para o PRPDFF, “o modelo
‘frente’ também designa outros tipos de dinâmicas espaciais, como a frente
cultural (afinidades seletivas), frente indígena ou frente militar” (PRPDFF,
2005, p. 146).
A quarta, capilar, dar-se-ia em processos diversos:
As interações podem se dar somente no nível local, como no caso
das feiras, exemplo concreto de interação e integração fronteiriça espontânea.
Pode se dar através de trocas difusas entre vizinhos fronteiriços com limitadas
redes de comunicação, ou resultam de zonas de integração espontânea, o Estado
intervindo pouco, principalmente não patrocinando a construção de
infra-estrutura de articulação transfronteira. A primazia é o local, antes de
ser nacional ou bilateral como no modelo sináptico (PRPDFF, 2005, p.
146).
E a quinta, do modelo sinapse, apresentaria “[...] alto grau de troca
entre as populações fronteiriças”, “ativamente apoiado pelos Estados contíguos,
que geralmente constroem em certos lugares de comunicação e trânsito
infra-estrutura especializada e operacional de suporte, mecanismos de apoio ao
intercâmbio e regulamentação de dinâmicas, principalmente mercantis” (PRPDFF,
2005, p. 147).
Ainda sobre o modelo sinapse, recai ênfase sobre as “cidades-gêmeas”, com
“paisagem urbana peculiar” e “com a formação de sindicatos de cambistas, de
motoqueiros transborder, de infra-estrutura hoteleira e de redes de lojas
especializadas” (idem).
Especificamente, sobre as “cidades-gêmeas” (Ponta Porã e Pedro Juan
Caballero nelas enquadradas), esta seria, “na escala local/regional, o meio
geográfico que melhor caracteriza a zona de
fronteira”.
Estes adensamentos populacionais cortados pela linha de fronteira
– seja esta seca ou fluvial, articulada ou não por obra de infra-estrutura –
apresentam grande potencial de integração econômica e cultural assim como
manifestações ‘condensadas’ dos problemas característicos da fronteira, que aí
adquirem maior densidade, com efeitos diretos sobre o desenvolvimento regional e
a cidadania (PRPDFF, 2005, p. 152).
As simetrias e assimetrias participam das “cidades-gêmeas” indicando
semelhanças e diferenças de “desenvolvimento econômico dos países, tipos
diferentes de economia regional, e dinâmicas distintas de povoamento
fronteiriço” (PRPDFF, 2005, p. 154).
Cabe ressaltar ainda, através do PRPDFF, considerações sobre as
“interações culturais transfronteiriças” (“‘nós’ e os ‘outros’”), concernentes
“às relações identitárias promovidas ou passíveis de serem promovidas de um lado
ou outro da faixa de fronteira”, sugerindo “uma série de diferentes padrões de
inter-relação entre o lado brasileiro e os demais países limítrofes”, passives
de apontarem as seguintes características:
a) à natureza das identidades do lado
brasileiro, levando em conta as características de maior uniformidade,
pluralidade (convívio, lado a lado, de diferentes identidades) ou hibridismo
(imbricação ou amálgama de várias identidades) e maior estabilidade
(permanência) e dinamismo (mutação) dessas
identidades;
b) ao grau de permeabilidade cultural
transfronteiriça – alto, médio ou baixo – e o tipo de interação cultural a
partir da maior ou menor influência cultural brasileira sobre os países
vizinhos;
c) ao caráter histórico da interação em
termos de sua duração no tempo (interações transfronteiriças mais antigas ou
mais recentes); e
d) à intensidade e à longevidade
das migrações, tanto de brasileiros para os países vizinhos quando de nossos
vizinhos para o Brasil, já que este é um dos melhores indicadores da intensidade
da interação transfronteiriça no espaço e no tempo (PRPDFF, 2005, p.
165).
