PRODUÇÃO DO ESPAÇO,
TURISMO E TERRITÓRIO: PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO DO TURISMO
Karen G. Furlan Basso
RESUMO
Este
artigo apresenta uma avaliação do processo de produção espacial promovido pela
atividade turística a partir de um estudo das políticas públicas de turismo nos
últimos anos no Distrito Federal, com destaque ao Programa de Regionalização do
Turismo – Roteiros do Brasil, de 2003 para 2007. Em linhas gerais, a avaliação
da gestão de políticas públicas específicas de turismo é estratégica para
diagnosticar, prognosticar e compreender a evolução da produção do espaço em
determinadas regiões do Brasil.
Palavras-chave:
Políticas
públicas; Turismo; Território; Produção do Espaço e Programa de Regionalização
do Turismo.
ABSTRACT
This
article presents an evaluation of the spatial production process promoted by the
tourism activity from a study of the tourism public policies in the last years
in Distrito Federal, especially about the Tourism Regionalization Program -
Roteiros do Brasil, from 2003 to 2007. In general lines, the
evaluation of the tourism public policies is strategic to diagnostic, prognostic
and comprehend the evolution of the space construction in a number of regions in
Brazil.
Key-words:
Public
Policies; Tourism; Territory; Spatial Production and Tourism Regionalization
Program.
INTRODUÇÃO
O
turismo, como atividade econômica, produz espaços delimitados destinados ao
consumo por meio de uma variada gama de serviços ofertados aos que viajam. Desta
forma, ele se constitui em um agente de produção espacial, porém não o único. Em
um mesmo território, outras atividades produzem espaços e concorrem na formação
de um conjunto de forças responsáveis pelo direcionamento de um processo de
transformação permanente. Se o turismo é um agente de produção espacial, suas
políticas públicas merecem análise uma vez que podem afetar diretamente a
paisagem de determinado território e as relações sociais de seus habitantes.
Qual a
relação das políticas públicas de turismo com a organização territorial e a
produção do espaço geográfico em determinadas regiões? Qual o papel do Estado no
sentido de regular essa produção e organização? Embora este artigo não responda
estas questões, promove uma reflexão sobre o tema na tentativa de fornecer
subsídios iniciais a futuras pesquisas. A política pública federal se aplica a
todo o território brasileiro, mas seu planejamento e sua gestão, efetivamente
podem variar de região para região, impossibilitando generalizações. Logo, este
estudo tem por base a relação das políticas públicas de turismo, em especial o
Programa de Regionalização, e sua efetiva gestão no território do Distrito
Federal (DF) e baseia-se nas seguintes questões: O Programa de Regionalização do
Turismo – Roteiros do Brasil exerce influência no processo de produção espacial
do Distrito Federal? Qual seria essa e como se daria essa influência? A resposta
a esta questão objetiva avaliar a produção do espaço no DF e entorno por meio do
processo de produção do espaço turístico. Assim, busca-se identificar a criação
de novos espaços por agentes que participam do turismo, as conseqüências desta
nova configuração do território e do espaço geográfico, o grau de influência do
turismo no setor terciário da economia do DF, sua relevância no planejamento
territorial regional e na gestão efetiva do território.
Supõe-se que a alteração observada no cenário espacial do DF, por meio da
apropriação e re-utilização de espaços geográficos para promoção de atividades
turísticas embora tenha ocorrido aleatoriamente, tem se organizado com o
lançamento do Programa de Regionalização do Turismo por meio da articulação de
seus agentes de mercado constituindo um pólo turístico. Outra hipótese é a de
que as políticas públicas de turismo no DF não foram responsáveis por processos
de produção espacial relevantes porque a gestão efetiva do território não
considera a atividade importante para a economia regional e inicialmente não
entendia o turismo como um setor importante da economia, vinculando-o ao lazer e
a recreação. Por fim, supõe-se que os responsáveis pelo planejamento territorial
do DF ainda não compreenderam a relevância do desenvolvimento dos serviços
turísticos para o ordenamento territorial da região.
Esta
análise pauta-se na capacidade ordenadora das políticas de turismo no que se
refere aos territórios que abrangem. Para tanto, baseia-se em referenciais
teóricos escassos, uma vez que existem poucos estudos sobre o tema no Brasil,
principalmente relacionados ao Planalto Central. No caso de Brasília e entorno,
praticamente inexistem abordagens sobre o turismo e desdobramentos
sócio-espaciais de suas políticas. O turismo não está entre as principais fontes
de renda e distribuição na economia regional, não oferecendo atratividade para
estudos e pesquisas aprofundadas. Portanto, foi necessário obter dados e
informações por meio de pesquisa exploratória e consulta aos órgãos públicos do
governo federal e distrital.
