Universidade de
Taubaté
Departamento de Ciências Sociais e
Letras
Curso de
Geografia
O crescimento
demográfico e da mancha urbana
do município
de São José dos Campos no período de 1987 a 2007
Felipe Gonçalves de
Arruda
3° ano de
Geografia
Taubaté, 15 de Julho de 2009
RESUMO
Esta pesquisa analisa o crescimento demográfico e da mancha urbana da
cidade de São José dos Campos/SP no período de 1987 a 2007. O objetivo é discutir o
porquê da causa destes crescimentos e utilizar a pesquisa como ferramenta de
planejamento urbano, de modo que sua população possa usufruir e passe a utilizar
este recurso em seu benefício. Em
São José dos Campos existe uma infra-estrutura instalada que o
faz ser um raro território, na região do Vale do Paraíba, apto a sediar
indústrias de alta tecnologia, principalmente na área aeroespacial. Essa
especificidade é resultado de ações do Estado através de vários fatores de
produção como: terrenos preparados, fácil acessibilidade e energia, tais fatores
são para atender os interesses de agentes sociais, como proprietários fundiários
e indústrias. Os procedimentos metodológicos utilizados na pesquisa consistem na
interpretação de imagens de satélite Landsat dos anos de 1987 e 2007
disponibilizados pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (INPE), a
interpretação visual da mancha urbana para analisar o crescimento urbano
horizontal do município nesse período de 20 anos foi realizada no software
ArcGis 9.2, para obter o resultado do crescimento urbano foi adquirido dados do
IBGE para produzir tabela e gráficos no Excel, sendo que o resultado foi o
crescimento demográfico em 44,7% em 20 (vinte) anos, passando de 345.048 em 1987
à 612.312 em 2007, uma expansão da mancha urbana de 27,9% em 20 (vinte) anos,
passando de 81,50
m² para 104,m².
ABSTRACT
This study examines
population growth and urban spot of the city of São José dos Campos
/
SP in the period of 1987 to 2007. The objective is to discuss why the question
of growth and use the research as a tool for urban planning, so that its people
can enjoy and will use this resource to their advantage. In São José dos
Campos is an
infrastructure that is installed be a rare area in the Vale do Paraíba, ready to
host high-tech industries, mainly in the aerospace field. This specificity is
the result of actions of the State through factors of production such as land
preparation, easy accessibility and energy, to meet the interests of
stakeholders such as landowners and industry. The methodological procedures used
in research are the interpretation of Landsat satellite images from the years
1987 and 2007 provided by the Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE),
the visual interpretation of the stain to examine urban growth of the urban
municipality that horizontal period of 20 years was held in Arcgis 9.2 software
to obtain the result of urban growth acquired data from the IBGE to produce
table and graphs in Excel, and the result was the population growth in 44.7% in
20 (twenty) years, from 345,048 in 1987 to
612,312
in 2007, a spot of urban expansion from
27.9% in 20 (twenty) years, from 81.50 meters to
104,
meters.
INTRODUÇÃO
Este presente trabalho se situa num contexto do mundo atual,
planejamento urbano, tomando como ponto de partida às mudanças do espaço
ocorridas após o ano de 1970 no município de São José dos Campos/SP na área de
crescimento urbano e demográfico. Poderia começar a pesquisa com crescimento
urbano, porem dissertar apenas sobre espaço é muito abstrato, para haver mais
consistência no trabalho começaremos a defini-lo a partir da história concreta
da cidade de São José dos Campos até a expansão urbana nos dias de
hoje.
