As transformações do
capitalismo e a atualidade da teoria do imperialismo:
ajuste espacial e
reconfiguração das relações de poder na América Latina
Prof. Dr. Marcos César Araujo Carvalho
– UERJ/FFP
Prof. Nelson Diniz de Carvalho Filho
– Mestrando IPPUR/UFRJ
Prof. Msc. Rodrigo Pina de Sousa
– Colégio Pedro II
Resumo
A validade da teoria do
imperialismo tem sido profundamente questionada. Seu poder explicativo estaria
significativamente comprometido, uma vez que as características contemporâneas
do capitalismo exigiriam novas formas de reflexão. Uma análise crítica da
realidade e das relações de poder, por sua vez, não pode concordar com a ideia
do fim do imperialismo, pois, ao mesmo tempo em que se assevera o seu fim, há um
recrudescimento de sua ação. Para afirmar a atualidade da teoria do imperialismo
este artigo pretende analisar as características do processo de recolonização da
América Latina, inscrevendo-o nos marcos de um ajuste espacial que logrou
reverter parcialmente a tendência de queda das taxas de lucro do capitalismo
manifestada a partir da década de 1970. A recolonização imperialista desencadeou
a resistência das massas, uma vez que a experiência com a aplicação das
políticas neoliberais resultou na deterioração das suas condições de reprodução
social. A tensão entre recolonização e resistências é o que define, em nosso
tempo, a reconfiguração das relações de poder na região.
Palavras-chave:
imperialismo; ajuste espacial; recolonização / resistências; América
Latina.
Abstract
The validity of the theory of imperialism has been deeply questioned.
Its explanatory power would be significantly compromised, since the
characteristics of contemporary capitalism would require new ways of thinking. A
critical analysis of reality and relations of power, in turn, can not agree with
the idea of anachronism in the theory of imperialism, because, while it asserts
its end, there is a resurgence of his action. To assert the relevance of the
theory of imperialism, this paper will analyze the characteristics of the
process of recolonization of Latin America, entering him in terms of a spatial
fix which succeeded in partially reversing the downward trend in profitability
of capitalism manifested from the decade 1970. The imperialist recolonization
triggered the resistance of the masses, since the experience with the
implementation of neoliberal policies has resulted in deterioration of their
conditions of social reproduction. The tension between resistance and
recolonization is what defines, in our time, the reconfiguration of power
relations in the region.
Keywords: imperialism; spatial fix; recolonization / resistance;
Latin America.
Resumen
La validez de la teoría del
imperialismo ha sido muy cuestionada. Su poder explicativo se vería
significativamente afectado, ya que las características del capitalismo
contemporáneo requieren nuevas formas de pensar. Un análisis crítico de la
realidad y las relaciones de poder, a su vez, no puede estar de acuerdo con la
idea del fin del imperialismo, porque, si bien afirma su fin, hay un
resurgimiento de su acción. Para afirmar la pertinencia de la teoría del
imperialismo, en este artículo se analizan las características del proceso de
recolonización de América Latina, entrando él en términos de un ajuste espacial
que logró revertir parcialmente la tendencia a la caída de la tasa de ganancia
del capitalismo manifestada desde la década 1970. La recolonización imperialista
provocó la resistencia de las masas, ya que la experiencia con la aplicación de
las políticas neoliberales ha dado lugar a un deterioro de sus condiciones de
reproducción social. La tensión entre la resistencia y la recolonización es lo
que define, a nuestro tiempo, la reconfiguración de las relaciones de poder en
la región.
Palabras clave:
imperialismo; ajuste espacial; recolonización / resistencia; América
Latina.
As
transformações do capitalismo e a atualidade da teoria do imperialismo: ajuste
espacial e reconfiguração das relações de poder na América
Latina
Prof. Dr. Marcos César Araujo Carvalho –
UERJ/FFP
Prof. Nelson Diniz de Carvalho Filho – Mestrando
IPPUR/UFRJ
Prof. Msc. Rodrigo Pina de Sousa – Colégio Pedro
II
Introdução
A validade da teoria do imperialismo tem sido profundamente
questionada. Principalmente a partir das décadas de 1980 e 1990, afirmou-se,
amiúde, que seu poder explicativo estaria completamente questionado, uma vez que
as características contemporâneas do capitalismo exigiriam novas formas de
reflexão. Esse questionamento, sem dúvida, faz parte de um conjunto de
argumentos ideológicos tornado hegemônico após o fim da Guerra
Fria.
Uma análise crítica da realidade, por sua vez, não pode concordar com a
ideia do anacronismo da teoria do imperialismo. Muito ao contrário, deve
reafirmar a importância e a atualidade de tal teoria. Isso é tanto mais
necessário quando consideramos que, ao mesmo tempo em que se assevera o fim do
imperialismo, há um recrudescimento de sua ação. A expansão geográfica do
capitalismo sobre os Estados periféricos e semi-periféricos e a imposição de
padrões de desenvolvimento geográfico desigual, isto é, o ajuste espacial,
permanece sendo uma estratégia fundamental de garantia da acumulação capitalista
nos Estados centrais por intermédio da reprodução e manutenção de assimetrias
nas relações de poder interestatais.
