TERRITÓRIOS INDUSTRIAIS
METROPOLITANOS:
similaridades
entre as regiões metropolitanas de Buenos Aires (AR) e Porto Alegre
(BR)
Ana
Clara Fernandes
Resumo
Este
trabalho trata dos territórios industriais de Gravataí, município da Região
Metropolitana de Porto Alegre (RMPA). Para identificá-los utilizamos as
tipologias de territórios da reestruturação industrial propostas por Bozzano
(2004), em seus estudos sobre a Região Metropolitana de Buenos Aires, que são: a
atratividade industrial; a pseudo-atratividade; os territórios mistos; e, os
cemitérios industriais. Na classificação dos territórios industriais de Gravataí
são considerados os processos atuantes no reordenamento do espaço metropolitano
desde os anos 1960 até os dias atuais que colaboraram para a constituição do
espaço urbano-industrial de Gravataí. Entre eles, a
desconcentração industrial de Porto Alegre e a atual tendência de concentração
das empresas de maior nível tecnológico no entorno da metrópole; a
convergência de políticas municipais, estaduais e federais na produção do espaço
metropolitano; a existência de mão-de-obra condizente com o nível tecnológico de
produção; e, a existência da infra-estrutura necessária para a realização do
processo produtivo.
Palavras chave: territórios industriais –
metropolização.
INDUSTRIAL
METROPOLITAN AREAS: similarities between metropolitan regions of Buenos Aires
(AR) and Porto Alegre (BR)
Abstract
This
paper addresses the industrial areas of Gravataí, Municipality of Metropolitan
Region of Porto Alegre (MRPA). In order to identify them it was used the
typologies of industrial restructuring territories proposed by Bozzano (2004),
in his studies on the Metropolitan Region of Buenos Aires, which are: the
industry attractiveness, the pseudo-attraction, the mixed territories, and the
industrial cemeteries. In the classification of industrial territories of
Gravataí it is considered the active processes in the reordering of the
metropolitan area since the 1960s until the present day, which contributed to
the formation of urban-industrial area of Gravataí. Among them, the industrial
devolution of Porto Alegre and the current trends of the highest level of
business technology concentration around the city; the convergence of municipal
policies, regional and federal in the production of the metropolitan area; the
existence of consistent labor with the technological level of production; and
the existence of the necessary infrastructure for the realization of the
production process.
Keywords:
industrial territories - metropolitanization.
INTRODUÇÃO
O
município de Gravataí, até os anos 1960, caracterizava-se por possuir economia
essencialmente agrícola e cumprir função de cidade-dormitório. Localizado a 30
km de Porto Alegre, na direção nordeste, compõe a “franja” de municípios do
entorno da capital. Nos anos 1970 passa a integrar a Região Metropolitana de
Porto Alegre (RMPA) através da Lei Complementar Federal 14, de 8 de junho de
1973. Desde então, através de um conjunto de medidas e iniciativas das esferas
de governo municipal, estadual e federal, Gravataí modificou sua economia e suas
características. Nos dias de hoje, se apresenta como a quinta maior economia
industrial do Rio Grande do Sul. Seu crescimento industrial foi acompanhado de
transformações urbanas e da implantação de diferentes territórios industriais.
Nosso objetivo é identificar e analisar esses territórios e observar sua relação
com as dinâmicas de produção do espaço urbano-industrial da Região Metropolitana
de Porto Alegre.
DINÂMICA INDUSTRIAL
NA REGIÃO METROPOLITANA DE PORTO ALEGRE
Consideramos que na
Região Metropolitana de Porto Alegre “esteve em curso nas últimas décadas um
amplo processo de rearranjo espacial da produção industrial” (ALONSO, 2001, p.
558). Este rearranjo se processa em dois momentos distintos. Um primeiro momento
de desconcentração industrial que iniciou nos anos 1960. Neste momento várias
indústrias de Porto Alegre buscaram economias de localização fora dos limites da
capital, tanto nos municipios próximos como em outras centralidades do estado. A
partir dos anos 1990 se verifica o segundo momento, onde as indústrias com maior
tecnologia de produção tendem a se localizar no entorno da capital. Os
investimentos do segundo momento trazem novos espaços de produção que buscam
competir principalmente na escala denominada por Benko (2001, p.7) como
supranacional. Soares y Ueda (2002) observam
que dois tipos de investimentos são efetuados a partir da segunda metade da
década de 1990 na Região Metropolitana de Porto Alegre :
De adquisición (y en
menor escala de asociación) a los grupos económicos locales con importantes
posiciones en la economía gaucha y brasileña; y de nuevas inversiones
aprovechando las ventajas comparativas de Rio Grande do Sul en términos sociales
(calificación de la fuerza de trabajo y mercado consumidor), espaciales
(infraestructuras) y geoestratégicas (situación con relación al Mercosur y
Chile) (SOARES y UEDA, 2002, p. 517).