Outra tipologia das fronteiras, porém com recorte específico sobre a
fronteira entre o Mato Grosso do Sul com Paraguai e Bolívia, foi construída por
Tito Carlos Machado de Oliveira (2005). De imediato, o autor ressalta que, em
relação a outros espaços, “na fronteira, existe algo mais”: “há um limite
projetado pelo conjunto das forças sociais com o fito de sobrepor o limite
adotado pelo Estado” (Oliveira, 2005, p. 378 [com base em Evangelista,
1998]).
Não há, no ambiente fronteiriço, em especial, nas cidades gêmeas,
apenas a difusão de comunidades condicionadas a demandar relações de convivência
onde se entrelaça sangue, línguas e capitais, ou seja, trocas. Há, por sua vez,
um monitoramento dos ruídos que ameaçam ou violam a integridade territorial, e
uma vigilância constante sobre a soberania e sobre o fio da existência cultural.
É um local onde os direitos servem mais a si, enquanto os deveres servem mais
aos vizinhos, ou seja, trocos [troco ou miúdo... dinheiro, soldo, salário,
propina... como ato de retorno em uma rusga entre partes, ato de revanche,
réplica]. São as existências das ricas trocas e dos trocos nas relações ambíguas
e suas acomodações, que definem um comportamento invulgar, leve e ríspido
(Oliveira, 2005, p. 378).
Nesse sentido, insiste, categoricamente, que a “fronteira não é uma só”
(Oliveira, 2005, p. 382). Partindo da ideia de integração “funcional” (derivada
das forças de mercado, em que imperariam em especial as relações dadas pelo
“circuito inferior da economia” [cf. Milton Santos, 1979]) e de integração
“formal” (a partir de aspectos legais, sobretudo, em que se desenvolveriam
fundamentalmente relações dadas pelos “circuito superior da economia” [cf.
Milton Santos, 1979]), de Wong-Gonzáles (2001), o autor levanta quatro situações
para a sua Tipologia de Relações Fronteiriças: (A) “Baixa integração Formal com
baixa integração funcional” (“Fronteira Morta”) – “uma fronteira de costas para
a outra”; (B) “Baixa integração formal com alta integração funcional”
(“Território Perigoso”) – “a utilização do trabalho, das terras, dos serviços e
as relações comerciais ali existentes, acontecem porque são movidas por uma
informalidade abusiva”; (C) “Alta integração formal com alta integração
funcional” (“Fronteiras Vivas”) – “áreas típicas de tensões constantes”; e (D)
“Alta integração formal e com baixa integração funcional” (“Fronteira
burocrática”) – “um território tomado por ações de Estado e empresariais”
(Oliveira, 2005, p. 386-389).
Tais tipos de situações, como muito bem salienta o autor, não são
estáticas, mas dinâmicas: “[...] como os fluxos pendulam com muita intensidade,
acompanhando comportamentos de demandas sugeridas por acordos supranacionais,
oscilações cambiais, estratégias nacionais, etc. sugerindo afirmar que outros
deslocamentos também podem acontecer” (idem, p.
389-390).
Para as relações entre as “cidades gêmeas” de Ponta Porã e Pedro Juan
Caballero, Oliveira (2005) definiu-as como integrantes do tipo “C”, formando
“uma conurbação vibrante, recheada de ações formais e complementaridades
funcionais plurais”:
De fato, ocorrem na conurbação praticamente tudo aquilo que também
ocorre nas condições anteriores, todavia, com diferenças marcantes: as
articulações se objetivam pelo lado formal da economia – e das atividades
administrativas das duas cidades – impõe severos limites a desordem
institucional e comportamental da população. [...] Vários são os trabalhadores
brasileiros que trabalham e habitam no lado paraguaio da cidade como o avesso
também acontece, mas, a atuação dos instrumentos jurídicos se posta com o mínimo
de eficiência para construir os limites necessários. Os acordos de cooperação
nascem e se fortificam em ações de controle do axial urbano, exemplos como: a
cooperação para manutenção do Corpo de Bombeiros, a atuação conjunta da Polícia
Militar até a ‘regulamentação’ do transbordo de carros de aluguel (táxis e
outros) atravessando a linha que divide a cidade – são esforços conjuntos de
cooperação observada pela atuação compartilhada das duas Câmaras de Vereadores
(Oliveira, 2005, p. 404-405).