A origem da cidade de São José dos
Campos começa em 1590 com a criação da Aldeia de São José do Rio Comprido. No
dia 27 de julho de 1767 aconteceu a emancipação da aldeia, estava criada a Vila
de São José do Paraíba. Em 1864, pela lei nº. 27, a Vila foi elevada à categoria de
cidade. Já no ano de 1871, veio o nome atual pela lei provincial nº. 47, que é
adotada a denominação de São José dos Campos, em virtude da imensa extensão de
campinas aqui existentes. No começo da década de cinqüenta fica pronto um dos
mais importantes centros de desenvolvimento aeroespacial do país, CTA (Comando -
Geral Tecnologia Aeroespacial) e junto dele o Instituto de Tecnologia
Aeroespacial (ITA). O ITA foi criado em 1947 no Rio de Janeiro e foi transferido
para a cidade por conseqüência da instalação do CTA. Em 1951 foi inaugurada a
nova ligação Rio - São Paulo, Rodovia Presidente Dutra; Esse dois fatores
(Rodovia e CTA) contribuíram para a implantação de empresas na cidade que
começaram aparecer em 1969 com a construção da Embraer - Empresa Brasileira de
Aeronáutica S/A. Em 1970 o prefeito
Sérgio
Sobral de Oliveira aprovou o projeto de lei incentivando a instalação de indústrias no município, que ficaram isentas
durante dez anos do Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISS) e impostos
territoriais. Desde então à cidade se tornou industrializada, principalmente na
área aeroespacial (RIBEIRO; MORAES, 2005).
O espaço é definido pela relação entre natureza e sociedade
mediatizadas pelo trabalho (SANTOS 1988) assumindo um importante papel na
sociedade de hoje, já que a natureza se transforma em seu todo numa forma
produtiva. Todos os lugares foram atingidos de maneira direta ou indireta devido
ao processo produtivo global, com isso, o espaço urbano se torna cada vez mais
um meio artificial devido às obras feitas pelos interesses dos agentes
produtores do espaço.
O espaço urbano pode ser definido através do uso que se faz do
solo em um determinado lugar, caracterizando a cidade, o bairro, a área
industrial, a área de lazer e a área de provável expansão residencial. Cada uma
dessas partes se articulam das mais variadas formas, transformando este complexo
conjunto de uso do solo em um espaço fragmentado. O espaço da cidade é também um
condicionante da sociedade, que se dá através do papel que as obras fixadas pelo
homem, e as formas espaciais desempenham nas condições e relações de
produção.
O reconhecimento do espaço urbano, da disputa entre o natural e
artificial, volta a abordar o velho debate sobre a definição da geografia física
e da geografia humana em relação ao espaço, onde a discussão é sobre o sentido
da geografia geral. Essa visão de movimentos resulta na definição do espaço
diferenciado (SANTOS 1988). O presente estudo considera a cidade como trabalho
humano materializado que se constituiu como produto das condições em meio de
relações oriundas do respectivo modo de produção delimitado pelos agentes que
produzem o espaço (SILVA 2006), essa temática não interessa apenas para os
geógrafos, mas também aos planejadores, políticos, historiadores, sociólogos
entre outros. Esse espaço urbano é capitalista e fragmentado. Essa fragmentação
é resultado de ações acumuladas através de tempo e engendradas por agentes que
produzem e consomem os espaços.
Com a aceleração dos processos de urbanização e de produção, há
uma redefinição nos papéis desempenhados pelas cidades, causando o aumento da mobilidade interna, com novos conceitos de
acessibilidade e novos arranjos espaciais que reorientam os fluxos materiais e
imateriais pelo território.
O crescimento urbano é acompanhado pelo crescimento demográfico, demonstrando o importante papel da cidade
na dinâmica do crescimento e na redistribuição da população (IPEA, 1998). O
crescimento demográfico não está ligado ao aumento da fecundidade, pois o Censo
demográfico registra queda continua na fecundidade a partir da década de 1980,
no entanto a queda da fecundidade está associada relativamente a estável taxa de
mortalidade.