A
concentração de indústrias nas proximidades de Porto Alegre pode ser explicada
pela garantia de acesso a infra-estruturas não disponíveis em outras
localidades. Como por exemplo: a
infovia (rede de fibra ótica); o acesso para entrada e saída de produtos e
matérias-primas através de corredores de importação/exportação; e, a ausência de
espaço dentro dos limites políticos da capital para a instalação de suas
unidades de produção.
As formas
resultantes dos dois momentos que delimitamos coexistem nos dias de hoje. A
reestruturação industrial dos anos 1990 não eliminou a materialidade do momento anterior. O que se percebe no
espaço urbano-industrial atual da região é uma diversificação de tipologias
industriais.
TIPOLOGIAS DE
TERRITÓRIOS INDUSTRIAIS
As
tipologias de territórios industriais constituem fisicamente a materialidade do
setor industrial e apresentam vínculos tanto com lógicas recentes quanto com
lógicas anacrônicas de localização. Sua diversificação não se configura como um
atributo específico da Região Metropolitana de Porto Alegre. Com essa premissa
reportamo-nos às tipologias de territórios da reestruturação industrial da
Região Metropolitana de Buenos Aires, caracterizadas por Bozzano (2004), numa
tentativa de contemplar a complexidade desses territórios em nosso
estudo.
Los
mejores territorios de la reestructuración industrial no son solo los ganadores,
ni aquellos con mayor atractividad territorial; sino también los perdedores, los
cementerios y los pseudo-atrativos. En la medida que podamos reconocer que en
cada uno de ellos hay una forma de operar diferente, estaremos incorporando a la
agenda el problema en todas sus dimensiones (BOZZANO, 2004, p. 226).
As
tipologias apresentadas por Bozzano (2004) são: atratividade industrial,
pseudo-atratividade, territórios mistos e cemitério industrial. Com base
nesta classificação caracterizamos os territórios industriais de Gravataí nas
seções 1, 2, 3 e 4 do texto. Abaixo apresentamos a descrição das tipologias e
o Mapa 1 representa sua localização
no município.
- Atratividade industrial - Oferece mais
oportunidades para a instalação, o desenvolvimento e a consolidação de
indústrias e de estabelecimentos associados. Sua territorialidade se define por
seu meio industrial local, medido pela presença de capitais formais e rendas das
organizações, mas também pela relação com as lógicas de ocupação vizinhas, a
disponibilidade de mão-de-obra, a acessibilidade metropolitana e a mercados
macro-regionais, as vantagens fiscais e ao quadro legislativo. Em Gravataí:
Distrito Industrial; rodovia estadual RS-118; rodovia estadual RS-020; trecho
viário entre o entroncamento da rodovia federal BR-290 e RS-118 até o Parque dos
Anjos.
- Pseudo-atratividade -
Territórios ganhadores de
hoje que não tendem a desenvolver conexões com o ambiente local, e que não
estabelecem relações fora do seu entorno, salvo as indispensáveis para obter uma
inserção comercial nos mercados dos países periféricos onde se instalam. A
territorialidade dessa tipologia pode ser relacionada a uma nova versão dos
antigos “enclaves industriais” onde as grandes firmas estabelecem seus
territórios mundiais a partir de redes planetárias ligadas principalmente a
encadeamentos com empresas de lugares distantes, em detrimento de empresas
locais. Em Gravataí: Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (CIAG) – General
Motors do Brasil.
Mapa
1 – Localização dos territórios industriais de Gravataí

- Territórios mistos - São os mais
autônomos ao processo de reestruturação industrial e também os mais estáveis do
ponto de vista de sua localização. Sua territorialidade se define pela
convivência e justaposição de duas espacialidades: uma ligada a sua consolidação
nos bairros onde se instala, e outra ao reordenamento de micro e pequenas
empresas com lógicas ligadas ao consumo urbano. Em Gravataí: nas áreas
urbanizadas, representadas pelo traçado escuro no Mapa 1, próximo das principais
rodovias.
- Cemitérios industriais - Cenário
“perdedor” da reestruturação industrial onde se produz o contraste entre a
primeira ocupação industrial e a impossibilidade de retomá-la. Coincide
geralmente com os lugares de maior passivo ambiental. Construído, desconstruído
e reconstruído em espacialidades dominantemente industriais desde sua origem. Em
Gravataí: esta tipologia se encontra pontualmente nas áreas definidas como de atratividade industrial.
