A PROBLEMÁTICA
AMBIENTAL URBANA:
O CASO DO
RIBEIRAO SÃO BARTOLOMEU
NA ÁREA CENTRAL
DA CIDADE DE VICOSA, MG.
ALKIMIM, AKENYA
FREIRE DE
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VICOSA (UFV)
akenyaalkimim@yahoo.com.br
1 –
INTRODUÇÃO
O homem, desde suas origens, tem introduzido alterações marcantes
no equilíbrio dinâmico dos ecossistemas que compõe a biosfera. Sendo assim, a
busca pelo conhecimento do espaço que o cerca direciona o homem a desvendar
novas metodologias e técnicas que bem utilizadas propiciam um excelente
instrumental para auxiliá-lo na ocupação e planejamento do espaço
geográfico.
O uso dos recursos naturais pelo homem impregna no espaço
territorial uma diversidade de elementos artificiais que, ao longo do tempo,
poderão caracterizar a região. Tal uso pode ser entendido como a forma pela qual
o espaço está sendo ocupado pelo homem. O levantamento do uso do mesmo é de
grande importância, na medida em que os efeitos da sua utilização podem causar
deterioração do ambiente.
As formas de uso e ocupação do solo são muito variadas: pastagens,
agricultura, florestas, água, fixação de propriedades, entre outras. Assim,
deve-se atentar para a sua correta utilização.
Uma das alterações marcantes, da ação do homem sobre o meio
ambiente, é a degradação dos rios. Tal problema está associado ao crescimento
das cidades com a ocupação de áreas inadequadas para a urbanização, associado à
falta de informação das pessoas que vivem em torno delas. A ocupação das margens
dos rios retrata fidedignamente esse modelo depredador do espaço o que pode
ocasionar sérios problemas para o meio ambiente e para a sociedade.
Com base no que foi exposto, esse trabalho busca retratar como a
urbanização da cidade de Viçosa, direcionada para as margens do Ribeirão São
Bartolomeu, tem comprometido o manancial do Ribeirão, uma vez que ocorre
lançamento de efluentes no seu curso. Aliados a tal problema, pode-se citar a
retirada da cobertura vegetal, disposição de lixo, construções muito próximas
das margens do rio.
1.1 – CARACTERIZAÇÃO FÍSICA DO MUNICÍPIO DE VIÇOSA,
MG
O município de Viçosa está localizado na Zona da Mata Mineira,
incrustado na Serra de São Geraldo, possuindo uma área de 279 km2, a
uma altitude de 648, 74 m,
posicionando-se entre as coordenadas geográficas: 20º 45`14” latitude Sul e 42º
52`54” Longitude Norte e, à coordenada UTM 7.703.630 N e 720.570 E. Limita-se ao
norte com o município de Teixeiras; ao Sul com os municípios de Paula Cândido e
Coimbra; a Leste com os municípios de Cajuri e São Miguel do Anta e a Oeste com
os municípios de Porto Firme e Guaraciaba.
Esta área é caracterizada por um relevo fortemente ondulado, inserido no
contexto do Domínio dos Mares de Morros (AB’ SABER, 2003). Este relevo é
composto por várias unidades, tais como rampas, leito maior, leito menor,
terraços aluviais antigos, topos aplainados e geoformas côncavas e convexas
(SANT`ANA, 1984).
FIGURA 1:
Localização de Viçosa
2-
OBJETIVOS
OBJETIVO
GERAL
Estudar a problemática ambiental urbana oriunda de uma ocupação
irregular do espaço no Ribeirão São Bartolomeu, no trecho compreendido entre a
entrada principal da UFV, mais conhecida como Quatro Pilastras e a Rua dos
Passos.
OBJETIVOS ESPECÍFICOS
·
Coleta
e análise dos dados;
·
Avaliação
ambiental;
·
Proposição
de soluções.
4-
JUSTIFICATIVAS
A urbanização
irregular é uma característica de ocupação na cidade de Viçosa. A presença da
Universidade Federal (UFV) contribuiu e contribui para aumentar esse uso
indiscriminado do espaço devido à concentração imobiliária em torno da
mesma. Tal fato se torna mais
evidente na sua área central devido à proximidade da UFV.
