NOTAS PARA UMA TEORIA DA PRODUÇÃO DO
ESPAÇO REGIONAL
Guilherme Marini Perpetua
Resumo:
a história do pensamento geográfico é fortemente marcada pelos
debates em torno da questão regional, tendo sempre como pano de fundo as idéias
de heterogeneidade e desigualdade espacial. Mais recentemente, em virtude dos
supostos efeitos do processo de globalização, muitos são os que afirmam que a
importância deste debate chegou ao fim. Este pequeno ensaio objetiva levantar
elementos teóricos para a compreensão da produção dos espaços regionais a partir
do processo de acumulação do capital que, enquanto vetor hegemônico, subsume
outros vetores dentro de sua lógica, criando e recriando permanentemente
clivagens e desigualdades no espaço geográfico. O resultado é uma regionalização
que é, ao mesmo tempo, condição e barreira para a própria acumulação do
capital.
NOTAS PARA UNA
TEORÍA DE
LA PRODUCCIÓN
DE EL ESPACIO REGIONAL
Resumen:
La historia del pensamiento geográfico está fuertemente dominada por los
debates sobre la cuestión regional, siempre en lasideas de fondo de la heterogeneidad y la desigualdad espacial. Más recientemente, debido a los supuestos efectos de la globalización, hay muchos que sostienen que la importancia de este debate ha terminado. Este breve artículo pretende plantear elementos teóricos para la comprensión de la producción de las áreas regionales del proceso de acumulación de capital que, si bien vector hegemónico, subsume otros vectores dentro de su lógica, en constante creación y recreación de las divisiones y las desigualdadesen el espacio geográfico. El resultado es una regionalización, que es al mismo tiempo, la condición y la barrera a la acumulación de capital en sí mismo.
NOTES FOR A THEORY OF PRODUCTION AREA REGIONAL
Abstract: the history of geographic thought is heavily dominated by debates on the regional issue, always in the background ideas of heterogeneity and spatial inequality. More recently, because of the supposed effects of globalization, there are many who argue that the importance of this debate is over. This short article aims to raise theoretical elements for understanding the production of regional areas from the process of capital accumulation that while hegemonic vector, other vectors
subsumes within its logic, constantly creating and recreating cleavages and inequalities in geographic space. The result is a regionalization, which is at the same time, condition and barrier to capital accumulation itself.
Introdução
A discussão em torno da região, dos regionalismos
e dos processos de regionalização certamente encontrou na geografia seus mais
acalorados debates, embora não se restrinja aos seus limites epistemológicos,
estando presente também em outros campos do conhecimento, em práticas econômicas
e políticas e na própria linguagem do cotidiano.
Não obstante sua validade enquanto categoria
analítica, que permite revelar aspectos eminentemente geográficos dos fenômenos
sociais, foram muitos os que em diversos momentos decretaram a morte da região
(HAESBAERT, 2005), como temos presenciado no debate atual pautado nos supostos
efeitos homogeneizadores do processo de globalização.
No entanto, a realidade contradiz a teoria e a
despeito dessas formulações,
a questão regional retoma hoje sua força, pela proliferação
efetiva de regionalismos, identidades regionais e de novas-velhas desigualdades
regionais (...) Nesse sentido, apesar da propalada globalização homogeneizadora,
o que vemos, concomitantemente, é uma permanente reconstrução da heterogeneidade
e/ou da fragmentação via novas desigualdades e recriação da diferença nos
diversos recantos do planeta (HAESBAERT, 2010, p.
15).
É dentro deste contexto de reavivamento do debate
regional que o presente ensaio deve ser compreendido, como um esforço teórico no
sentido de reunir elementos para um entendimento mais aprofundado dos fatores e
processos que confluem na produção do espaço regional sob a égide do
capitalismo. Movidos por este afã, pretendemos analisar, ainda que de forma
bastante inicial, de que maneira ocorre essa permanente e cada vez mais célere
reconstrução da heterogeneidade e das desigualdades espaciais e os motivos pelos
quais sua supressão absoluta faz-se impossível neste modo de produção.
Para tanto, iniciaremos o texto discutindo de
forma sucinta a relação entre a geografia e o conceito de região, passando,
posteriormente, para uma análise da produção das desigualdades espaciais
imanentes às relações de produção capitalistas e ao processo de acumulação do
capital, acrescentando, por fim, outros elementos da complexidade deste
fenômeno.
O conceito de região em meio às idiossincrasias da
geografia
Há muito se tem falado em crise da geografia.
Crise que atravessa as décadas e seus paradigmas, períodos a fio, incólume e
sobre a qual muito se tem gasto em papel e tinta. Este breve ensaio não se unirá
a tantos outros que buscaram solucioná-la. De início, convém apenas
compreendermos um pouco da idiossincrasia desta ciência e como o conceito de
região tem se encaixado em seu campo epistemológico.
