PRODUÇÃO
FAMILIAR E SUAS CARACTERIZAÇÕES NO MUNICÍPIO DE JUIZ
DE FORA
Romualdo
Sanderson dos Santos
Paula Coelho Araujo
RESUMO
O presente artigo é resultado de um estudo que realizamos
sobre a Agricultura Familiar na cidade de Juiz de Fora - MG, município situado na Zona
da Mata Mineira. Primeiramente, procuramos situar este setor dentro do contexto
capitalista e como a agricultura familiar consegue se manter no atual contexto
agrário. Foi realizado também, o estudo com algumas unidades agrícolas do
município, juntamente com a AGROJUF (Associação de Agroindústria Familiar
de Juiz de Fora), com a EMATER – MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão
Rural de Minas Gerais) e com a INTECOOP (Incubadora Tecnológica de Cooperativas
Populares, vinculada a Universidade Federal de Juiz de Fora) através da
aplicação de questionários, com a finalidade de se obter informações de fonte
primária e secundária. Procuramos desta forma, estabelecer como outras alternativas, como o associativismo e a
pluriatividade podem permitir que os agricultores gerem rendimento e riqueza dentro do universo
agrário..
Palavras-chaves:
Agricultura familiar, Associativismo, Renda.
1
INTRODUÇÃO
A questão da agricultura familiar no Brasil, obteve um maior destaque a
partir da publicação do relatório da FAO/INCRA, em 1994, no qual foi constatado
que o país possuía 4,4 milhões de estabelecimentos que exerciam atividades
agrícolas realizadas por famílias.
De acordo também com o INCRA (2000), havia 85,2% de agricultores
familiares com relação ao total de estabelecimentos rurais brasileiros e 37,9%
correspondia ao Valor Bruto da Produção Agropecuária Nacional. Apesar destes
números representarem valores bastantes expressivos para tal atividade, o acesso
ao crédito rural ainda é muito restrito por parte do
Estado.
Percebemos também através destes dados estatísticos que, apesar de haver
maiores investimentos por parte do Governo para os grandes produtores, são os
agricultores familiares que garantem o abastecimento da produção local.
Guanziroli (2001) procura retratar este contexto:
[...] os agricultores
familiares, com menos crédito e em menor superfície, produzem mais do que os
grandes ou, em outras palavras, são mais eficientes no uso da terra e do
capital. Essa vantagem está dada pelo uso abundante de mão-de-obra (o que gera
muito emprego, porém de baixa produtividade) e pelas características especiais
do trabalho familiar.
Na tentativa de se estabelecer políticas mais acessíveis ao crédito
agrícola, o Governo Federal em 1996, cria o PRONAF (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura). Observa-se através deste programa uma tendência
de incentivos das políticas agrícolas aos agricultores familiares, devido a
percepção de que nesta atividade o capital é escasso, contudo há uma grande
número de mão de obra que tende a permanecer, gerar renda e produtividade no
campo.
Abordaremos neste espaço, a questão da agricultura familiar no contexto
atual – da agricultura moderna – procurando estabelecer relações dentro do modo
de produção capitalista. Destacaremos também, a importância desta atividade que
assegura a sobrevivência da família e gera desenvolvimento econômico para os
municípios brasileiros, além de ressaltar a questão da pluriatividade, que
auxilia no sustento familiar. Assim, procuramos observar esta questão tratada
aqui, no município de Juiz de Fora, localizado na Zona da Mata
mineira.
2
MATERIAIS E MÉTODOS
2.1
Metodologia
Primeiramente, foi realizado um levantamento bibliográfico sobre
agricultura e agricultura familiar no Brasil, bem como o processo
sócio-econômico do município de Juiz de Fora.
Posteriormente, foram elaborados questionários (quantitativos e
qualitativos) e aplicados junto aos agricultores, a uma associação de pequenos
produtores familiares: a AGROJUF (Associação de Agroindústria Familiar de Juiz
de Fora), a EMATER – MG (Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural de
Minas Gerais) e a INTECOOP (Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares,
vinculada a Universidade Federal de Juiz de Fora). O objetivo destes
questionários foi obter dados de fonte primária e
secundária.
2.2
Localização, processo de ocupação e formação sócio-econômica de Juiz de Fora –
MG:
Até
1853, Juiz de Fora era então um pequeno povoado chamado de Vila de Santo Antônio
do Paraibuna e a partir desta data esta vila foi elevada à categoria de cidade.