4.1 – A HISTÓRIA DA
OCUPAÇÃO DA CIDADE DE VIÇOSA
A cidade de Viçosa surge entre os séculos XVIII e XIX, mediante a
necessidade de produção de bens agrícolas para abastecer as regiões auríferas
mineiras, como Ouro Preto e Mariana. A população que para aqui se dirigia
provinha da busca por terras suficientemente agricultáveis para a policultura e
criação de pequenos animais. Originalmente o território era habitado por índios
(Puris, Botocudos e Aimorés) que exerciam resistência aos novos ocupantes que
chegavam (Paniago, 1983).
Em 1800, um dos moradores, Padre Francisco José da Silva, obteve
uma licença para erguer uma ermida, sob a invocação de Santa Rita, onde foram
construídas as primeiras casas ao seu redor, passando, esse povoado a se chamar
Santa Rita do Turvo (devido a Santa Rita e a um dos rios que banha a cidade, o
rio Turvo). Neste povoado, as primeiras casas constituídas eram de abastados
fazendeiros. Como já dito, a fertilidade do solo e a salubridade do clima
deram-lhe nome e atraíram os primeiros colonizadores, vindos das áreas
auríferas, dado à crise dos gêneros de primeira necessidade (Paniago,
1983).
De acordo com Paniago (1983), com a exaustão dos veios auríferos
do Vale do Ribeirão do Carmo, a economia do município decaiu. Logo após, houve a
introdução da cultura do café. A decadência nos preços destes produtos,
entretanto, fez com que várias lavouras fossem transformadas em pastagens,
sustentando uma pecuária leiteira extensiva e uma agricultura de sustentação.
Estes fatos fizeram com que, Arthur da Silva Bernardes, nascido em Viçosa
resolvesse criar na sede da comunidade, uma escola que pudesse ajudar no
desenvolvimento da economia do município. Foi criada assim, a Escola Superior de
Agricultura e Veterinária (ESAV) na década de 1920,se tornando, posteriormente,
a Universidade Federal de Viçosa.
Cabe salientar que, a procura por áreas impróprias para construção
de moradia na no centro da cidade de Viçosa é proveniente da concentração das
atividades comerciais e administrativas, os serviços, o lazer e o próprio campus
universitário. Somado se ao que foi dito anteriormente, pode se dizer que o
Ribeirão nunca ocupou um lugar de destaque na paisagem viçosense e por isso
desde o inicio da construção da cidade, observou-se a ocupação de suas margens
que conflitava com a preservação dos seus recursos
hídricos.
O Ribeirão São
Bartolomeu, principal curso d’agua que corta a cidade, nunca ocupou um lugar de
destaque na paisagem na paisagem urbana. Já no inicio da formação da cidade, as
primeiras construções situadas em terrenos que se limitavam com o ribeirão,
tinham os fundos voltados para ele, situação que facilitava o lançamento do lixo
produzido nos quintais e do esgoto sanitário diretamente ao curso d’agua.
(MELLO, 2002)
O que pode se identificar no processo histórico de Viçosa é que o
crescimento da cidade acompanhou as limitações impostas pelos condicionantes do
meio físico, principalmente pelo relevo local, uma vez que Viçosa se encontra
localizada num fundo de vale. Sendo assim, partindo de uma análise de um ponto
central, cabe dizer que os eixos principais de crescimento foram os locais de
cota mais baixa dos vales adjacentes ao marco da centralidade.
Diante do que já foi exposto, pode-se afirmar que planejar o
espaço, dentro de uma perspectiva de entender o presente com informações do
passado e projetar prognósticos para o futuro, é de fundamental importância para
nele intervir maximizando os pontos positivos e minimizando os negativos. Diante
disto, surge uma necessidade cada vez maior de se pensar em políticas que
priorizem a organização dos diferentes usos e ocupações do
solo.
5
- MATERIAIS E MÉTODOS
O
trabalho foi dividido cinco etapas. Primeiramente foram coletados dados de
ocupação inadequada do solo ao longo do trecho, tais como identificação dos
pontos problemáticos, edificações irregulares, saídas de efluentes, processos
erosivos, entulho, lixo, margem degradada, e também identificação de interceptor
de esgoto, culturas e presença de mata ciliar.
Posteriormente,
uma busca por informações adicionais nos órgãos competentes: Secretaria de
Obras, Secretaria de Agricultura e Meio Ambiente e SAAE (Serviço Autônomo de
Água e Esgoto). Sendo eles responsáveis pelas obras, pelas questões ambientais e
sanitárias que ocorrem na cidade.