O
levantamento bibliográfico possibilitou definir a compreensão do que se entende
por turismo e sua relação com a produção espacial, base desta análise (capítulo
2).
2 TURISMO E TERRITÓRIO
Desde
as primeiras décadas do século XX são registrados estudos sobre o fenômeno
turístico no Brasil que contribuem para o entendimento dessa atividade sob
diferentes enfoques (urbanístico, econômico, sociológicos, entre outros). A
teoria sistêmica, “cujas bases conceituais e científicas fornecem o entendimento
da estrutura e da dinâmica do turismo, permitindo agregar as contribuições das
diversas ciências que interferem em seus múltiplos componentes” (Petrocchi,
2001: 16), foi aplicada ao conceito de turismo no Brasil pelo administrador
Mário Carlos Beni,
e é atualmente, o entendimento mais utilizado pelos planejadores e gestores do
turismo no país.
O
sistema proposto por Beni, intitulado SISTUR, consiste de “três grandes
conjuntos em interação no sistema total: o das Relações Ambientais, o da
Organização Estrutural e o das Ações Operacionais” (BENI, 1998: 44). Embora
todos os componentes do sistema sejam importantes, cabe destacar o Conjunto da
Organização Estrutural, composto do subsistema de superestrutura e do subsistema
de infra-estrutura.
“O subsistema de
superestrutura é composto por entidades públicas, pelas definições do sistema
nacional de turismo, pela ordenação jurídico administrativa e pelas ações
normativas e executivas, que somadas às políticas básicas, resultam na política
nacional de turismo. Tal política influencia o plano nacional de turismo em cuja
implementação o feedback do mercado é previsto. Já o subsistema de
infra-estrutura do SISTUR tem a seguinte constituição: serviços de apoio à
comunidade (saneamento, água, energia e outros); sistema de acesso e transporte,
sistema de comunicação, sistema de segurança; equipamentos sociais.” (PETROCCHI,
2001:20)
Sem a
compreensão da relação interativa destes três conjuntos, o turismo não pode ser
planejado e gerido integralmente. Segundo Jafar Jafari (BENI, 1998:46) o turismo
é o estudo do homem que deixa o local em que reside juntamente com o estudo “da
indústria que satisfaz suas necessidades e dos impactos que ambos, ele a
indústria, geram sobre os ambientes físico, econômico e social da área
receptora”. Problemas que afetam outros setores, como desigualdade social,
analfabetismo e falta de saneamento básico, por exemplo, são obstáculos para o
desenvolvimento do turismo, portanto, vencê-los passa a ser um desafio aos
gestores e planejadores da atividade.
O
planejamento é uma das funções essenciais da administração por ser a base para a
sobrevivência das organizações, sejam elas privadas, estatais, mistas, ou do
terceiro setor. Ele consiste “na
determinação antecipada dos objetivos a serem atingidos e dos meios pelos quais
esses objetivos devem ser regidos. É a decisão do que fazer, como fazer e de
quem deve fazê-lo.” (ROBBINS, 1978: 35). Inicialmente, o turismo no Brasil foi
promovido pelo Estado sem planejamento, utilizando integralmente
infra-estruturas criadas em razão de outros usos do território. Ao longo dos
anos, a atividade deixou de ser uma usuária passiva para tornar-se mais um
agente condicionador do (re)ordenamento territorial. (CRUZ, 2002:7).
Considera-se
território “a projeção sobre um espaço determinado de estruturas específicas de
um grupo humano, que inclui a maneira da repartição e, gestão do ordenamento
desse espaço” (BRUNET et al, apud CLAVAL, 1999, p.9). RATZEL (1844-1904) é um
dos precursores da noção de território como síntese da dominação econômica e
ideológica de determinado espaço por determinada sociedade. Ou seja, a noção do
espaço tornado território uma vez que apropriado e dominado por alguém (família,
tribo, Estado, etc.). “O território nasce então das estratégias de controle
necessárias à vida social” (Robert Sack, apud CLAVAL, 1999, p.8).