Da primeira à segunda tipologia (PRPDFF, 2005; Oliveira, 2005), novamente
destacamos, como no início citamos a partir da PRPDFF, que “o mais comum são
situações de superposições de tipos de interação, mas é possível distinguir
aquela dominante”. As duas construções tipológicas buscaram destacar, para
vários casos, as relações dominantes.
3 – Entre Ponta Porã e Pedro Juan
Caballero
A partir de entrevistas, observações diretas e indiretas e produção de
imagens sobre a participação de trabalhadoras e trabalhadores do Brasil no
comércio de reexportação em Pedro Juan Caballero,
arriscamos aqui a problematização das duas tipologias apresentadas. Ressaltamos,
contudo, que não procuraremos desconstruir tais tipologias e nem a construção de
outra; ao contrário, é a partir delas que construímos uma análise que procura
demonstrar que os diferentes “tipos” de fronteira acabam, de uma ou de outra
forma, coexistindo, mesmo que uns e outros tipos em condições de relações
dominantes (por vezes) e relações secundárias (por
outras).
Das duas tipologias propostas, as relações entre as “cidades gêmeas” de
Ponta Porã e Pedro Juan Caballero se firmariam como do tipo “sinapse” (para o
PRPDFF, 2005) e como do tipo “fronteira viva” (para Oliveira, 2005). Para a
primeira, a fronteira se caracteriza por “adensamentos populacionais” com
“grande potencial de integração” e com os “problemas característicos da
fronteira” (PRPDFF, 2005, p. 152); para a segunda, formaria uma fronteira como
“uma conurbação vibrante” (Oliveira, 2005, p. 404).
A questão central que colocamos é: a “conurbação vibrante” e a “fronteira
viva” são para quem, no que e onde?
A depender das relações que são desenvolvidas (ou mesmo nem sendo
desenvolvidas), a fronteira ali pode ser considerada mais “morta” do que “viva”
(ressaltamos que a ideia de “fronteira morta” é extremamente discutível, mas
aqui seguem as aproximações às tipologias em exposição). O caso mais
emblemático, nesse sentido, parece ser o de “turistas de compra” que “inundam”
as lojas de produtos de reexportação em Pedro Juan Caballero,
com mais intensidade nos finais de semana ou nos feriados prolongados. O que é
“vivo” e o que é “morto” para eles? Qual seria o sentido da “fronteira” para
quem muda de cidade (ou mesmo de estado) mas continua, em grande medida, apenas
mudando o endereço do shopping?
Nesse sentido, podemos dizer que ali, entre Ponta Porã e Pedro Juan
Caballero, a “fronteira viva” e a “fronteira morta” convivem lado a lado: o
“mundo da mercadoria” – também encenado como “mundo do espetáculo” (em
aproximação a DEBORD, 1997) – é o mundo da visibilidade, da acomodação, da
segurança, dos produtos com “menor” preço e com “maior” provocação do desejo: o
“paraíso” que se consuma e se consome de forma a sugerir que a presença da
fronteira é indiferente, até porque a língua “oficial” do mercado ali
(“internacional) dos produtos importados é a portuguesa (uma das poucas
constatações de que se está em outro país é a disposição dos preços das
mercadorias, que, como no caso do Shopping China, são apresentados em dólar
[“US$”]).
Para os “turistas de compra”, nesse sentido, a diferença (quando existe)
de preço das mercadorias é concomitante à indiferença sobre a fronteira; são
duas “coisas” diferentes: o “mundo da mercadoria”, de um lado, e o Paraguai, de
outro – um “vivo”, e o outro, “morto”. A “ida” ao Paraguai é ambígua:
indubitavelmente, os “turistas de compra” vão para as lojas (e cassinos...) de
Pedro Juan Caballero, que, coincidentemente, “fica” no Paraguai. A ambiguidade
se dá por um movimento (o de “ida” para a fronteira) que é ao mesmo tempo o de
viagem e de passeio: não se viaja para outro país, e sim se passeia pelo lado de
lá.