Na terceira etapa foi aplicado um
questionário aos moradores ribeirinhos no trecho em questão.
Tal questionário teve como finalidade conhecer a opinião dos
moradores em relação às condições em que o ribeirão se encontra, se os mesmos
sofrem com essas condições, e se após a implantação (parcial) do interceptor
houve alguma melhoria.
A
Quarta etapa consistiu na avaliação e análise dos dados.
E a última etapa,
proposição de medidas mitigadoras e medidas preventivas na tentativa minimizar
as ações da população no ambiente.
6-
RESULTADOS E DISCUSSÕES
6.1
– DA APLICAÇÃO DO QUESTIONÁRIO
Após a aplicação
dos questionários e análise dos resultados verificou-se que:
·
Moradores mais
antigos descrevem grandes mudanças ocorridas ao longo das ultimas décadas, tais
como: diminuição da fauna aquática, deslocamento e diminuição das margens,
aumento do mau cheiro, escurecimento da água e aumento de resíduos nas margens
do Ribeirão.
·
Observou-se que
há uma maior insatisfação por parte da população que reside no trecho
compreendido entre a Avenida Marechal Castelo Branco e a Rua dos Passos. Uma das
hipóteses levantadas é devido à maior proximidade que este grupo vive do rio, em
alguns pontos a distância das casas até o Ribeirão não ultrapassava dois
metros.
·
A construção do
interceptor de esgoto melhorou significativamente a qualidade do ribeirão para a
maioria dos entrevistados, porém houve relatos de que tal medida não alterou a
qualidade da água e do ar. Em relação ao mau cheiro oriundo do Ribeirão, nota-se
que tal problema se agrava durante o verão e no período da tarde ao longo do
dia.
·
Muitos moradores
consideram suas casas bastante próximas às margens do ribeirão. Pelo visto e
pesquisado não havia nenhuma orientação por parte da prefeitura no que se refere
às construções de casas as margens do Ribeirão e também a futuros problemas que
isso poderia trazer.
·
Todos os
entrevistados afirmaram não jogar lixo no rio, porém não foi o observado, pois
percebe-se grande quantidade de lixo disposto as suas margens.
6.2-
DA IDENTIFICAÇÃO DOS PROBLEMAS E PROPOSIÇÃO DE
SOLUÇÕES
Observam-se
inúmeros problemas ao longo do trecho estudado que merecem atenção especial
devido à sua gravidade e possíveis danos a população. A proposição de soluções
para minimizar tais fatores de degradação, cabe salientar, é de suma importância
para a melhoria da qualidade de vida da cidade de Viçosa. A seguir se apresenta
os problemas ambientais identificados.
6.2.1-
LANÇAMENTO DE ESGOTO DOMÉSTICO
Sabe-se
que a composição dos efluentes domésticos é basicamente de uma grande
concentração de matéria orgânica, tal fato consumirá grande quantidade de
oxigênio presente na água. Uma vez consumida, tal quantidade de oxigênio
comprometerá a fauna do Ribeirão. Considerando-se que a capacidade de
autodepuração de um curso d’água é limitado, o lançamento de grandes quantidades
de efluente doméstico comprometerá a qualidade de água deste curso.
Sabe-se
também que o esgoto doméstico pode trazer inúmeras doenças ao homem quando
lançados num corpo d’água sem o tratamento adequado. Assim, a população que de
alguma forma tem contato, direto (ex: pesca e banho) ou indireto (ex: consumo do
pescado) com o rio está sujeita a graves danos à sua saúde.
Um
dos grandes problemas que existe atualmente é a não colaboração, de parte da
população que residem às margens do Ribeirão, negando-se a lançar seus efluentes
na rede coletora, fugindo assim de taxas cobradas por esse serviço.
Conseqüentemente comprometendo as medidas tomadas para solucionar o problema do
lançamento de efluentes no rio.
Na
tentativa de minimizar os problemas causados pela emissão de poluentes no rio
sugere-se a construção de uma estação de tratamento de esgoto bem como o término
da rede coletora.
A
referida medida visa à coleta dos efluentes produzidos, seu tratamento e,
posteriormente, seu lançamento no Ribeirão, minimizando, desta forma, os
prejuízos a utilização da água na região a jusante. Para essa ser eficiente deve-se ter o
apoio da população ribeirinha, destinando seus esgotos na rede coletora.
