EUCALIPTO: FONTE DE RENDA
E DE DESIGUALDADE SOCIAL
“EFEITOS DO CULTIVO PARA
O MEIO AMBIENTE E PARA A SOCIEDADE DE NATIVIDADE DA
SERRA”
AUTORA – Maria Ângela da Silva
Santos
ORIENTADOR
– Cyro Rezende
RESUMO
Em
anos recentes, tem havido um maior interesse, por parte dos empresários no setor
do agronegócio, no que se refere à silvicultura. As empresas de celulose e
papel, vem investindo no plantio em larga escala, visando o mercado exterior.
Estas estão adquirindo propriedades e assim aumentar o cultivo para suprir a
demanda. Partindo deste contexto a presente pesquisa pretende analisar o cultivo
do eucalipto na cidade de Natividade da Serra, no âmbito socioeconômico e
mostrar como este cultivo na forma de monocultura pode comprometer a
biodiversidade. A paisagem da cidade vem mudando desde a década de 80 com o
início das primeiras plantações. O estudo se mostra pertinente porque,
atualmente vários problemas de níveis alarmantes, seja ambientais e
socioeconômicos vem afligindo a sociedade e esta busca ser uma sociedade
sustentável, ou seja, desenvolver para suprir as necessidades do presente, sem
comprometer a capacidade de futuras gerações atenderem as suas próprias
necessidades. Contemplando a população a saúde, educação, desenvolvimento
científico e tecnológico, qualificação para o trabalho, segurança e
assegurando-lhe a diversidade cultural.
ABSTRACT
In recent years there has been more interest by the agro-business
entrepreneurs in the silviculture sector. The paper and cellulose industries
have largely been investing in florestation, viewing the external market. These
industries have acquired
properties, and so, increased the cultivation in order to supply the demand.
Starting from this context, this present research intends to analyze the
eucalypitus cultivation in the city of Natividade da Serra , on the economical
social field, and show how this cultivation in shape of monoculture, can affect
the biodiversity. The city scenery has changed after the first plantations in
the eighties.This research shows itself pertinent because at the moment several
alarming problems, even being environmental, social or economical, have been
distressing the society, and this search must be for a sustainable society, that
is, develop in order to supply the present needs, without affecting the capacity
of future generations from meeting their needs. Also, must contemplate the
population with health, education, scientific and technological development,
work qualification, and assure them a cultural
diversity.
INTRODUÇÃO
Ao
longo da história, a apropriação da natureza e de seus recursos pelas sociedades
humanas alterou os biomas do planeta. As florestas nativas antes abundantes hoje
estão ameaçadas de extinção. Delas só restam focos residuais, representando
atualmente uma herança da ação dos processos econômicos e culturais sobre a
paisagem.
Até
pouco tempo, a necessidade de madeira era provida por meio das florestas
nativas, comprometendo o ecossistema e é nesse contexto que o cultivo do
eucalipto se inicia. Esta planta apresenta um crescimento rápido, grande
capacidade de adaptação e produtividade, e inúmeras aplicações em diversos
segmentos.
Para os
trabalhadores das fazendas de eucalipto não é exigido qualificação profissional
e nem mesmo ensino formal, ou seja, a maioria dos funcionários, desde o plantio
até a extração do eucalipto, possui o ensino fundamental completo, incompleto, e
outros são analfabetos e semi-analfabetos. Como o objeto de estudo são os
funcionários no âmbito socioeconômico residentes na cidade de Natividade, foram
analisados os dados de analfabetismo por meio do PNUD. Em 2000, Natividade da Serra tinha uma taxa de analfabetismo de 26%; a
população tinha, em média, apenas 3,4 anos de estudo para cada pessoa. No
ranking do IDH, o município ocupava a 599ª posição entre as 645 cidades
paulistas. No ranking estadual do IDH Educação, que contabiliza analfabetismo e
freqüência à escola, Natividade da Serra ficou na quinta pior posição.
O crescimento econômico é relevante, mas é necessário assegurar a
equidade à população, erradicando a pobreza obtendo progresso
social.