1 – Território de
atratividade industrial em Gravataí
Esta
tipologia foi construída durante o processo de industrialização de Gravataí pela
combinação de uma série de políticas desencadeadas no final dos anos 1950 pelo
poder municipal e reforçadas pelas ações de planejamento ligadas à formação e
consolidação da RMPA. Desde os anos 1960 já era observada a instalação de
indústrias no município, em sua maioria, oriundas de Porto Alegre. O
deslocamento das indústrias de Porto Alegre para os municípios da região
metropolitana, segundo Alonso (1988), foi motivado pelo interesse de expansão do
capital industrial e pelas transformações urbanas decorrentes de seu
crescimento. Nos processos internos da RMPA, observa-se primeiramente uma
reciprocidade entre a capital e os municípios limítrofes. De um lado, os
movimentos pendulares da população desses municípios agitavam diariamente os
caminhos e a economia da capital. De outro, eles eram o receptáculo dos
fragmentos que “explodiam na metrópole”, ou seja, da migração das indústrias
“asfixiadas” pelo avanço da urbanização, que também expulsava a população
suburbana para fora de seus limites, e dos migrantes de todas as partes que
procuravam nas suas proximidades novas possibilidades de sobrevivência.
Foram
feitas melhorias nas estradas e na infra-estrutura de energia e comunicações nas
cidades próximas de Porto Alegre que “contribuíram com a migração do setor
industrial para áreas onde anteriormente sua implantação era quase impraticável”
(ALONSO, 1988, p.7). Sobre estas melhorias, podemos dizer que representam a
expansão das condições gerais de
produção na RMPA.
Essas condições gerais de produção,
examinadas da perspectiva de sua materialidade, podem ser definidas como
materiais e imateriais. Por exemplo, no primeiro caso temos as vias de
circulação material para o transporte de mercadorias e pessoas, os oleodutos
para transporte do petróleo e de seus derivados, as hidrovias, as rodovias, os
aeroportos, etc. E, no segundo caso, as condições gerais de produção imateriais,
como as redes de energia e telecomunicações, que embora requeiram
infra-estrutura material que lhe dão suporte, possuem uma dinâmica que não se
consubstancia em formas corpóreas, como são os fluxos de informações e
comunicações (LENCIONI, 2007).
As condições gerais de
produção agregam diferentes níveis tecnológicos conforme o momento de acumulação do capital a que
correspondam. Se estabelecem no urbano propiciando sua aglutinação na forma de
regiões metropolitanas, onde se concentram
as atividades produtivas “de ponta” e serviços voltados à gestão do
capital que necessitam de alta tecnologia e mão-de-obra qualificada
(concentração de trabalho intelectual).
Na década
de 1970, as políticas do Governo do Estado do Rio Grande do Sul, articuladas com
diretrizes nacionais de desenvolvimento, elegeram Gravataí para a instalação de
um Distrito Industrial. Estas políticas foram elaboradas com base em “um
programa de desenvolvimento industrial cujas metas prioritárias são aproveitar
os recursos existentes, atrair novos investimentos e proporcionar melhores
condições socioeconômicas ao Estado” (CEDIC, maio de 1976, p.5). Em 1973 a
Companhia de Desenvolvimento Industrial e Comercial do Rio Grande do Sul – CEDIC
desapropriou em torno de 387 hectares para a construção do distrito. Ele foi
planejado para abrigar indústrias de porte médio e grande, somente do ramo
mecânico-metalúrgico. Para a ocupação imediata foram selecionadas onze empresas
procedentes de Porto Alegre: Aços Laminados Panatlântica S. A.; Albarus S. A.;
Artemp Ar Condicionado Ltda.; Gildemeister Máquinas Operatrizes S. A.; Luiz A.
Rauter & Cia. Ltda.; Metalúrgica Jackwal Ltda.; Schubert-Salzer Máquinas
Têxteis Ltda.; Semag – Equipamentos Agrícolas e Industriais Ltda.; Wallig Sul S.
A.; Wotan Máquinas Operatrizes S. A.; Zivi S. A. (CEDIC, 1976, p.6). Nos anos
1980 se consolida a economia industrial do município.
Desde a implantação do distrito industrial até os dias de hoje, várias mudanças
ocorreram em relação às empresas que ocupam este território. No período mais
recente se observa a tendência à associação e/ou incorporação entre capital
nacional e internacional.
A empresa canadense Moore Formulários Ltda. mantém desde 1985 uma unidade
de produção no Distrito Industrial de Gravataí e, em 2004, fundiu-se com a RR
Donnelley (EUA). A indústria alemã
Wotan Máquinas Operatrizes iniciou a construção de sua planta em 1975. Em 2004,
a Wotan passou a fazer parte da Empresa Taurus (EUA), e mantém a unidade de
Gravataí em funcionamento. A Cervejaria Kaiser instalou uma unidade de produção
no Distrito Industrial de Gravataí em 1988. Em 2002, a Kaiser foi adquirida pela
cervejaria canadense Molson. Desde janeiro de 2006 faz parte do Grupo Mexicano
FEMSA – Fomento Econômico Mexicano S. A. de C. V.: “Passou a ser denominada
FEMSA CERVEJA BRASIL que tem como acionistas a FEMSA Cerveza, com 68%, Heineken
com 17% e a Molson Coors com 15% de participação” (<www.vonpar.com.br>,
acesso em 15/10/2007).