Lembrando que essa medida devera ser executada pelo SAAE (Sistema Autônomo de
Água e Esgoto).
6.2.2-
CONTAMINAÇÃO DO RIBEIRÃO COM LIXO
Segundo
Pereira Neto (1996), lixo é definido como uma massa heterogênea de resíduos
sólidos, resultante das atividades humanas, as quais podem ser reciclados e
parcialmente utilizados, gerando entre outros benefícios, proteção a saúde
pública e economia de energia e de recursos naturais. O lixo é composto por
materiais inertes como plástico, vidros, metais, ossos, cerâmicas, dentre outros
e, por materiais orgânicos como papel, papelão, restos de alimentos, frutas,
legumes, alem de folhas de grama.
O seu enterramento ou sua disposição nas margens e leitos dos rios
concorre para a poluição dos mesmos, como geração de chorume que são lixiviados
para o corpo d’água poluindo o rio. No caso específico do trecho estudado,
apesar da coleta de lixo ser realizada diariamente, observou-se grande
quantidade de lixo disposto às margens do Ribeirão. Em alguns locais foi
detectada a disposição de restos de construções, quantidade expressiva de
isopor, plástico e ate lâmpadas fluorescentes (que apresenta metais pesados em
sua composição e que podem acarretar danos à saúde).
De
acordo com o que foi exposto, cabe salientar que se faz necessária a implantação
de uma coleta seletiva e destino adequado para os resíduos na cidade de Viçosa.
Sugere-se a construção de uma usina de reciclagem, galpão de triagem e venda do
material, construção de um aterro controlado para dispor o lixo que não pode ser
reciclado, construção de um pátio para a compostagem do material orgânico, bem
como a conscientização da população para essa questão.
Essas
medidas, se viáveis, deverão ser ministradas a fim de eliminar qualquer tipo de
problemas causados pelo lixo, ressaltando que essas são soluções ideais para o
acondicionamento do lixo. Devendo ser liderado pela prefeitura e com a
colaboração da população na forma de cooperativas, associações de bairros,
etc.
6.2.3-
CONSTRUÇÕES IRREGULARES
De
acordo com Steohan citador por Arruda, (1997) , a cidade de Viçosa vem
associando ao logo de sua historia, uma forma de ocupação de seu solo que é
resultado de processos construtivos sem nenhuma influência da legislação
urbanística e dos profissionais que detêm as atribuições técnicas capazes para
dar forma às cidades. O crescente aumento da população urbana não vem sendo
acompanhado por um correspondente planejamento da expansão urbana. No decorrer
do trecho estudado, constataram-se muitas obras irregulares, não respeitando as
normas estabelecidas em lei, como, por exemplo, deixar um buffer de
15 a
20 metros da
margem do rio, que visa preservar os fundos de vale, evitando-se o surgimento de
processos erosivos na forma de sulcos, voçorocas, bem como o fenômeno de
assoreamento.
É
necessário que medidas públicas sejam encaminhadas no sentido de respeitar às
determinações da legislação Essas medidas têm por objetivo respeitar a faixa
estabelecida por lei se houver novas construções as margens do rio e construir
um eficiente sistema de fiscalização para que não ocorram novas construções
irregulares, embargando as obras em áreas ribeirinhas que estejam em desacordo
com as disposições legais. Essas medidas devem ser priorizadas e executadas pela
prefeitura municipal de Viçosa (Secretaria municipal de Obras, Câmara dos
Vereadores), bem como a participação direta da comunidade
viçosense.
6.2.4-
RETIRADA DA MATA CILIAR
No
decorrer do percurso estudado constatou-se que a cobertura vegetal é quase que
inexistente, aparecendo apenas em poucos lugares, e a retirada da cobertura das
margens causa sérios problemas, como erosão e assoreamento do curso
d’água.
Para
se evitar problemas como erosão e assoreamento, deve-se fazer uma revegetação
nas margens do rio a fim de que se evitem processos erosivos e minimize o
assoreamento no local, e, além disso, construir ou fortalecer a rede pluvial da
cidade evitando que as águas de chuva cheguem ao leito do rio e provoque danos
em seu curso.