Para afirmar a atualidade da teoria do imperialismo este artigo
pretende analisar as características do processo de recolonização da América
Latina, inscrevendo-o nos marcos de um ajuste espacial que logrou reverter
parcialmente a tendência de queda das taxas de lucro do capitalismo manifestada
a partir da década de 1970. Essa recolonização desencadeou iniciativas de
resistência das massas – principalmente de setores até então invisibilizados – e
foi responsável por uma reconfiguração das relações de poder na América Latina.
As
transformações do capitalismo e o ajuste espacial
Ao menos desde a década de 1970 ocorreram profundas transformações na
dinâmica da reprodução do capitalismo no que se refere aos ritmos e à lógica da
acumulação. Essas mudanças possuem suas origens nas implicações da primeira
grande recessão econômica após a Segunda Guerra Mundial e estabeleceram novas
formas hegemônicas de experiência em relação ao tempo e ao espaço (HARVEY,
2007).
Com o intuito de reverter a tendência generalizada de queda das taxas
de lucro, o regime de acumulação fordista foi, progressivamente, substituído
pelos denominados regimes de acumulação flexível. Às modificações no regime de
acumulação, somam-se a aplicação de novas políticas econômicas conduzidas pelos
Estados nacionais – que, anteriormente, eram influenciadas em grande medida
pelos preceitos macroeconômicos da teoria keynesiana e da intervenção estatal.
As políticas econômicas tornam-se balizadas pelos pressupostos do neoliberalismo
e da desregulamentação dos mercados.
Por sua vez, o fim da Guerra Fria e a inauguração de uma nova
(des)ordem mundial engendraram mudanças qualitativas nas relações de poder
interestatais em escala global. Essas transformações se inserem, igualmente, no
contexto de reversão da queda das taxas de lucro, o que foi parcialmente
alcançado com a restauração do capitalismo no Leste europeu e na China, a
emergência da globalização neoliberal e a restauração do poder de classe
(HARVEY, 2008).
Concomitantemente, como produto e condição dessas transformações
associadas aos mecanismos criados para garantir uma nova expansão das taxas de
lucro do capitalismo e suas consequências políticas, surgem novas formas de
conceber e realizar a produção do espaço. Ao lado de todas as medidas de ajuste
estrutural, um ajuste espacial é (im)posto em funcionamento a serviço dos mesmos
desígnios. Por ajuste espacial deve-se compreender o conjunto de práticas de
expansão e/ou reestruturação espacial cujo objetivo é o equilíbrio das
tendências de crise do modo de produção capitalista. De acordo com Harvey
(1982):
(...) the contradictions of capitalism are, in principle at least,
susceptible to a “spatial fix” – geographical expansion and uneven geographical
development hold out the possibility for a contradiction-prone capitalism to
right itself (p. 17).
Essa expansão geográfica do capitalismo e o estabelecimento de um
novo padrão de desenvolvimento geográfico desigual foram permeados por uma
intensa assimetria de poderes materializada no recrudescimento do imperialismo
sobre os Estados periféricos, buscando expandir e/ou intensificar suas ações nos
espaços ainda não totalmente submetidos aos circuitos hegemônicos do capital.
Harvey (2005), ao refletir sobre as relações entre ajuste espacial e
imperialismo, afirma que:
(...) a conquista colonial, a subjugação e o controle das economias
dependentes, a reorganização forçada da divisão territorial do trabalho nos
impérios econômicos (inclusive impérios empresariais) (...) podem ser
consideradas como parte e parcela dos processos de formação e solução da crise.
A busca pelo "ajuste espacial" assume uma direção viciosamente competitiva e
talvez violenta (p. 157).
Indubitavelmente, ao lado da financeirização, o recurso a mecanismos
de ajuste espacial é fundamental para definir as características do capitalismo
após a década de 1970. Não somente em virtude da reestruturação produtiva, mas,
igualmente, em função do reordenamento da geopolítica do imperialismo. As
relações de subordinação interestatais, as estruturas centro-periferia, por mais
que assumam novas formas de manifestação, continuam sendo decisivas para a
reprodução das relações sociais capitalistas. A recolonização, que será
analisada mais adiante, inscreve-se nessa dinâmica.
A expansão geográfica do capitalismo, ainda se mostra eficaz e
constitui um processo ininterrupto, em que as modernizações alcançadas no centro
do sistema são progressivamente “exportadas” para suas periferias. Tal situação
permite a reprodução de um movimento incessante de acumulação de capital apoiado
em novas formas de incorporação dos espaços periféricos e na perpetuação de uma
firme diferença tecnológica entre estes e os espaços
centrais.