A fronteira é “viva” na mercadoria. A fronteira é “morta” nas pessoas.
Nas relações de compra de venda de mercadorias, é um tanto indiferente para quem
compra se o vendedor é paraguaio ou brasileiro, aliás, a partir das entrevistas
com vendedores brasileiros em Pedro Juan Caballero,
parece haver a preferência por brasileiros, porque atenderiam do “jeito
brasileiro”. Por outro lado, a sensação é de que a relação com vendedores
paraguaios dar-se-ia sob a égide da desconfiança. A garantia de a mercadoria ser
“boa” estaria dada também pela relação de confiança entre a nacionalidade de
quem compra e a nacionalidade de quem vende. O Paraguai, para o “mundo da
mercadoria” e para as mulheres e homens que abundam ao “mercado paradisíaco da
fronteira”, inexiste, ou, no máximo, é dado pela lógica da indiferença.
Mas ele existe! O Paraguai parece não estar no Shopping China ou nos
diversos estabelecimentos do comércio de reexportação “caros” e “meio caros” de
Pedro Juan Caballero. Também está ali, evidentemente. Mas também não está. O
Paraguai está na fronteira quando se destaca no “mundo da mercadoria” a
demonstração de proteção desse mesmo mundo: o número de homens de segurança e o
aparato de armas, coletes à prova de bala e viaturas, mas também os olhares
atentos e desconfiados à toda hora e em todo lugar dos homens da segurança,
denunciam que ali é um “outro lugar”, que, por tais características,
possibilitam presumir, pelas nossas imagens e representações construídas sobre e
do Paraguai, que se está em “outro país” (a ideia de “território perigoso” [cf.
Oliveira, 2005] comparece com força importante).
O “Paraguai” também se mostra por entre as lojas importantes do centro
comercial de reexportação próximo à Linha Internacional. Ali, entre lojas
“baratas” e rua, dezenas e até centenas de “barracas” de camelôs “espremem” os
“turistas de compra”. “O que desejas?”, “No que posso ajudar?”, “Entre para
conferir”, “Pen-drives por trinta reais”, “Meias pelo meio do preço” ou mesmo
“CDs e DVDs”... Um certo “sentido” de “desorganização”, “desordem” e “sujeira”
“inerentes” ao “Paraguai” é a impressão que tende a
ficar.
A dissociação entre “mundo da mercadoria” e “Paraguai” torna-se marca nas
relações de fronteira. O “paraíso” das compras vive, convive e sobrevive junto,
ao lado e com o “inferno” paraguaio. O “Paraguai” vai se mostrando meio sem
querer por entre as lojas importantes de mercadorias do comércio de
reexportação. O “paraíso” e o “inferno” se mostram separados e juntos
concomitantemente. Ali, por entre as lojas marcadas pelo “paraíso”, o “Paraguai”
se faz nas vozes meio “portunholas” e guaranis que ecoam em sussurros das
vendedoras e dos vendedores a olhar clientes e a desejar que comprem de tudo um
pouco. O “formal” e o “informal” se misturam em um “paraíso” que não esconde as
contradições de um “mundo da mercadoria”, em que as pessoas tomam a
invisibilidade ao darem lugar à “necessária” visibilidade das
mercadorias.
Mas a “fronteira viva” e a “fronteira morta” “convivem” também de outra
forma. Os “turistas de compra” participam de uma “fronteira” marcada pelo “mundo
da mercadoria” (o “paraíso”). O visível é o existente; o existente é aquilo que
aparece, que está ao alcance do olhar. Vejo, logo existe; compro, logo existo.