6.3-
MEDIDAS COMPLEMENTARES PARA MELHORIA DA QUALIDADE DO RIBEIRÃO SÃO
BARTOLOMEU
6.3.1-
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Segundo o
Ministério do Meio Ambiente, “Educação ambiental é um processo permanente, no
qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do seu meio ambiente e
adquirem conhecimentos, valores, habilidades, experiências e determinação que os
tornam aptos a agir – individual e coletivamente – e resolver problemas
ambientais presentes e futuros”.
Com base nisso,
torna-se necessário promover a educação ambiental na população viçosense, em
especial nas pessoas residentes na margem do rio, a fim conscientizá-las que,
seu apoio para a recuperação e manutenção do ribeirão São Bartolomeu, é de suma
importância.
Sendo assim, a educação ambiental pode ser trabalhada através de
campanhas nas escolas, em forma de visitas nas residências, distribuição de
folder, panfletos e cartazes, divulgação através de rádios e outros meios de
comunicação. Medidas como essas proporcionam tanto melhorias ambientais quanto o
bem estar social, caracterizando a importância da educação ambiental.
6.3.2-
LEGISLAÇÃO
MUNICIPAL
O
conjunto de leis que vigoram no município necessita ser bem formulado a fim de
assegurar, neste caso, a utilização de forma racional dos recursos naturais e
especialmente dos recursos hídricos. Em Viçosa, a Secretaria de Obras
é
responsável pela aprovação dos projetos de obras a serem realizadas na cidade. O
Código de Obras prevê a reprovação dos projetos de obras que estejam muito
próximas das margens do Ribeirão. Segundo a Secretaria de Obras de Viçosa, tais
reprovações sempre ocorreram, porém são desobedecidas. Em muitos casos o projeto
é aprovado, sendo em seguida modificado durante a sua construção. Justifica-se
também a precária fiscalização, e ao valor das multas que não são caras a ponto
de acontecerem desistências na construção do projeto. Com base nestas
informações observa-se a importância da renovação do Código de Obras para que
este se torne mais efetivo.
Desde dezembro de 2002 existe o Código de Meio Ambiente do
Município de Viçosa (Lei N° 1523/2002). Segundo Vereador Pedro de Oliveira da
Silva é considerado como um valioso aparato legislativo ambiental, base para a
proteção do meio ambiente e a promoção da qualidade de vida da comunidade. Tal
Código está muito bem elaborado, porém faz-se necessária uma melhor estruturação
da Secretaria do Meio Ambiente para o cumprimento desta lei.
6.3.3 - FISCALIZAÇÃO EFICIENTE
Um dos problemas no descumprimento das leis deve se ao fato da precária
fiscalização. Para que se tenha uma fiscalização eficiente é necessária,
primeiramente, a presença de profissionais treinados para esta função em número
suficiente para abranger toda a área. E também que esta ocorra regularmente. A
aplicação de multas seria uma tentativa para minimizar as ações da população
sobre o meio ambiente.
7- CONSIDERAÇÕES
FINAIS
O uso e ocupação do solo de forma irregular nos centros urbanos
têm comprometido a conservação deste e se constituído como uma ameaça à
população que sobre ele habita.
O rápido crescimento urbano de Viçosa nas décadas de 70-80 do
século XX, assim como a especulação imobiliária em torno dos espaços que
circundam a Universidade, podem ser tidos como os principais responsáveis pelo
desencadeamento de processos erosivos acentuados no centro da cidade, ocorrendo,
inclusive, movimentos de massa. Os prédios que margeiam o Córrego São
Bartolomeu, o principal curso d’água da cidade, aceleram as dinâmicas
hidrosedimentológicas de suas margens, mesmo porque estão voltadas de costas
para o córrego, representando ele as descargas de seus resíduos. Em conclusão a deflagração de pontos de
risco eminente à estabilidade dos solos no centro da cidade de Viçosa se dá pela
confluência de uma ocupação sem planejamento sobre um contexto de ausência de
uma legislação ambiental efetiva.
8 - REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
AB’SABER, A. N.
O Relevo Brasileiro e seus Problemas. In: AZEVEDO, A. de (Org.). Brasil a terra e o homem (v. I: As
Bases Físicas). São Paulo: Companhia Editora Nacional,
1968.
AB`SÁBER, Aziz
Nacib. Os domínios de natureza do
Brasil: potencialidades paisagísticas. São Pulo: Ateliê Editorial, 2003.