As condições geográficas desiguais também possibilitam a obtenção de
vantagens a partir das assimetrias provenientes das formas de organização do
trabalho, do caráter monopólico dessa expansão e, coroando todo o processo, da
concentração da renda e do poder nos espaços centrais do capitalismo. Conforme
defende Harvey (2004a):
(...) As práticas imperialistas, do ponto de vista da lógica
capitalista, referem-se tipicamente à exploração das condições geográficas
desiguais sob as quais ocorre a acumulação do capital, aproveitando-se
igualmente do que chamo de as "assimetrias" inevitavelmente advindas das
relações espaciais de troca. (...) A condição de igualdade costumeiramente
presumida em mercados de funcionamento perfeito é violada, e as desigualdades
resultantes adquirem expressão espacial e geográfica específica. A riqueza e o
bem-estar de territórios particulares aumentam à custa de outros territórios. As
condições geográficas desiguais não advêm apenas dos padrões desiguais da
dotação de recursos naturais e vantagens de localização; elas são também, o que
é mais relevante, produzidas pelas maneiras desiguais em que a própria riqueza e
o próprio poder se tornam altamente concentrados em certos lugares como
decorrência de relações assimétricas de troca. Esse é o ponto no qual a dimensão
política retorna ao panorama. Uma das tarefas essenciais do Estado é tentar
preservar o padrão de assimetrias espaciais de troca que seja vantajoso para ele
(p. 35).
Nessa perspectiva, a combinação de condições diferenciadas de
alocação de tecnologias, de exploração do trabalho, de produção de mercadorias e
de realização das trocas, auspiciadas pela integração econômica mundial, permite
o carreamento de recursos e de riquezas, de uma forma geral, da periferia para o
centro do sistema. A manutenção desse mecanismo é uma das preocupações
principais dos Estados centrais e se refere às assimetrias nas relações de poder
interestatais na atualidade, assim como o papel subserviente que desempenham as
elites dos Estados periféricos.
O ajuste espacial não é uma característica original do capitalismo
contemporâneo. Muito ao contrário, esse modo de produção sempre resolveu parcial
e temporariamente suas contradições por intermédio de estratégias de expansão
geográfica e do estabelecimento de padrões de desenvolvimento geográfico
desigual. Justamente nesse contexto de importância reafirmada do espaço como
condição e produto das soluções das tendências de crise do capitalismo é
fundamental destacar a pertinência da teoria
do imperialismo nas reflexões que tratam das transformações espaciais nos dias
atuais.
A atualidade da teoria do imperialismo
As transformações do capitalismo nos permitem refletir sobre a
atualidade das teorias clássicas do imperialismo, ou seja, até que ponto o
conceito de imperialismo é válido para uma leitura das relações de poder na
atualidade. Para estabelecermos uma discussão sobre o imperialismo torna-se
mister avançarmos epistemologicamente sobre as concepções de imperialismo, tanto
nas teorias marxistas clássicas quanto nas mais recentes.
Atualmente, autores de campos de conhecimento diversos proporcionam
análises, diretas ou indiretas, sobre a problemática do imperialismo. No
entanto, seria conveniente recordar a observação de Taylor e Flint (2002),
quando nos indicam que o imperialismo, mesmo embebido em características
políticas e geográficas patentes, tem sido um assunto olvidado pela geografia
política atual. O imperialismo, como ação, está sadio, e suas geopolíticas
continuam se reconfigurando, o que nos obriga a um novo resgate dessa categoria.
Retamar (2004) chama a atenção para o fato de a categoria
imperialismo ter relativamente desaparecido dos textos de muitos teóricos e, por
vezes, ser considerada uma palavra de mau gosto. No entanto, o recrudescimento
das ações do imperialismo torna-se nítido quando analisamos as transformações do
capitalismo, seus ajustes espaciais e a natureza das relações assimétricas de
poder entre os Estados nacionais na atualidade. A ofensiva recolonizadora do
imperialismo produz, com suas intrínsecas contradições, uma reconfiguração das
relações de poder, o que acaba por estimular o resgate do próprio conceito de
imperialismo como ferramenta para leitura da realidade.
Outro aspecto importante nesse debate é que as formas anteriores de
leituras de mundo não podem ser vestidas como perfeitas luvas no presente,
apesar de muitas características essenciais do imperialismo – ou de como ele foi
lido, por exemplo, pelos autores clássicos – não terem necessariamente sido
desfeitas, mas sim acentuadas.
Conforme Boron (2002):
É evidente que um fenômeno como o do imperialismo atual – sua
estrutura, sua lógica de funcionamento, suas conseqüências e suas contradições –
não pode ser adequadamente compreendido através de uma releitura talmúdica dos
textos clássicos de Hilferding, Lênin, Bukharin e Rosa Luxemburgo (...). Por
conseguinte, não se pode entender o imperialismo do começo do século XXI lendo
somente estes autores. Mas tampouco pode-se compreendê-lo sem eles
(p. 12, grifos do autor).
