DIFERENTES TERRITORIALIDADES NA LUTA PELA TERRA EM MATO GROSSO DO SUL:
UM ESTUDO NO ASSENTAMENTO ITAMARATI I
Juliana Tosati Nogueira
(UFGD/CAPES)
RESUMO
Ao fazermos uma análise da questão agrária sul-mato-grossense
podemos perceber que se trata de um Estado ao qual tem na questão agrária seu
principal ponto de tensão e conflitos no campo, sendo que de um lado, há o
avanço do crescimento da produção capitalista, e por outro lado, há os
movimentos sociais que lutam pelo direito à posse e permanência na terra, para a
reprodução do campesinato. O presente trabalho visa apontar algumas reflexões
sobre as diferentes territorialidades produzidas no Assentamento Itamarati I, no
Estado de Mato Grosso do Sul, com destaque às famílias brasiguaias, que
retornaram do Paraguai e conquistaram seu pedaço de chão neste assentamento.
Buscamos contextualizar as suas trajetórias migracionais, da expropriação para o
Paraguai ao seu retorno, no Brasil, até a conquista do lote no Assentamento
Itamarati I. Apontamos nesse processo, alguns elementos para a compreensão de
como estes brasiguaios se somam nos movimentos sociais que lutam pela posse e
permanência na terra neste assentamento.
Palavras-chaves: campesinato; luta pela terra;
brasiguaios.
ABSTRACT
By doing an analysis of the agrarian question on Mato Grosso do Sul,
we may understand that this is a state to which the agrarian question has its main point
of tension and conflict in the field, which on one hand, there is
the advance of the growth of capitalist production, and on the other hand,
there are social movements that fought for their right to possession and was on
earth, for the reproduction of the peasantry. This paper aims to point out some
thoughts on the different territorialities produced in Itamarati Settlement I,
in Mato Grosso do Sul, especially household brasiguaia, who returned from
Paraguay and won their piece of land
in this settlement. We point in this process, some elements for understanding how these
brasiguaios add up social movements struggling for land tenure and stay in this
settlement.
Keywords: peasantry, conflict of the field,
brasiguaios.
1 - INTRODUÇÃO
Para a efetivação da pesquisa no que se refere à
questão agrária do Estado Sul-mato-grossense e em específico a transformação da
fazenda Itamarati em assentamento rural utilizamos de recurso bibliográfico de
temas que tratam sobre o assunto, como monografias, livros, revistas, jornais
dissertações e teses, norteados pelos conceitos de campesinato e território.
Analisamos aspectos das transformações territoriais ocorridas no assentamento
após a execução do projeto de reforma agrária aplicado pelo governo federal a
partir da pesquisa de campo, utilizando-nos de fontes orais, efetuadas do mês de
dezembro de 2009
a março de 2010, tanto com as famílias assentadas, quanto
com representantes de movimentos sociais, tomando como recorte as famílias
brasiguaias.
Através das fontes orais identificamos o processo
de (des)territorialização, que levou estes camponeses a migrarem para o
Paraguai, onde se viram novamente expropriados em país estrangeiro, por falta de
terra para se reproduzirem enquanto camponeses e enquanto meio de vida,
posteriormente a re-territorialização dos brasiguaios no assentamento Itamarati
I retratando seus modos de vida, procurando identificar até que ponto estes
brasiguaios contribuem para a reprodução do campesinato.
Neste contexto identificamos a luta destes
brasiguaios do assentamento Itamarati I, pela posse e permanência no
lote.
De acordo com Fabrini (1996) a povoação e
ocupação do território sul-mato-grossense foram realizadas por duas frentes
colonizadoras, uma vinda do Rio Grande do Sul, no final do século XIX e início
do século XX, que buscavam campos para a prática da pecuária e atividade
ervateira, e outra mais recente feita por paulistas, paranaenses e nordestinos,
no processo de expansão da “frente pioneira”:
Neste contexto, a “marcha pioneira” (paulista e paranaense) avança
sobre as terras novas e baratas do sul de Mato Grosso do Sul. A iniciativa
particular se fez presente na colonização através de loteamentos, como aqueles
feitos pelo grupo BATA, SOMECO, Colonizadora Vera Cruz-Mato Grosso e outros. A
ação governamental também se fez presente com a CAND (Colônia Agrícola de
Dourados) e Iguatemi. Esse tipo de colonização será feito com base na venda de
grandes lotes de terras devolutas feita pelo próprio Estado. Esse tipo de
colonização será feito com base na venda de grandes lotes de terras que, mais
tarde, serão transferidos a fazendeiros pecuaristas de São Paulo e Paraná,
dando-se origem à elevada concentração fundiária existente no sul de Mato Grosso
do Sul. Nas áreas onde ocorreu a “colonização dirigida”, com a participação de
colonizadoras particulares e oficial, a concentração de terras não foi tão
elevada (FABRINI, 1996, p. 50).
