O trabalho: inovações técnicas e
(re)organização espacial na cadeia carne/grãos da BR-163,
MT
THE LABOR: TECHNICS INNOVATIONS AND SPACIAL
(RE)ORGANIZATION OF THE MEAT/GRAINS CHAIN OF THE BR-163 ROAD, MT
Nivea Muniz Vieira[1]
RESUMO
Recentemente, municípios do eixo da BR-163 matogrossense têm sido
alvo de profundas transformações em virtude da chegada de vultosos investimentos
na área concentrada da agricultura moderna, destacando-se aqueles que têm
sediado a cadeia carne/grãos, a saber, Lucas do Rio Verde, Nova Mutum e Sorriso,
principalmente com a chegada da Sadia e da Perdigão. Com um modelo
técnico-produtivo embasado no tripé técnica, ciência e informação, anuncia-se a
implantação da maior cadeia carne/grãos da América Latina. Neste trabalho
procurou-se analisar as especificidades dos segmentos da cadeia carne/grãos em
termos de novas exigências no âmbito do trabalho formal. Tais mudanças foram
articuladas ao nível técnico implementado em um contexto em que se instituíram
novas relações de trabalho, resultando em (re) organizações
espaciais.
Palavras-chave
Trabalho; técnica; (re)organização espacial; cadeia carne/grãos;
BR-163 matogrossense.
ABSTRACT
Recently, cities in the BR-163 road axis in Mato Grosso have suffered
the effects of deep transformations, caused by the arrival of vast investments
in the area centered in modern agriculture. Among those, the counties that seat
the meat/grain chain stand out, specially after the arrival of Sadia and
Perdigão companies. These
counties are: Lucas do Rio Verde, Nova Mutum and Sorriso. The technical-productive model based in the tripod: technique,
science and information foretell the implementation of the biggest meat/grain
chain in South America. In this research we intent analyze the specifics of the
meat/grain segments chain, in terms of new demands to formal work. Those
changes were articulated in a technical level applied in a context which
new works relations were established, resulting in spatial
(re)organization.
Key-words
Work; technical; spatial (re)organization;
meat/grain chain; Mato Grosso’s BR-163.
1 Este trabalho foi elaborado a partir da dissertação de Mestrado
desenvolvida pela autora e defendida pelo Programa de Pós-Graduação em Geografia
da PUC-Rio, sob a orientação da professora Regina Célia de Mattos e com a
co-orientação da professora Júlia Adão Bernardes
(UFRJ).
² Percebemos uma tendência nas agroindústrias e nas fazendas de não mais
utilizar a denominação trabalhadores para fazer referência ao seu quadro de
funcionários, passando a denominá-los de “colaboradores”, indo ao encontro de
uma tendência há algum tempo seguida por grandes empresas de distintos ramos.
Uma tentativa de mudar o conceito de trabalhador em quaisquer cargos e graus de
qualificação, colocando-os em um patamar de igualdade e de solidariedade em
relação à empresa como se fossem sócios e/ ou pertencentes a uma única família,
“uma extensão da família do patrão”, o que passa pela pregação de uma comunhão,
a busca por um objetivo em comum, que pode se distanciar bastante deste ideal na
prática. Interpretamos que o uso da categoria “colaborador” pode apontar para
transformações no mundo do trabalho, nas novas exigências por trabalho, cabendo
questionar, por ora, sem pretensão de resposta, até que ponto a expressão
“colaborador” não vem revestir com uma reles capa a condição real do
trabalhador, das relações de trabalho, mesclando novas e antigas relações que o
estabelecem na atualidade.