Em relação ao plano teórico mais geral, de acordo com Taylor e Flint
(2002), o estudo do imperialismo quase sempre foi marginalizado, sobretudo por
formar parte de
uma teoria de caráter revolucionário, que teve Lênin como o teórico
mais representativo. E, apesar da dificuldade que o conceito de imperialismo teve para ganhar lugar na
ciência política e na economia, ele não foi posto de lado, sendo um objeto imprescindível para o entendimento do
mundo contemporâneo.
Segundo Arendt (1976), o imperialismo vai surgir quando as fronteiras
nacionais são rejeitadas pela burguesia como obstáculo à expansão econômica, e o
ingresso da burguesia na política ocorre pela necessidade de manutenção do
crescimento econômico, algo imposto aos governos pela própria classe “para que a
expansão se tornasse o objetivo final de política externa” (ARENDT, 1976: 19). A
expansão, em termos gerais, é o motor do imperialismo, no sentido mesmo de
difusão, de ampliação.
Contudo, podemos perceber que muitas características consideradas
tradicionais ou antigas do imperialismo continuam a vigorar, e aquilo que alguns
autores afirmam ser o “novo imperialismo” pode não parecer tão novo, assim como
as raízes do velho imperialismo não pareçam ter caducado por completo. Fala-se
hoje de uma certa atualidade das teorias marxistas clássicas sobre o
imperialismo e de particularidades inerentes ao mesmo que são preservadas e/ou
adensadas (MOREIRA, 2006).
Para Moreira (2006), a teoria clássica é a resposta que Vladimir
Lênin, Rosa Luxemburgo e Nicolai Bukharin “dão à indagação que se fazem os
intelectuais e militantes socialistas da época sobre a natureza das
transformações em curso no período de 1880 a 1914” (p. 6). Além disso, o
problema do imperialismo que preocupava os teóricos marxistas clássicos era
comum: o da “marcha da acumulação [do capital] em toda a terra” (PEDROSA, 1979:
67).
Na teoria de Lênin, ponto de partida para grande parte das discussões
sobre o tema, e admitida pelo próprio como insuficiente, a conceituação de
imperialismo como fase monopolista do capitalismo se destaca. Sua contribuição
foi uma das mais influentes, além de fundamental (inclusive metodologicamente)
para a teoria marxista do imperialismo (HARVEY, 2005). Segundo Harvey (2005),
“Lênin não tentou derivar da teoria de Marx. Ele considerou o fenômeno do
imperialismo como algo a ser revelado a partir da análise materialista
histórica”, haja vista a necessidade que tinha em explicar a Primeira Guerra
Mundial como imperialista. Logo, o método empregado por Lênin é histórico, e ele
“utiliza o termo ‘imperialismo’ para descrever as características gerais da
forma fenomenal assumida pelo capitalismo durante um estágio específico do seu
desenvolvimento” (p. 68). Para Moreira (2006), a “exportação de capitais” é a principal
contribuição deixada por Lênin, e uma das mais atuais características do
imperialismo.
Na teoria leniniana do imperialismo indica-se cinco características
básicas: concentração da produção do capital; fusão dos capitais bancário e
industrial; exportação de capitais; associações internacionais monopolistas de
capitalistas; e por fim, a partilha territorial do mundo entre as potências
capitalistas mais importantes.
Para Rosa Luxemburgo, é através do colonialismo e da política mundial
que o capital assimila os meios de produção e as forças de trabalho dos países
ou das camadas não-capitalistas (LUXEMBURGO, 1970). O capital intencionalmente é
responsável por “destruir as organizações sociais primitivas”; “apropriar-se de
seus meios de produção”; “impor o comércio de mercadorias em países cuja
estrutura social é um obstáculo para a economia de mercado”; “proletarizar
violentamente os indígenas e impor o trabalho assalariado nas colônias” (p.
411). O imperialismo é concebido por Rosa Luxemburgo como um momento de
exacerbação, “em que a disputa pelas fronteiras extra-capitalistas se torna mais
forte”, exigindo constantemente a incorporação de periferias (MOREIRA, 2006: 6).
Enfim, da teoria de Bukharin (1969), situando-o em seu tempo-espaço
assim como Lênin e Rosa Luxemburgo, podemos extrair uma outra contribuição,
agora mais especificamente pelo âmbito da “política do capital financeiro” (para
ele a definição exata do imperialismo) e suas expansões e projeções a partir dos
“territórios nacionais”. A escala nacional é bem marcante quando Bukharin faz
referência aos “grupos nacionais do capital”, uma espécie de “oligarquias
financeiras estatais”, com interesses que se tornam antagônicos, levados ao grau
mais extremado com as guerras. Conforme Taylor e Flint (2002), pelo capital
financeiro necessitar de um grande apoio estatal para conseguir proteção
econômica, territórios e mercados, Bukharin vai propor “a idéia de que o imperialismo é a geopolítica de uma
das fases do capitalismo” (p. 118).