Em alguns casos, a associação/incorporação se dá entre empresas de
capital nacional: o Grupo Ferrabraz Becker resultou da fusão, em 2004, das
fundições Hahn Ferrabraz e Becker. As duas empresas originaram-se a partir de
iniciativas de imigrantes alemães na Região Metropolitana de Porto Alegre. A
Fundição Becker, que foi a primeira fundição do Rio Grande do Sul, iniciou suas
atividades há 150 anos em Gravataí.
A Carlos Becker Metalúrgica Industrial Ltda., fundada em Porto Alegre no
ano de 1945, chama a atenção por ser uma empresa que se modificou internamente,
mas permanece alheia até este momento aos movimentos de associação e
incorporação de capital. Da mesma forma a Panatlântica, fundada em 1952, se
deslocou de Porto Alegre no final da década de 1960 e instalou sua matriz em
Gravataí.
Durante os
anos 1990, a administração do Distrito Industrial deixa de ser responsabilidade
do Governo do Estado do Rio Grande do Sul e passa à responsabilidade do Governo
Municipal. Possui, atualmente, em torno de 38 empresas. Resultado das políticas
de planejamento e desenvolvimento inspiradas nos planos de desenvolvimento
nacional, o Distrito Industrial de Gravataí permanece como um espaço dinâmico e
atrativo para a instalação de indústrias.
1.1.
Outros territórios atrativos
Ao longo das rodovias que “cortam” Gravataí, estão localizados
territórios industriais instalados antes, durante e depois da implantação do
Distrito Industrial. Concentram-se nos entroncamentos das mesmas e/ou se
estendem nas suas continuidades. Estas características demonstram que os territórios atrativos de Gravataí não se
limitam à formalidade do Distrito Industrial, mas estão disseminados em
diferentes localidades.
O primeiro território ocupado por indústrias localiza-se ao Sul do
município, entre o Parque dos Anjos e a confluência da RS-118 com BR-290. Muitas
das primeiras grandes empresas que se instalaram ali ainda permanecem nos dias
de hoje. Como exemplo: Riopel S. A. (1958); Synteko Produtos Químicos S. A.
(1959); Icotron, atualmente Epcos do Brasil (1962); Malhas Barros (década de
1960); Pirelli Pneus S. A. (1976); Astória Papéis Ltda.
(1979).
Ao longo da RS-118, na direção Norte, estão instaladas: Brubon Indústria e Comércio Ltda. que em
2005 incorporou a Pistões Suloy S.A (1948); Tintas Renner - desde janeiro de
2007 incorporada a PPG Industries, de Pittsburgh (EUA); Renner Herrmann (anos
1990); Trattel – Tratamento Térmico Ltda. (1998).
Na RS-20 se concentram as olarias. Na década de 1960 este tipo de
indústria já possuía participação significativa no município. Podemos citar como
exemplo a Cerâmica Ely S. A.; Olaria Itacolomi; Olaria São Francisco e Olaria
Soster. Neste período e no quilômetro 6,5 da mesma rodovia, se instalou a Trafo
Equipamentos Elétricos S. A.. Próximo a este local, a empresa Cortiaço
Metalúrgica, fundada em 1988 no município de São Leopoldo (RMPA), se transferiu
para Gravataí em 2004; e, a Correntec Indústria Metalúrgica Ltda. se instalou em
1989. A indústria madeireira e a
indústria do mobiliário se concentram também ao longo dessa rodovia. Como
exemplo: a Madeireira São Miguel, a Serraria Progresso, a Casas Líder, a
Madeireira e Construtora do Vale e a Stillo Móveis.
Aliado a
fatores como localização e facilidade de acesso rodoviário, o êxito destas
iniciativas permite que na continuidade dos anos 1990 e 2000 Gravataí se
mantenha como uma cidade industrial. As políticas internas de incentivo aos
empreendimentos, revistas ao longo do tempo, também contribuem para a manutenção
de sua atratividade.