A estrutura fundiária em Mato Grosso do Sul já
nasceu concentrada, pois mesmo antes de o Estado ser povoado nas décadas de 30 e
40 do século passado, a maioria das pessoas que adquiriram estes latifúndios
junto ao Estado eram pessoas que moravam nas cidades e não necessitavam do uso
da terra para sobrevivência. Na realidade estavam à espera de valorização destas
terras com o intuito de vendê-las. Muitas foram vendidas a fazendeiros dos
Estados de São Paulo e Paraná, que por sua vez adquiriram outros lotes
aumentando ainda mais a concentração de terras.
Uma grande massa de trabalhadores nordestinos a
partir da década de 1950 é atraída para esta região por passarem por problemas
de má distribuição de terras em seu local de
origem.
Esta frente de ocupação acaba gerando no sul do
Estado o acesso periódico a terra, ou seja, estes migrantes não são
proprietários de terra e sim peões e arrendatários, cujos arrendatários
estabeleciam um contrato com média de 3 anos, onde deveriam desmatar a
quantidade combinada, e no final deste contrato o arrendatário deveria
pagar uma renda pelo uso da terra
em dinheiro, dias de serviço ou, como era mais comum, plantar grama para a
pastagem de gado. Este ciclo se repetia até as grandes fazendas estarem
desmatadas e prontas para a invernada.
Segundo Fabrini (1996, p. 81), “em Naviraí
inicia-se o movimento de resistência na terra pelos arrendatários que derrubavam
as matas formavam pastagens nas fazendas Entre Rios (40 famílias), Água Doce (40
famílias), e Jequitibá (160 famílias)”, com a participação da CPT (Comissão
Pastoral da Terra) e do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Naviraí. Os
arrendatários através do advogado Joaquim das Neves Norte moviam ação contra os
proprietários das referidas fazendas pelo fato do contrato de arrendamento de
três anos ter passado para apenas dois anos de duração devido a irregularidades.
Em 1980,
a justiça dá ganho de causa aos arrendatários da fazenda
Jequitibá, autorizando a sua permanência nos lotes pelo período de um ano. Esses arrendatários sofreram represália
do proprietário da fazenda, onde este soltou cerca de 5.000 cabeças de gado
sobre a plantação dos arrendatários, acabando com toda a
plantação.
Neste contexto os trabalhadores procuram
reivindicar a terra através de ocupações de latifúndios ou também pela
permanência na terra de forma mais explicita no final dos anos 70 e início de
80, pelo movimento dos trabalhadores arrendatários no Sul do
Estado.
Os primeiros conflitos entre arrendatários e
fazendeiros de Mato Grosso do Sul relacionam-se com os acontecimentos ligados ao
rompimento do contrato de arrendamento nas fazendas Entre Rios, Água Doce e
Jequitibá, no Município de Naviraí. Situação que teve seu estopim, em 1981, com
o assassinato do advogado dos arrendatários. Todavia, a luta nesse período não
era somente dos arrendatários para permanecerem na terra, pois já havia na
região de Batayporã um movimento de reivindicação de terras para a reforma
agrária por parte do sindicato dos trabalhadores rurais (COMISSÃO PASTORAL DA
TERRA, 1993, apud ALMEIDA, 2006, p.122).
A partir de então ocorreu a primeira grande
ocupação de terras no Mato Grosso do Sul. Porém, sem previa organização, cerca
de 800 famílias, ao longo dos dias 4 e 13 de maio de 1981 ocuparam a fazenda
Baunilha, no Município de Itaquiraí de propriedade de Augusto Bulle. Os
trabalhadores em sua maioria eram bóias-frias que trabalhavam nas proximidades
da fazenda, e que fizeram esta ocupação por perceberem que era terra devoluta.
Mas os trabalhadores ficaram pouco tempo no local sendo despejados pela policia
militar.
A CPT começa a fazer um trabalho de base nas
comunidades visando à articulação para ocupação de terras. Em
1982, a
CPT promove encontros de lideranças dos movimentos de sem-terras na região de
Grande Dourados e neste período devido a articulação da luta pela terra há o
nascimento do MST no Estado, ao qual o MST e a CPT passam a atuar juntos nos
movimentos sociais.
No final de 1986, ocorre a separação entre a
atuação da CPT e do MST, com a vinda de um dos seus membros da Direção Nacional,
Darci Domingos Zehn e sua esposa, que irá liderar a ocupação da fazenda Itasul
no Município de Itaquiraí, em 1.989. Essa foi, portanto, a primeira ocupação
organizada pelo MST em Mato Grosso de Sul. (FABRINI, 1996,
p.84)
Almeida (2006) divide em quatro fases os períodos
que marcaram a luta pela terra no Estado. A primeira compreende de 1980-1985, e
representa a conquista de seis assentamentos realizados pelo governo Federal e
Estadual: Padroeira do Brasil, criado em 1984 pelo governo estadual no Município
de Nioaque, com área de 2.200 hectares. Tamarineiro I,
criado em 1984 pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (INCRA), localizado no
Município de Corumbá, área de 3.797 hectares. Retirada da
Laguna, criado em 1985 pelo INCRA, em Guia Lopes da Laguna, área de
2.288
hectares. Sucuríú criado em 1985 pelo INCRA no Município
de Chapadão do Sul, área de 16.177 hectares. Nioaque
criado em 1985 pelo INCRA no Município de Nioaque, área de 11.061hectares.