Partiremos, pois da constatação de que a
Geografia é mesmo uma ciência bastante peculiar. Para Suertegaray (2001) é um
caso paradoxal, na contramão da racionalidade moderna, uma vez que se tornou
autônoma como ciência tomando para si a tarefa de compreender a relação do homem
com a natureza, ao passo que todas as demais ciências foram individualizadas,
por força de seus objetos e classificações, em “naturais” e “sociais”. Tal condição gerou entre seus estudiosos
certa necessidade de atribuir a Geografia uma identidade própria, sedimentada
sobre um objeto individualizado, leis e modelos, como apresentavam as ciências
vizinhas, num processo mimético de simplificação da natureza (e por extensão, da
sociedade) em objetos e leis gerais que, como aludiu Douglas Santos (2002, p.
173), teve origem na física clássica de Isaac
Newton.
Por obvio neste percurso, houve quem proclamasse
o fim da busca. Assim como Milton Santos, foram muitos os que chegaram à mesma
conclusão: “o objeto da Geografia é o espaço geográfico (1978, p. 2)”. Talvez
pudesse ter sido diferente se a supracitada crise de auto-estima e identidade
não rondasse a geografia e os geógrafos. O mais grave nisso tudo é que o
principal equívoco está exatamente no ponto de partida, ou seja, na busca ávida
por um objeto próprio, pois à geografia cabe, enquanto ciência social,
perscrutar a mesma totalidade concernente às demais ciências sociais: a
realidade social. Assim,
a distinção entre as várias ciências sociais só pode provir das próprias ciências sociais, e não pode ter outro
significado que não seja o de cada uma dessas disciplinas encarar, abordar,
analisar de uma forma diferente
aquela mesma realidade (NUNES, 1972 apud SANTOS, 2002, p. 12).
Ao voltar sua atenção para realidade social - que
é a mesma estudada pela história, pela economia, pela sociologia dentre outras -
a geografia deve se atentar para o espaço geográfico, uma de suas dimensões de
manifestação ou uma de suas “instâncias”, como sugeriu o mesmo Milton Santos
noutro momento (1985).
Para Suertegaray (2001), o espaço se apresenta
como uma categoria central na geografia, o principal componente do seu corpo
referencial, integrado além dele, também pela região, pelo território, pelo
lugar, pela paisagem etc. que expressam diferentes níveis de abstração e
distintas potencialidades analíticas. Em suma, no âmbito da ciência geográfica
todos eles são “conceitos-chave, capazes de sintetizarem a sua objetivação, isto
é, o ângulo que confere a geografia a sua identidade e a sua autonomia relativa
no âmbito das ciências sociais (CORRÊA, 1995, p. 16)”.
A geografia tem se legitimado, desta forma, como
um ponto de vista particular, um discurso específico sobre a totalidade social
que se dá através do uso de um instrumental que, embora não seja exclusivo,
assume nela um lugar especial. Cada um desses conceitos/categorias é na verdade
uma mediação lógica distinta do espaço geográfico, que por sua
vez representa um nível mais elevado de abstração. Apoiaremo-nos neste prisma
para entender o conceito de região.
Conquanto haja diversos domínios para além do
científico nos quais a noção de região seja empregada, e embora o seu uso, mesmo
no universo acadêmico, não seja restrito à geografia, dentro do rol das ciências
foi na geografia que ela ganhou estatuto de conceito-chave e uma discussão
sistemática (GOMES, 1995, p. 52) e é, como asseverou Lencioni (1999, p. 23),
apenas nela que se encontram as bases e o desenvolvimento de conceitos ou noções
relativos à região. Como afirma Gomes “a região esteve no centro de diversos
debates que ainda hoje animam as discussões epistemológicas da geografia (1995,
p. 67)”.
Contudo, ao longo do curso histórico do
pensamento geográfico, o conceito apresentou diversas formas e sentidos, uma vez
que cada uma de suas correntes de pensamento buscou criar uma definição própria
de região a sua imagem e semelhança, partindo do seu método e arcabouço
teórico-conceitual específicos. Nesse intento, a solução encontrada para o
problema da imprecisão conceitual e do pluralismo que perpassou o debate ao
longo do tempo foi à exaustiva adjetivação do conceito, que passou de “região
natural” (corrente determinista), para “região geográfica” (corrente
possibilista), “região homogênea” e “região funcional ou polarizada” (corrente
teorético-quantitativa), até chegar às formulações contemporâneas, que mesmo
lançando mão dos adjetivos diretos, empreendem qualificações muito distintas
acerca do conceito de região.