160p.
ARRUDA, Paulo
Roberto Ribeiro. Uma contribuição
ao estudo ambiental da Bacia Hidrográfica do Ribeirão São Bartolomeu.
Viçosa, Minas Gerais. Dissertação (Mestrado em Ciência Florestal) Viçosa: UFV ,
1997.
BRASIL.
Lei n° 4771, de 15 de Setembro
de 1965. Institui o
Novo Código Florestal. Diário oficial
[da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 16 set. 1965.
GEOMINAS. Base
Digital de Minas Gerais. Belo Horizonte: Prodemge, 1996. Disponível
em:<http://www.geominas.mg.gov.br>. Acesso em 02 jun. 2007.
MELLO, Fernando Antônio Oliveira. Análise do processo de
formação da paisagem urbana no município de Viçosa, Minas Gerais, 2003,
103f. Dissertação
(Mestrado em Ciências Florestais) – Viçosa: UFV,
2002
MOREIRA, A.
A. N.; CAMELIER, C. Relevo. In: IBGE. Geografia do Brasil/Região
Sudeste. v.3. Rio
de janeiro: FIBGE, 1977.
PANIAGO, Maria
do Carmo Tafuri. Evolução Histórica e
Tendências de Mudanças Sócio-culturais na Comunidade de Viçosa - MG. 1983. 407 f. Dissertaçao
(Mestrado em Extensão Rural) – Departamento de Economia Rural, Universidade
Federal de Viçosa, 1983.
PEREIRA NETO,
J.T. Tratamento e destinação dos
resíduos provenientes de empreendimentos agrícolas. Brasília: ABEAS,
1996.
RIBEIRO, Paulo
R. da Silva. Caracterização Química,
Física e Microbiológica dos Cursos D’água da Bacia do Rio Turvo Limpo. 2002.
153 f. (Dissertação
de Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Agroquímica, Universidade Federal de
Viçosa. 2002.
SANT`ANA,
Terezinha Azis Alexandre. Viçosa: meu
Município. Viçosa, 1984. 92 p.
VALVERDE, O.
Estudo Regional da Zona da Mata de
Minas Gerais. Revista Brasileira de Geografia,
Rio de Janeiro: IBGE, Ano 20, n. 1, 1958. p. 3-79.
9 - ANEXO
Questionário Aplicado
A
aplicação do questionário visou saber a opinião da população em relação às
condições em que o ribeirão se encontra, e a maneira que as pessoas são afetadas
pela degradação do Ribeirão.
Aspecto
analisado |
Porcentagem
da população entrevistada (%) |
Casa
própria
Casa
Alugada |
70
30 |
Tempo de
Residência:
Até 1 ano
1
a 5
anos
5
a 10
anos
Mais de 10
anos |
30
5
5
60 |
Percepção de
degradação ao longo dos anos
Perceberam
Não Perceberam
Não
Responderam |
80
15
5 |
Proximidade
da casa ao Ribeirão
Considera Próxima
Não considera Próxima |
80
20 |
Orientação
da Prefeitura
Sim
Não
Não
Responderam |
0
75
25 |
Tipo de
Degradação
Odor
Lixo
Cor
Outros
* |
70
55
65
65
|
Odor
Nenhum
Levemente Perceptível
Perceptível
Insuportável
Não
responderam |
10
5
20
50
15 |
Período do
dia que o odor é mais forte
Manha
Almoço
Tarde
Noite
Constante |
10
5
50
20
5 |
Coleta de
Lixo
Diariamente |
100
|
Joga lixo no
Ribeirão
Não |
100
|
Transtornos
causados pela chuva
Sim
Não
Não
Sabe |
30
65
5
|
Consciência
do lançamento de esgoto no Ribeirão
Sim
Não |
95
5
|
Importância
da recuperação
Sim |
100
|
Disposição a
pagar taxas referentes à recuperação
Sim
Não
Depende |
75
10
15 |
Valor de
taxas
0
a 5
reais
5
a 10
reais
10
a 20
reais
Mais que 20 reais
Não
responderam |
40
25
10
0
25 |
*Outros tipos de
degradação como assoreamento, animais mortos. Além da presença constante de
insetos.
Ponencia presentada en el IX
Encuentro Internacional Humboldt. Juiz de Fora, Minas Gerais - Brasil. 17 al 21
de setiembre de 2007.