Canaã, criado em 1985 pelo governo estadual no Município de Bodoquena, área de
4.600
hectares.
A segunda fase (1986-1990) corresponde à
implantação do Plano Nacional de Reforma Agrária (PNRA). Essa fase é
identificada pela expectativa de acesso a terra pelos trabalhadores rurais
sul-mato-grossenses, e também por brasiguaios. Neste período foram 16
assentamentos implantados.
O terceiro período (1991-1995) a política de
assentamentos foi reduzida no Estado. Apenas seis assentamentos foram
implantados e as ocupações de terras, combatidas.
O último período é de 1996-2000, o qual
representa a retomada da luta pela terra e da conquista dos assentamentos, foram
criados 97 assentamentos no Mato Grosso do Sul, sendo 13.921 famílias assentadas
e 382.656,5100
hectares desapropriados.
O assentamento Itamarati I surge num contexto
diferente dos demais assentamentos criados anteriormente, pois está inserido no
Programa Nacional de Reforma Agrária, o que não quer dizer que não houve a luta
pela terra:
Quanto à reforma agrária do governo do estado no
sentido da retomada da política de assentamentos, a despeito das denuncias da
grilagem de terras, a ação existente refere-se exclusivamente à compra da
fazenda Itamarati (Ponta Porã) para o assentamento de 1.300 famílias e às
discussões a respeito da liberação dos recursos para a compra de terras por meio
do Banco de Terra. (ALMEIDA, 2006 p, 137)
Percebendo que a fazenda tinha contraído muitas
dividas junto ao banco credor (Itaú) e que perderia 50% de sua área juntamente
com a demissão de 50% de funcionários, cerca de 200 funcionários se reuniram em
associação de moradores e fundaram a AMFFI (Associação de moradores e
funcionários de Fazenda Itamarati) onde passaram a reivindicar parte da terra,
amparados pelo Plano Nacional de Reforma Agrária.
Posteriormente, a fazenda Itamarati foi reduzindo o número
de funcionários e, a luta pelo aceso a terra dos ex-funcionários se iniciou. Os
conhecimentos adquiridos mediante informações de outros movimentos sociais e
(INCRA Instituto Nacional de Reforma Agrária), abriram possibilidades de
organização da associação (AMFFI), que passou a reivindicar a posse da terra.
O Governo do Estado de Mato Grosso do Sul, em
parceria com o governo Federal adquiriu parte da fazenda Itamarati Sul (25.100
ha) em 1º de Novembro de 2000 e a repassou ao INCRA (Instituto de Colonização de
Reforma Agrária) em maio de 2001, mediante o pagamento de R$ 27,6 milhões em
títulos da Dívida Agrária, com o objetivo de assentar 1.143 famílias sem-terra.
(CORREIO DO ESTADO, 1º de abril de 2004, apud RODRIGUES E SILVA, 2004, p.
21).
A fazenda pertencia ao Grupo Itamarati, que nas
décadas de 70 e 80 ficou conhecido como o maior produtor de soja do Brasil,
contudo o empreendimento fracassou , tornando possível transformá-lo em um dos
maiores assentamentos de Reforma Agrária brasileiro. Possui uma comunidade
organizada em quatro movimentos sociais sendo eles: CUT[2],
FETAGRI[3],
AMFFI[4] e
MST[5].
E dentre esses movimentos citados acima, há no
assentamento Itamarati I um grande
número de famílias brasiguaias. Esses camponeses que outrora foram expropriados
do trabalho rural no Brasil, buscaram no país vizinho (Paraguai) a esperança de
“dias melhores” feitos através de oferta de terras férteis e baratas. De acordo
com Wagner (1990) a migração brasileira se inicia em 1959, e em 1986 havia cerca
de 350.000 colonos no Paraguai. Porém em meados de 1980, inicia-se um fluxo
migratório inverso por aqueles que não obtiveram sucesso no
Paraguai.
Segundo Bárbara (2005), os fatores ao qual
levaram milhares de famílias brasileiras a migrarem para o Paraguai podem ser
divididos em três períodos.
Os fluxos migratórios durante a década de 1960 eram compostos por
pessoas oriundas do Norte e Nordeste do Brasil, pessoas que, desprovidas de
posse, iriam sujeitar-se mais facilmente às condições adversas que seriam
encontradas na região a ser desbravada no país
vizinho.