Não faz parte dos nossos objetivos para este
breve ensaio explorar detalhadamente cada uma dessas significações e nem
solucionar esta intrincada questão, cabendo-nos apenas apontar que o pano de
fundo que esteve posto, independentemente do tipo de mediação
teórico-metodológica adotado, foi o da diferenciação espacial, ou seja, da
extensão e regularidade de certas características em uma área determinada. Essa
afirmação pode ser constatada na assertiva de Mari Lourdes Bezzi, à guisa de
conclusão de uma obra que dedicou a historiografia do conceito de
região:
admitindo que a superfície da terra é heterogênea, com marcantes
diferenciações de áreas, e sabendo-se que a ciência geográfica se interessa mais
pelas descontinuidades do que pelas regularidades, o conceito de região tem se
constituído, ao longo da história moderna do pensamento geográfico, um dos seus
conceitos-chaves (2004, p. 243).
Parece-nos seguro, portanto, afirmar que assim
como a questão do poder é central em
todo e qualquer debate sobre o conceito de território (SOUZA, 1995), as questões
da heterogeneidade, da diferenciação e da desigualdade comparecem como elementares
para o debate sobre o conceito de região.
Convém lembrar, como nos alertou Porto-Gonçalves
em tão célebre texto, escrito ainda no contexto da ruptura que geraria a
geografia radical, que “o trabalho
intelectual, embora
possuindo uma dinâmica específica, sofre influência do próprio contexto
histórico que constitui a materialidade do trabalho
científico (1978, p. 3)”. Não seria possível, pois, entender o
movimento do pensamento geográfico, a transformação das bases epistemológicas da
geografia que englobam o próprio conceito de região, abstraindo de nosso campo
de visão a transformação da realidade social em seu aspecto histórico e também
geográfico.
Assim, o momento atual, como momentos específicos
do passado, suscita novas questões para o debate regional e há quem defenda até
mesmo o fim inevitável das regiões e, por conseguinte, da relevância dos estudos
regionais, em virtude dos processos que se pretendem homogeneizantes do espaço
mundial contemporâneo. Nesse sentido, parece-nos esclarecedor o entendimento de
Haesbaert (2004) ao estudar o fenômeno ao qual chamou “multiterritorialidade” e
suas relações com a regionalização. Para este autor,
Território e região, como dois conceitos-chave da geografia,
precisam andar juntos e são mesmo indissociáveis. Assim, podemos considerar que
as dinâmicas que denominamos de desterritorialização (...) estão intimamente
vinculadas e devem por isso ser consideradas em qualquer processo de
regionalização, ou seja, a construção e destruição de regiões são indissociáveis
da construção, destruição e reconstrução de territórios (HAESBAERT, 2004, p.
173).
Desse modo, a região não deixou ou deixará de
existir, tal como o debate regional por extensão. O que está ocorrendo, muito ao
contrário, é a redefinição cada vez mais célere dos quadros regionais perante a
difusão dos processos imbricados de reestruturação produtiva e mundialização do
capital (CHESNAIS, 1996) e de expansão do meio técnico-científico-informacional,
característico deste novo período (SANTOS, 1996), que não raro tem implicado
clivagens e diferenciações espaciais ainda mais intensas e catastróficas. Em
meio a este cenário, nos adverte Santos, “nenhum subespaço do planeta pode
escapar ao processo de globalização e fragmentação, isto é individualização e
regionalização (1996, p. 246)”.
Com base nestes fatos e tomando o processo de
globalização como a condição contemporânea de presença global do capitalismo,
buscaremos nos aspectos estruturais deste modo de produção, aqui entendido como
uma maneira particular de produção do espaço geográfico a partir de uma forma
específica de mediação entre a(s) sociedade(s) e a natureza, os significados da
diferenciação espacial por ele engendrada.
A produção das desigualdades espaciais
Como vimos, a utilidade especial do conceito de região, para a
geografia e demais ciências que se interessam pela dimensão espacial dos
fenômenos, consiste na possibilidade de apreensão, por seu intermédio, da
heterogeneidade e diferenciação inerentes a esta dimensão. Compreender tal
aspecto, entretanto, não é tarefa fácil, visto que ele se apresenta como
resultado sempre em movimento de um enorme feixe de fatores entrecruzados e com
pesos diferenciados no processo de produção do espaço geográfico.
Portanto, buscaremos analisar as determinações do vetor
representado pelo modo de produção como aquele que possui prevalência com
relação aos demais, sem negar, naturalmente, que mesmo elas estão sujeitas a
contingências de toda ordem. O ângulo de análise regional adotado será o do
desenvolvimento do espaço através das relações capitalistas. Partiremos, para os
objetivos deste ensaio, da seguinte premissa: a produção do espaço geográfico
sob o capitalismo se dá fundamentalmente como produção de desigualdades. Estas
desigualdades são a expressão de contradições estruturais desse modo de produção
e, embora possam ser mitigadas conjunturalmente, não podem ser de todo
suprimidas, pois compõem sua própria lógica de
funcionamento.