O novo cenário das grandes metrópoles e dos maiores centros do
país que estão tendo uma desaceleração e descentralizações em seus ritmos de
crescimento populacional vêem evidenciando um processo de desconcentração
demográfica. (BAENINGER 1996). O processo de urbanização nas áreas com
diversificação de atividades e do consumo, contribui para o dinamismo e para uma
nova redistribuição espacial da população. A descentralização está associada ao
crescimento da cidade, tanto em termo demográfico como em termo espacial,
ampliado assim as distância entre a área central e as novas áreas residenciais
(CORRÊA, 1994). Porem essa descentralização foi viabilizada pelo desenvolvimento
dos meios de transportes mais flexíveis e de fácil acesso. Neste contexto
encontra-se a cidade São José dos Campos/SP, que devido à infra-estrutura
instalada para o seu desenvolvimento, a cidade passa a fazer parte de um
conjunto de raros territórios brasileiros aptos a sediarem indústrias de alta
tecnologia, tal fato contribui para um alto índice de crescimento demográfico
(IPEA 1998).
A cidade de São José dos Campos/SP está crescendo muito
rapidamente, tanto no sentido demográfico, quanto no sentido urbano, e tal
crescimento vem trazendo sérios problemas à população e causando vários impactos
ambientais; Neste sentido a pesquisa referente à estruturação do crescimento
urbano e demográfico de São José dos Campos, pode contribuir de maneira positiva
fornecendo subsídios para futuros planejamentos
urbanos.
OBJETIVO
Analisar a relação entre crescimento urbano e demográfico e a
infra-estrutura existente na cidade de São José dos Campos no período de
1987 a
2007, verificando o crescimento urbano da cidade através de imagens de satélite
Landsat.
1) Analisar a evolução urbana do Município de São José dos
Campos;
2) Analisar a relação entre o crescimento urbano e demográfico com
a acessibilidade e energia existente nela.
3) A utilização de sensoriamento remoto no planejamento urbano,
pois é cada vez mais eficaz;
METODOLOGIA
O desenvolvimento desta pesquisa seguiu as seguintes
etapas:
1) Na revisão bibliográfica, foram pesquisadas algumas
palavras-chave que deram bases teóricas e metodológicas para esta pesquisa como:
espaço, espaço urbano, crescimento urbano, crescimento demográfico, contexto
sócio político de São José dos Campos.
2)A metodologia empregada para se obter o crescimento da mancha
urbana consiste na utilização de ferramentas de geoprocessamento e sensoriamento
remoto com o uso de imagens de satélites Landsat do ano de 1987 e 2007
disponibilizadas pelo Instituto de Pesquisas Espaciais (INPE). A composição das
bandas espectrais foi realizada no ErMapper 7 e a interpretação da feição de
macha urbana e sistema viário foi realizada com o software ArcGis 9. O uso de
imagens de satélites tem sido cada vez mais utilizado como uma ferramenta eficaz
para acompanhar o crescimento urbano das cidades.
3) Os Dados na elaboração do resultado do crescimento demográfico
foram obtidos no Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com
essas dados foram produzidos tabelas e gráficos no Excel onde demonstram o
crescimento.
RESULTADOS
1.Crescimento da mancha urbana
A cidade de São José dos Campos se localiza na latitude sul
-23º10’47” e longitude -45º53’14”, na altitude de 600m. A área total do
município é de 1.099,60 Km². Desta área total, 361,95 Km² é urbanizada (32%) e
734,39 Km² é rural (68%). No ano de 1987, a mancha urbana correspondia a
81,50 Km² (7, 41%) da área total; Já no ano de 2007 a mancha urbana passa a
corresponder a 104,30 Km2 (9,49%) da área total do município, portanto o
município apresentou um crescimento de 27,9% nesse período de 20 anos.
Observa-se também que houve um crescimento mais acentuado na região Sul do
município, onde o crescimento urbano representou uma área total de 8,71 Km² onde
é a região que se concentra a maior porcentagem da população (37%). A área de
proteção ambiental do município é de 52%.

Figura 1.1 Mancha urbana de São José dos Campos em
1987.

Figura 1.2 Mancha urbana de São José dos Campos em
2007
2. Crescimento demográfico
No ano de 1987,
a população de São José dos Campos era de aproximadamente
345.048 habitantes; Já no ano de 2007 passou a ser de aproximadamente 612.312
habitantes, ocorrendo assim um aumento de 44%. A figura 2.1 demonstra a
distribuição espacial por região da população urbana na cidade de São José dos
Campos. Observa-se na figura que há uma concentração maior de população na
região sul do município, onde ocorreu maior expansão da mancha
urbana.