A segunda marcha da imigração brasileira ocorreu ao longo da
década de 1970. Ingressaram no Paraguai maciços fluxos de camponeses oriundos do
Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul por fatores de propulsão como a forte
concentração fundiária, [...] também eram atraídos por fatores como a existência
de terras férteis (terra roxa) e o preço da terra até cinco vezes mais barato do
que no Brasil.
A terceira dinâmica intensifica-se a partir de meados da década de
1980. O sentido do fluxo migratório é invertido. Ocorre o retorno de milhares de
famílias brasileiras [...]. (BÁRBARA, 2005 p.336-337).
A luta pelo acesso e posse da terra pelos
brasiguaios se deu no Município de Mundo Novo em 14 de junho de 1985, com a
divulgação do Plano Nacional de Reforma Agrária do Governo de José Sarney, mais de mil famílias brasileiras
retornaram do Paraguai se identificando como “brasiguaios” armaram um grande
acampamento na praça principal de cidade de Mundo Novo - MS, reivindicando
terras.
Estas famílias assim se identificaram
(brasiguaios), conforme Sprandel (1998), como bandeira de luta pela terra:
[...] Não
podemos nos esquecer nunca que a expressão “brasiguaios” surgiu como
auto-atribuição, exatamente para diferenciar os camponeses que retornaram em
1985 dos demais setores do movimento social que lutavam também por terras no
Brasil, e para se distinguir do restante da população de brasileiros no
Paraguai! Os chamados brasiguaios, ao utilizarem uma identidade étnica como
bandeira de luta, souberam reivindicar um tratamento especial dos órgãos
fundiários brasileiros! (Sprandel,1998, p.
122).
A partir da mobilização organizada de luta destas
famílias “brasiguaias” e de sem terras, o governo desapropriou
18.468
ha na cidade de Ivinhema-Ms, onde criou o projeto de
assentamento Novo Horizonte do Sul, hoje atual Município de Novo Horizonte do
Sul.
A partir daí se intensifica no Estado de Mato
Grosso do Sul a luta pelo direito a posse da terra. Para Fernandes (1996), a
maioria dos assentamentos existentes no país não são decorrentes de uma Reforma
Agrária, mas sim da luta pela terra.
Durante nossa pesquisa de campo pudemos constatar
que o fluxo migratório invertido a que Bárbara (2005) se reporta a partir dos
anos de 1980, não se restringe ao fim das migrações (de retorno ao Brasil). Ao
contrário, com a desapropriação da fazenda Itamarati para fins da reforma
agrária nos anos 2001-2002, ocorreu o retorno de grande número de famílias
brasiguaias ao Brasil, onde centenas foram assentadas neste assentamento, e
muitas outras ainda hoje perecem em acampamentos a espera de suas
terras.
Chamou-nos a atenção, o fato de que, ao
questionarmos os entrevistados sobre como era a vida no Paraguai, muitos
responderam que o Paraguai é um país muito bom para se viver e criar os filhos.
Mesmo estando morando em país estrangeiro não se sentiam como tal, ao contrário,
pois moravam em colônias brasileiras, falavam a mesma língua, tinham
praticamente os mesmos costumes. É o caso de Dona Marisa, quando
relata:
Pra mim é como que eu estivesse no Brasil, eu dou muito valor para
o Paraguai porque foi lá que eu conquistei tudo que eu tenho esse pouquinho que
nós temos nós tivemos que se virar pra ter, [...] era uma terra muito produtiva,
muito boa, melhor que aqui a terra, a amizade é muito grande lá [...].
(Entrevista concedida a Nogueira, dia 12/12/2009).
No principio, a chegada ao Paraguai foi muito
difícil, alguns chegavam a terras próprias adquiridas através da venda de suas
pequenas propriedades no Brasil, outros apenas com a mudança e roupas, Porém,
todos com os mesmos objetivos, conquistar seu pedaço de chão e ter a esperança
melhorar de vida.
Tanto proprietários como os agregados, ao
chegarem lá descarregaram a mudança e se depararam com muito mato, mato esse que
deveriam derrubar para começar o cultivo da lavoura, que no princípio era
somente para autoconsumo, como feijão, milho, mandioca, batata, horta, e
pequenos animais, enquanto a mata era derrubada tinham que prestar serviços a
outros colonos ou fazendeiros para comprar aquilo que não produziam para o
sustenta da família.
A
colônia foi o local onde nasceram os filhos, onde as relações de amizade e
parentesco ficavam cada vez mais intensas que se refletiam nas relações de
apadrinhamento dos filhos que nasciam.