Se o “mundo da mercadoria” na fronteira entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero
escancara a fronteira como “paraíso”, este mesmo mundo “dá as costas” a um
Paraguai ou a uma (cidade de) Pedro Juan Caballero do lado de lá do mundo
anunciado e pretensamente “edênico”.
Excetuando as três a quatro primeiras ruas próximas à Linha Internacional
(em alguns pontos apenas a primeira rua, e em outros de duas a quatro), Pedro
Juan Caballero, para “dentro”, parece ter vida praticamente autônoma em relação
à atividade de comércio de reexportação que movimenta parte da cidade. Ali, da
quarta à quinta ruas “para trás”, o “paraíso” do “mundo das mercadorias” dá
lugar a uma lógica “interna” “invisível” para os “turistas de compra”, mas que
pulsa com as línguas espanhola e guarani (sobretudo), como também em um conjunto
de relações que participam de um mundo à parte de Ponta
Porã.
Sobretudo, mais que um “mundo separado” do “mundo da mercadoria” da Linha
Internacional, Pedro Juan Caballero, a cada rua mais afastada do “paraíso”, vai
se mostrando em suas condições sócio-econômicas muito semelhantes às periferias
brasileiras. Este aspecto, certamente, tende a contribuir para a produção de
representações bastante depreciativas do Paraguai e de Pedro Juan Caballero,
pois mesmo na “invisibilidade” o Outro aparece e tende a “aparecer” em seus
contornos mais negativos, como na produção de uma imagem em reflexo invertido
(bom x ruim; bonito x feio...) – como de frente a um espelho
côncavo.
É neste sentido também que a “fronteira viva” se mistura à “fronteira
morta”. O contraste entre o “mundo da mercadoria” e a “mundo ‘pedro-juanino’” se
mistura através de centenas (e até milhares) de trabalhadoras e trabalhadores
paraguaios de Pedro Juan Caballero nos estabelecimentos do comércio de
reexportação. Mediadoras e mediadores entre dinheiro e mercadorias, as
trabalhadoras e os trabalhadores de Pedro Juan Caballero participam de uma
condição paradoxal de visibilidade/invisibilidade: aparecem como “suportes” do
“mundo da mercadoria”, como “acessórios” daquilo que seguirá quilômetros e mais
quilômetros adiante; e desaparecem como “portadores” de uma identificação
singular marcada por processos sócio-culturais e espaço-temporais distintos das
brasileiras e dos brasileiros, além, evidentemente, de terem que participar de
relações nas quais, não raras vezes, os gerentes e donos dos estabelecimentos
também participam de uma condição estrangeira (chineses, coreanos e árabes, mas
também brasileiros, por exemplo).
Por outro lado, o “interior” de Pedro Juan Caballero parece ser evitado
pela produção de representações de que ali se instauraria um certo “território
perigoso”, manifestado especialmente pela presença de “elementos” envolvidos com
contrabando e narcotráfico. Se tais situações são verossímeis ou não, a questão
é que, de uma ou de outra forma, o “interior” de Pedro Juan Caballero é
imaginado e representado como lugar de perigo, marcando profundamente
sentimentos de desconfiança que, por sua vez, tendem a se impor como
prerrogativas para não avançar além das “áreas seguras” das ruas de localização
da atividade do comércio de reexportação.
Mas a concepção de “território perigoso” também se dá, paradoxalmente,
pela presença da polícia! É comum comentários, dos mais diversos, de que
motoristas brasileiras e brasileiros devem tomar muito cuidado no trânsito das
ruas em Pedro Juan
Caballero, pois qualquer imprudência ou acidente criaria
transtornos consideráveis, não em função do incidente em si, mas em função das
“exigências” policiais; leia-se, “propina”. Verdadeira ou não, a prerrogativa
tem se manifestado nos “olhares” construídos sobre a polícia paraguaia, acabando
por contribuir na projeção de uma cidade ou de um país (ou de uma “terra”) “sem
lei”, portanto, “perigosa”.