Raffestin (apud
BALBIM, 2001, p.166) diferencia o espaço do território quando considera que o
território não é o espaço, mas uma produção a partir do espaço, uma vez que seus
projetos são expressos por representações que revelam a imagem desejada de um
local de relações, ou seja, a imagem desejada de um território. Milton Santos
(apud BALBIM, 2001, p.166) reforça esta diferenciação quando afirma que a
denominação de território ocorre quando determinado espaço passa a ser
compreendido segundo a ocupação efetiva de um povo ao longo da história. Segundo
ele, a ocupação de um espaço por determinada sociedade e as regras criadas
segundo o modo de produção e de trabalho empregadas por ela determinam formas de
poder relativas à ocupação do povo neste espaço. Este poder, por sua vez,
determina as classes sociais, as relações e as formas de ocupação sobre este
território. Ou seja, o território se diferencia do espaço uma vez que possui,
sobre o espaço, uma existência material própria, definida a partir das relações
sociais ali presentes. O espaço, por sua vez, reúne a materialidade e a vida
necessárias para a existência social de determinado território.
O
turismo ocorre, portanto, necessariamente, sobre determinado território, em
diferentes escalas, e depende fundamentalmente da paisagem. A paisagem é o
espaço humano em perspectiva, e o território, um ordenamento de espaços.
“Considerando que os
espaços são distintamente valorizados pelas sociedades, em virtude de
possibilidades técnicas que permitem a sua apropriação, de fatores políticos,
econômicos e culturais, todo o espaço do planeta, e possivelmente de outros
planetas, pode ser considerado espaço do turismo.” (CRUZ, 2002,
p.26).
Nenhuma outra
atividade consome espaço como faz o turismo e esse é um fator de extrema
importância na diferenciação entre turismo e outras atividades produtivas. É
pelo processo de consumo dos espaços que o turismo gesta os territórios
considerados então, turísticos. Dentre as especificidades do turismo está a
característica de consumir elementarmente espaços, ou seja, oferecer produtos
fixos, baseados na localização de seus atrativos sobre determinados territórios
e exigindo, portanto, o deslocamento do consumidor até o produto a ser
consumido. Considerada uma atividade econômica de exportação, necessita que o
consumidor se desloque para o consumo. O produto não pode ser entregue, deve ser
alcançado. Uma atividade econômica com esta especificidade não pode ser ignorada
pelo planejamento e a gestão de um território.
A
crescente importância econômica do turismo tem sido a principal causa para sua
intervenção espacial. Com vistas à organização desta atividade econômica faz-se
sido necessário desenvolver um sistema de objetos relacionados à locomoção,
hospedagem e alimentação que atenda à demanda de pessoas e expectativas que lhes
são próprias. “O conjunto resultante da sobreposição
desses sistemas de objetos e de ações
requeridos pelo uso turístico do espaço distingue o lugar turístico da
atualidade dos ‘outros lugares’. (SANTOS, 1994, 1996, 1997)”
O
turismo concorre no processo de transformação dos territórios para seu uso, com
outros usos do território, bem como com formações sócio-espaciais que antecedem
seu aparecimento. E apesar desses usos se confrontarem, o turismo demonstra sua
força por sua capacidade de “criar, de transformar e, inclusive, de valorizar,
diferencialmente, espaços que podiam não ter valor no contexto da lógica de
produção...” (CRUZ, 2002, p.17). Ou seja, o turismo
representa um complexo sistema de planejamento e gestão do território de
importância estratégica para a economia nacional, tanto na utilização intensiva
dos fatores econômicos mão-de-obra e território, quanto na criação de novas
oportunidades em territórios repletos de mazelas sociais (PETROCCHI,
2001:16).
Logo,
a política pública de turismo levada a cabo em um território determina o modo
como se dá a apropriação deste espaço geográfico. Portanto, cabe ao Estado
estabelecer metas e diretrizes que orientem o desenvolvimento sócio-espacial da
atividade, tanto no que diz respeito à esfera pública como à iniciativa privada.
(CRUZ, 2002,
P.9). Sem a intervenção e o controle do Estado, o turismo se desenvolve
aleatoriamente segundo interesses particulares, ampliando, em muitos casos, os
problemas aos quais pretendia inicialmente sanar, ou, criando novas
desigualdades. Conhecer a política pública e sua gestão efetiva sobre
determinado território torna-se fundamental para analisar o desenvolvimento
sócio-espacial do mesmo. Inicialmente, busca-se resgatar a política nacional de
turismo.