Entretanto o seu atual nome foi concebido em 1865.
A
construção da cidade foi realizada por vários setores da sociedade como os
comerciantes, os produtores de utensílios e os responsáveis pelo transporte em
carroças, bem como os escravos que na década de 1860 constituíam quase 60% da
população e tiveram como papel a abertura de caminhos, ruas, construções das
moradias e trabalhavam nas terras do cultivo de café.
Cabe
ressaltar ainda, a função de destaque do engenheiro Henrique Guilherme Fernando
Halfeld que construiu a Estrada do Paraibuna (atual Avenida Barão do Rio
Branco), permitindo a construção de outras ruas
posteriormente.
A
formação sócio-econômica é desenvolvida simultaneamente com a evolução da mancha
urbana e do desenvolvimento industrial da cidade impulsionado pela imigração
alemã na cidade. Além também da ajuda de escravos
recém-libertos e imigrantes - italianos, portugueses, árabes - na formação
sócio-econômica e identidade regional de Juiz de
Fora.
A
partir de 1850 (século XIX) a produção cafeeira expandiu-se por todo país
inclusive na Zona da Mata Mineira. A então vila Santo Antônio do Paraibuna
destacava-se como a principal região produtora de café em relação aos municípios
vizinhos, pois possuía vasto território composto por inúmeras
fazendas.
Na
segunda década do século XX, a produção começou a declinar, entretanto a cidade
não sofreu um período de crise devido ao seu envolvimento com outras atividades,
como a indústria têxtil.
Com
o declínio do café, a principal atividade econômica exercida foi a industrial. A
cidade vivenciou uma intensa modernização destacando-se consideravelmente,
passando assim a se chamar de Manchester Mineira, ao ser comparada com a cidade
industrial da Inglaterra.
O
desenvolvimento industrial da cidade foi dado pelos alemães através de
incentivos do Governo Imperial. Mariano Procópio Ferreira Lage, com o objetivo
inicial de conseguir mão-de-obra especializada para a construção da estrada
União e Indústria (antiga estrada que ligava Juiz de Fora ao Rio de Janeiro)
trouxe mais de 1162 imigrantes, que saíram de seu país de origem com promessas
de terras no Brasil, melhores condições de vida e possibilidades de
enriquecimento, foram então, instalados em uma vasta área da
cidade.
2.3 Abordagem
teórica
Rocha (2002) procura retratar as transformações ocorridas no campo a
partir da modernização conservadora, na qual foi implantado no meio rural o uso
de máquinas, equipamentos tecnológicos e adubos químicos, provocando desta forma
profundas alterações na base técnica e econômica, bem como na organização social
da estrutura agrária do país.
Entretanto, como conseqüência desta modernização houve a marginalização
dos agricultores familiares, permitindo que agravasse a questão das
desigualdades sociais e o aumento da pobreza no campo.
Contudo, apesar dos agricultores familiares sofrerem uma forte pressão
que culminam em seu enfraquecimento, há um processo contraditório provindo do
capitalismo, que estimula a agricultura moderna, mas que paralelamente a este
processo, também permite que a agricultura realizada no meio familiar também se
expanda. Oliveira (1989, p.) procura retratar este fato:
[...]
ao mesmo tempo que segue reproduzindo relações especificamente capitalistas mais
avançadas, produz também, igual e contrariamente, relações não-capitalistas de
produção e de trabalho, como as relações camponesas de produção, a peonagem
etc.
Dentre as relações capitalistas modernas encontra-se a agroindústria
(denominação genérica, mas que pode ser compreendida
a partir das compras e recebimentos de produtos agropecuários para
transformá-los em produtos industrializados pelas indústrias. As atividades que
abrange a agroindústria não são recentes no Brasil, basta nos recordamos da
colonização brasileira onde a agroindústria canavieira teve papel importante, e
contribuiu para que se iniciasse o processo da produção de insumos e
equipamentos voltados exclusivamente para as produções dos latifúndios
escravocratas. A novidade na agroindústria é a maneira de produzir e o fato
dessa produção se processar fora dos domínios do setor agropecuário, que
refletira em novas e complexas relações entre este setor e os consumidores dos
produtos. O que explicaria, talvez, a ineficiência e dificuldades dos produtores
familiares de se manterem produzindo), na qual o destino desta produção é a
exportação de produtos que não servem para o consumo diário da população
brasileira como o arroz, feijão, dentre outros.