De alguma forma, por outro lado, nas relações sociais que poderiam se
estabelecer para além das típicas relações comerciais, tanto dentro como fora
dos estabelecimentos da atividade de comércio de reexportação, também se
desenvolve uma certa “fronteira burocrática” “intersubjetiva”. A “burocracia”
das ou nas relações intersubjetivas participaria de uma perspectiva um tanto que
“kafkiana”, ou seja, pela manifestação exacerbada de um dado “império da
desconfiança”. Brasileiras e brasileiros desconfiariam da “confiança na
qualidade das mercadorias”, enquanto que paraguaias e paraguaios desconfiariam
da “confiança das brasileiras e dos brasileiros”.
A questão das línguas (português, espanhol e guarani, sobretudo, mas
também línguas árabes e orientais, “compreendida” em certos estabelecimentos) se
apresenta como elemento importante para a produção da desconfiança. Aspecto
bastante acentuado entre trabalhadoras e trabalhadores do Brasil em lojas de
comércio de reexportação em Pedro Juan Caballero, a
língua (ou as línguas) tende a se colocar como elemento de tensão – direto ou
indireto –, tanto em relações entre gentes do trabalho brasileiras e paraguaias
como também entre estas e as e os clientes brasileiros, que, de acordo com
vendedoras e vendedores brasileiros, tendem a ser atendidas e atendidos
preferencialmente por brasileiras e brasileiros.
Outro aspecto ainda participaria, entendemos, na dificuldade de
estreitamento de relações intersubjetivas entre brasileiras e brasileiros que
compram e com paraguaias e paraguaios que vendem: o número importante e
considerável de vendedoras e vendedores “avulsos” (em maior parte os segundos) a
oferecer produtos “baratos” fora tanto das lojas do comércio de reexportação
como entre os inúmeros pequenos “pontos” de venda de produtos ou lojas de menor
expressão no comércio de produtos que interessam ao “turista de compras”, que,
não raras vezes, tendem a oferecer – e a vender – mercadorias (pen-drives, CDs,
DVDs...) “falsificadas” ou de durabilidade extremamente duvidosa. Tais atuações
participam, de uma ou de outra maneira, da produção de representações e imagens
sobre os “paraguaios” e sobre o “Paraguai”, e, de forma geral, assumem papel
importante na reprodução da ideia de “inferno” (“falsificação”, “contrabando”,
“narcotráfico”, “violência”, “atraso”, “preguiça”, “golpes”, “cavalo
paraguaio”...) que não raro povoa o imaginário
brasileiro.
É o que salientamos apontar como o “[...] segredo generalizado [que]
mantém-se por trás do espetáculo, como o complemento decisivo daquilo que mostra
e, se formos ao fundo das coisas, como sua mais importante operação”, como
também apontado por DEBORD (1997, p. 176).
Se, para a produção da fronteira como “paraíso” o segredo deve permanecer
ele mesmo secreto, segregado, oculto, escondido e à margem, para a produção do
“inferno” o mesmo segredo se escancara como paisagem, lida, olhada, cheirada,
ouvida e sentida (nos termos de Milton Santos em relação à ideia de paisagem
[1988]) como a denunciar que ali “é outro país”, “estamos no
Paraguai”.
“Práticas discursivas” (cf. Foucault, 1996) que se produzem e se
reproduzem também entre trabalhadoras e trabalhadores brasileiros junto à
atividade do comércio de reexportação em Pedro Juan Caballero,
que, por trás das relações amistosas, os “segredos” se manifestam por vezes de
forma mais direto e em outras de forma mais velada – o Paraguai é mais
desorganizado.
As imagens e representações
depreciativas em relação ao Paraguai, aos paraguaios e às coisas do Paraguai,
contudo, também se mostram bem longe da fronteira, tendo papel por vezes
decisivo na produção e reprodução dessas mesmas
idéias.