3 POLÍTICAS PÚBLICAS DE TURISMO E A
REGIONALIZAÇÃO
Para
subsidiar a análise do papel do Estado na produção espacial, seria importante
apresentar um histórico de suas políticas públicas, tendo como critério as ações
oficiais dos
três poderes governamentais, suas instituições e agências reguladoras. Porém,
diante da inviabilidade de aprofundar este levantamento no presente artigo,
apresenta-se um resumo para contextualizar a criação do programa ao qual o
estudo se assenta (Programa de Regionalização).
3.1 Contexto de
que antecede a regionalização do turismo
O
primeiro diploma legal a
abordar algum aspecto da atividade turística no Brasil data de 1938
regularizando a venda de passagens aéreas, terrestres ou marítimas às agências
devidamente autorizadas pelo governo, e permitindo que agências de viagem e
turismo concedessem vistos consulares para grupos excursionistas. Observa-se que
desta data até meados de 1966, as políticas
nacionais de turismo consistiram em diretrizes ou estratégias isoladas com
objetivo de organizar e incentivar agências de turismo, transporte e hotelaria
em detrimento de outros componentes do Sistema Turístico, induzindo formas de
confinamento territorial da atividade e seu desenvolvimento parcial.
Segundo Becker
(1999:187):
“O marco, nesta
evolução da política, foi a criação da Embratur em 66, como uma autarquia, e que
via o turismo como uma indústria nacional, importante, só que nos moldes do
governo militar. A EMBRATUR (...) é uma autarquia em que a atividade era
extremamente controlada, centralizada, quer dizer, exercendo um controle
extremamente rígido da atividade turística, circundada pelas grandes companhias
que não autorizavam o turismo, situada particularmente no Rio de Janeiro, onde
estavam as grandes operadoras.”
Observa-se, portanto, que o turismo nas décadas passadas foi conduzido
por um regime que se assemelha com a produção intensiva em grande escala e a
concentração espacial de atividades centralizadas no Rio de Janeiro. Em um dado
momento, esse regime começa a ser transformado, incorporando características do
regime de acumulação flexível, que nas últimas décadas, vem transbordando dos
países centrais para o resto do mundo (CIDADE, 1998, p.240). Esse momento tem
início com o que Cruz (2002: 56-67) considera o terceiro período da historia das
políticas nacionais de turismo no país: a revogação do Decreto n.55/66, pela Lei
n.8.181, de 28 de março de 1991, que reestrutura a EMBRATUR com novos objetivos
e diretrizes para a formulação do que viria a ser a política nacional de turismo
no período 1996/99. A partir de
então, o governo passa a buscar um ordenamento territorial que ao invés de
priorizar a questão hoteleira, atenda ao amplo e complexo espaço que a atividade
utiliza.
3.2 Processo de
descentralização das políticas públicas de turismo e
território
A
principal mudança no significado do turismo em relação à política anterior,
segundo Becker (1995:26),
“estaria expressa na substituição da ênfase no desenvolvimento, para a
valorização e preservação do patrimônio natural e cultural do país e para a
valorização do homem”.
Em
1996, sob o Governo de Fernando Henrique Cardoso, a Política Nacional de Turismo
é constituída como “o documento mais completo e detalhado da história das
políticas federais para o turismo” (Cruz, 2002:62). Ao ler a Apresentação da
Política Nacional de Turismo (1996-99), percebe-se a ênfase dada aos problemas
de desigualdades regionais e geração de emprego e renda:
“Norteia esta Política o
estabelecimento de uma nova equação para a promoção do desenvolvimento da
economia brasileira em que, a exemplo do cenário internacional, o setor de
serviços,
cada vez mais, assumirá maior participação relativa na renda nacional. Ao mesmo
tempo, por suas característica, o turismo contribuirá para promover a diminuição
das desigualdades regionais; a geração de emprego e renda; a integração ao
mercado de trabalho de um contingente populacional de baixa qualificação
profissional, através da execução de atividades correlatas; o desenvolvimento
sustentável de áreas com destacado patrimônio ambiental; e servirá de
instrumento para a inserção competitiva do país no panorama global, através do
estabelecimento de uma imagem externa positiva” (PNT, 1996:6).