Ainda quanto às teorias clássicas do imperialismo, Panitch e Gindin
(2004) afirmam que as mesmas não apreenderam de maneira adequada as “dimensões
espaciais” da internacionalização do capitalismo no final do século XIX e começo
do XX, haja vista sua forte ênfase na economia (p. 25). A crítica dos autores é
contundente ao relevar o papel dos Estados nas práticas
imperialistas.
O imperialismo não é redutível a uma explicação econômica, mesmo
quando as forças econômicas constituem um aspecto fundamental do mesmo. Neste
sentido, é necessário manter o imperialismo e o capitalismo como conceitos
distintos. A competição entre capitalistas na arena internacional, o intercâmbio
e o desenvolvimento desiguais todos são aspectos próprios do capitalismo e sua
relação com o imperialismo somente pode ser entendida mediante uma teorização do
estado. Quando os estados preparam o terreno para a expansão de seus capitais
nacionais para o exterior, inclusive se a dirigem, isto só pode ser entendido
nos termos de seu papel relativamente autônomo de manter a ordem social e
assegurar as condições de acumulação do capital. Portanto, qualquer explicação sobre o imperialismo deve
incluir uma análise das capacidades administrativas do estado, como
também de suas determinações de classe, culturais e militares (PANITCH e GINDIN, 2004:
26).
Conforme Harvey (2004a), o imperialismo deve ser interpretado como a
“propriedade das relações e dos fluxos de poder entre Estados no âmbito de um
sistema global de acumulação do capital”. Nesses termos a “prática imperialista
envolve, no mínimo, a manutenção e a exploração de quaisquer vantagens em termos
de dotação de recursos e de assimetrias que se possa adquirir mediante o poder
do Estado” (p. 36). Segundo o autor:
As condições geográficas desiguais não advêm apenas dos padrões
desiguais da dotação de recursos naturais e vantagens de localização; elas são
também, o que é mais relevante, produzidas pelas maneiras desiguais em que a
própria riqueza e o próprio poder se tornam altamente concentrados em certos
lugares como decorrência das relações assimétricas de troca. Esse é o ponto no
qual a dimensão política retorna ao panorama. (p. 35). (...) o Estado constitui
a entidade política, o corpo político, mais capaz de orquestrar arranjos
institucionais e manipular as forças moleculares de acumulação do capital para
preservar o padrão de assimetrias nas trocas mais vantajoso para os interesses
capitalistas dominantes que trabalham nesse âmbito (HARVEY, 2004:
111).
Reconhecemos a forte relação entre imperialismo e capitalismo nos
termos propostos por Harvey (2004), entretanto, entendemos que o novo
imperialismo não é somente uma forma de expansão do capital, mas também um novo
molde geopolítico, em movimento dialético. As duas formas se contaminam, se
contradizem e se complementam. Em ambas o papel que o Estado cumpre é
fundamental, tanto no que se refere aos ajustes espaciais para a reprodução do
capital, quanto nas questões geopolíticas.
No tocante à geopolítica da América Latina, por exemplo, a ação dos
Estados periféricos e semi-periféricos pauta-se, sobretudo, pelas relações
destes com o imperialismo estadunidense. Mas devemos considerar também as
relações entre os Estados latino-americanos e os conflitos / contradições
resultantes das relações sociais no interior de cada Estado.
O acirramento das contradições sociais em alguns países da América
Latina com a aplicação das políticas neoliberais trouxe à cena “novos” atores
sociais que, ao resistirem à ofensiva recolonizadora, colocaram em xeque a
costumeira relação de subordinação de seus Estados frente ao imperialismo
estadunidense, reconfigurando as relações de poder.
Recolonização e resistências na América
Latina
A América Latina esteve, nos últimos vinte anos, atravessada por uma
ofensiva recolonizadora imperialista que desencadeou uma visível resistência das
massas, posicionando-as no papel de protagonistas sociais dos embates em curso e
ensejando uma reconfiguração das relações de poder na região. Essa ofensiva
regional se insere, por sua vez, num contexto de ação global do imperialismo
visando responder aos desafios impostos pelas crises econômicas nos espaços
centrais do capitalismo mundial.
De todo modo, essa situação nos permite afirmar que está em curso na
América Latina um processo de recolonização. Utilizamos esse termo para nos
referirmos ao que vem ocorrendo na região, chamando atenção para o fato de que o
imperialismo, nos últimos anos, tem buscado intensificar suas ações sobre os
Estados latino-americanos.