Em São
José dos Campos no
período de 1970
a 1991 houve um crescimento demográfico considerável
passando de 132.482 para 425.515, esse aumento ocorreu por conta de possuir um
setor de industrial de grande porte, empregando assim mais de 45% da população
economicamente ativa (PEA) e urbana (IPEA 1998), enquanto o setor rural durante
esse período decresceu 49% em 20 anos, como demonstra a tabela 2.2. Porém, como
pode-se observar no gráfico 2.3, no decorrer dos anos o crescimento demográfico
vem decrescendo, ou seja, o crescimento demográfico está diminuindo.

Figura 2.1 Distribuição da população em
S. J. Campos.
S.J. CAMPOS |
1980 |
1991 |
2000 |
TOTAL |
287.513 |
442.370 |
539.313 |
URBANO |
276.873 |
425.515 |
532.717 |
RURAL |
10.640 |
16.855 |
6.596 |
Tabela 2.2 total do urbano e rural.

Gráfico 2.3 - Crescimento demográfico do Ano de
1970 a
2007
CONCLUSÃO
O trabalho demonstrou que o uso de sensoriamento remoto pode ser
uma ferramenta eficaz para o acompanhamento da mancha urbana e para futuros
planejamentos urbanos.
No período analisado ficou constatado que ocorreu crescimento
urbano e demográfico na cidade de São José dos Campos, onde a mancha urbana
cresceu 27,9% e o crescimento demográfico foi de
44,7%.
Em São José dos Campos no ano
de 1970 ocorreu um crescimento urbano e demográfico por interesse do Estado, que
forneceu infra-estrutura para os agentes socias como terrenos sem impostos,
acessibilidade (Rodovias) e um Centro Tecnológico Aeroespacial (CTA/ITA), por
esse motivo São José dos Campos se constituiu longitudinalmente, ou seja,
cresceu a partir da rodovia como mostra a figura 1.2. Essas infra-estruturas
trouxeram indústrias e crescimento demográfico à cidade. No período compreendido
entre os anos de 1970
a 1991,
a cidade de São José dos Campos foi 4º cidade média que
mais cresceu demograficamente no Brasil, com um crescimento de 5,71% por ano. No
ano de 2007 para 2008 estipula-se um crescimento de aproximadamente 2%. O mesmo
motivo que fez São José dos Campos se tornar a 4º cidade média que mais cresceu
demograficamente no Brasil, nos dias de hoje está fazendo a cidade diminuir o
seu crescimento demográfico, ou seja, na cidade esta ocorrendo uma
descentralização, as indústrias estão saindo de São José dos Campos e indo pra
outras cidades nas quais estão cedendo toda a infra-estrutura que São José dos
Campos cedeu em 1970; Outro motivo dos quais estão fazendo as indústrias irem
para outras cidades é a mão de obra barata. Com a cidade se desenvolvendo no
ramo tecnológico, a mão de obra ficou mais cara, então as indústrias estão se
instalando principalmente do Nordeste. Exemplos destas indústrias são: Kodak,
LG, Ericsson entre outras.
O setor rural do município de São José dos Campos não tem
importância fundamental para o desenvolvimento, pois a área rural ocupa a maior
parte do território (figura 2.1.) sem produzir qualquer tipo de beneficio para a
cidade. A população rural está diminuindo cada vez mais. Um dado interessante é
que 52% do município corresponde a área de preservação
ambiental.
Desta forma, observa-se que a cidade de São José dos Campos passou
por inúmeras transformações nesse período estudado, principalmente pelo Estado e
pelos agentes sociais. Espera-se que os resultados obtidos neste estudo sejam
utilizados na elaboração de políticas de tal forma que, possam contribuir para
uma maior qualidade da infra-estrutura municipal.
REFÊRENCIA
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