2 – Território de
pseudo-atratividade em Gravataí
Em março
de 1997 foi anunciada a instalação de uma unidade da montadora de automóveis
General Motors do Brasil (GMB) que iniciou suas atividades no ano 2000. A
unidade é considerada pelos executivos da empresa como a mais moderna da
corporação em todo mundo. Organiza-se na forma de condomínio industrial –
Complexo Industrial Automotivo de Gravataí (CIAG): “o novo pólo automobilístico
é configurado não apenas por uma unidade da GMB, mas também por outras dezessete
empresas fornecedoras de partes ou sistemas do veículo - denominadas
“sistemistas” (GARCIA, 2006, p. 165). A escolha pela
localização da empresa no Rio Grande do Sul, segundo o Diretor de Assuntos
Institucionais da General Motors do Brasil, considerou:
No que se refere às vantagens competitivas locais,... Os
elementos decisivos para a opção da empresa pelo Rio Grande do Sul foram a
posição privilegiada do estado relativamente ao Mercosul, a qualidade e
instrução da mão-de-obra, a existência de um complexo metal-mecânico no estado e
o potencial do Porto de Rio Grande (LUIZ MOAN, Porto Alegre, 21 de maio de 2002,
apud GARCIA, 2006, p.
172).
A escolha do local, no caso da GMB, está relacionada com a pré-existência
de estruturas para atender às necessidades de otimização da produção e a
possibilidade de inserção em mercados emergentes ou potencialmente emergentes
como o Mercosul. O interesse das montadoras pelo Mercosul é destacado por
Tomadoni (2004) no artigo “Territorio, territorialidade y región metropolitana
en un marco de produción flexible”, onde toma como exemplo a instalação da empresa Daimler-Chrysler
Argentina na Região Metropolitana de Córdoba.
En el caso de las
empresas transnacionales automotrices, la reestruturación cristaliza en una
sustitución de estratégias con cambios de lógica localizacional, implementación
de innovaciones tecnológicas y organizacionales y generación de flexibilización
laboral. La puesta en prática de esta modalidad de accionar generó un territorio
en red de características singulares, a la vez que produjeron impactos
empresariales y extra-empresariales que ponen en evidencia una gran
contradición: quien teje la red no tiene puesto su interés en el desarrollo del
territorio en cual se asienta la red. Por el contrario, el interés está puesto
en la reprodución ampliada del capital transnacional a partir de un mercado
considerado emergente, como el MERCOSUR (TOMADONI, 2004,
p.66).
A busca de novos mercados pelas montadoras de automóveis nos anos 1990
possibilitou a implantação das mesmas em locais onde até então não se faziam
presentes, como é o caso da vinda da GMB para o Rio Grande do Sul. Este
movimento de desconcentração de indústrias globais, no caso as montadoras,
reordena não somente o território industrial nacional, mas o mapa global de suas
localizações. De outro lado, pode-se indagar em que medida a presença da GMB em
Gravataí reflete a ampliação do espaço da metrópole em direção aos municípios
limítrofes, já que dentro de seus limites políticos há muito não é possível a
instalação de indústrias e complexos industriais de grande porte. Haja vista que
a maioria das empresas que investiram na região neste período (a partir dos anos
1990) procurou a “franja” de municípios da capital.
O governo
do Estado do Rio Grande do Sul, com a intenção de garantir a instalação da
montadora, concedeu-lhe uma série de benefícios. Entre eles, merecem ser
destacados: 1) a construção do complexo automotivo com toda a infra-estrutura
necessária realizada pelo governo estadual. A General Motors do Brasil (GMB)
comprou os lotes com empréstimo oferecido pelo próprio governo do estado e
revendeu parte deles para suas sistemistas; 2) os incentivos oferecidos à GMB
são estendidos a seus fornecedores do setor automotivo localizados dentro do
CIAG; 3) a construção pelo estado de um terminal portuário completo no Porto de
Rio Grande, de uso preferencial da GMB, com parâmetros tarifários internacionais
e com especificações estabelecidas pela GMB; 4) as vantagens fiscais e
facilidades de importação são acrescidas da restituição dos investimentos da
GMB, a partir do 16º ano de implantação da planta (quando for pago o
empréstimo), na forma de desconto de 75% do valor do ICMS que seria pago ao
estado, até completar o valor de investimento, até o prazo de oito
anos.
Em contrapartida, possíveis benefícios e incentivos às empresas locais
não se encontram nos termos acordados. Garcia (2006) chama a atenção para “a
inexistência de instrumentos para a capacitação e o desenvolvimento das empresas
locais, tais como financiamento, incentivo às sinergias e complementaridades,
estímulo ao uso de fornecedores locais, promoção das capacidades das empresas,
transferência de tecnologias e de práticas organizacionais”
(p.179).
Além das vantagens oferecidas à montadora pelo governo estadual, outros
benefícios foram concedidos pelo governo municipal. O Termo de Compromisso
firmado entre a Prefeitura de Gravataí e a GMB podem ser conferidas no Quadro 1.