A pesquisa inicia-se mostrando o
início da cultura do eucalipto no Brasil, depois analisamos o setor
socioeconômico da cidade de Natividade da Serra, pois esta apresenta no seu
território o cultivo do eucalipto, cuja produção é direcionada para as empresas
VCP (Votorantin Celulose e Papel) e a Nobrecel Celulose. Depois mostraremos a
importância de uma prática sustentável para a natureza como um todo.
INICIO DA CULTURA DO
EUCALIPTO NO BRASIL
Iniciou-se o plantio do eucalipto no
Brasil na região do Rio Grande do Sul por volta de 1868. Alguns exemplares foram
plantados na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. Pode-se dizer que o plantio
em escala comercial se deu a partir de 1903, inicialmente a monocultura do
eucalipto era para suprir a demanda da lenha, combustível das locomotivas e
dormentes para trilhos da Cia Paulista de Estradas de Ferro. Também era
utilizado nas construções das estações ferroviárias, na produção de mourões de
cercas e postes nas margens da ferrovia, era também utilizado nas construções de
casas das vilas.
No Brasil
o gênero eucaliptus foi introduzido
em 1825, como espécie ornamental. Para finalidades econômicas seu uso iniciou-se
em 1903, quando eram necessários dormentes para atender ao desenvolvimento das
estradas de ferro através da Companhia Paulista de Estradas de Ferro – CPEF.
(ANDRADE, 1961, apud SCARPINELLA, p.70, 2002).
Nos anos 60
houve incentivos fiscais para o reflorestamento, direcionada as grandes
indústrias siderúrgicas e principalmente de papel e celulose, mantendo as suas
próprias áreas para produção de matéria-prima. Mas, durante o período do regime
militar criou-se uma política florestal, incentivando e financiando as empresas
exploradoras desta matéria-prima, que perdurou até a década de
80.
De acordo com
a FAO (1981), em 1973, o Brasil já era
o maior produtor mundial em extensão de áreas plantadas com eucalipto
aproximadamente 1.052.000 hectares. Na
mesma época, as plantações mundiais de eucalipto chegavam a 4 milhões de
hectares. (SCARPINELLA, p.71, 2002)
A UTILIZAÇÃO DO EUCALIPTO
EM VÁRIOS
SEGMENTOS COMO:
CELULOSE
Papéis
diversos
Absorventes
íntimos
Papel
higiênico
Fraldas
descartáveis
Viscose,
tencel – roupas
Filamentos
(pneu)
Cápsulas para
medicamentos
Espessantes
para alimentos
Componentes
eletrônicos
ÓLEOS
ESSÊNCIAIS
Fármacos
Produtos de
higiene
Alimentos
PRODUTOS APÍCOLAS
Mel
Própolis
Geléia
real
MADEIRA
SERRADA
Móveis
Construção
civil
Brinquedos
MDF,
laminados, chapa de fibra, compensados, carvão e
lenha.
UM BREVE HISTÓRICO DE
NATIVIDADE DA SERRA
A
cidade de Natividade da Serra é um município do Estado de São Paulo, localizada
na microrregião de Paraíbuna/Paraitinga, pertencente à Mesorregião do Vale do
Paraíba. Sua população estimada em 2004 era de 7.205
habitantes.
No passado sua
economia era voltada para o cultivo do café. E por estar geograficamente numa
região estratégica para escoar o café da região Vale Paraibana, Natividade da
Serra teve privilégio nos fins do século XIX, fazer parte do projeto da
construção de uma ferrovia. Ligaria Ubatuba/Taubaté e que pudesse atingir o sul
de Minas. Praticamente toda a produção do
café do Vale do Paraíba convergia para o porto de Santos, portanto esvaziou-se
assim a função do porto de Ubatuba. A ferrovia que ligaria Ubatuba/Taubaté seria
importante principalmente para os produtores, pois encurtaria a distância,
diminuiria preços e fretes, facilitando toda a intrincada rede de distribuição
da produção agrícola. A malha ferroviária sairia do sul de Minas Gerais,
passaria pelo Vale do Paraíba, entraria na serra do mar até alcançar o porto de
Ubatuba.