Conquanto essa tese seja bastante difundida e aceita, sua linha de
compreensão teórica da produção do espaço não é a única, e tampouco é
hegemônica. Na verdade, como observa Brandão (2007, p. 57-59), grande parte dos
estudos regionais, sobretudo aqueles realizados no âmbito da mainstream da economia espacial, estão
erigidos sobre premissa antípodas a esta, ou seja, da eficiência decisória dos
agentes quanto à localização, do poder de ajuste e equilíbrio do mercado na
distribuição dos bens e fatores no espaço e do espaço-plataforma homogêneo.
Nestas teorias, segundo o autor, as regiões são “meros receptáculos neutros,
sítios sem textura ou entorno”.
Conforme assinala Corrêa (1995) esta acepção do espaço e de seu
desenvolvimento transbordou do campo disciplinar da economia e foi incorporada
pela geografia, dando sustentação às teses que ganharam grande repercussão nas
décadas de 1950-1960, com a emergência da chamada escola teorético-quantitativa.
Nesse contexto, o espaço aparece pela primeira vez como um conceito-chave para
esta ciência sob a forma de “planície isotrópica”, uma construção teórica do
espaço como planície homogênea em todos os sentidos, sobre a qual se desenvolvem
ações e mecanismos econômicos que levam a diferenciação sempre tendendo ao
equilíbrio espacial (CORRÊA, 1995, p. 20). O espaço analisado sob este ângulo é
o espaço absoluto ou continente, é apenas uma abstração que tem sua origem na
clássica teoria newtoniana.
Ora, se o espaço tende inevitavelmente a homogeneização e ao
equilíbrio, o conceito de região perde sua relevância e é reduzido apenas a “um
processo de classificação de unidades espaciais segundo procedimentos de
agrupamento e divisão lógica com base em técnicas estatísticas”. No sentido
oposto, partindo do constructo teórico em que temos nos pautado, a problemática
regional assume grande importância.
A diferenciação das parcelas do espaço geográfico entre si é,
concomitantemente, um processo natural e social. Para Milton Santos (1996), dois
processos atuam de forma integrada, mas com pesos distintos nos diversos
momentos da história humana: “a diversificação da natureza” e a “divisão do
trabalho”. O primeiro consiste num processo infinito de mudanças que ocorrem no
interior da própria natureza e que independem do homem; o segundo é movido pela
produção e pode ser visto como “um processo pelo qual os recursos disponíveis se
distribuem social e geograficamente” e que atribui, a cada movimento, um novo
conteúdo e uma nova função aos lugares (SANTOS, 1996, p. 131-132).
A princípio, como salienta o autor, a divisão do trabalho estava
subordinada a diversificação da natureza, mas esse quadro se inverteu a medida
que o homem aperfeiçoou suas “próteses” aumentando seu poder de intervenção na
natureza. Trata-se por certo, de um conjunto de transformações decorrentes do
desenvolvimento das forças produtivas no processo de expansão do modo de
produção capitalista e do estabelecimento de sua hegemonia como resultado da
“tendência universalizante do capital”, que como afirmou Marx
(...) o diferencia de todas as formas anteriores de produção, se
convertendo assim em pressuposição de um novo modo de produção, fundado não no
desenvolvimento das forças produtivas com o propósito de reproduzir ou mesmo
expandir uma dada condição, mas no qual o livre, desobstruído, progressivo e
universal desenvolvimento das forças produtivas é em si mesmo a pressuposição da
sociedade e, portanto, de sua reprodução; no qual a superação do ponto de
partida é a única pressuposição (1973, p. 540).
As condições para a realização desse elusivo
processo são engendradas e perpetuadas de modo a ficarem escamoteadas da
consciência social. Por um lado, a capacidade de expansão e de hegemonização das
relações de produção tipicamente capitalistas está indissociavelmente ligada ao
estabelecimento de um novo sistema de mediações dos homens entre si e com
natureza, como nos revela Mészáros (1995). De acordo com este autor, até o
surgimento do que ele chama de “sociometabolismo do capital”, as relações
sociais e entre sociedade e natureza eram mediadas por elementos que, em última
instância levavam a uma crescente autossuficiência, ou seja, visavam a
satisfação das necessidades humanas. Com a emergência do capitalismo e de seu
sistema de mediação de segunda ordem são introduzidos elementos fetichizantes e
alienantes que separam o homem dos produtos do seu trabalho e do conhecimento da
totalidade de seu processo produtivo, sendo responsáveis por um crescente
distanciamento entre o homem e aquilo de que necessita para uma vida plena
materialmente e em significados.