As ações imperialistas, com destaque para o imperialismo
estadunidense, pautam-se por um maior controle político, econômico e militar
sobre a América Latina. Sua atuação objetiva, na prática, reorientar o
funcionamento das instituições dos Estados da região, submetendo seus exércitos
e polícias, propondo o fim de suas moedas e de seus bancos centrais e
incluindo-os em tratados de livre comércio (TLC’s), dentre outras medidas.
A ofensiva recolonizadora imperialista direciona-se, ainda, para uma
tentativa de reversão da relativa perda de influência dos Estados Unidos na
região e adapta, finalmente, sua condicionante geopolítica para a América Latina
a partir das mudanças verificadas na política externa dos Estados Unidos que,
especialmente ao fim da bipolaridade da Guerra Fria, adotam progressivamente uma
nova conduta pautada na prevenção em substituição ao antigo código geopolítico[2] da contenção (TAYLOR e FLINT, 2002;
PINA, 2007).
Tais pressupostos nos levam a reconhecer que a assimetria das
relações de poder interestatais aponta no sentido de uma reconversão da
dependência e de um acelerado retorno a um estatuto colonial para os Estados
periféricos e semi-periféricos latino-americanos.
El discurso de la globalidad no sólo obedece a una realidad
epistémica legítima. Se está usando también para una reconversión de la
dependencia. A menudo contribuye a ocultar u ocultarse los efectos de la
política liberal neoconservadora en los países del Tercer Mundo y los problemas
sociales más graves de las cuatro quintas partes de la humanidad. En las líneas
esenciales del mundo actual es indispensable ver lo nuevo de la globalidad, pero
también lo viejo; y en lo viejo se encuentra el colonialismo de la Edad Moderna, un
colonialismo global que hoy es también neoliberal y posmoderno. La reconversión
es en gran medida una recolonización (CASANOVA, 1995: 10).
A recolonização na América Latina constitui um processo amplo e que atende aos diferentes interesses do
capital e do imperialismo. Dessa forma, podemos detectar a recolonização através
da aplicação de políticas neoliberais metamorfoseando o papel dos
Estados a partir de mudanças de alcance estrutural (WELMOVICK, 2001); por uma
ação mais incisiva do imperialismo, buscando se apropriar dos recursos naturais
existentes nas periferias (ITURBE, 2005); como parte de uma estratégia de
restauração do poder de classe e manutenção da hegemonia do imperialismo
estadunidense (HARVEY, 2008); e, também, através das tentativas de reversão das
tendências de queda nas taxas de lucro pela burguesia mundial (ALMEIDA,
2009).
O processo de recolonização exige uma readequação dos Estados
latino-americanos às demandas do capitalismo global e do imperialismo
estadunidense em particular, expondo divisões e alianças entre as classes
dominantes nacionais. Ao longo das décadas de 1980 e 1990, as massas fizeram uma
experiência com os governos burgueses que foram responsáveis pela aplicação do
rol de políticas neoliberais que atendiam aos interesses do imperialismo e de um
setor das classes dominantes nacionais. Essas políticas visavam o debilitamento
e a retirada dos direitos da classe trabalhadora, ao mesmo passo em que
permaneciam insensíveis às demandas dos setores mais pauperizados da população
(camponeses, indígenas, afrodescendentes e brancos pobres das periferias
urbanas).
A precipitação das crises mundiais do capitalismo e o recrudescimento
do imperialismo sobre a América Latina levaram a uma situação de
insustentabilidade econômica em alguns países da região, resultando na
deterioração das condições de vida de uma parte considerável da população, no
agravamento das desigualdades sociais e na diminuição da capacidade de controle
das classes dominantes nacionais na sua tarefa de manutenção da ordem interna.
Ao mesmo tempo, os governantes dos Estados periféricos e semi-periféricos
latino-americanos tornaram-se alvo das pressões sociais pelo atendimento das
necessidades das massas.
A nova correlação de forças resultante da emergência desses atores
sociais e sua pressão junto aos aparelhos de Estado dificultam a implementação
dos projetos de poder e reprodução social das classes dominantes nacionais. Por
sua vez, as táticas utilizadas por essas elites são influenciadas por fatores
como a dinâmica interna da luta de classes e a conjuntura política nos Estados
vizinhos e no conjunto da região, que, em maior ou menor grau, influenciam-se
mutuamente. Em uma escala mais ampla, o comportamento dessas elites nacionais
passa pelas suas relações com as burguesias dos Estados centrais e pelas
condições geopolíticas e macroeconômicas globais.
Tais referentes implicam, por sua vez, novos e diferenciados marcos
de regulação interestatal a depender do grau de exigência do imperialismo no
período e da capacidade que os governantes / classes dominantes nacionais têm
em, ao mesmo tempo, obter o consentimento interno e esquivar-se ou conectar-se
às pressões dos agentes externos.