O instrumento para operacionalizar a implantação dessas idéias
denominou-se Programa Nacional para Municipalização do Turismo (PNMT), que teve
por principio norteador a descentralização das ações por meio da
municipalização, visando:
“Fortalecer o Poder Público Municipal
para que, em conjunto com as instituições privadas e os representantes da
comunidade, assumisse a co-responsabilidade e fosse partícipe da definição e da
gestão das políticas, dos programas e das ações locais voltadas para o
desenvolvimento do turismo sustentável” (EMBRATUR apud SILVEIRA, PAIXAO & COBOS, 2006,
p.128) .
Fundamentada na
descentralização, no sentido do incentivo a atuação coordenada de agentes
públicos e privados, e estabelecendo parcerias efetivas para o “planejamento,
controle, fiscalização e execução das ações” (PNT 1996-99), as políticas
públicas de turismo mudam seu direcionamento, “seguindo estrategicamente a
filosofia adotada em vários outros setores da gestão pública” (SILVEIRA; PAIXÃO;
COBOS, 2006: 128), tratando à questão da infra-estrutura básica e turística como
resultante da estruturação de pólos turísticos. O PNMT lança as bases para a
política a ser seguida nos próximos governos, incluindo o atualmente em vigor,
que se fundamenta por sua vez, na regionalização do turismo.
3.3 Criação do
Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do
Brasil
Em
2003, foi criado o Ministério do Turismo (MTur), e a EMBRATUR passou a ser um
órgão destinado à promoção e apoio à comercialização turística internacional,
transferindo ao Ministério do Turismo suas antigas competências. Na época, o
então Ministro do Turismo, Walfrido dos Mares Guia, na ocasião de posse do
Conselho Nacional de Turismo (CONTUR), assumiu um compromisso expresso através
do Plano Nacional do Turismo (2003-2007). Este documento, elaborado de forma
coletiva, sob consulta de diversas regiões e setores representativos do turismo
brasileiro, procurou “traduzir uma
concepção de desenvolvimento que, além do crescimento, busca a desconcentração
de renda por meio da regionalização, interiorização e segmentação da atividade
turística” .
Essa busca foi revelada no Programa de Regionalização do Turismo – Roteiros do
Brasil, que derivou do antigo PNMT.
A
proposta do PRT desde seu lançamento é trabalhar outras atividades econômicas e
culturais que possam integrar o turismo, de forma a envolver todo o entorno
regional, e não mais os atrativos principais exclusivos de um município. A idéia
principal do PRT traduz-se na capacidade que determinadas regiões possuem em
proporcionar roteiros integrados qualificados para serem comercializados pelo
mercado, promovendo assim, os resultados esperados em termos de desenvolvimento
econômico e social.
“O que se pretende, então,
em nível de Estado, é incluir no PRT algumas ações que se fizeram ausentes no
PNMT, como a integração dos municípios e segmentos de forma organizada, por
região, e o apoio à promoção e à comercialização desses destinos como produtos
turísticos. (...) Com a regionalização os municípios devem ser capazes de se
articularem para coordenar conjuntamente seus esforços, tornando-se mais
competitivos e garantindo melhores resultados nas suas ações de desenvolvimento
do turismo local e regional, e, nesse sentido, há uma compreensão do governo de
escala espacial, principalmente, de implantação de políticas do turismo voltadas
ao local, os municípios, estabelecendo um outro recorte espacial que se conjuga
com o agrupamento de municípios, formando uma região turística” (SOUZA, 2006,
p.4)
.
Observa-se,
portanto, que ambos os programas (PNMT e PRT) deram inicio a um processo de
transformação do regime de acumulação intensiva para a acumulação flexível,
semelhante ao que acontecia com as indústrias automobilísticas e outros setores
da economia. Assim o regime de acumulação intensiva, vem incorporando
características do regime de acumulação flexível.
Neste
novo período, mantém-se a concentração em áreas específicas enquanto criam-se,
ao mesmo tempo, novas áreas de produção especializada que se distribuem por
territórios diferenciados. O PRT articula-se a nível estadual e para o interior
dos estados, espacializados regionalmente. Em parceria com órgãos privados, as
políticas públicas para o turismo passam a se articular em vários níveis de
organização (nacional, estadual, regional e municipal) compondo 219 regiões
turísticas, elegendo entre estas 111 regiões prioritárias.