Pudemos perceber com a pesquisa que o motivo que
levou essas famílias a retornarem ao Brasil, mais especificamente ao
assentamento Itamarati I a partir dos anos 2000, foi a falta de acesso à saúde
pública, educação para os filhos e o fato de terem a oportunidade de serem donos
de suas próprias terras, pois muitos trabalhavam de agregados e outros tinham
apenas o direito sobre a terra, ou seja não tinham a escritura, apenas um
documento que permitia a exploração da terra, onde
podemos apontar que tudo que eles
construíram ao longo dos anos não era suficiente para continuar mantendo os
filhos no meio rural, e que preferiam estar junto dos filhos a ter de deixa-los
partir para o Brasil em busca de estudo e qualificação profissional, não sendo
esses motivos certamente muitas famílias estariam vivendo em território Paraguaio.
Assim relata Dona Marisa e Dona Noemi quanto aos motivos
que levaram a família a retornarem ao Brasil:
Quando faltou estudo pro mais velho, quando terminou o 2º Grau,
ele trabalhava e ganhava muito pouco, trabalhava no cartório e ganhava mixaria,
não ganhava o salário mínimo, não tinha carteira assinada, nada disso. A decisão
de vir para o Brasil foi do mais velho, mãe eu vou se vocês quiserem ficar vocês
ficam, mas eu vou. (Dona Marisa, entrevista concedida a Nogueira dia
22/04/2010).
Nós saímos porque era assim [...] não tinha direitos da família,
lá era tudo pago, minhas crianças ficavam doente tinha que pagar internação,
médico, consulta, tudo. (Dona Noemi, entrevista concedida a Nogueira dia
22/04/2010).
Esses brasiguaios ficaram sabendo da
desapropriação da área por diversos meios, através de amigos, de associações,
sindicatos e um fato que nos chamou atenção foi o Senhor Miguel que ficou
sabendo da criação de assentamento da seguinte
forma:
Ficamos sabendo que a Itamarati seria para a reforma agrária pela
Voz do Brasil, daí viemos a ficamos acampada na beira da Br, dia 03 de agosto de
2001 nós chegamos no acampamento, no outro ano, dia 04 de junho nós pegamos a
terra. (Entrevista concedida a Nogueira dia 22/042010)
Depois de viverem anos no país vizinho, essas
famílias decidiram voltar ao Brasil. O que nos chama a atenção é o fato de
continuar vivendo em área fronteiriça. Por que não retornaram para sua terra de
origem ao qual afirmam ter deixado familiares e amigos? Esta pesquisa de campo
nos direcionou para compreender essa questão. Esse questionamento nos é
respondido através de uma unânime resposta.
Porque lá não tem serviço pra nós, nós teria que trabalhar na
cidade e sem estudo não dá, daí surgiu esse assentamento aqui, daí nós viemos.
(Sr. Miguel. Entrevista concedida a Nogueira dia
12/12/2009).
Porque lá nós não teria terra. Olha eu trabalhei até meus quinze
anos na roça, (depois fui trabalhar numa madeireira) eu agradeço isso porque
hoje a gente ta sobrevivendo da roça. (Sr. Genivaldo. Entrevista concedida a
Nogueira dia 12/12/2009)
De onde saíram (no Brasil) há décadas atrás, não
foi possível retornar, pela falta de oportunidade de acesso a terra onde a única
opção seria trabalhar na cidade, e sem qualificação esses camponeses tem consciência que a vida seria
difícil. A escolha pela referida área diz respeito ao fato de serem mulheres a
homens da terra que lutaram a vida toda para construírem suas vidas no campo, e
este assentamento propiciou que isso acontecesse. Então, podemos afirmar que a
opção dessas famílias era permanecer na terra.
As famílias passaram em média 12 meses acampadas
em barracos de lona, algumas próximas à BR que divide o assentamento Itamarati I
e II; outras nas proximidades do Rio Dourados, e outras tantas espalhadas por
outros municípios que fazem fronteira com o Paraguai.
No acampamento, a vida não era fácil. Viviam das
cestas básicas custeadas pelo Governo, ajuda de familiares quando podiam
contribuir com dinheiro, e quando o Movimento (FETAGRI, CUT, MST e AMFFI)
permitia, trabalhavam de bóia-fria para se manterem, pois muitas vezes a cesta
não era suficiente para alimentar toda a família, e neste caso havia também a
ajuda mútua entre os acampados, onde
partilhavam os alimentos da cesta básica.
2 - A LUTA PELA PERMANÊNCIA NA
TERRA
Ao fazermos uma análise da questão agrária
sul-mato-grossense podemos perceber que se trata de um Estado que tem na questão
agrária seu principal ponto de tensão e conflitos no campo, sendo que de um
lado, o avanço do crescimento da produção capitalista no campo, e por outro
lado, há os movimentos sociais que lutam pelo direito à posse e permanência na
terra, para a reprodução do campesinato.
No caso das famílias do Assentamento Itamarati I,
o recomeço não foi fácil, porque o assentamento que foi criado para ser “modelo”
de reforma agrária entre tantas questões não cumpriu o PDA (Programa de
Desenvolvimento de Assentamento). As famílias assentadas ao chegarem aos lotes
se depararam com terra nua, sem água, sem luz, sem casa, sem árvores (exceto
área de reserva).