Por outro lado, a “inserção territorial das empresas globais necessita de
infra-estrutura para ações globais”, ou, de condições gerais de produção que
possibilitem sua ação global. Aos benefícios concedidos pelo governo estadual e municipal,
soma-se a proximidade de Porto Alegre como um dos fatores fundamentais na
localização da GMB em Gravataí. Isto se deve ao fato de se completar na capital
o conjunto de condições necessárias à sua presença, como as vias de acesso
rodoviário e aeroviário, as tecnologias dos meios informacionais e até mesmo as
alternativas de lazer direcionadas para classes sociais de padrão mais elevado
(cinemas, restaurantes, teatros).
Quadro
1 - Termo de compromisso entre a Prefeitura Municipal de Gravataí e a
GMB.
Benefício |
Comprometimento
do Município |
Incentivos
Fiscais |
Concede-se à
GMB e aos fornecedores instalados no complexo isenção de IPTU (Imposto
Predial e Territorial Urbano), de ISSQN (Imposto Sobre Serviços de
Qualquer Natureza), de taxa de limpeza pública, de taxas de alvará, de
taxas de licença para publicidade, de taxas de habite-se, de contribuição
de melhoria e de taxa de controle de incêndio, por um prazo de trinta
anos.
|
Terreno e
Infra-estrutura |
Desapropriação
do terreno, envolvendo a indenização e o deslocamento de cerca de 50
proprietários. Oferta de transporte público coletivo ajustado à demanda do
complexo, iluminação pública – inclusive das vias internas ao CIAG -,
coleta e transporte do lixo até a área de despejo.
|
Fonte:
Garcia, 2006, p.178.
Adaptado
por A. C. FERNANDES.
O Complexo Automotivo da General Motors do Brasil é a atual expressão da
territorialidade pseudo-atrativa em
Gravataí e na Região Metropolitana de Porto Alegre. Estrategicamente instalado
às margens da BR-290, visa o mercado regional do Mercosul através do “corredor”
de importações e exportações de mercadorias estabelecido entre a RMPA e o
terminal portuário de Rio Grande - o qual facilita sua participação no mercado
intra e supra-regional. A localização nas proximidades deste “corredor” é
característica das três cidades da RMPA que “disputavam” em 1997 a instalação da
montadora: Guaíba, Eldorado do Sul e Gravataí.
3
- Territórios mistos em
Gravataí
Compreende pequenas e micro indústrias e sua localização está relacionada
com a consolidação de áreas urbanas destinadas à moradia. Ao mesmo tempo, esta
tipologia é “descolada” das lógicas produtivas das indústrias de maior porte, já
que produzem com vistas a atender principalmente o consumo urbano local. Com
esta lógica espacial, pequenas indústrias compartilham seus territórios com
outros estabelecimentos que atendem necessidades imediatas de consumo dos
habitantes, por exemplo: padarias; farmácias; pequenas lojas de variedades,
lojas de roupas; borracharias e oficinas mecânicas; todos eles se encontram
intercalados e/ou muito próximos das moradias. Serralherias; vidraçarias e
funilarias são exemplos de indústrias encontrados com maior freqüência nestes
territórios.
Em Gravataí, os territórios
mistos foram encontrados nas áreas urbanizadas ao longo das principais vias
e nas avenidas que possibilitam o acesso aos bairros, de forma mais intensa onde
estas avenidas cruzam ou chegam ao limite da via principal. Sua localização
define os lugares onde, normalmente, o fluxo de pessoas e de veículos é mais
intenso. Algumas vezes se apresentam como centralidades secundárias nas áreas
distantes do centro urbano principal, onde além de casas comerciais (lojas,
farmácias, supermercado, lancherias, etc.) e pequenas atividades industriais,
podemos encontrar algumas agências bancárias.
Como exemplo de indústrias deste tipo de território pode citar: Funilaria
São Luiss e Serralheria Ouro Preto na Avenida Dorival Candido Luz de Oliveira;
Serraria Progresso e Serralheria Parque dos Anjos, na Avenida Ely Correa (Parque
dos Anjos).
4
– Cemitérios industriais de Gravataí
A tipologia cemitérios
industriais em Gravataí, no decorrer desta pesquisa, se apresentou como
resultado de dois processos diferenciados. Um primeiro, impulsionado pelo
deslocamento de indústrias de Porto Alegre, se configura nos antigos endereços
dessas empresas na capital e o chamamos de processo externo. O outro, fruto das
dinâmicas que passaram a atuar dentro do município quando assumiu o perfil
industrial, se configura dentro de seus limites políticos e, por isso, o
denominamos de processo interno. Os cemitérios industriais resultantes dos
processos internos de Gravataí são encontrados nos locais que identificamos como
seus territórios
atrativos.