Por outro lado, a expansão geográfica do capital e sua mobilidade
constante é parte integrante indispensável da lógica de funcionamento de seu
processo de circulação. Em sua reconstrução da teoria marxista com vistas a uma
teorização da geografia da acumulação capitalista, Harvey (2005) identifica
acertadamente as razões conflituosas e contraditórias que explicam a imanente
tendência universalizante do capital através de um processo ao qual intitulou
“ajuste espacial”. Para explicá-lo, o autor parte das premissas básicas da
impossibilidade de acumulação estacionária e da tendência estrutural às crises
ao longo do processo de acumulação. Essa última tendência torna-se objetiva
quando há o impedimento, por diversos motivos, da disposição dos três fatores
cruciais para que ocorra a acumulação, a saber, a existência de excedente de
mão-de-obra (do exército industrial de reserva), existência, no mercado, de bens
de produção em quantidade necessária e, por fim, a existência de mercados
consumidores cuja capacidade de absorção seja compatível com a da
produção.
O constrangimento a existência de qualquer um desses fatores ou de
todos eles pode culminar em crises, que, consequentemente, forçarão o sistema a
encontrar caminhos para superá-las e re-instaurar a acumulação, agora
reformulada e em novo patamar. Este processo pode ocorrer de duas maneiras
diferentes, que não raro são combinadas. A primeira delas consiste em lançar mão
de formas de “intensificação da atividade social, dos mercados e das pessoas
numa específica estrutura espacial (HARVEY, 2005, p. 48)”, ao passo que a
segunda, se relaciona “a questão da organização espacial e da expansão
geográfica como produto necessário para o processo de acumulação”, ou seja, “a
expansão geográfica para novas regiões, incrementando o comércio exterior,
exportando capital e, em geral, expandindo-se rumo à criação do que Marx
denominou ‘o mercado mundial”.
O ajuste espacial constitui-se, portanto, como uma saída
estratégica para o capital excedente em situações de crise, que permite a
retomada da acumulação e a revalorização deste capital. A mobilidade do capital
nesta perspectiva passa a ser condição da existência e manutenção de todo este
sistema produtor de mercadorias. Decorre deste fato a constante ampliação dos
mercados e, por conseguinte, das distâncias para a realização das etapas do
processo produtivo, de modo que, cada vez mais, se amplia o tempo de giro dos
capitais (produção + circulação), ou seja, o tempo socialmente necessário para a
realização efetiva da mais-valia, o que se torna um empecilho para a própria
acumulação. Em virtude disso, manifesta-se um forte estímulo à redução do tempo
de circulação para um mínimo, visando à supressão do espaço pelo tempo, posto
que “o imperativo da acumulação implica consequentemente no imperativo da
superação das barreiras espaciais”.
Como produto desta tendência há o surgimento de uma estrutura
espacial específica, materializada na forma do capital fixo (recursos de
transporte, instalações fabris etc.) e impossíveis de serem retirados sem sua
destruição. Paradoxalmente, esta mesma estrutura atua como antítese ao ímpeto
vital da derrubada das barreiras espaciais e, no fim, até a própria anulação do
espaço pelo tempo, fazendo com que, em períodos de crise, ela seja destruída em
detrimento da retomada da acumulação, num processo interminável e nefasto de
ascensão e derrocada dos espaços regionais.
De fato, o espaço resultante deste processo apresenta um padrão de
desenvolvimento, tratado por muitos autores sob o título de desenvolvimento desigual. Vejamos este
ponto com um pouco mais de atenção.
A expressão “desenvolvimento desigual” já era
largamente utilizada por Marx ainda no século XIX e posteriormente também por
Lênin com um sentido semelhante (BOTTOMORE, 1988 p. 98-99). Para eles, tal
conceito estava associado aos ritmos diferenciados de desenvolvimento das
sociedades, países e nações, fazendo com que, em certos casos, os que começam
com uma vantagem sobre os outros, podem incrementá-la ao passo que em outros
casos, por força desta mesma diferença nos ritmos de desenvolvimento, aqueles
que haviam ficado para trás, podem alcançar e até mesmo ultrapassar os que
dispunham de vantagem inicial. A explicação para tal diferença nos ritmos de
desenvolvimento encontra-se na possibilidade de utilização de técnicas de
produção e/ou organização do trabalho diferenciadas, o que ditará a
produtividade e subsequentemente o ritmo de acumulação de capital da sociedade,
nação ou país.