O ciclo se repetia ao momento da chegada ao
Paraguai, mas quando perguntamos mesmo com todas essas dificuldades relatadas
qual foi a sensação de serem assentados, de serem donos do seu pedaço de chão?
As respostas convergiam para o mesmo fim, dizendo que era a melhor coisa que
podia acontecer que enfim estavam naquilo que é seu a de sua família. Assim diz
Senhor Genivaldo:
Um orgulho muito grande, o que eu tenho os meus irmãos e minha
família não conseguiram, desde a minha infância a gente sempre trabalhou pros
outros, nunca conseguimos adquirir uma área nem que seja um hectare, isso pra
mim é um orgulho muito grande e não tem preço que pague. (Entrevista concedida a
Nogueira dia 12/12/2009).
No assentamento Itamarati I existe quatro
movimentos sociais engajados na luta pela terra como já foi relatado acima CUT,
FETAGRI, AMFFI e MST, onde encontram-se distribuídos 27 unidades de pivô central, num total
de 7.380 ha, mas apenas um grupo de todo o assentamento toca o pivô, ou seja,
apenas o grupo M4 “Ar Livre” da
FETAGRI, composta por onze famílias.
Todos os demais pivôs são arrendados. Segundo os
assentados, esse grupo consegue se organizar e trabalhar sob forma coletiva pelo
fato de todos serem brasiguaios, além de a maioria das famílias ter afinidade
quanto a vizinhança que construíram no Paraguai e que foram assentadas no mesmo
grupo neste assentamento, portanto havendo uma certa “confiança” entre eles.
Esta área coletiva é de onde vem a principal
renda familiar com o cultivo da soja e milho
irrigado.
Saber trabalhar em conjunto tem sido um desafio
aos assentados, principalmente, o de cultivar na área o pivô, que requer
experiência com uma técnica que é desconhecida pela maioria das famílias do
Assentamento e devido o elevado custo de mantê-lo ligado em períodos de longa
estiagem. De acordo com Senhor Werno:
Esse é o único grupo que toca o pivô, é complicado, mas dá pra
levar, dá certo, mas... É que aqui tem muita gente da mesma cultura, mas os
outros grupos não, daí não dá certo a mistura de grupos. [...] tem cinco
famílias que moravam perto de onde nós morávamos que moram aqui, inclusive meu
compadre, padrinho da menina. Aqui
nós fazemos o seguinte, cada colheita tem um caixa, uma conta no banco, do
grupo, ta no nome de duas pessoas, daí é formado um caixa e colocado
quatrocentos, quatrocentos e poucos sacos pra manter a despena do pivô como
energia, plantio, etc. (Entrevista concedida a Nogueira dia
12/12/2009).
Esse grupo como os demais, tem uma área
individual para cultivo de subsistência em torno de 4,8 hectares onde
produzem para o consumo familiar vendendo alguns produtos para a própria
vizinhança e/ou pessoas da cidade que por ventura procure um produto que esses
camponeses dispõem no momento.
Contam com o gado leiteiro para aumentar a renda
familiar, que é entregue ao laticínio. Porém, alegam não ser um negócio
lucrativo devido o elevado custo de produção, aliado ao baixo preço pago pelo
laticínio.
A conquista dessa fração do território tem sido
acompanhada de uma construção cotidiana de formas de organização desses
trabalhadores para permanecer na terra, que tem na luta suas marcas traçadas por
longos anos em busca do tão sonhado pedaço de chão para se reproduzirem enquanto
seres sociais, que buscam na terra sua alternativa de sobrevivência. Assim diz
Oliveira:
Dessa maneira, a propriedade/posse da terra é básica e fundamental
para a existência dessa forma de exploração na agricultura. Daí deriva a lógica
da luta pela posse/propriedade da terra travada pelos camponeses expropriados ou
que nunca tiveram acesso a terra no Brasil. Esse processo, como se vê, está
assentado no processo contraditório de desenvolvimento do capital que, ao mesmo
tempo em que se apropria, abre a possibilidade histórica do acesso a terra, em
geral em lugares distantes daqueles primeiros (OLIVEIRA,
1991, p. 50)
Nessa perspectiva, na análise das transformações
que vem ocorrendo no campo em Mato Grosso do Sul, compreendemos que:
É preciso compreender esse espaço enquanto uma fração do território
capitalista, conforme já destacaram Calabi e Indovina (1973). É na dinâmica das
relações sociais, que se produz e reproduz o território e, portanto, a sua
compreensão passa pela consideração desse movimento contraditório que, produz um
desenvolvimento aparentemente desigual, mas combinado na sua essência (MIZUSAKI,
2009, p. 51).