Castillo procura tratar deste assunto, afirmando que o Brasil ocupava a
sétima posição no ranking dos países exportadores, em 2002, este fato se deve a
produção de grãos. Sabe-se que este tipo de comercialização, trás como
conseqüências uma balança comercial bastante positiva para a economia
brasileira, bem como para o PIB agrícola que possui uma significativa
importância dentro do PIB total. Entretanto, a especialização de apenas alguns
produtos, pode prejudicar o abastecimento de produtos internos destinados à
população brasileira, atrela a economia regional a algumas monoculturas de
exportação, necessita de crescentes investimentos - como o de transportes, para
o escoamento da produção .
Assim, mesmo sendo um país em que a maior parte da população é excluída
de programas sociais, que possui uma cobertura vegetal diversificada, abrigando
boa parte da biodiversidade existente no mundo, um mercado interno enfraquecido
e muita terra cultivável não explorada, o Estado continua investindo
crescentemente neste tipo de exportação, enquanto que, poucos incentivos são
dados aos pequenos agricultores que abastecem o mercado
interno.
2.3
Alternativas para a reprodução social da família – a pluriatividade
A Pluriatividade é considerada a forma que as famílias encontram para
garantirem uma renda que corresponda ao seu consumo, geralmente para a
realização dessa complementação os membros das famílias prestam serviços a
outros estabelecimentos ou garantem esse capital através de aposentadorias,
aluguéis de pequenos pedaços de terras, artesanatos, programas assistenciais,
fabricação de produtos oriundos da própria produção, utilização da propriedade a
fim de oferecer lazer a terceiros – ecoturismo -, dentre outros. Nesse sentido,
vale ressaltar que:
[...]
Talvez o exemplo emblemático dessa mudança estrutural seja a emergência e a
expansão das unidades familiares pluriativos, pois não raramente uma parte dos
membros das famílias residente no meio rural passa a se dedicar a atividades não
agrícolas, praticamente dentro ou fora das propriedades. Essa forma de
organização do trabalho familiar vem sendo denominada Pluriatividade e refere-se
a situações sociais em que os indivíduos que compõem uma família com domicilio
rural passam a se dedicar ao exercício de um conjunto variado de atividades
econômicas e produtivas, não necessariamente ligadas à agricultura ou ao cultivo
da terra, e cada vez menos executadas dentro da unidade de produção
[...](SCHNEIDER, 2003, p. 100-101).
A penetração do modo capitalista no campo, não necessariamente, expulsa o
pequeno produtor de sua propriedade e de suas atividades, desde que o mesmo
busque outras formas de obtenção à renda. Percebemos, portanto, que a utilização
de outras atividades realizadas no âmbito familiar, aumenta o poder aquisitivo
da mesma, faz com que ela continue a exercer a agricultura não agravando assim
os problemas relacionados ao meio urbano, impedindo de certa forma o caos social
vivenciado pela área urbanizada do município.
Rocha
(2002), procura também tratar sobre tal assunto:
A
persistência de determinados segmentos em situações extremamente precárias pode
estar associada às estratégias de sobrevivência da agricultura familiar, que se
constituem em fontes de renda polivalentes (agrícolas e não agrícolas) e na
realização de diversas formas de trabalho e ocupação, bem como no aproveitamento
de fontes externas, como previdência social e remessas de dinheiro de
migrantes.
3
RESULTADOS E DISCUSSÕES
3.1
A
questão do Associativismo
O produtor familiar enfrenta sérias dificuldades para se manter em sua
produção agrícola, devido à falta de modernização, o desinteresse e ausência de
créditos rurais - para a maior parte desses agricultores -, a ineficácia ao
competir com a industrialização agrícola, problemas relacionados à sucessão,
escassez ou excesso de mão-de-obra, congelamento dos preços para o repasse dos
produtos ao consumidor, a elevação dos custos relacionados a compra de semente e
de outros componentes que são essenciais para a manutenção de sua produção.
Nesse
contexto, o associativismo e cooperativas têm a
finalidade de unir os produtores, para que os mesmos frente aos grandes
mercados, consigam fornecer seus produtos com um valor digno,
reivindicando suas necessidades
“coletivamente”, como acesso as técnicas e a
créditos agrícolas mais baixos. Essas cooperativas e associativismos conseguem
com maior facilidade, em relação ao produtor individual, ter acesso a cursos e
palestras a fim de capacitá-los e otimizando com isso, sua produtividade.