Lênin (1990) valeu-se também desse conceito para
analisar a fase imperialista do capitalismo que culminou com a primeira grande
guerra mundial e os grandes rearranjos geopolíticos por ela engendrados. Contudo, se
procurarmos um enfoque especial na questão da desigualdade do desenvolvimento, o
encontraremos na obra de Leon Trotsky (1967), que se debruçou sobre ela muito
além de seus predecessores teóricos, num trabalho de circunspecção que o levou a
propor um complemento ao conceito de desenvolvimento desigual, acrescentando-lhe
o caráter de combinação e imprimindo-lhe assim um novo sentido, tendo por base
observações do desenvolvimento da Rússia do início do século XX. Desenvolvendo
sua argumentação, nos explica o autor que
a desigualdade do ritmo, que é a lei mais geral
do processus histórico, evidencia-se com maior vigor e complexidade nos
destinos dos países atrasados. Sob o chicote das necessidades externas, a vida
retardatária vê-se na contingência de avançar aos saltos. Dessa lei universal da
desigualdade dos ritmos decorre outra lei que, por falta de denominação
apropriada, chamaremos de Lei do desenvolvimento combinado, que significa
aproximação das diversas etapas, combinação de fases diferenciadas, amalgama das
formas arcaicas com as mais modernas. (TROTSKY, 1967, p. 25).
Ainda que Trotsky esteja aplicando sua
compreensão analítica às relações que ocorrem no âmbito da economia
internacional, ela não deve ser restringida a condição de resultado, tão
somente, das observações empíricas. Ela também o é, mas é muito mais do que
isso. Trata-se de um raciocínio que tem por base os princípios da própria
filosofia materialista histórica e dialética. A formulação de Trotsky expressa
particularmente uma das leis da dialética, a da “interpenetração de contrários
(CORRÊA, 1986, p. 42)” ou ainda, da “unidade dos contrários” como chamou Henri
Lefebvre ao dissertar sobre a lógica dialética (LEFEBVRE, 1991, p. 238). Para
Lefebvre, “a contradição dialética é uma inclusão (plena, concreta) dos
contraditórios um no outro (...)”, e cabe ao
método dialético “captar a ligação, a unidade, o movimento que engendra os
contraditórios, que os opõe, que faz com que se choquem, que os quebra ou os
supera”[13].
Segundo Moreira (1984), a raiz do desenvolvimento desigual se
encontra no próprio modo como a contradição capital-trabalho se materializa em
forças produtivas de sorte que “o ritmo desse desenvolvimento de conjunto será
desigual para cada fração do capital e, por decorrência, para cada fração de
estrutura espacial nascida da territorialização do movimento de conjunto, seja
uma formação econômico-social ou regiões internas a ela (MOREIRA, 1984, p.
18-20)”.
Preocupado com a mesma questão e imbuído
de um grande esforço de generalização e síntese, o geógrafo anglo-americano Neil
Smith (1988) nos propõe uma teoria geral do desenvolvimento desigual. Para
Smith, o desenvolvimento desigual “é a manifestação concreta da produção do espaço sob o capitalismo
(SMITH, 1988, p. 139)”. A desigualdade, segundo essa perspectiva, é funcional ao
capital, pois atende a sua própria lógica da acumulação e decorre da atuação de
duas tendências em essência contraditórias simultaneamente sobre o espaço: a tendência à diferenciação e a tendência à igualização.
Em síntese, a primeira tendência da qual resulta a desigualdade
espacial está relacionada à divisão territorial do trabalho, que é tanto mais
complexa, quanto mais desenvolvidos estão os estágios do capitalismo em um
determinado território. Essa divisão não existe em si mesma, pois é um reflexo
de outro tipo de divisão: a divisão social do trabalho. Assim sendo, “a divisão
espacial ou territorial do trabalho não é um processo separado, mas está
implícito, desde o início, no conceito de divisão do trabalho”.
Em sentido oposto, o movimento de igualização decorre
principalmente da necessidade constante de incorporação tecnológica às forças
produtivas, especialmente ao capital fixo, por conta da incessante concorrência
à qual estão sujeitas as parcelas de capital distribuídas nos mais diversos
setores. Deste modo, o próprio mercado promove um nivelamento do capital, de tal
forma que proporcione condições igualitárias de exploração da força de
trabalho.
Após uma revisão crítica de diversas teorias do desenvolvimento
territorial (algumas das quais expusemos acima) Brandão (2007, p, 70) nos propõe
a análise do movimento desigual da acumulação do capital no espaço a partir de
quatro categorias que permitem a verificação dos processos necessariamente
articulados em sua ocorrência: homogeneização, integração, polarização e hegemonia, ampliando e modificando,
portanto, o par categorial estabelecido por Smith (1988) (diferenciação/igualização).
Por homogeneização
nesta abordagem, devemos entender o processo de dissolução dos limites regionais
engendrado pela expansão do capital em sua busca por “criar condições básicas
universais para o valor se valorizar em termos absolutos e universais, abrindo
horizontes e dispondo espaços para a valorização capitalista mais
ampla”. Não se
trata, todavia, das idéias de otimização, convergência ou equipotência espacial,
visto que seu resultado não é a conformação de um espaço ou de regiões
homogêneas, como veremos mais adiante, e sim da “equalização como tendência,
requerida pelo capital de relações de produção mais apropriadas a seu movimento
unificado de valorização”. Tal
movimento deriva do próprio caráter progressista do capital, que subsume tudo e
todos a sua lógica enquanto regime social que leva a mercantilização às últimas
conseqüências e não tem nada a ver com a nivelação de desigualdades, que na
verdade, são criadas e recriadas por ele.