Firmas inglesas forneceram o material necessário como os trilhos, iniciando em
seguida os trabalhos para traçar a linha ferroviária. Com a finalização do projeto Ubatuba
estaria apta para a exportação e importação, competindo com o porto de
Santos.
O grande entusiasmo pela construção da ferrovia foi efêmero, pois o
governo federal da época Floriano Peixoto, suspendeu o desconto dos materiais
ingleses, dificultando a construção, levando o Banco Popular de Taubaté abrir
falência. Conseqüentemente a construção da malha férrea é interrompida, pois o
Banco de Taubaté era o principal financiador.
Um
belo dia estoura a notícia: o Banco Popular falira. As más notícias, como se
sabe, são sempre confirmadas. Com a falência do Banco, esbarronda-se todo o
esforço e a construção da ferrovia é interrompida. [...] Nunca mais foi possível
retomar o fio da construção de uma ferrovia que poderia ter sido uma das mais
movimentadas do país, propiciadora de riquezas imensas para uma vastíssima
região. (BERINGS, p. 100
a 102, 1967)
O café perdurou até em meados de 1950, a dificuldade em continuar com a
produção de café pode-se dizer que foi o clima (geadas), transporte que duravam
dois dias para chegar a Taubaté e o país já estava passando por grandes
dificuldades no setor agroexportador. Nesta época o café era basicamente para o
consumo local regional. Entre as décadas de 50 e 60 a agricultura era voltada para a
subsistência, plantava-se milho, fumo, produzia-se carne seca e criavam suínos.
A pecuária leiteira teve início por
volta de 1960, com a chegada de mineiros na cidade de Natividade da Serra. A
lucratividade era boa, trabalhavam nas fazendas a família e alguns empregados,
esta atividade esteve bem até nos fins da década de 90, mas atualmente a
atividade econômica está direcionada numa outra atividade, o cultivo do
eucalipto.
O cultivo do eucalipto foi introduzido na cidade entre a década de 1980 e
1990, atualmente os donos de fazendas estão arrendando e outros estão vendendo
suas propriedades para empresas de celulose e papel. Mas ainda existem aqueles
que plantam em suas propriedades e depois vendem toda a produção, chamado
Contrato por Cota. Esse último compra a muda por cerca de R$0,36 (centavos)
cada, prepara a terra, planta as mudas e cuida com fertilizantes necessários até
a idade ideal para o corte do eucalipto, tem por obrigação de fornecer os EPIs
adequados para os seus funcionários. A utilização desta técnica de mudas
clonadas, os eucaliptos são considerados mais padronizados e apresentam um
crescimento mais rápido e maior resistência as pragas do que eucaliptos que
nascem de sementes comuns. (ver foto 01 em anexo).
O setor
de silvicultura está voltado para a comercialização em larga escala, as duas
espécies mais cultivadas são: o eucaliptus grandis e eucalipto saligna Sm. É,
oferecido a população local cerca de no máximo 90 empregos, pois muitos
empregados estão vindos de fora, e de caráter informal e ganham por produção. Os
que moram na cidade e trabalham nas fazendas, recebem cerca de 2 salários
mínimos por mês, assistência média e transporte até o local do trabalho. Somente
na hora do corte é que necessita de mais funcionários, porém a mecanização está
fazendo com que o homem seja substituído pela máquina. A máquina corta, limpa
(descasca) o eucalipto e deixa pronto somente para ser colocados no
caminhão.
As vendas de eucalipto
se destinam as
empresas de celulose e papel, Votorantim Celulose e Papel (VCP) e a Nobrecel. O valor de
compra do eucalipto dos produtores iniciantes gira em torno de R$87,50 o m³ e de
R$120,00 m³ para os que produzem por cotas. Há também a venda por peso
(estéril), mas não é o comum. A carga é
realizada por caminhões chamados bi-trem, com contratos de caráter de
terceirização.
ÔNUS/BÔNUS PARA OS
MUNÍCIPES DE NATIVIDADE DA SERRA
Há
cerca 30 fazendas na cidade cultivando eucalipto, algumas os produtores estão
fornecendo para as empresas supracitadas, e há fazendas que pertencem às
empresas.