Dessa forma podemos afirmar que o assentamento
Itamarati I é um exemplo deste desenvolvimento do capitalismo contraditório,
desigual e combinado, ou seja apesar da modernização das máquinas, sementes,
insumos e técnicas no campo há a resistência camponesa que se reproduz numa
agricultura à margem da modernidade, é contraditório pois a lógica seria
eliminar os camponeses e pequenos produtores a partir dessa modernização, mas, ao contrário, ele resiste e cresce
no campo brasileiro.
Segundo Oliveira (1991) o primeiro elemento que
se destaca na caracterização da produção camponesa é à força do trabalho
familiar. Cada membro da família camponesa desempenha uma tarefa de acordo com
as necessidades, e o fruto de seu trabalho é utilizado para a alimentação da
família, de maneira que o excedente é comercializado. Porém a força de trabalho
familiar não é a única forma de trabalho camponês, podendo ser realizado sob
forma de prestação de serviços, ajuda mutua e trabalho
assalariado.
Quando as famílias, mesmo com a
participação da força de trabalho de todos os membros não conseguem dar conta do
serviço rural, passa a necessitar da prestação de serviços, ou seja, o camponês
paga a outros camponeses uma diária em troca de sua força de trabalho. Porém
quando este camponês não tem condição de pagar pelo serviço é muito comum o
trabalho ser realizado através do mutirão, onde vários camponeses se reúnem e
realizam o trabalho sem cobrar nada em troca.
Existem casos também que há a troca por dias de
serviço que consiste em os camponeses quitar o serviço prestado também sob forma
de trabalho. Essa prática camponesa se evidencia na fala do Senhor Miguel quando
perguntamos se os camponeses se ajudam mutuamente:
Sim, no grupo ajuda, eles trocam dias de serviço, mas a maioria
paga a diária, só quando uma pessoa fica doente daí um ajuda o outro aí as vezes
não cobra né. (Entrevista concedida a Nogueira dia
22/04/2010)
É isso que ocorre com os camponeses brasiguaios
por nós estudados, onde cada pessoa da família desempenha uma função e que a
comunidade camponesa é solidária entre si, pois a luta pela aquisição da terra
já foi alcançada, porém a luta para se manter no lote rural passa pela batalha
de resistirem enquanto reprodução camponesa.
No Brasil, a luta desses camponeses continua
porque não houve uma reforma agrária que possa oferecer condições dignas de
sobrevivência aos assentados, pois, a reforma agrária e o desenvolvimento rural
que os camponeses almejam, é a
transformação da vida e das atividades no meio rural sejam eles nos aspectos
econômicos, sociais, culturais e humanos, esta reforma deve fortalecer a base
econômica dos pequenos agricultores e agricultoras, pois não basta o governo
dividir e doar os lotes, é preciso oferecer condições para que os
camponeses possam produzir e
permanecer na terra com dignidade. Afirma Oliveira:
[...] a luta pela reforma agrária não passa apenas pela distribuição de terras, vai além [...]
vai em direção a construção de novas formas de organização social que
possibilitem a (re)conquista da terra de trabalho – a propriedade familiar (...)
vai em direção à construção de novas experiências realizadas cotidianamente
pelos trabalhadores rurais no movimento de luta pela terra. (OLIVEIRA, 1991,
p.14)
Uma outra questão é a situação dos filhos desses
assentados, pois a modernização da agricultura também chegou ao assentamento e
desta vez tem expropriado seus filhos, pois como o Senhor Miguel evidencia em
sua fala:
A maior dificuldade nossa é que é 13 hectares tudo no pivô, a
dificuldade é os filhos, os filhos não ficam tudo porque tem que trabalhar e só
esses 13
hectares de terra é muito pouco, porque se tivesse mais
terra era melhor, porque 13 é pra três pessoas só aqui nós temos cinco. Daí como
fica os estudos. Se tivesse mais terra eles ficavam aí né. Aqui os jovens estão
indo tudo embora pro Rio Grande de Sul, São Paulo por falta de opção de renda,
aqui não tem serviço na roça porque trabalha com máquina, [...] daí eles vão
embora aqui no pivô de 117 hectare nos trabalhamos oito
dias por ano. Então o jovem chega à idade de casar [...] então ele vai embora
trabalhar não tem jeito. (Entrevista concedida a Nogueira dia
22/04/2010)
Esse é um problema que evidenciamos em todas as
famílias que tem filhos adultos, e verificamos que o processo de expropriação
camponesa que esses pais sofreram começa a se repetir, porém a procura para
solução deste problema é a busca de empregos ou muitas vezes de subempregos nas
cidades, em sua maioria longe da casa dos pais.
A territorialização destes brasiguaios no
assentamento Itamarati I tem mostrado que um grande assentamento como esse não
pode ser chamado de modelo, uma vez que não se levou em conta as diferentes
territorialidades produzidas no assentamento.