O processo de integração é subsequente ao de
homogeneização e ocorre após o estabelecimento dos mercados e da concorrência.
Trata-se de “um processo de enfrentamentos em um ambiente nada idílico”, determinado
pela concorrência e marcado por rupturas, de agregação de mercados regionais que
os expõe à pluralidade de formas superiores de capitais exógenos. A partir dele,
a mesma coerção concorrencial é imposta a todos os capitais e suas frações,
obrigando todos os capitalistas à acumulação progressiva. A concorrência também
agrega conteúdo e dá forma as escalas espaciais, ao segmentar frações do espaço
para que se tornem territórios particulares de certa fração do capital. Ocorre
assim a supressão da independência e da autonomia das regiões e dos lugares,
tornando nítido “o fosso do nível de desenvolvimento das forças produtivas entre
as regiões”. Por
conseguinte, ampliam-se os fluxos entre as regiões e redefine-se a relação entre
o centro e a periferia.
Do enquadramento espacial realizado pelo processo de integração,
decorre o processo de polarização, ou
seja, de hierarquização dos espaços integrados a partir de algumas centralidades
desigualmente distribuídas no espaço geral. Nestas áreas centrais há a
concentração de capitais fixos e de forças de aglomeração e o exercício
unilateral do poder sobre outras áreas. Em um sentido geral a polarização deriva
dos movimentos de concentração e centralização do capital e de seus
desdobramentos no espaço.
Finalmente, o último processo a ser considerado é o de hegemonia, definido como o
estabelecimento de “processos assimétricos em que um agente privilegiado detém o
poder de ditar, (re)desenhar, delimitar e negar domínio de ação e raio de
manobra de outrem”. Obviamente,
trata-se de um processo político que para ocorrer supõe certo consentimento de
determinados grupos subordinados ao “ser hegemônico”, a fim de que proponha,
articule e sustente uma determinada unidade e aliança, administrando e
centralizando uma coesão nacional imaginada. O processo de hegemonia forja um
bloco histórico que pode conter variados grupos políticos por meio da firmação
de uma aliança de classes de longa duração que precisa legitimar seu poder
fazendo do seu projeto, o projeto de todos.
Outros elementos da complexidade
regional
Num sentido bastante geral, vimos até agora de que maneira a
expansão do capitalismo e seu constante processo de produção-reprodução do
espaço cria e recria regionalizações. Mas os elementos que conferem complexidade
ao processo de produção do espaço geográfico e, por conseguinte, dos espaços
regionais sob os liames do sistema do capital não se esgotam com o que expusemos
até aqui.
Há ainda que se considerar, dentre tantos outros elementos, a
impossibilidade de qualquer modo de produção se realizar concretamente de uma
mesma forma em todos os lugares. O modo de produção é apenas uma possibilidade
ideal de realização que não acontece em sua forma pura em parte alguma, pois faz
referência a sociedade em geral e não a uma sociedade dada.
É sobre o fulcro dessas premissas e buscando trazer a baila o
protagonismo do espaço na produção e reprodução das sociedades que Milton Santos
elabora seu conceito de “Formação sócio-espacial”, tão caro aos estudos
geográficos, incorporando o espaço à categoria de Formação Econômica e Social,
que “diz respeito a evolução diferencial das sociedades, no seu quadro próprio e
em relação com as forças externas de onde mais frequentemente lhe provém o
impulso (SANTOS, 1982, p. 22)”. Segundo o autor “(...) a redistribuição dos
papeis realizados a cada novo momento do modo de produção e da formação social
depende da distribuição qualitativa e quantitativa das infra-estruturas e de
outros atributos do espaço (...)”, de modo
que, conclui o autor,
o espaço reproduz a totalidade social na medida em que essas
transformações são determinadas por necessidades sociais, econômicas e
políticas. Assim, o espaço reproduz-se, ele mesmo, no interior da totalidade,
quando evolui em função do modo de produção e de seus momentos sucessivos. Mas o
espaço influencia também a evolução de outras estruturas e, por isso, torna-se
um componente fundamental da totalidade social e de seus movimentos (SANTOS,
1982, p. 33).
A diferenciação espacial não decorre apenas deste fato, mas também
da combinação de diferentes modos de produção e de suas respectivas
espacialidades e temporalidades dentro de uma mesma formação sócio-espacial.
Como indica o mesmo autor noutro momento, em uma formação sócio-espacial, “os
diversos tempos concorrentes [modos de produção] trabalham conjuntamente e todos
recobram sua completa significação a partir desse funcionamento e dessa
existência conjunta (1996, p. 136)”.