Pode-se
observar que as mata nativa estão sendo derrubadas para cultivar o eucalipto,
comprometendo a fauna e a flora. Abrem-se os clarões no meio da mata ou corta se
poucas árvores nativas e plantam o eucalipto, quando ele atinge um certo tamanho
as demais árvores nativas são cortadas. Outra forma de derrubar a mata nativa
para o plantio do eucalipto é o corte e a queima das árvores e só depois prepara
o solo para receber as sementes ou mudas de eucalipto. (ver foto 02 e 03 em
anexo).
Há
um comprometimento das nascentes devido ao cultivo do eucalipto, prejudicando a
população local, pois dependem diretamente das nascentes. A represa também não
está sendo respeitada, pois as plantações chegam à margem da mesma. Na hora da
plantação não é obedecida o que a lei determina. A lei será mostrada mais
adiante.
Os trabalhadores praticamente não são munícipes de Natividade, eles vão
apenas para trabalhar, ou seja, a mão-de-obra não é local, fazendo da cidade
apenas dormitório. Pode-se dizer que é um problema socioeconômico, pois a
geração de empregos que seria da cidade não acontece. O nível de escolaridade de
quase todos os trabalhadores é o ensino fundamental.
Outro detalhe que pode ser observada é o modal de transporte, pois os
caminhões saem lotados de eucaliptos, danificando as estradas e destruindo
pontes nas regiões mais distantes comprometendo as pessoas que moram na área
rural. As empresas donas das fazendas onde são cultivados os eucaliptos, não
pagam diretamente os reparos das estradas.
O cultivo
do eucalipto utiliza de forma intensa os nutrientes do solo, em
especial, uma quantidade muito superior de recursos hídricos, com relação a
outras culturas além de tirar da área rural a figura humana, como também as
culturas que garantiam a diversidade biológica. [...] à medida que se
potencializa o alcance econômico da empresa em questão, significa uma
possibilidade de extração de recursos naturais para atender exclusivamente ao
mercado internacional, com muito pouco impacto positivo para a economia local.
(Carlos Tautz,
02/02/2009)
Os estudos
revelam problemas no seguimento ambiental e socioeconômico. No ambiental,
podemos listar alguns: o empobrecimento biológico devido à substituição de
florestas nativas (cerrado e mata atlântica) pela monocultura do eucalipto,
erosão e soterramento de nascentes e alteração dos níveis dos lençóis freáticos
pelo manejo inadequado do solo, contaminação da água e do solo pelos
fertilizantes e defensivos agrícolas. No âmbito socioeconômico podemos citar
geração de
dependência das comunidades locais com relação às empresas privadas, expulsão de
populações tradicionais de suas terras, com profundas alterações da estrutura
fundiária.
Os estados
que mais possui áreas de reflorestamento com eucalipto são São Paulo, Bahia e
Minas Gerais. Este último possui mais de 167,5 mil hectares, segundo dados da
Associação Brasileira de Celulose e Papel (Abracelpa). O cultivo dessa espécie
no estado como um “desastre” do ponto de vista ambiental. A essência do problema
está na limitação do sistema à monocultura, a biodiversidade fica limitada, pois
poucas espécies conseguem se desenvolver ao redor do eucalipto. Parte desse
efeito de deve à grande capacidade do eucalipto de absorção de água do solo, o
que causa um ambiente mais seco. (Wilson Fernandes, 2007).
Portanto é
sabido que a silvicultura está causando ônus ao município de Natividade da
Serra, em contra partida o bônus fica inteiramente para as empresas deste
setor.