A questão da “violência” (“fronteira perigosa” [Oliveira, 2005];
“fronteira móvel” e “país bandido” [PRPDFF, 2005, p. 240]) e dos produtos
“falsificados” aparecem em manifestações constantes, por exemplo, na mídia
radiofônica, televisiva, escrita e agora também na internet. Por exemplo,
durante a realização da Copa do Mundo de Futebol, realizada em 2010 na África do
Sul, o humorista-articulista José Simão, do Jornal Folha de São Paulo, foi
didático em suas imagens e representações sobre o
Paraguai:
“Paraguai a R$ 1,99!
[...]
Pá! Deu Paraguai! A Receita Federal agradece! O Paraguai usou
Jabulani falsa! Jabulani Pirata. Mas como diz o site ruimdebola: Mas a vitória
foi LEGÍTIMA! Rárárá!
[...]
Seleção do Paraguai: Chapa Fria, Chassis Raspado, Gato de Itaipu,
Samsung Genérico e Perla!
[...]
E Copa do Mundo é bom pra fazer um monte de piada étnica! E sabe o
que ta escrito no busão do Paraguai? Copa do Mundo por R$ 1,99!
[...]”
(José Simão. Folha de São Paulo. D20.
30/06/2010)
Na mesma balada (ou “bolada”), em relação à participação da seleção
paraguaia na Copa do Mundo, em Dourados, foi comum, entre boleiros de futebol, a
reprodução do seguinte “hino” do time do Paraguai: “Tereré-ré-ré-ré,
chipa-chipa-chipa, pá-pá-pá-pá...”.
Tereré e chipa. “Preguiça” e “tiroteio”. O “não-trabalho” e a
“violência”... Os males do Paraguai parecem ser...
Essas questões nos levam a pensar que ao lado da construção de uma imagem
paradisíaca da fronteira como o “mundo da mercadoria” (re)produz-se,
simultaneamente, a imagem de um Paraguai ainda carregado de estereótipos e
preconceitos, em que tempos e espaços se misturam em uma fronteira que é ao
mesmo tempo uma e muitas, una e múltipla, “paraíso” e “inferno”.
4 – Imagens
As imagens intercalam “visões do paraíso” e “visões do inferno”. O
Shopping China. Os catadores de “lixo”. As ruas e praças secundárias à atividade
do comércio de reexportação ou ao “mundo das mercadorias”. A religiosidade que
se manifesta tanto no cemitério, em uma presença dos soldados da guerra, como na
figura de Jesus Cristo em meio a coisas baratas para se vender em loja de
“camelô”. À procura de “babás” e exposição de alho junto a camisas das seleções
paraguaia e brasileira. Os câmbios, os heróis e o trabalho de todos os
dias...
Pelas imagens, se misturam “centros” e “periferias” de uma Pedro Juan
Caballero que simultaneamente se mostra e se esconde, ou que se projeta nas
representações e imagens de brasileiras e brasileiros (consumidores e
vendedores) por vezes a anunciar e enunciar a “descoberta” e por outras a
segregar e ocultar sorrateiramente os contrastes de um mundo feito, em
aproximação, à imagem e semelhança do Brasil.
Aqui, a nossa intenção, no entanto, é menos reproduzir a dualidade de
imagens e representações que povoam o imaginário brasileiro sobre a fronteira.
Antes, é provocar a “ilusão” de “paraíso” que consumidoras e consumidores
brasileiros tem no interior dos estabelecimentos “ambientalizados” de compras de
“importados”, e a “desilusão” de “inferno” que as mesmas e os mesmos tendem a
(re)produzir junto à cidade ela mesma uma “totalidade” orgânica, real e
ilusória, presente e ausente, perto e longe...
Na fronteira se projeta a marca distintiva de nossas relações com o
Paraguai e de nossas “fronteiras étnico-culturais-históricas”. Nela, para além
dos lugares para serem vistos e exaltados, outros necessitam serem vistos para
que o “segredo” deixe o degredo e vire o centro ao lado do “centro de compras”,
definindo, para mais e para menos, que o “paraíso” e o “inferno” coabitam o
espaço da fronteira como uma simultaneidade de estórias-até-agora (em
aproximação a Doreen Massey [2008]).