3.3.1 Roteiros do
Programa de Regionalização no Distrito Federal e
entorno
A implantação do
PRT no DF foi promovida pelo governo do DF (GDF) sob a execução do SEBRAE e
resultou no envio, para o governo federal (MTur), de seis regiões turísticas de
acordo com os roteiros elaborados:
1.
Roteiro Brasília
– Patrimônio Cultural da Humanidade (Regiões: Brasília, Cruzeiro, Lago Norte,
Lago Sul, Paranoá, Park Way, Núcleo Bandeirante, Candangolândia, Brazlândia e
Sobradinho);
2.
Roteiro Brasília
– Capital de Eventos do Brasil (Brasília e Taguatinga);
3.
Roteiro
Brasília/Chapada dos Veadeiros (Brasília, Lago Norte, Lago Sul, Brazlândia,
Sobradinho, Planaltina e outros municípios do estado de
Goiás);
4.
Roteiros Oscar
Niemeyer (Brasília, Lago Sul e Park Way);
5.
Roteiro Turístico
JK (Brasília, Park Way, Cruzeiro, Lago Sul, Paranoá e Planaltina);
6.
Roteiro Pátria
Amada Brasil (Brasília e Park Way)
Tendo em vista que a metodologia para o desenvolvimento dos seis roteiros
acima expostos foi à mesma, e que ambos levam às mesmas conclusões sobre o tema,
será apresentado no próximo capítulo apenas um roteiro, o Roteiro Integrado Brasília – Chapada
dos Veadeiros, com o objetivo de analisar a aplicação do Programa de
Regionalização do Turismo no território no DF, sob o enfoque da gestão efetiva
do território.
4 APLICAÇÃO DO
PROGRAMA DE REGIONALIZAÇÃO DO TURISMO NO DISTRITO
FEDERAL
O
processo de implantação do Programa de Regionalização do Turismo no Distrito
Federal ocorreu por meio da criação, pelo SEBRAE em parceria com o GDF, de um
Projeto Rede de Cooperação Técnica Para
Roteirização - Região Centro-Oeste que contratou
consultores especializados para a definição e elaboração dos seis roteiros
apresentados. Os itens considerados
no processo de desenvolvimento dos roteiros elaborados foram:
1.
“Percepção do
tipo de desejo, interesse ou necessidade que poderiam ser atendidos mediante
visita de alguém ao atrativo que compõe o produto, utilizando-se da máxima
criatividade;
2.
Focalização do
público-alvo;
3.
Destaque dos
atributos diferenciados apresentados pelo atrativo;
4.
Levantamento
das necessidades de hospedagem, alimentação e transporte para transformar o
atrativo num produto comercializável;
5.
Levantamento
dos equipamentos de hospedagem, alimentação e transporte já existentes e dos
potenciais parceiros no empreendimento;
6.
Delimitação do
nível de interpretação recomendada para o atrativo;
7.
Composição dos
custos incorridos na formação do produto;
8.
Avaliação
preliminar da relação custo–benefício verificada na comercialização do
produto;
9.
Avaliação do
impacto ambiental provocado pela atividade turística;
10.
Determinação
do fluxo máximo de visitantes admissível no local ao mesmo tempo – com base na
avaliação do impacto ambiental.
11.
Avaliação dos
riscos e da segurança oferecida aos turistas, principalmente nas atividades de
ecoturismo em locais que apresentem algum tipo de perigo.” (IN.TUITION TRAVEL,
2006, p.45)
Ao
analisar o processo de implantação do Programa de Regionalização do Turismo –
Roteiros do Brasil se observa uma preocupação voltada à elaboração de roteiros
para o mercado, mas que pretende considerar avaliações que demandam planejamento
e controle. Em alguns momentos, porém, os esforços são concentrados a atenderem
o mercado da melhor maneira possível.
“A
montagem de um bom roteiro turístico é um verdadeiro trabalho de quebra-cabeça,
implicando a escolha criteriosa de atrativos e contratação econômica dos meios
de transporte–hospedagem que se ajustem à demanda de mercado. Quando se fala em
demanda de mercado, podemos falar não só da já existente como também daquela que
pode ser desenvolvida ou estimulada junto aos potenciais clientes.” (Manual para
Roteirização: desenvolvimento de produtos e roteiros
turísticos)
Conclui-se que a aplicação do
Programa de Regionalização no Centro-Oeste, mais precisamente na região de
Brasília, com o Roteiro Integrado Brasília – Chapada dos Veadeiros, segundo os
documentos e entrevistas com técnicos do SEBRAE e do GDF, teve como foco
principal a integração dos agentes
participantes da REDE, empresários do turismo receptivo da região (Brasília e
Chapada dos Veadeiros), e outros envolvidos do terceiro setor. De modo geral, as
políticas públicas de gestão do turismo editadas pelas diversas instâncias
governamentais brasileiras nos últimos anos, têm se apropriado do turismo apenas
pelas dimensões econômicas e mercadológicas, deixando de fora dos seus estudos e
estratégias outras dimensões dessa prática social que repercutem, sobremaneira,
no cotidiano de áreas receptoras (FRATUCCI, 2006, p. 2).