Podemos, portanto, depreender que devido a impossibilidade de
subsunção absoluta dos outros modos de produção e de suas diferentes
espacialidades e temporalidades, o modo de produção capitalista atua como um
vetor hegemônico que efetiva sua reprodução ampliada a partir da combinação e da
submissão de outros vetores. Daí ressaltar Massey que um dos principais erros da
ciência moderna é negar a condição a qual Fabian chamou de “coetaneidade”,
definindo-a como uma nova concepção temporal do espaço, que “tem como objetivo
reconhecer a contemporaneidade como a condição para o verdadeiro confronto
dialético (...)” em que “(...) o que se opõe... não são as mesmas sociedades em
diferentes estágios de desenvolvimento, mas diferentes sociedades,
confrontando-se umas com as outras ao mesmo tempo (FABIAN, 1993 apud MASSEY,
2009, p. 109).
Suertegaray (2001), pondo em revista a história do pensamento
geográfico, nota uma interessante relação entre as categorias de espaço e tempo. A autora afirma que as diferentes
concepções do espaço geográfico e de seu desenvolvimento sempre estiveram
ancoradas em diferentes concepções de tempo. A primeira delas foi a do tempo
como “seta-evolução”, que indicava uma perspectiva “seqüencial, linear,
como sucessão de fatos no espaço” (...), (SUERTEGARAY, 2001, s/p).
Posteriormente, o tempo passou a ser analisado de modo cíclico, ou seja, como
fatos sucessivos que se dão sobre o espaço e que voltam sempre ao ponto inicial,
sendo que “o tempo, nesta perspectiva, evoca a idéia de uma dinâmica estável, um
movimento que se repete”, chegando
finalmente a concepção mais contemporânea do tempo como espiral. Deste modo,
seguindo as indicações da autora,
o tempo é entendido como seta e ciclo, ou seja, o
espaço geográfico se forma (no sentido de formação, origem) e se organiza (no
sentido de funcionalidade), projetando-se como determinação ou como
possibilidade. Esta projeção se faz por avanços (seta) e retornos (ciclo)
(SUERTEGARAY, 2000, s/p).
Pode-se então considerar as diferenciações resultantes da presença
de fenômenos originados em tempos históricos diferentes coexistindo no tempo
presente e no espaço, como explicou Corrêa (1986, p. 42), a partir do
desenvolvimento desigual e combinado que manifesta sua faceta espacial
concretamente sob a forma de processos de regionalização.
Considerações finais
Buscamos expor e analisar de forma articulada
diversas teorias da produção do espaço geográfico e da regionalização
pertencentes, sobretudo, ao cabedal materialista histórico e dialético. De
maneira bastante geral, vimos como a expansão e a reprodução do capital em seu
processo de acumulação implica necessariamente a constante criação e recriação
de desigualdades espaciais, vale destacar, nas mais diversas escalas
geográficas. Em síntese, o processo de regionalização expressa contradições
estruturais do sociometabolismo do capital que para se reproduzir necessita
suprimir as desigualdades espaciais, ao mesmo tempo que as cria e utiliza de
maneira estratégica.
Vimos ainda que embora o capital se pretenda o
único vetor da produção do espaço lhe é possível apenas ser o vetor hegemônico,
que subsome outras determinações, manifestando-se de forma singular em cada uma
das frações espaciais produzidas: as regiões. Cabe-nos ressaltar que por esse
motivo, qualquer análise regional específica deve partir da realidade concreta
estudada, não desprezando, obviamente, os pressupostos teóricos mais
gerais.
Sob a ótica da perspectiva adotada acreditamos
ser possível refutar qualquer entendimento etapista do processo de
desenvolvimento, bem como daqueles que se pautam pela idéia de supressão total
das desigualdades espaciais dentro do capitalismo.
Assim, mesmo em tempos de globalização, o
conceito de região continua sendo um poderoso instrumento para o entendimento
dos fenômenos geográficos, especialmente no que tange a extrusão dos insidiosos
mecanismos de acumulação do capital e de suas consequências para os homens e a
natureza.
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Esse ensaio é produto das reflexões realizadas por
ocasião de nossa pesquisa de mestrado intitulada: “Dinâmica geográfica da
mobilidade do capital e do trabalho em face da territorialização do complexo
celulose-papel na região leste do Mato Grosso do Sul” sob orientação do Prof.
Dr. Antonio Thomaz Júnior.
Conforme a interpretação de Gomes, por
sociometabolismo “Mészáros compreende a estrutura orgânica de
funcionamento da sociedade capitalista, para além da perspectiva meramente
econômica. Assim como Marx, que definia o capital como uma relação social,
Mészáros também escapa à interpretação limitada de uma abordagem positivista e
economicista do regime de produção (2009, p. 35)”.
Veja-se sua obra: “Imperialismo: fase final do
capitalismo”.