Imagens da fronteira (Pedro Juan
Caballero)
Shopping
China |

|
Rua
secundária |

|
Em barraca de
“camelô” |

|
Cemitério |

|
Rua
secundária |

|
Shopping
China |

|
Linha Internacional (lado
paraguaio) |

|
Em barraca de
“camelô” |

|
Shopping
China |

|
Feira de frutas, legumes, verduras e
pequenos animais |

|
Shopping
China |

|
Feira de frutas, legumes, verduras e
pequenos animais |

|
5 – “Jogos de fronteiras” (considerações
finais)
O “espaço dividido” (em empréstimo de Santos, 1979) tem, na fronteira
entre Ponta Porã e Pedro Juan Caballero, uma dupla significação: ao mesmo tempo
em que divide dois países, também o território estrangeiro é dividido ao meio (o
que deve valer também para Foz do Iguaçu e Ciudad de Leste, dentre outros). Os
pontos de maior atração comercial dos produtos de “reexportação” se divisam do
Paraguai imaginado e representado pela “desordem”, “perigo”, “falsificação” e
“atraso”.
Concomitantemente à construção moral da fronteira dividida (cf.
Raffestin, 2005), também parece se processar a produção de uma estética (em
aproximação a Ribeiro, 2005) dos espaços fronteiriços “antagônicos”. O “paraíso”
e o “inferno” se mostram em arranjos estéticos irreconciliáveis: as propagandas
das grandes marcas de produtos no interior do Shopping China e a “sujeira” das
ruas paraguaias próximas à Linha Internacional; o ordenamento e a segurança no
estacionamento do mesmo shopping e a “desordem” do trânsito nas ruas paraguaias
do centro comercial; a “climatização” das grandes lojas e o vozerio dos
corredores e barracas de camelôs... A fronteira, estetizada em sua dicotomia,
participa assim como “geometria de poder espaço-tempo” (em aproximação a Massey,
2007), atribuindo-se nela e para ela a valoração antagônica de
belo/feio.
Nesse sentido, se Silva (2000) entende que toda identidade é também
performática, podemos cotejar a idéia de que toda produção do espaço também o é:
na fronteira duplamente dicotômica, os próprios espaços são performances de
processos de identificação/diferenciação. Os espaços performativos possibilitam
a produção das diferenças e, na fronteira, a produção de duplos antagonismos,
simultaneamente à sua projeção como dispositivos de controle, de segurança, de
poder e de identidade (em aproximação à “invenção das populações”, de Le Brás
[2000], a Foucault [1996] e a Agamben [2009]), acionados
diuturnamente.
Como desdobramento, é sugestivo pensarmos, então, que a fronteira é lida
em perspectivas multi-escalares, desde aquela que a compreende como espaço de
margem dos territórios nacionais àquela em que o espaço do outro lado é também
marcado por jogos escalares (cf. Revel, 1998) de inclusão e exclusão. Nesses
jogos de fronteira não apenas o nacional e o estrangeiro se divisam, mas também
o lado de lá passa a ser dividido em uma escala que não é apenas a da fronteira
em si, mas também aquela exclusiva da estrangeiridade (ali, para Pedro Juan
Caballero, poderíamos pensar a aproximação da idéia de “dois Brasis” de Jacques
Lambert [1972], com a proposição da existência de “dois
Paraguais”).
Sobretudo, entendemos que a produção, invenção, representação e o
imaginário da fronteira são parte do “jogo de fronteiras” como “poder simbólico”
(cf. Bourdieu, 2002). Nossas imagens e representações sobre a fronteira são
participantes de um poder de poder dizer, poder fazer ver e de poder fazer crer,
ao ponto de o poder se “perpetuar” como verdade, como poder de objetivar e de
subjetivar e, no extremo, como poder de
naturalizar.
Referências
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outros ensaios. Chapecó: Argos, 2009.
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