4.1. Processo interno
No trecho rodoviário entre o Parque dos Anjos e a RS-118, podemos citar
as antigas instalações da Medeiros Indústria Gráfica Ltda. Há bastante tempo
desativada, a edificação da antiga gráfica encontra-se atualmente disponível
para locação. Bem próximo e na mesma avenida, encontra-se à venda a antiga
fábrica da Duratex, que chegou ao município em 1984, onde esteve instalada até o
ano de 2002.
Nas margens da BR-290 (Free-way) encontramos dois outros exemplos de cemitérios industriais em Gravataí. O
primeiro corresponde às instalações da antiga Boelter Agroindustrial. Em
fevereiro de 2006 foram leiloados suas máquinas e equipamentos. O segundo são as
instalações da Indabra (El Detalle). A Indabra foi a leilão no dia 23 de outubro
de 2007. Conforme as informações obtidas com funcionários da segurança do local,
havia decretado falência três anos antes.
Um cemitério industrial do
gênero mineral não metálico está localizado na rodovia estadual RS-020. As
informações obtidas com os moradores próximos e com funcionário da Secretaria
Municipal de Coordenação e Planejamento - SECOPLAN não foram precisas em relação
ao nome do estabelecimento, que parece ter se chamado Cerâmica ou Olaria Safári.
O terreno foi comprado por uma empresa da construção imobiliária, com a intenção
de realizar um empreendimento do tipo condomínio residencial.
Outro exemplo é o Matadouro Avícola, localizado na Vila São Luiz, entre a
Avenida Dorival e a BR-290. Sua localização destoa das áreas identificadas como
territórios industriais em nossa
pesquisa. Conforme as informações coletadas, o matadouro faliu nos anos 1970.
Sua falência pode estar relacionada com as transformações ocorridas na indústria
da alimentação de Gravataí que, nos anos 1970, diminuiu sua participação na
economia do município.
4.2. Processo externo
O processo externo de formação de cemitérios industriais, diz respeito aos
territórios desocupados pelas indústrias na zona norte da capital que se
deslocaram para Gravataí. Foi possível averiguar os atuais usos destes
territórios através do Documento nº 42, elaborado pela CEDIC em junho de 1976.
Nele há uma listagem das primeiras onze indústrias de Porto Alegre selecionadas
para ocupar a área do Distrito Industrial e seus respectivos endereços. Com
estas informações, foi realizado o trabalho de campo em Porto
Alegre.
Um primeiro exemplo são as antigas instalações da Wallig Sul S. A.
Indústria e Comércio, que na verdade não chegou a se deslocar para Gravataí. Em
1981, entrou em processo de falência. Nesse período também houve um incêndio que
praticamente destruiu a fábrica. Parte do terreno foi por muito tempo utilizado
para a estadia de parques de diversões e circos que visitam a capital de tempos
em tempos. O que restou das instalações da empresa só recentemente foi destruído
para a construção de um hipermercado. Outro exemplo corresponde a antiga fábrica
da Zivi S. A. Cutelaria. Empresa que atualmente pertence ao Grupo Mundial S.
A.. Em parte das antigas instalações permanece um
escritório do grupo, estando o restante devidamente cercado e
“abandonado”.
Nos outros endereços visitados, foram encontradas duas situações
distintas. Na primeira situação, se manteve a territorialidade industrial com a
atuação de uma nova empresa no mesmo endereço, mantendo a maior parte da
estrutura construída anteriormente. Como exemplo, a GKN Driveline, empresa
global do País de Gales que ocupa as antigas instalações da Albarus S. A. –
Indústria e Comércio. Na segunda, antigos endereços industriais foram
transformados em endereços comerciais. Pode-se citar, neste caso, o território
industrial da Aços Laminados Panatlântica S. A. – Indústria e Comércio,
atualmente uma revenda de automóveis da marca Renault.
Uma terceira situação foi observada no atual cemitério industrial da Tintas Renner. A
empresa se deslocou para Gravataí num momento posterior ao das primeiras
indústrias, e está localizada na RS-118, fora da área do Distrito Industrial. A
área verde de suas antigas instalações em Porto Alegre foi transformada em
praça, algumas estruturas da fábrica ainda permanecem no local, na forma de
cemitério e uma terceira parte do terreno está em obras.
No centro da Foto 1 estão as estruturas que ainda restam da fábrica, e a
praça no primeiro plano corresponde a sua antiga área verde. A foto exemplifica
algumas modificações ocorridas na paisagem de Porto Alegre com o deslocamento
das indústrias para Gravataí.