Os Estados centrais, por outro lado, têm se esmerado em impor um novo
marco regulatório jurídico-político com vistas a tornar possível o ajuste
espacial e a ampliação do controle político e econômico sobre as periferias,
legitimando-os. Nessa perspectiva, o imperialismo estadunidense tem se empenhado
em criar as condições necessárias para a aplicação de políticas neoliberais no
conjunto da América Latina como forma de salvaguardar os interesses dos
investimentos realizados por suas gigantescas corporações na região, abrindo
mercados, modificando legislações nacionais, exercendo pressão política para a
instalação de bases militares e participando, junto com o imperialismo europeu,
dos processos de privatizações das empresas estatais e saque dos recursos
naturais desses países. Assim, atuam de acordo com os interesses de suas grandes
corporações transnacionais na perspectiva de potencializar seus negócios e abrir
novos mercados na periferia capitalista. Essa ação diferenciada do imperialismo
é o que nos permite falar em processo de recolonização como uma das principais
características da reconfiguração das relações de poder na América Latina
(CARVALHO, 2010).
Todavia, a ação recolonizadora do imperialismo invoca a sua reação: a
resistência das massas. Nos últimos anos, diversos processos de lutas irromperam
na América Latina, com destaque para a emergência de atores sociais que foram
historicamente invisibilizados (RETAMAR, 2004; MIGNOLO, 2005a e 2005b; CASANOVA,
2006; PORTO-GONÇALVES, 2007) e que durante muito tempo permaneceram numa espécie
de “estado de latência”.
Essa tomada de consciência e mobilização de setores que durante longo
período estiveram alijados da cena política pode ser compreendida a partir da
combinação de uma série de fatores suscitados, por exemplo, pela resistência à
aplicação das políticas neoliberais, pela luta quanto à posse da terra e pelo
direito de auto-organização das nacionalidades indígenas oprimidas, pelo
aparecimento de importantes lideranças com influência de massas e, também, pelo
forte sentimento anti-imperialista em função da presença militar e do saque das
riquezas naturais desses povos.
Vale ressaltar, quando destacamos os processos de lutas mais
recentes, a intensidade e a participação de sujeitos sociais, em especial a
população indígena e afrodescendente, que historicamente foram mantidos numa
condição de subalternidade pelas elites brancas, de origem europeia. Suas lutas
– nos momentos em que as tensões e as contradições tornavam-se insustentáveis –
foram devidamente invisibilizadas pelas elites que não reconheciam os direitos
daqueles que, por elas, eram considerados inferiores.
Na América Latina, com peso maior em alguns países, o componente
étnico é especialmente determinante da própria conformação social. E, ademais,
as elites criollas souberam como utilizar o critério da discriminação
étnico-racial para melhor exercer seu domínio sobre as populações pobres,
dividindo os explorados (índios, afrodescendentes e brancos pobres),
incentivando o estabelecimento de uma hierarquia interna impregnada de
preconceitos e que relegava as piores funções (e, consequentemente, de menor
remuneração) à população indígena ou negra. Isso sem falar nos muitos anos de
escravidão e servidão dessas populações.
Assim, os contingentes negros e indígenas que tiveram que enfrentar
enormes obstáculos para ascender da condição de escravos à de proletários
concentraram-se principalmente nas camadas mais pobres da população. Além da
pobreza oriunda da superexploração de que foram e são vítimas, pesa sobre eles
muita discriminação, inclusive a proveniente da expectativa generalizada de que
continuem ocupando posições subalternas, as quais dificultam sua ascensão a
postos mais altos da escala social. (...) Assim é que a cor da pele, ou certos
traços raciais típicos do negro e do indígena, operando como indicadores de uma
condição inferior, continuam sendo um ponto de referência para os preconceitos
que pesam sobre eles (RIBEIRO, 1986: 16).
Portanto, salta aos olhos quando tais sujeitos historicamente
invisibilizados colocam-se a exigir mudanças profundas na estrutura social e de
poder, o que acaba por acarretar exigências de transformações no âmbito do
Estado – o que não significa dizer que este tenha perdido seu histórico conteúdo
de classe. De todo modo, a nova correlação de forças resultante da emergência
desses atores sociais e sua pressão junto aos aparelhos estatais determinam, por
sua vez, uma situação distinta no atual período, visto que as lutas e
especificamente as insurreições de massas em alguns desses países, colocaram em
xeque as velhas relações de subordinação entre as elites criollas detentoras do
poder e o imperialismo.
Por fim, a resistência das massas latino-americanas acabou por forçar
uma mudança no comportamento das classes dominantes de uma forma geral,
impondo-lhes a necessidade de constituir novas táticas de dominação interna ou
de colonialismo interno, conforme sustenta Casanova (2006), para assegurar sua
estratégia de manutenção do poder e de controle dos mecanismos de reprodução do
capital. Frações importantes das classes dominantes chegam mesmo a encontrar-se
momentaneamente desalojadas da centralidade do poder político – uma vez que não
estão à frente dos governos de seus países –, mas buscam, por sua vez, assegurar
que a estrutura política e econômica desses Estados não seja alterada
em essência.