Assim, vemos o quanto questões referente aos pequenos produtores, como
ajuda e financiamentos, por exemplo, são bastante burocráticas. Para adquirir
seus direitos e garantirem seu espaço, eles precisam se organizar em associações
e cooperativas para se inserir de uma forma melhor no mercado. Desta maneira,
percebemos que, ambas as organizações representam um peso institucional
significante perante aos governantes, a sociedade e iniciativas
público-privadas.
3.2
Questão social: a Reforma Agrária
Historicamente
a reforma agrária aparece no capitalismo como necessidade conjuntural de o
capital resolver a questão social advinda da concentração das terras (OLIVEIRA,
1989, p. 81).
A Reforma Agrária no século XXI é um tema de controvérsias, já que
existem diversas linhas teóricas, de como ela poderia se realizada no Brasil. O
fato inquestionável, é que ela deve ser executada. Contudo, se a mesma não
atingir seu objetivo principal que é solucionar a exclusão do homem do campo e
inseri-lo na economia de forma que ele consiga captar os recursos necessários a
sua sobrevivência e adquirir um modo de vida digno, essa reforma será apenas uma
resolução paliativa, não sanando a problemática agrária.
Segundo, Guanziroli (2001), a maioria dos que se beneficiam da Reforma
Agrária assumem o lote em condições de completa descapitalização, não possuindo
condições para implantação de uma agricultura sustentável e rentável. Desta
maneira, uma parte dos beneficiários tendem a fracassar e abandonar o lote após
algum tempo, outras realizam atividades de subsistência complementadas (por
outras fontes de renda obtidas fora daquela propriedade em que desenvolve) e
apenas uma parte insere-se dinamicamente no mercado e consegue criar condições
para um processo de acumulação e aumento de renda.
Para ser um projeto viável, a reforma agrária deverá oferecer captação de
recursos, assistência técnica e fornecer as principais ferramentas para que esse
produtor seja realmente inserido no mercado e tenha capacidade de crescer
economicamente.
Oliveira (1989, p.82), retrata que a reforma agrária não pode ser
encarada como solvência das contradições – contradições que abre um novo
histórico da “subordinação e sujeição
da renda da terra aos grandes monopólios capitalistas” aos pequenos
produtores – e sim como medida atenuante, pois ela cabe mais como resolução de
problemas relacionados ao modo capitalista de produção de forma integral ao
invés da agricultura em
particular. A superação desse modo de produção são as soluções
para as dificuldades encontradas na agricultura.
3.3
Universo Familiar em Juiz de Fora e programas
assistenciais:
Para os produtores o acesso a EMATER é
facilitado e, as políticas municipais têm sido mantidas desde gestores
municipais anteriores, assim, os mesmos estão satisfeitos com algumas medidas
que a Prefeitura realizou, entretanto possuem muitas outras necessidades que
precisam ser sanadas, para que eles possam continuar no mercado. A
EMATER, a INTECOOP e a AGROJUF, exercem grande importância no cenário da
produção familiar em Juiz de Fora, a seguir serão mencionados o papel de cada
uma delas.
A
EMATER-MG presta, conforme o nome, assistência
técnica e organizacional aos agricultores. Ela assiste gratuitamente os
agricultores familiares de Minas Gerais.
Sua
prioridade é a organização promovendo o desenvolvimento sustentável. A Empresa
está presente nos 780 municípios mineiros. Em todo o território do Estado ela
tem como meta atender em torno de 6800 famílias de produtores e em Juiz de Fora,
mais precisamente, ela tem como meta atender 1045
famílias.
A
INTECOOP, vinculada à Universidade Federal de Juiz de Fora é um outro órgão governamental que auxilia os agricultores é tem como
objetivo fortalecer os trabalhadores excluídos do mercado, fazendo com que os
mesmos tenham condições de melhoria de renda, organizando esses trabalhadores em
cooperativas.
Os
agricultores familiares recebem cursos de capacitação e excelência em
atendimento para que possam administrar futuramente seu próprio negócio. Quanto
à assistência técnica aos produtores, este órgão
federal promove
parcerias com a EMATER, com a Prefeitura e a EMBRAPA
(Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária). A EMBRAPA Juiz de Fora tem como
foco de trabalho o Centro de Pesquisa do Gado Leiteiro – para
que os técnicos repassem informações a respeito de mecanismos de não degradação
ao meio ambiente, formas de adubação, melhorias na produtividade, dentre
outras.
O
Poder Público Federal, com esse projeto, faz repasse de tecnologias e
assistência a esses produtores.