LEIS AMBIENTAIS
BRASILEIRAS
PARÂMETROS, DEFINIÇÕES E
LIMITES DE PRESERVAÇÃO
Artigo 2º--
Consideram-se de preservação permanente, pelo só desta Lei, as florestas e
demais formas de vegetação natural situadas:
a) ao
longo dos rios ou de qualquer curso d’água desde o seu nível mais alto em faixa
marginal cuja largadura mínima seja:
1 – de 30m
(trinta metros) para cursos de água de menos de 10 (dez metros) de
largura;
2 – de 50m
(cinqüenta metros) para os cursos d’água que tenham de 10 (dez) a 50m (cinqüenta
metros) de largura;
3 – de 100m
(cem metros) para os cursos d’água que tenham de 50 (cinqüenta) a 200 (duzentos
metros) de largura;
4 – de 200m
(duzentos metros) para os cursos d’água que tenham (duzentos) a 600 (seiscentos
metros) de largura;
5 – de 500m
(quinhentos metros) para os cursos d’água que tenham largura superior a 600m
(seiscentos metros) de largura;
Com redação
dada pela Lei n. 7.803 de 18/07/1989
b) ao
redor das lagoas ou reservatórios d’água naturais ou artificiais;
c)
nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados “olhos d’água”, qualquer
que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50m (cinqüenta metros)
de largura;
Com redação dada pela Lei n. 7.803 de
18/07/1989.
d)
no topo de morros, montes, montanhas e serras;
e)
nas encostas ou partes destas, com declividade superior a 45º, equivalente a
100% na linha de maior declive;
f)
nas restingas, como fixadoras de dunas ou estabilizadoras de
mangues;
g)
nas bordas dos tabuleiros ou chapadas, a partir da linha de ruptura do relevo,
em faixa nunca inferior a 100m (cem metros) em projeções
horizontais;
h)
em altitude superior a 1.800 (mil e oitocentos) qualquer que seja a
vegetação;
Parágrafo único – No caso de áreas urbanas, assim entendidas as
compreendidas nos perímetros urbanos definidos por lei municipal, e nas regiões
metropolitanas e aglomerações urbanas, em todo o território abrangido,
observar-se-á o disposto nos respectivos planos diretores e leis de uso do solo,
respeitados os princípios e limites a que se refere este
artigo.
PRINCÍPIO DE
SUSTENTABILIDADE
O
desenvolvimento sustentável implica num desenvolvimento social, econômico,
busca-se a realização da cidadania, isto é, aumento da produtividade, mas
aplicando critérios de justiça e igualdade econômica e social. Contemplando a
população a saúde, educação, desenvolvimento científico e tecnológico,
qualificação para o trabalho, segurança e assegurando-lhe a diversidade
cultural.
O autor (MARTINI, 2004) afirma que o conceito de desenvolvimento
sustentável também está amparado no artigo 170, VI, estabelecendo-se que a
defesa do meio ambiente deve ser respeitada como principio fundamental da ordem
econômica, que é fundada na livre iniciativa e na valorização do trabalho
humano.
No âmbito ambiental pressupõe o uso racional dos recursos naturais e a
gestão dos recursos hídricos e dos ecossistemas para beneficio das presentes e
futuras gerações.
[...]
este principio, está contido no artigo 225, no qual a Constituição impõe ao
Poder Publico e à coletividade o dever de defender e preservar o meio ambiente
para as presentes e futuras gerações. O conceito de desenvolvimento sustentável
está explicitado nos princípios 3 e 4 da Declaração do Rio de Janeiro, de 1992,
que, em suma, diz que é o direito ao desenvolvimento para suprir as necessidades
do presente, sem comprometer a capacidade de futuras gerações atenderem as suas
próprias necessidades. [...] desenvolvimento sustentável está amparado no artigo
170, VI, estabelecendo-se que a defesa do meio ambiente deve ser respeitada como
princípio fundamental da ordem econômica, que é fundada. (MARTINI, p.43,
2004)
PRINCÍPIO POLUIDOR-PAGADOR
Para MARTINI (2004), o princípio poluidor-pagador possui duas esferas de
ação: a primeira é quando busca evitar a ocorrência de danos ambientais (caráter
preventivo), e a segunda, é quando ocorrido o dano, visa à reparação (caráter
repressivo). Em primeiro momento, impõe-se ao poluidor o dever de arcar com as
despesas de prevenção dos danos ao meio ambiente que sua atividade pode
ocasionar. Numa segunda órbita de alcance, esclarece este princípio que,
ocorrendo danos ao meio ambiente em razão da atividade desenvolvida, o poluidor
será responsável pela sua reparação.