Existem muitos problemas e falhas nos recursos
que deveriam ser destinados aos assentados, por exemplo: o recuso do PRONAF que deveria chegar as famílias em
2006, para a ampliação das casas já
foi liberado mas ninguém teve acesso a ele, a infra-estrutura herdada da empresa
agropecuária Itamararti especificamente os pivôs tem criado um processo de
arrendamento de quase todos os pivôs, dos 27 instalados apenas um grupo composto
por onze famílias conseguem tocá-lo, os demais alegam que o custo de manter o
pivô é muito caro e decidiram arrenda-lo para quitar as dividas contraídas
através do seu uso.
Verificamos que o assentamento é dividido em
áreas individuais e coletivas, e esta última tem gerado um descontentamento da
maioria dos camponeses, pela dificuldade de trabalhar em conjunto. Mesmo tendo sido
discutido essa questão nos movimentos ainda nos acampamentos todos “aceitaram”
essa condição, pois muitas famílias já estavam a espera do tão sonhado lote por
muitos anos, então mesmo não concordando com o modelo “discutido” (leia-se
imposto) aceitaram. Assim relata o Senhor
Genivaldo:
Dentro do acampamento a gente conseguia se organizar [...] porque
era um objetivo só né, a terra. A gente escutava que quando chegasse aqui muitos
não queriam mais saber de nada disso, ia se isolar, outros em termos de região,
raça e da cultura, aí eles começam a se individualizar. (Entrevista concedida à Nogueira dia
30/04/2010)
É importante compreendermos que a problemática
que gira em torno dos lotes coletivos irrigados fez com que os assentados
pudessem buscar medidas alternativas, ou seja, buscaram arrendar ou como os
assentados preferem dizer que fizeram “parceria” como estratégia de resistência
camponesa, pois com o endividamento que obtiveram com a companhia de
abastecimento elétrico (para uso dos pivôs em períodos de estiagem) não poderiam
acessar recursos para o financiamento do plantio, além de problemas de
relacionamento com os membros do grupo, brigas internas e desconfianças em
relação às lideranças, não fosse esta alternativa encontrada o número de venda
de lotes seria muito maior, pois sem recursos para acessar financiamentos não
poderiam semear a terra e produzir para sobreviver.
O fato de apenas um grupo conseguir manter tanto
a posse da terra quanto o trabalho coletivo evidencia que os camponeses não
foram “preparados” pelos movimentos sociais ao qual encontram-se engajados ou
então não é esse modelo que gostariam de ter, pois cada família dispõe de uma
territorialidade diferente, sendo que no assentamento Itamarati I há famílias
advindas de várias regiões do Estado de Mato Grosso do Sul, de brasiguaios e até
mesmo de paraguaios, cada uma com costumes, crenças, e ideais diferentes,
criando para si sua própria territorialidade, de forma a entrar em divergência
de opiniões, fazendo esse “modelo” coletivo ser reformulado passando ao que
Terra (2009) chama de “semicoletivo”.
REFERÊNCIAS
ALMEIDA, Rosemeire Aparecida de. (Re)criação do
campesinato, identidade e distinção: a luta pela terra e habitus de classe. São
Paulo: Editora UNESP, 2006.
BÁRBARA, Marcelo, Santa. Cruzando fronteiras
disciplinares: um panorama dos estudos migratórios. Rio de Janeiro: Revan,
2005.
FARINI, João, Edmilson. A posse da terra e os sem
terra no sul de Mato Grosso do Sul. Corumbá: AGB,
1996.
FERNADES, Bernardo Mançano. MST - formação e
territorialização. São Paulo: Hucitec, 1996.
MIZUSAKI, Márcia Yukari. Território e
reestruturação produtiva na avicultura. Dourados: Editora da UFGD, 2009.
356p.
OLIVEIRA, Ariovaldo, U. A agricultura camponesa
no Brasil. São Paulo-SP: Contexto, 1991.
RODRIGUES, Carlos A. SILVA, Maria de F.
Caracterização socio-economica do assentamento Itamarati, Estado de Mato Grosso
do Sul. Dourados, MS. 2004. (Monografia), UFMS.
SPRANDEL, Márcia Anita. Brasileiros de
além-fronteira: Paraguai. In: O fenômeno migratório no terceiro milênio.
Petrópolis: Vozes, 1998, p. 113-138
TERRA, Ademir. Reforma agrária por conveniência
e/ou por pressão? Assentamento Itamarati em Ponta Porã – MS: “o pivô da
questão”. Presidente Prudente 2009. Tese (doutorado - Universidade Estadual
Paulista Faculdade de ciências e tecnologia).
WAGNER, Carlos. Brasiguaios homens sem pátria.
Petrópolis: Vozes, 1990.
[1]
Universidade Federal da Grande Dourados
[2]
Central Única dos Trabalhadores.
Ponencia presentada en el XIII Encuentro Internacional
Humboldt. Dourados, MS, Brasil - 26 al 30 de setiembre de
2011.