A
AGROJUF é uma cooperativa que existe há mais de oito anos e é composta
por 22 famílias do perímetro rural do município. A mesma, possui parcerias com a Emater e este fornece o suporte técnico e acompanha os
agricultores em suas dificuldades.
Para
a mesma instituição, a agricultura familiar é de extrema importância para o
desenvolvimento local. Pois além de gerar rendimento e auto sustentabilidade
para essas famílias, as mantêm praticando a agricultura e evita a marginalização
das mesmas. Dentro dessa organização, a cooperativa em geral, quase não realiza
outras atividades não-agrícolas. Entretanto, o que realmente preocupa esses
agricultores é o fato de não haver interesse dos filhos em ingressar nessa
atividade e fazer com que futuramente as propriedades se tornem locais de
lazer.
Dentre
as principais dificuldades encontradas é a estagnação dos preços e a necessidade
urgente de atingir novos mercados.
3.4
Perfil dos Agricultores
Para caracterizar
o perfil do agricultor familiar de Juiz de Fora foram levados em Consideração,
os seguintes critérios: idade e grau de escolaridade dos produtores. O perfil
das pessoas entrevistadas variou entre 20 e 59 anos de idade, onde os mais
velhos, acima de 40 anos, representaram mais da metade o número de
entrevistados. O fato preocupante está em constatar que os agricultores mais
jovens não estão interessados em continuarem se mantendo na atividade, colocando
em risco a sucessão hereditária da agricultura. Fato que pode ser explicado
pelas dificuldades apresentadas durante o texto.
Mais
da metade dos entrevistados não conseguiu concluir o ensino fundamental. Esta
realidade ocorre, pois no passado os agricultores, tiveram que auxiliar os pais
nas tarefas das lavouras na infância.
Dentre
as principais atividades praticadas pelos agricultores juizforanos são: a
horticultura e a fruticultura que representam à
metade de todos os
produtos comercializados. Percebemos que ainda é necessário o cultivo de outros
gêneros alimentícios, como por exemplo, legumes que são revendidos em feiras
livres determinando uma elevação de seus preços.
As
unidades em sua maior parte, não utilizam a pluriatividade (65,63%) como recurso
alternativo.
Dentre
os entrevistados, pouco mais da metade (56,25%) não recebe nenhuma ajuda do
governo. Este fato é explicado pela burocracia,
encontrada
na obtenção de crédito e pela falta de informação. Os instrumentos mais
utilizados são os tradicionais fazendo com que isso comprometa a produção
impedindo que os produtores concorram
com a agricultura
capitalista.
Quanto
à propriedade da terra, um pouco menos dos entrevistados possuem terras
arrendadas e o restante, a maioria, possuem terras próprias. Os produtores em
terras arrendadas saem muito prejudicados, pois possuem um custo a mais nas
despesas da atividade.
3.5 Considerações
finais
Diante
da realização desse estudo foi possível observar que a agricultura familiar em
Juiz de Fora é expressiva, trás desenvolvimento ao município, entretanto as
famílias não se encontram organizadas e em sua maior parte não pertencem a
nenhuma cooperativa.
Os
governos apesar de realizarem algumas ações, ainda não contribuem de modo
efetivo a fim de promoverem o crescimento da unidade familiar. Desta forma, a
agricultura familiar apoiada em associativismos e assistências tem condições de
gerar rendimento e riqueza dentro do universo agrário.
FAMILIAR
PRODUCTION AND ITS CHARACTERIZATIONS IN THE CITY OF JUIZ DE FORA
Abstract
The
present article is result of a study which
we realized about family
farming in the city of Juiz de Fora - MG,
situated on Zone of Mata Mineira (Mining Forest). Firstly, we look for situating
this sector inside the capitalist context and since the family farming manages
to maintain in the current agrarian context. It was carried out also, the study
with some agricultural unities of the city, together with the AGROJUF
(Association of Family Agroindustry of Juiz de Fora), with the EMATER - MG
(Company of Assistance Technique and Agricultural Extension of Minas Gerais) and
with the INTECOOP (Technological Incubator of Popular Cooperatives, tied the
Federal University of Juiz de Fora) through the application of questionnaires,
with the finality of been obtained informations of primary and secondary source.
We try in this way, to establish like other alternatives, like the associativism and the pluriatividade
they can allow that the farmers produce profit and wealth inside the agrarian
universe.
Key-words:
Familiar agriculture, Associativism, Income
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1
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