A dimensão mais relevante a ser destacada nesta reflexão e não observada na
implantação das políticas públicas de turismo é a que diz respeito à sua
espacialidade. A dinâmica e a lógica dos processos de produção dos espaços,
neste caso turísticos, ainda não tem sido plenamente compreendida por seus
estudiosos, quem dirá por seus planejadores e gestores.
Ao
avaliar a implantação do PRT no Distrito Federal nota-se claramente o uso de
categorias e tipologias divergentes e confusas, como, por exemplo, o uso da
categoria de região turística, de roteiros regionais, de produtos e arranjos
produtivos, com o mesmo significado. Na prática, o quê se observa é uma
simplificação do entendimento da regionalização direcionado à elaboração de um
roteiro passível de ser comercializado, voltado ao mercado e respeitando suas
regras.
5 CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Conforme exposto no início desta
reflexão, por se propor a analisar políticas recentes, esse estudo não apresenta
uma conclusão, mas um elenco de questões a serem respondidas ao longo de um
aprofundamento nas pesquisas sobre o tema. O primeiro deles diz respeito ao
papel do Estado e ao que o mesmo vem propondo com o PRT, quando comparado à sua
proposta inicial de descentralização, o PNMT. O PNMT, apesar de ter sido
pulverizado por sua própria estrutura e grandiosidade, promoveu uma mobilização
e um envolvimento que induziu à integração de políticas públicas, mesmo que em
âmbito municipal, local. Porém, por ser o estado o órgão a dar a última palavra
de decisão ao governo federal, o que tem sido observado no novo Programa, o PRT,
cuja proposta inicial era manter a descentralização, é uma ruptura na democracia
plena dos cidadãos de poderem escolher as regiões dotadas de interesse para o
turismo, uma vez que é o estado, em conjunto com o governo federal, quem decide
o que é prioritário e o que não é.
É
importante observar que com essa nova estrutura de política pública de turismo
centrada na decisão dos estados sobre suas regiões e roteiros prioritários, a
descentralização promovida não é mais do que uma descentralização controlada, ou
seletiva. Ou ainda, uma articulação perigosa que dá autonomia a governadores
exercerem livremente seus interesses pessoais. Observa-se aqui, uma repetição do
que ocorreu no passado, em tempos ditatoriais, onde os fatos evidenciam que os
parceiros privilegiados foram os governos estaduais, e que dentre as diversas
regiões privilegiadas, o Nordeste foi destaque. Este quadro se repete claramente
ao considerar as iniciativas que o governo tem promovido com relação a
financiamentos e elenco de prioridades dentro da estratégia de descentralização
seletiva ou controlada dos programas atuais.
No que
diz respeito ao papel do Estado na produção do espaço geográfico pode-se obter
respostas, por meio de políticas públicas, mas estas respostas não se aplicam ao
observar a influência real existente na gestão efetiva dos territórios. O Estado
deve regular os interesses, representados atualmente pela competição das
unidades federadas, que detêm de autonomia para estabelecer as regras do jogo,
disciplinar o uso do solo e controlar parcerias. O Estado também deve assumir seu papel no
que diz respeito à integração de suas políticas de modo a reduzir conflitos
setoriais. O que se observa é a multiplicação de agências, empresas, etc. com
autonomia para fazer sua própria política e promover a insustentabilidade
institucional, sem a intervenção estatal, ou inclusive, com seu apoio.
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REDE DE COOPERAÇÃO TÉCNICA PARA ROTEIRIZAÇÃO REGIÃO CENTRO-OESTE
BRASÍLIA–CHAPADA DOS VEADEIROS.
Manual para
Roteirização: desenvolvimento de produtos e roteiros turísticos. Elaboração:In.Tuition
Travel. Junho de
2006