E é exatamente esse “passo para trás” de frações das elites que
historicamente detiveram o controle do aparelho de Estado que – ao combinar-se
com a emergência de novos atores sociais e com uma situação conjuntural que lhe
é política e economicamente adversa – dá o tom da reconfiguração das relações de
poder no continente.
Conclusão
Não é fortuito que a expressão imperialismo tenha sido negligenciada pelo
léxico das ciências sociais por certo tempo. Trata-se de uma operação mais ou
menos consciente cujo objetivo é escamotear o significado político e social dos
fenômenos que a teoria do imperialismo poderia, pelo menos em parte, ajudar a
responder. Contemporaneamente, questiona-se ainda mais sua validade para a
compreensão das relações de poder características do capitalismo. Não por ser
uma teoria científica e epistemologicamente débil, mas porque a realidade mesma
que ela procura investigar teria deixado de existir.
O argumento é sofisticado. É dever dos intelectuais, indubitavelmente,
estar permanentemente vigilante em relação à validade e à pertinência histórica
dos conceitos e das teorias. Transformações da realidade não somente justificam,
mas exigem uma reflexão sobre os conceitos. O desenvolvimento das ciências em
geral, e das ciências sociais em particular, esteve profundamente marcado por
processos de ruptura, isto é, pela contestação dos seus resultados, mas,
igualmente, de seus fundamentos, princípios, métodos e procedimentos. Trata-se
da lógica do erro constantemente retificado, do princípio da validade
transitória até novas informações. A consideração dessa natureza dinâmica da
transformação do conhecimento científico é o que revela a necessidade da
reflexão epistemológica que acompanha o desenvolvimento da própria pesquisa
científica.
Desse modo, uma vez que as relações de dominação e subordinação entre
Estados nacionais teriam perdido seu conteúdo imperialista, nada mais correto do
que rever ou mesmo descartar a teoria do imperialismo. Em uma sentença, se não há mais imperialismo não há
necessidade de uma teoria para explicá-lo.
É compreensível que, no auge da ofensiva do pensamento neoliberal, a
partir da década de 1980, mas principalmente ao longo dos anos 1990, houvesse
dúvidas em relação à pertinência da teoria do imperialismo. Afinal, a
reviravolta pela qual passava o mundo parecia mesmo indicar o fim de tudo: das
classes sociais, da exploração, do imperialismo, das utopias, das revoluções, da
modernidade, da soberania, dos territórios, do Estado-nação; enfim, da história
– e da geografia.
Não obstante, a análise das transformações do capitalismo
contemporâneo e da reconfiguração das relações interestatais de poder na América
Latina, se não está comprometida com os interesses dominantes, não pode
corroborar com a ideia do anacronismo da teoria do imperialismo. Muito ao
contrário, ao mesmo tempo em que se proclamava seu fim, houve um recrudescimento
do imperialismo sobre os países periféricos e semi-periféricos. O capitalismo
recuperou-se parcialmente da crise da década de 1970 justamente porque recorreu,
de forma mais ou menos violenta, a todo tipo de novas / velhas formas de
práticas imperialistas. A recolonização da América Latina é uma expressão desse
processo. O que dizer das privatizações? Da dolarização? Da proposta do fim dos
Bancos Centrais nacionais? etc.
Por tudo que foi dito, é necessário afirmar, uma vez mais, que não é
possível compreender a situação de dependência dos países latino-americanos e do
continente como um todo sem considerar as assimetrias produzidas pela ação do
imperialismo, principalmente do imperialismo estadunidense. A recente
reviravolta nas relações de poder no continente é, justamente, um efeito das
contradições estabelecidas pela dominação imperialista. O questionamento aos
governos burgueses tradicionais responsáveis pela aplicação das medidas
neoliberais fez alterou a correlação de forças entre as classes e segmentos
sociais na maioria dos países latino-americanos. Esse fenômeno explica, por
exemplo, a natureza contraditória dos governos “populares” eleitos a partir do
início do século XXI como uma resposta mediada à resistência das
massas.
Se os discursos sobre o mundo pós-Guerra Fria, alicerçados na ideia
da globalização neoliberal, efetivamente impuseram “o fim da história”, a
experiência das massas cumpriu o papel de recolocá-la em movimento. Portanto, a
referência à teoria do imperialismo não é um capricho de analistas comprometidos
com os interesses dos setores oprimidos e explorados, mas uma exigência da
realidade.
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[2]“Os códigos geopolíticos podem ser caracterizados como um conjunto de
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Ponencia presentada en el
XIII Encuentro Internacional Humboldt. Dourados, MS, Brasil - 26 al 30 de
setiembre de 2011.