Rumbo al IX Encuentro Internacional
Humboldt
¿Réquiem para el “Neoliberalismo”?
Juiz de Fora, Minas Gerais –
Brasil
17 al 21 de setiembre de 2007
El Centro Humboldt da inicio a la difusión
sistematizada de una serie de materiales preparatorios de la discusión central
del llamado a la reunión setembrina en Brasil
O que é a
globalização
Ignacio Ramonet
Sob o título “O mercado
contra o Estado", Ignacio Ramonet – editor do Le Monde Diplomatique e
autor de “Biografia a duas vozes”, entrevista de cem horas com Fidel Castro
(Boitempo Editorial) – dá uma sintética e competente definição da globalização
neoliberal.
Usemos este texto como tema de discussão, para entender
melhor os problemas do nosso tempo, do mundo e do Brasil. É um bom texto para
ser reproduzido e utilizado em seminários de debate.
"O que é a
globalização? O enfrentamento central do nosso tempo. Aquele do mercado contra o
Estado, do steor privado contra os serviços púiblicos, do indivíduo contra a
coletividade, dos egoísmos contra as solidariedades.
Por todos os meios,
o mercado procura ampliar sua área de intervenção em detrimento do Estado. É por
isso que as privatizações se mutliplicam em todos os lados. Elas são, de fato,
simplesmente tranferências para os setor privado de fragmentos (empresas,
serviços) do patrimônio público. O que era gratuito (ou mais ou menos barato) e
à disposiçáo de todos os cidadãos sem distitnção se torna pago ou mais caro.
Esta grande regressão social tem sobretudo relação com as camadas mais pobres da
população. Porque os serviços públicos são o patrimònio dos que não têm
patrimônio.
A globalização é também, pelo mecanismo das trocas
comerciais, a interdependência cada vez mais estreita das economias de numersos
países. O fluxo das exportações e das importações aumenta regularmente. Mas a
globalização das trocas se refere sobretudo ao setor financeiro, porque a
liberdade de circulação dos fluxos de dinheiro é total. E isto faz com que este
setor domine, com grande vantagem a esfera da economia.
As pessoas que
detêm fortunas se encontram, para mutliplicar seu capital, diante da seguinte
alternativa: seja investir seu dinheiro na Bolsa (não importa em que Bolsa do
mundo, pois os capitais circulam sem entraves), seja investi-lo em um projeto
industrial (criação de uma empresa de fabricação de produtos de consumo). Neste
caso, a rentabilidade média é de entre 6 e 8% na Europa. Em compensação, no caso
de um investimento na Bolsa, a rentabilidade pode chegar a níveis muito mais
altos (na França, em 2006, os mercados bursateis conheceram uma alta de 17,5%,
na Alemanha de 22% e na Espanha de 33,6%!)
Diane de diferenças tão
grandes, os proprietários de capitais só aceitam investir na indústria (onde são
criados empregos) com a condição de que isso lhes renda cerca de 15% ao ano. Mas
vimos como a rentabiliade média para esse tipo de investimento na Europa é de
entre 6 e 8%. O que fazer? Pois bem, investir na China ou na Tailândia, por
exemplo, países nos quais, em razão dos custos muito baixos da mão de obra, o
retorno sobre o investimento pode chegar e até superar os 15%. É por isso que
tantos investimentos são feitos atualmente, principalmente na China.
E
como a finalidade do exercício consiste em fabricar com baixos custos nos países
pobres para vender a preços muito altos nos Estados ricos, isso leva a uma
avalanche de produtos importador dos países-fábricas e vendidos, por exemplo, na
Europa. Aqui eles competem deslealmente com os mesmos produtos fabricados no
Velho Continente com custos de mão de obra mais altos porque os direitos sociais
dos trabalhadores são aqui – felizmente – mais importantes. Em conseqüência as
empresas européias vão à falência e numerosos outras são obrigadas a fechar as
portas e a licenciar seus trabalhadores.
Para sobreviver, alguns
capitalistas optam por “deslocalizar”, isto é, transferir seu centro de produção
para um país com mão de obra barata. O que se traduz, também nesse caso, nos
países ricos, em fechamento de empresas e em desemprego.
A globalização
atua assim como uma mecânica de triagem permanente sob o efeito de uma
concorrência generalizada. Há concorrência entre o capital e o trabalho. E, como
os capitais circulam livremente, enquanto os homens são muito menos móveis, quem
ganha é o capital.
Da mesma forma que oa grandes bancos ditaram, no
século XIX, sua atitude para numerosos países, ou como as empresas
multinacionais o fizeram entre os anos 1960 e 1980, os fundos privados dos
mercados financeiros têm agora em seu poder o destino de muitos países. E, em
certa medida, o destino econômico do mundo.
Os mercados financeiros estão
em condições de ditar suas leis aos Estados. Nessa nova paisagem
político-econömica, o global se impõe sobre o nacional, a empresa privada sobre
o Estado. Náo há praticamente mais distribuição de renda e o único ator do
desenvolvimento – nos dizem – é a empresa privada, o único reconhecido como
competente em escala internacional. E assim o único motor em torno do qual – nos
dizem – é preciso reorganizar tudo.
Em uma economia globalizada, nem o
capital, nem o trabalho, nem as matérias primas constituem, em si, o fator
econômico determinante. O importante, é a relação ótima entre esses três
fatores. Para estabelecer essa relação, uma emrpesa não leva em conta nem as
fronteiras, nem as regulamentações, mas apenas a exploração mais rentável que
ela possa fazer da informação, da organização do trabalho e da revolução da
gestão. Isso produz sistematicamente uma fratura das solidariedades dentro de um
mesmo país. Ocorre assim um divórcio entre o interesse das empresas e os
interesses da coletividade nacional, entre a lógica do mercado e a lógica da
democracia.
As empresas globais fingem que não têm nada com isso: elas
sub-contratam e vendem no mundo inteiro; e reivindicam um caráter supra-nacional
que lhes permita atuar com uma grande liberdade porque não existe, para dizê-lo
de alguma maneira, instituições internacionais com caráter político, econômico
ou jurídico em condições de regulamentar eficazmente seu comportamento.
A
globalização constitui assim uma imensa ruptura econômica, política e cultural.
Ela submete os cidadãos a uma regra única: “adaptar-se”. Abdicar de qualquer
vontade, para obedecer mais às injunções anônimas dos mercados. Ela constitui o
ponto de chegada final do economicismo: construir um homem “mundial”, esvaziado
de cultura, de sentido e de consciência do outro. E impor a ideologia neoliberal
em todo o planeta".
(Publicado em
“Les dossiers de la mondialisation”, Manière de voir de
Le Monde Diplomatique – janeiro-fevereiro de
2007-
(Tradução de Emir Sader)
Fuente: www.cartamaior.com.br , 27/1/07.