Portanto, para que seja aplicado o principio da sustentabilidade é
preciso que haja elaboração de leis municipais mais rígidas, para o setor da
silvicultura, e que na lei contenha licenciamento para o plantio, manejo
sustentável – condições e restrições, monitoramento e fiscalização e
principalmente o cumprimento das leis municipais.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa foi realizada na cidade Natividade da Serra, onde foi palco
para o cultivo do café nos fins do século XIX e início do século XX. Dando lugar
a pecuária leiteira nas décadas de 1960 até 1990. Porém em 1980 os lucros com a
produção de leite já não eram mais significativos, então vários proprietários de
terras iniciam o cultivo do eucalipto, que naquela época já se mostrava mais
rentável.
Atualmente há cerca de 30 fazendas plantando eucalipto, praticamente toda
a produção se destina as empresas de celulose e papel, estas, por sinal visa o
mercado externo. Os empregados que
ali trabalham não possuem o ensino formal, ou seja, muitos são analfabetos e
semi-analfabetos. Há aqueles que
não residem na cidade fazendo dela apenas dormitório e estes ganham por
produção. Além destes problemas sociais e econômicos gerado para a cidade ainda
tem os problemas ambientais. Secas de nascentes, cortes ilegais da mata nativa,
comprometimento do ecossistema local e regional.
Há de se
pensar num manejo do eucalipto sustentável, no qual sairiam lucrando as empresas
e os munícipes também ganhariam na qualidade de vida. Pois teria oportunidades
de ter acesso à educação, a saúde, ao lazer, ao desenvolvimento científico e
tecnológico, e principalmente a qualificação para o trabalho, portanto a cidade
não estaria apenas crescendo economicamente, mas estaria também se desenvolvendo
e assim garantindo um futuro melhor a população.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
BERINGHS,
E. A. Conversando com a Saudade. São Paulo: Bisordi,
1967.
Ver Resolução CONAMA n. 302
de 20/03/2002
ESCARPINELLA,
Gustavo D’Almeida. Reflorestamento no Brasil e o protocolo de quioto. São
Paulo, 2002. Dissertação de (Mestrado – USP)
MARTINI,
Augusto Jeronimo. O plantador de eucaliptos: A questão da reserva florestal
no Brasil e o resgate documental do legado de Edmundo Navarro de Andrade.
São Paulo, 2004. Dissertação de (Mestrado – USP)
MONTEIRO,
Viviane. “Avanço do
eucalipto ameaça meio ambiente”.
30/01/2007 Gazeta
Mercantil. Disponível em http://www.icb.ufmg.br/big/leeb/eucalipto.pdf
Acessado
em 18/05/2009
Portal
Eco Debate. “Votorantin e Aracruz:
gigantes da celulose contra a sociedade e o meio ambiente”. 30/01/2009. Disponivel
em:
http://www.ecodebate.com.br/2009/02/02/votorantin-e-aracruz-gigantes-da-celulose-contra-a-sociedade-e-o-meio-ambiente-entrevista-especial-com-carlos-tautz/
Acessado em
20/05/2009
ANEXOS
Foto 01

Fonte: Arquivo pessoal: Maria Ângela – data
03/05/2009
Cidade de Natividade da Serra
Foto 02

Fonte: Policia Militar Ambiental, Base operacional de Natividade da Serra
Redenção da Serra e São Luiz de Paraitinga. Data
11/11/2009
Foto 03

Fonte: Policia Militar Ambiental, Base operacional de Natividade da Serra
Redenção da Serra e São Luiz de Paraitinga. Data
11/11/2009
Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento, documento gerado: 13/06/2009 - 10:43:58
www.pnud.org.br
Jornalista ambiental e pesquisador do
Instituto Brasileiro de Análises Sociais e Econômicas (IBASE) em entrevista
concedida por e-mail à IHU On-Line. A compra
da Aracruz Celulose pela Votorantin Celulose e Papel
(VCP)
Ponencia presentada en el XI
Encuentro Internacional Humboldt – 26 al 30 de octubre de 2009. Ubatuba, SP,
Brasil.