Foto
1: Antigas instalações da fábrica Tintas Renner – Porto
Alegre

Foto: A. C. Fernandes,
outubro de 2007.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
As
dinâmicas industriais atuantes em Gravataí resultaram em formas
urbano-industriais diferenciadas e, atualmente, concomitantes. Sua atual
configuração é produto da reestruturação do entorno da metrópole pela
necessidade de expansão do capital de origem local e mundial/global; pela
disponibilidade e adequação de mão-de-obra; pelas economias de localização;
pelas condições gerais de produção existentes e pela convergência entre as
políticas públicas Municipais, Estaduais e Federais ao longo do
tempo.
Mesmo após
as transformações políticas e econômicas da década de 1990, o município se
manteve atrativo para a atividade industrial. Esta afirmação se confirma pela
permanência e ampliação das “estruturas” do primeiro momento de reestruturação
na RMPA em Gravataí - o Distrito Industrial e o Parque dos Anjos. A implantação
de novos estabelecimentos nas rodovias RS-118 e RS-020 e a ampliação do mercado
de várias de suas indústrias de origem local para a escala nacional e
internacional também condizem com a manutenção de sua atratividade
industrial.
O
crescimento urbano do município propicia o aumento do número de pequenas
indústrias, as quais formam os territórios mistos. Além disso, a existência de cemitérios industriais não parece
refletir tendências negativas na sua industrialização até o momento. Empresas
como a Pirelli Pneus S. A. e a Moore Formulários Ltda – RR Donnelley atestam não
somente a atratividade para o setor industrial em Gravataí; evidenciam também
que as estratégias de localização utilizadas pelas empresas que se situavam
dentro da capital e se deslocaram para seus municípios limítrofes, especialmente
Gravataí, foram também utilizadas por empresas multinacionais que se instalaram
na região no primeiro momento de reestruturação
industrial.
A
instalação do Complexo Industrial Automotivo da General Motors do Brasil e de
empresas internacionais como a Johnson Controls Automotive, Taurus-Wotan e FEMSA
colocam em evidência a participação da Região Metropolitana de Porto Alegre no
atual momento de organização do espaço econômico mundial e de reordenamento da
produção automotiva no Brasil e no Mercosul.
A
constatação de que as tipologias de territórios industriais identificadas por
Bozzano (2004) na Região Metropolitana de Buenos Aires também são encontradas na
Região Metropolitana de Porto Alegre, especialmente em Gravataí, demonstra
similaridade entre as duas regiões, ou, mais especificamente, entre os processos
e as dinâmicas urbanas e industriais que nelas atuam.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
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<http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0250-71612004009000005&lng=es&nrm=iso>.
ISSN
0250-7161.
<www.vonpar.com.br/site/content/conheca_vonpar/default.asp?id=127
r>, acesso em 15/10/2007.
Professora
Mestre em Geografia - Doutoranda PPG Geografia / UFRGS – Contato:
aclaraf@yahoo.com.br.
Los grupos Bunge & Born (Argentina), Norsk Hidro (Noruega), John
Deere (EUA), Nestlè (suiza), Doux (Francia), TCW (EUA), Parmalat (Itália) y
Milkaut (Argentina) adquirieron grupos del sector agroalimentario de RS que
poseían plantas industriales en la RMPA y, principalmente, en el “entorno
metropolitano.” Los grupos Sonae (Portugal) y J. C. Penney (EUA) adquirieron dos
de las más importantes empresas de distribución de RS; el Banco Santander
Central Hispano asumió el control del Banco Meridional (en un proceso de privatización); la petrolera
Repsol-YPF adquirió una parte del capital de la Refinaría Alberto Pasqualini, en
una operación de “cambio de activos” con la brasileña Petrobrás (SOARES e UEDA,
2002, p.517- adaptado).
Desde 1996 instalaran nuevas plantas em la RMPA corporaciones como
General Motors y Pirelli (Gravataí), Goodyear (Glorinha), Dell Computers
(Alvorada), Coca-cola (Porto Alegre), cervecerías Brahma (Viamão) y Molson
(Gravataí), British Tobacco (Cachoeirinha) y Motorola (Porto Alegre) (SOARES y
UEDA, 2002, p.517- adaptado).
Em maio de 2007, a Zamprogna foi vendida para o NSG Capital Administração
de Recursos que é um Fundo de Investimentos em Participação (FIP), “com sede no
Brasil, mas formado por recursos internacionais” (JORNAL ZERO HORA, Caderno de
Economia, p. 18, Porto Alegre, 30 maio 2007).
Como exemplo de indústria local que ampliou seu mercado,
podemos citar: 1) na escala nacional a Correntec Indústria Metalúrgica (Rio de
Janeiro, Bahia, São Paulo, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Minas Gerais,
Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Distrito Federal); 2) na escala
internacional, a Trafo Equipamentos Elétricos (Argentina, Canadá, Chile, Estados
Unidos, Indonésia, México).